Pov. Selena.

Christian tinha a respiração ofegante, e por um momento, deixou transparecer medo.

– Que barulho é esse? - ele perguntou, quando a arma tremia em sua mão. Enquanto se levantava para olhar dentre as frestas da arquibancada, pude perceber diversas cicatrizes em suas costas. Marcas de balas, e pontos que pareciam ter sidos tirados a pouco tempo. - MERDA! É a policia! - ele exclamou me levantando com brutalidade.

– Polícia? - falei mostrando um sorriso de orelha a orelha. Naquele momento, eu esquecera todos os meus problemas, pois me sentia segura.

Christian com a mão envolta por calos, segurou com firmeza em meu pescoço, me levantando na parede. - Não vai se animando, chica. - ele riu. - Tenho outros truques na manga, e não vai ser um bando de adolescentes idiotas que vai me derrotar.

Meu coração batia a mil, e a breve sensação de segurança, simplesmente desaparecera.

– Vamos! - ele sussurrou me colocando de novo no chão e me arrastando de novo pra saleta. - Não tente nenhuma gracinha. E, Ah!... nem tente gritar. Senão você não vai ser a única com um buraco de bala na cabeça.

Engoli em seco. Eu estava disposta a fazer qualquer coisa para sair dali, mas depois de ouvir que alguém poderia sair ferido... Eu entrei em pânico.

Christian fechou com força a porta oca de madeira, e o silêncio da noite inundou meus ouvidos. Me dei liberdade para chorar.

– Deus... - falei enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto. - Sei que não falo com o Senhor a um bom tempo. Talvez por ter desacreditado em você.. Ou por raiva, do Senhor, ter tirado Justin de mim quando pequena. Mas... - o choro aumentava de intensidade, e uma angústia me fez cair ao chão. - Eu quero me redimir. Antes, eu era burra. Ingênua demais. Sei que o senhor percebia, mas eu preciso conversar. Nunca acreditei em milagres. Pra mim, isso era coisa de histórias, e filmes de drama. Mas Senhor, eu vi minha vida mudar. O senhor fez Justin voltar, porque percebeu o quão solitária eu era senhor. E isso... - limpava as minhas lágrimas em vão, enquanto imaginava a vermelhidão de meu rosto. - Isso é um milagre. Se aconteceu o que aconteceu com Demi, foi porque o Senhor queria lhe mostrar o quão errado era Christian... e vejam só... Isso também é um milagre. E a mim... Voltar a viver, voltar a sorrir, voltar a falar e a entender o verdadeiro sentido da vida. Isso... isso é um milagre. - Fitei as lágrimas pingadas no chão, enquanto outras escorriam por minhas bochechas e faziam o mesmo caminho. - A final de contas... tudo é um milagre. Então Senhor, sei que não é pedi muito. Por favor, faça mais um milagre. Eu preciso muito disso, Deus. Por favor...

Christian entrou carregando uma mochila e olhando em todo o local.

– O que está procurando? - Perguntei enquanto secava as lágrimas.

– Vamos, levante! - Ele falou enquanto me agarrava pelo braço. - E fique caladinha.

Pov. Justin.

O delegado ajeitava pela enésima vez arma em seu cinto enquanto ia em direção ao velho estádio.

– É assustador. - comentou Miley saindo do carro de polícia. Ela fitava o resto do que era um estádio gigantesco de futebol. A névoa nos obrigava a cerrar os olhos para enxergar a imensidão de bancos. Era enorme, e olha que só estava metade do estádio.

– 017, 2 viaturas. Alguém na escuta? Câmbio. - falou o delegado em um walk talk. - 023 na escuta. Câmbio.

O delegado olhava em volta, como se avaliasse a situação. - Fique preparada para a qualquer momento mandar mais uma viatura. Câmbio desligo.

– Qual vai ser o plano? - perguntei enquanto o delegado e os policiais seguiam adentrando o estádio.

– O plano? - ele falou coçando a barba e tirando a arma do cinto enquanto a carregava. -O plano, é que você e seus amiguinhos vão ficar aqui fora e deixar meus homens fazerem o serviço.

– Mas você nos deixou participar. E... - argumentou Miley antes de ser interrompida pelo delegado.

– Falei que viriam comigo e com minha viatura. Não que iriam participar. Vocês são crianças.

O delegado se virou e deu ordens aos policiais que cercaram todo o estádio. Assim que todos entraram, Demi abriu a porta da viatura e pegou uma arma.

– O que que é? Tá maluca? - Falou Miley tirando a arma da mão dela. Mas Demi pouco se importou com a opinião de qualquer um.

– A culpada de tudo isso sou eu. Selena tá correndo perigo, por minha culpa. - ela falou enquanto pegava a arma de Miley. - Eu comecei isso, eu vou acabar.