Ambrósia

“Amor é querer bem, é a formação da vida nascendo da espuma e fazendo o mel da existência como as abelhas” – Godofredo de Alencar

Coer de Pirate – Golden Baby

Crystal segurava sua mão, guiando-a pelo corredor da escola primária do Distrito Um. Ambas eram idênticas, os cabelos louros presos em tranças duplas, uniformes balançando enquanto corriam e olhos azuis focando o objetivo: uma árvore. Não uma, mas a árvore. A escola era pequena, entretanto Crystal e Amber criaram um universo inteiro ali dentro, desde o dia em que chegaram. Eram populares, sua beleza angelical levava os professores e colegas de turma à loucura. Crystal não soltara a mão da irmã desde que o sino tocara anunciando o tempo para o recreio. Ela era assim mesmo, pegajosa e irritante, pensou Amber, porém olhou para as costas da irmã, e não fez nada mais que apenas continuar a ser guiada por ela.

– Olhe, ali. – Crys apontou para o alto de um galho, onde o ninho de um beija-flor estivera hospedado por no mínimo um mês. Havia um ovo nele, entretanto agora o ovo eclodira e um feio animalzinho se agitava, cego e sem penas. – Não é belo, Amber?

– Não, é horrível. Onde estão as penas coloridas? – Amber questionou, dando a volta na árvore,como se fosse encontrá-las em qualquer lugar.

– Os filhotes não têm. Só os adultos.

– Como filhos? – a pequena guiou os olhos para a irmã.

– Acho que sim. – Crystal escalou a árvore, colocando os pés nos locais já mapeados pelas duas. Elas eram meninas traquinas, ao contrário do que muitos pensavam, não agiam como anjos totalmente. O uniforme de Crystal ganhou uma nova mancha escura, de terra.

Amber olhou-a lá de cima, enquanto a irmã gêmea piava para o filhote monstrengo. Observou também como o céu estava claro, e como as nuvens se aglomeravam. Iria chover, conseguia sentir isso no ar. Notou que a tintura da escola descascava e que logo teria de ser repintada. Notou que suas pernas estavam cheias de pelos dourados, embora quase não aparecessem contra a pele bronzeada. Havia pássaros por perto, e eles pareciam atentos ao ninho do beija-flor. Amber sabia que eles estavam ali esperando o momento certo para atacar o filhote e matá-lo, pois sentiam-se ameaçados com os filhotes de outras espécies. Era a lei da natureza. Ela olhou para o sino, imóvel, e para as mesas no jardim, onde o restante das crianças lanchavam rindo e falando coisas bobas, assim como Crystal fazia. Amber nunca entendeu muito bem por quê todos fingiam ser tão tolos. Ou seria ela inteligente demais?

Então notou que Crystal estava descendo da árvore. Ajudou-a como pôde e as irmãs se entreolharam. Crystal agarrou o pulso de Amber e começou a cantar um verso da canção que acabaram de aprender na aula de música.

– No alto das ar-vores, eu vi um bem-te-vi. Então eu lá subi, subi.

Amber olhou para trás, para o ninho e o grupo de pássaros se formando ao redor do filhote desamparado. Desejou-lhe sorte e deixou que Crystal a guiasse. Seu colocar com a letra A grudou-se em sua garganta e congelou-a.

º º º

– Acordou cedo, Crys. – papai sorriu para a menina ao pé da escada. Ela bocejou e colocou os cabelos louros presos em um rabo de cavalo alto. Mamãe serviu uma xícara de café com leite e ela bebericou levemente, sorrindo em seguida, de forma amável. Crystal era assim. Gentil, doce, um anjo. Todos a amavam, independentemente do que fizesse. Porém quem gostava de café com leite era Crystal. Ela odiava.

Acabou com a xícara e lançou um longo olhar para o jornal que o pai estava lendo. O mesmo escondeu-o debaixo da mesa e a censurou com olhos severos, azuis e frios. Crystal não gostava de ser repreendida, por isso abaixou a cabeça e voltou a observar sua mãe. Ela estava feliz, cantarolando animadamente enquanto recolhia as porcelanas do café da manhã. A criada surgiu para lavar a louça. Chervon era uma moça de cabelos cacheados e escuros, embora ainda louros. Sua pele era branca e pálida e os olhos verdes e mortos. Parecia um cadáver ao lado da vívida Crystal.

