Come Together

Gotham City - 09:36

A mansão Wayne era um lugar habitualmente calmo e silencioso, Kate sempre gostou disso. Porém nos últimos dias a solidão parecia querer abater ela de todas as formas e ela nunca se sentiu tão sozinha naquela casa gigantesca sem ter qualquer pessoa para conversar. Seus pais estavam em constantes missões nos últimos dias, Damian ocupado com a empresa e agora ela não tinha mais uma equipe.

Nereus iria voltar para Atlântida, Samantha estava se preparando para um desfile importante pelo que ela viu nos stories da modelo, Jane havia voltado para casa depois de tudo o que ela havia descoberto e Andy também estava ocupado demais com a faculdade e o grande jogo da final do campeonato. E não é como se ela pudesse ir atrás deles, tudo estava confuso demais e Kat sentia que agora havia uma barreira que os separava, algo que não havia antes.

Ela sentia que era tudo culpa dela, culpa da investigação que ela colocou na frente de tudo e de todos sem nem perceber.

A Wayne olhou para a tela do notebook mais uma vez, dando atenção a resposta que havia encontrando no meio dos dados que Alex Luthor tinha lhe dado. Kate não sabia ao certo o que fazer, com quem falar e qual atitude tomar. No fundo sentia que devia ser ela a ir investigar aquela pista, ao menos uma última vez. Terminar o que havia começado.

Ela fechou a tela do aparelho quando a porta se abriu e Diana entrou na biblioteca. Sua mãe seguiu até onde se assentava e sentou-se ao seu lado, apertando a mão de Kat com carinho.

— Imaginei que estivesse aqui. — A mais velha começou olhando ao redor, todos os livros antigos e prateleiras cheias que Kate sempre estava a explorar.

— É o meu lugar favorito em toda a mansão. — Contou com um sorriso triste.

— Eu sei, você sempre amou os livros e a literatura, e fico feliz em dizer que você pegou essa característica de mim. — Diana acariciou sua bochecha com ternura e suspirou. — Seu pai e eu andamos preocupados com você Kat, você não é mais a mesma depois de tudo o que aconteceu. Nem eu ou ele pensamos que o término da Justiça Jovem teria um peso tão grande, você sempre gostou de trabalhar sozinha e por si só.

— Sim… — Ela começou, sentindo um nó formar na garganta.

Kate sempre fora forte, muito forte e conseguia conter as emoções, ser independente emocionalmente. Mas nos últimos dias tudo parecia difícil demais para segurar sozinha, ela sentia falta da companhia, dos seus colegas. A Wayne apenas queria os amigos de volta, porém sentia que ela mesma havia jogado eles para longe.

— Eu sinto falta deles. — Explicou engolindo em seco e secando algumas lágrimas na borda de seu olho.

— Eu sei querida, eu sei. — Sua mãe apertou sua mão com mais força. — Talvez você devesse ir conversar com eles.

— Eu dúvido que a Sam queira falar comigo, o Nereus já deve estar indo embora, a Jane está mais para baixo do que eu e o Andy… — Ela pensou no amigo e sabia que ele sempre estaria ali para ela, mas ela não queria incomodá-lo com seus problemas quando ele tinha tanto para se preocupar no momento. — Eu apenas acho que não é o momento de ir a nenhum deles.

— Bom, se não for eles, que seja outra pessoa. Tenho certeza que o Alfred adoraria outra visita sua. — Diana recomendou a tirando de seu lugar. — Você precisa se distrair, vá visitá-lo e tente esquecer, pelo menos por algumas horas, tudo isso Kate.

— Tudo bem, mãe… — Ela abraçou Diana e aproveitou os braços fortes e carinhos dos amazona por mais do que alguns segundos.

~*~

O carro a deixou na porta do asilo, que realmente não parecia um asilo. Os portões grandes de ferro se abriram para ela e Kate começou a seguir pelo caminho de pedrinhas brancas e arredondadas. Alguns idosos aproveitavam aquele dia ensolarado e fresco para dar uma volta pelos arredores arborizados e pelos campos gramados. Alguns carrinhos de minigolfe cortavam as colinas dali e os moradores que passavam por ela a cumprimentavam com bondade, eram boas pessoas aquelas ali.

Kat seguiu até o grande casarão no centro, onde foi recebida por uma mulher.

— Olá, posso ajudá-la.

— Sou Kate Wayne, vim visitar o Alfred. Alfred Pennyworth. — Ela explicou.

— Oh claro, ele já está te esperando senhorita Wayne. Apenas me siga.

Elas subiram a escadaria principal e por alguns corredores até chegarem ao quarto 46. A moça a deixou ali e Kate bateu na porta.

— Pode entrar. — Ela ouviu e entrou no quarto espaçoso, vendo o velho amigo da sua família.