– Vou para o Centro de Treinamento. – informou ela aos pais, que apenas lhe sorriram, como uma família perfeita que se ama muito.

Seguiu rumo a porta e abandonou-os na cozinha. Fechou seu sorriso adorável e trancou o portão, enquanto caminhava calmamente para a Academia do Distrito Um. Diferentemente de todos os outros Distritos, o Um era um dos únicos que podia ter um centro de treinamento para seus jovens, assim como o Dois e o Quatro. Lá, eles treinavam para se preparar para os Jogos. Ela sabia que tinha de conseguir ao menos alcançar os mais habilidosos Carreiristas, aqueles que tinham convicção em participar dos Jogos quando completassem dezoito anos. Eles normalmente se voluntariavam, mas graças há uma grande enfermidade que tomou conta da população há dezoito anos atrás, este ano não havia jovem com dezoito anos para participar da Colheita e se voluntariar, o que significava que a escolha seria realmente por sorteio. Por sorte.

Alcançou a Aldeia dos Vitoriosos rapidamente, afinal ficava próxima a sua casa. A Família Goldenstone era rica e influente na Capital, o pai de Crystal tinha bons clientes. Mas parece que está faltando alguém nesta cena, certo? Temos a amável e angelical Crystal. Mas onde se encontra Amber? Debaixo da terra, há sete palmos de profundidade, em um caixão, no cemitério do Distrito Um. Ela está morta. Amber morreu.

Foi há alguns anos. Antes de completarem quinze, foram ambas sequestradas por um grupo de homens maldosos que as espancaram e quase as estupraram. Por sorte, Amber tinha um bom treinamento na Academia, ao contrário de Crystal, que era fraca e desajeitada. Amber protegeu a irmã como pôde, até que fosse preciso escolher entre permanecer ali e assistir a morte da gêmea e a sua própria, ou aproveitar a oportunidade que Amber lhe dava e fugir, correr para casa e chamar os pais, os Pacificadores, qualquer um. Quando fez isso, era tarde demais. Amber foi encontrada morta, com o rosto deformado e sangue por todo o lado. Havia uma pedra ensanguentada também, porém o assassino não estava mais lá. Crystal lembra-se daquela cena todos os dias e revive-a em cada sonho.

Em cada pesadelo.

– Crys! – ouve o nome ser chamado logo na entrada da Academia, que se localiza no centro da Aldeia dos Vitoriosos. Graças a habilidade dos tributos que já participaram, o Distrito Um possui três vitoriosos famosos em toda a Capital. Quem a chama é Greer, a menina de quem é amiga desde a infância. Greer é uma das raras pessoas que possui longos cabelos castanho-avermelhado e olhos negros feito contas. Seu nariz é levemente arrebitado e ela tem lábios grossos. Todos acham Greer maravilhosa, mas é claro que não se equipara a Crystal.

– Greer, oh, você está tão bonita. – Crystal elogiou-a, com um sorriso meigo. Greer ruborizou levemente e balançou os cabelos de um lado para o outro, femininamente.

– Acha mesmo? Cortei um pouco nas pontas, mas acho que me arrependi, irei cortar até os ombros.

– Imagine, está perfeita, como sempre. Você fica bem de qualquer modo. – e então inclinou a cabeça para cima, vendo a sombra de Octavian, o rapaz com um metro e noventa e oito que por algum motivo sempre esteve em cima de Amber desde o jardim da infância e que, por algum motivo, quando ela morreu, ele veio correndo para irritar Crystal. – Olá, Tavie.

– Crys. – ele balançou a cabeça, abrindo a porta para que ambas entrassem.

A Academia era enorme. Maior que qualquer um dos colégios do Distrito Um e quase do tamanho das fábricas de grafite. Ela ocupava boa parte da Aldeia dos Vitoriosos e fora construída pelos mesmos com o dinheiro que ganharam da Capital. Haviam milhares de rapazes e moças, todos entre os oito e dezoito anos. Amber começara a frequentar o local assim que completou a idade mínima, já Crystal nunca desejou aprender a ser violenta, mas foi preciso a partir do dia em que quase fora morta, se não fosse por... Por Amber.

– Olhe só para este rosto... O que está pensando, Crys? – Greer a tocou gentilmente no queixo. – Olhe para mim. Você fica muito melhor quando sorri.

Crystal sorriu.

– Isso. Linda. – e então a amiga voltou a olhar para frente.

Era assim. As pessoas normalmente lhe diziam que deveria sorrir, e ela sorria. Crystal era boa em sorrir. Sorrir e ser bonita, feito um anjo. Os mentores da Academia eram ex-alunos ou os próprios vitoriosos, quando não estavam na Capital. Lá eles poderiam aprender tudo, desde arco e flecha, até a lutar com espadas. Amber era ótima em combate corpo-a-corpo, ela era forte e ágil. Tida como uma forte concorrente a Carreirista. Porém quando chegou, Crystal sentiu-se deslocada, pois nada conhecia ali. E logo se acostumou a procurar por algo que lhe fosse útil, porém não machucasse tanto os outros. Foi quando descobriu que poderia utilizar veneno para matar lentamente e de forma indolor suas vítimas. Havia várias formas de utilizar o veneno, porém a principal arma era a zarabatana, onde atirava dardos de longo alcance apenas com a força do fôlego.

Crystal era realmente boa naquilo.

– Dizem que este ano irão colocar os nomes dos mais velhos mais vezes. Quem tiver dezessete anos e for bom terá o nome multiplicado 10 vezes. – contou Greer, sussurrando em seu ouvido. – Nós duas temos dezessete, isso não dá um pouco de medo?

– Não se preocupe, mesmo que nossos nomes estejam em maior quantidade, ainda há outros, e além disso, é com apenas um papel que eles escolherão os sorteados.

– Você é sempre tão positiva e animada. – Greer sorriu – É ótimo tê-la conosco, Crys. Ainda bem que foi Amber quem morreu, certo? Assim você ficará conosco e aquela víbora irá para sempre.

Sentiu o sangue subindo ao rosto, pulsando fortemente. Ódio. Anjos também sabem odiar.

– Minha irmã não era uma víbora, ela era incrível! Você tem inveja dela, pois era melhor que todos nesta Academia.

– Ah, por favor, Crys. Eu só estava brincando. Mas Amber não era uma flor, ela era terrível. Invejosa e orgulhosa. Uma pessoa insuportável.

Cerrou os punhos fortemente, respirando fundo para se controlar. Calma, Crystal, lembre-se. Você é uma flor. Amber pode não ser, mas você é. Seja gentil. Seja compreensiva. Então abaixou o rosto e enxugou as lágrimas que se formavam no canto dos olhos.

– Não fale assim de minha irmã... – soluçou.

Greer empalideceu, enquanto vários ao redor formavam um círculo, olhando para o pequeno anjo entristecido. Greer mordeu os lábios, tentando acalmar a amiga, que se fechou ainda mais, começando a chorar. Então os murmúrios passaram a ser gritos de protesto.

– O que você fez, Greer? Você é indelicada demais!

– Sua sinceridade machuca as pessoas, você não sabia?

– Pense um pouco antes de falar sobre isso com alguém que perdeu a irmã há dois anos.

Greer saiu correndo para longe da Academia, humilhada e cheia de repugnância de si mesma. O que havia feito? Por que disse aquilo a Crystal? Ela era tão boa e gentil, não deveria ter dito tais palavras tão cruéis sobre Amber... Condenou-se por sua estupidez. Greer sabia que nunca dizia o certo, que sempre fazia tudo errado. As pessoas deveriam odiá-la por ser tão imperfeita, ao contrário de Crystal. Era um monstro, tão cruel... tão cruel...

º º º

Acordou sentindo os olhos grudados. Abriu-os com dificuldade e logo retirou a remela dos cantos. Bocejou levemente, espreguiçando o tronco. Alongou as pernas grossas e esticou as costas. Aqueceu os braços, deixou todos os músculos preparados para uma maratona. Então foi ao banheiro. Banhou-se em água quente e deixou os cabelos cheirando a limão. Passou o hidratante que adorava e que pertencia a Amber, prendeu os cabelos ainda molhados em um coque alto, e com a franja solta fez uma trança, como se fosse uma coroa dourada. Deixou o rosto livre de maquiagem ou qualquer outra coisa que tirasse do ar sua beleza natural. Colocou um dos vestidos de verão, ele ia até os joelhos, cheio de babados e fitas. Colocou sapatilhas com laços delicados e prendeu brincos de cristal em cada orelha. Colocou seu colar com a letra C. Segurou-o com força.

Abriu a gaveta com as roupas de Amber e retirou do meio delas o colar de sua irmã. Quando era crianças, por serem tão parecidas, seus pais lhe deram colares com a iniciais de seus nomes para assim conseguirem diferenciá-las. Colocou o colar de Amber junto com o seu e olhou-se no espelho. Às vezes fazia isso e sorria. Amargamente.

– Crys, você irá se atrasar para a Colheita. – mamãe bate na porta antes de abri-la. – Oh, céus, está tão bonita.

– Obrigada. – Crystal gira, fazendo o vestido esvoaçar. – Bonita?

– Maravilhosa, como sempre. – mamãe deposita-lhe um beijo na testa. – Desça, seu pai quer te dizer algo importante – e então sorriu carinhosamente, enquanto colocava alguns fios rebeldes para trás e tocava o rosto da filha com afeição.

Crystal desceu as escadas e parou ao lado da poltrona onde seu pai lia o jornal, como era de praxe. Ele fechou-o e olhou para ela, sua pequena menina, bela e perfumada, como uma flor. Sorriu para si mesmo, orgulhoso do que fizera há dezessete anos atrás e tirou do bolso uma caixinha de veludo preta. Crystal conhecia muito bem aquele objeto. Era onde se colocava joias de grande valor. Papai a abriu diante de seus olhos, onde uma pulseira brilhava, feita de prata, com o nome “Crystal” escrito com cristais verdadeiros. Abriu um sorriso largo.

– Papai!

– Isto é para você, princesinha. – ele prendeu o acessório em seu pulso e segurou sua mão levemente – Lembre-se, estará segura com isto. – e então beijou-lhe no rosto e a abraçou com força. Papai estava ficando velho e velhos normalmente são melosos, por isso ele começou a soluçar, mas logo se recompôs e sorriu. – Prometa-me que não irá embora também, Crystal.

– Eu não irei, papai.

E realmente não iria.

Caminhou segurando a mão de papai até alcançar a fila de jovens aguardando a coleta de sangue. Era obrigatório que todos aparecessem ali diante do Edifício da Justiça onde o sorteio aconteceria. Os jovens de doze a dezoito anos teriam seu sangue coletado e aqueles que faltassem sofreriam castigos graves por tal. Os nomes eram acumulativos, ou seja, quantos mais aniversários fizesse, mais nomes seriam depositados nas urnas. Uma criança de doze anos começa com um nome, porém termina os dezoito anos com sete nomes.

Mas há como colocar seu nome mais vezes, comprando tesseras, que são pequenas quantias extras de óleo e arroz, farinha e sal que a capital dá em troca dos nomes. Crystal nunca precisou comprar tesseras, e não precisará. Logo completará dezoito anos e em mais uma Colheita, poderá se ver livre dos Jogos.

– Iremos te esperar em frente a confeitaria. – falou mamãe e então se despediram. Crystal esperou pacientemente na fila, porém não viu Greer em lugar algum. Alguns rapazes a cumprimentaram-na com certa vergonha, como sempre os rapazes ficavam ao seu lado. Algumas meninas também acenaram. Crystal tinha vários amigos.

Quando alcançou o início da fila, entregou seu dedo para a coletora.

Ela perfurou-o e coletou o sangue, analisando-o com um objeto tecnológico que a Capital utilizava para ler o código genético em poucos segundos. O Distrito Três criara tal avanço. Ela olhou para a tela do programa e ergueu uma sobrancelha. Havia dois nomes ali: Amber Goldstone e Crystal Goldstone.

– Sou a Crystal – apontou para a tela e a Pacificadora assentiu. O sangue de Crystal era igual ao de Amber afinal eram irmãs gêmeas, geradas por sua mãe através de uma inseminação artificial que os pais fizeram. Tecnicamente, um era a cópia da outra, por isso tão parecidas e tão belas. Produtos, comprados por alguns milhares de ouro.

Crystal foi convidada a se sentar na fileira de meninas de dezoito anos, que ficava na primeira fileira. Como não haviam jovens entre dezoito anos, alguns se apossaram dos lugares, mas não seriam tolos de deixar Crystal Goldstone sem seu devido lugar. Ela era reverenciada por todos. Sentou-se ao lado de algumas garotas que já havia visto treinamento na Academia. Observou o palco, onde o microfone estava com uma fita vermelha e dourada. As insígnias da capital balançavam nas bandeiras carmim e havia três cadeiras a direita e duas a esquerda. As cadeiras da direita eram uma para o prefeito, outra para sua esposa e outra para a representante da Capital, que conversava animadamente com eles. As outras duas cadeiras eram ocupadas pelos vitoriosos. Aqueles que sobreviveram. Os heróis do Distrito Um.

Jasper Shockness, um homem de vinte e seis anos. Ele era um dos mentores da Academia, forte e alto, Jasper era ameaçador e glorioso. Em seu ano na Arena, matou nove tributos, oito deles eram homens. Jasper participou da terceira edição de Jogos Vorazes, quando tudo ainda era novo para os Distritos. Mas mesmo assim se destacou e teve coragem para matar todos que entrassem em seu caminho.

O outro é Onix McLean, um homem de vinte anos. Era bonito e tinha um sorriso irresistível. Onix fora o vitorioso da oitava edição dos Jogos, vencendo com 4 dádivas e 4 mortes, uma dádiva em cada abate. Participara da Aliança Carreirista, diferentemente de Jasper, que seguira sozinho até a vitória. Onix era o mentor que todos considerável mais inteligente e por isso os tributos que iam para suas mãos tinham mais sorte na Arena, porém até o momento eles eram os únicos.

A representante caminhou até o microfone quando o hino da Capital chegou ao fim e sorriu a todos. Seus cabelos estavam pintados de amarelo-ouro, sua pele era negra como carvão e os olhos brilhavam em dourado. Os lábios carnudos foram cortados ao meio e entre eles estava um rubi intenso. Ela falou:

– Olá, todos vocês do Um. – e então sorriu. A representante gostava deles, afinal tinham prestígio e faziam parte dos Carreiristas, o que aumentava a fama dela própria, como acompanhante dos tributos preferidos à vitória. – É com grande prazer que venho anunciar a Colheita da décima primeira edição anual de Jogos Vorazes. Estejam prontos, e que a sorte venha sempre a seu favor. – ela fez um sinal para que os Pacificadores trouxessem as urnas com os nomes, uma de meninas e outra de meninos. As garotas ao lado de Crystal esfregaram as mãos em seus vestidos, suando frio, e suspiraram nervosamente.

O suspense crescia. Quem iria trazer a glória para o Um?

– Crystal Goldstone! – ela sorriu dizendo o nome e olhando para o lado das garotas. As meninas levantaram Crystal e lhe deram apertões nos ombros, como era costume no Distrito Um quando alguém queria dizer ‘eu apoio você’. Elas sorriam animadamente, enquanto Crystal caminhava com leveza em direção às escadas do Edifício da Justiça. Subiu e atraiu as câmeras para seu rosto, que era belo e leve, naturalmente. – O-ho, que beleza nós encontramos aqui? Crystal, por favor, diga-nos alguma coisa de inspirador para que seus companheiros de Distrito sintam-se motivados a ter esperança!

– ... – Crystal olhou por cima dos ombros, para o sorriso artificial da mulher e então abriu o seu próprio sorriso, meigo e caloroso. – As rosas mais perfumas guardam os espinhos mais afiados.

O Distrito urrou, com palmas e gritos de euforia. Crystal acenou e sorriu, enquanto esperava o sorteio do rapaz que iria aos Jogos com ela, para lutar até a morte. Lutar. Assoprou para longe os fios rebeldes que escapavam da trança. Sim, lutar.