— Kate! — Ele a cumprimentou com um sorriso e pretendeu se levantar.

Ela foi mais rápida em impedir que ele fizesse tal esforço, o abraçou ali em sua poltrona mesmo.

— Como você está Alfred? Me desculpa por não ter vindo tão assiduamente como antes.

— Oh Kat, estou mais velho a cada dia. — Ambos riram com o comentário. — E não precisa se desculpar, eu sei como ficou ocupada com a sua equipe, uma pena o que tenha acontecido.

— Você já sabe?

— Oh sim, o patrão Bruce veio aqui ontem mesmo, ele não passa mais do que dois dias sem vir me ver, como você bem sabe. — Ele parou para tossir antes de continuar. — E ele me contou como você estava deprimida depois da perda de sua equipe, ele anda bem preocupado com você, assim como eu.

— Ele não precisa e você também não, tudo vai ficar bem.

— Eu espero que sim senhorita Wayne, mas me diga, não há chance de vocês voltarem?

— Acho que não, eu errei em colocar toda minha investigação na frente dos meus amigos e agora os perdi.

— E sua investigação rendeu frutos?

Kate suspirou e pegou o pen drive que o Luthor havia lhe dado.

— Tudo começou com Vandal Savage há semanas atrás. E eu finalmente posso ter achado algo concreto. — Ela olhou para o objeto em sua mão longamente.

— Que seria?

— Um local, uma base por assim dizer. — Ela começou a explicar. — Um lugar no centro dos Estados Unidos que pode ter as respostas que eu preciso. É lá onde todas as cargas de um minério raro estão sendo mandadas há meses, onde fica o maquinário necessário para refiná-lo.

— E você já mostrou essas informações ao seu pai?

— Não. — Ela parou por um segundo pensando nisso. — Alfred, eu peço que você não fale isso com ele, ou a Liga, eu já me decidi e eu vou hoje a noite nesse lugar, sozinha.

— Senhorita Wayne, tem certeza que isso é seguro?

— Não, não tenho. — Ela confessou guardando o pendrive mais uma vez eu sua jaqueta de couro. — Mas eu comecei tudo isso e eu vou terminar Alfred, eu preciso saber o fim dessa história e farei isso por mim mesma.

~*~

Rancho dos Jones - 16:45

A mão de Megan acariciava as madeixas castanhas de Jane em um movimento contínuo. A prima dela estava sentada na beirada da cama, enquanto Miss Marte ainda tentava digerir tudo o que havia descoberto e tentava controlar a tristeza que sentia. Já havia derramado um rio de lágrimas, segundo a sua mãe, entretanto o sentimento de tristeza se mantia.

— Você sabe que não pode continuar presa nesse quarto para sempre, não é? — Megan perguntou parando com o cafuné.

— Eu posso tentar. — Jane respondeu se sentando, sabendo que a prima queria conversar sobre tudo aquilo.

— Essa não é você Jane, a prima que eu conheço não se deixa abater assim por tanto tempo. — Ela lembrou com uma expressão alegre.

— Eu sei, eu queria apenas voltar a ficar feliz com tudo e fazer os outros ficarem alegres, mas… — Ela teve de respirar fundo e se segurar para contar as lágrimas enquanto se lembrava do que tinha visto e vivido. — A traição de Brandon e a separação da equipe, foi tudo rápido e abrupto demais.

— Eu sei, mas você ainda sente algo por esse rapaz?

Jane não sabia se devia dizer sim ou não, seu coração ainda permanecia divido, por mais que ela não quisesse que fosse assim. Lidar com emoções era complicado demais. Jane se jogou na cama mais uma vez.

— Eu apenas pensei que pela primeira vez havia achado um garoto que gostava de mim do jeito que eu sou, sem me achar engraçada ou estranha, ele gostava das coisas que eu gostava e me dizia coisas fofas. Eu… — Ela mordeu o lábio inferior. — Eu gostava dele, gostava demais e ele me traiu de uma forma que eu nunca esperaria.

— E a sua equipe?

— Mil vezes pior.

Miss Marte se virou para ficar de frente para a prima mais velha.

— Eu amava fazer parte de uma equipe, ser uma heroína, como você foi. — A garota sorriu para Megan que retribuiu o gesto. — Eu ainda não sei como todos concordaram que era melhor tudo acabar dessa forma, foi tudo tão rápido…

— Já que você amava tanto estar numa equipe, porque não procura outra? — Megan sugeriu. — A Stormwatch já te quis lá e tenho certeza que a proposta ainda está de pé, ou você poderia tentar os Jovens Titãs.

Jane suspirou antes de responder.

— Não, não seria a mesma coisa Megan. — Ela sentou-se mais uma vez, olhando para os posters na sua parede de super heróis, doramas e bandas de k-pop. — Eu só queria que as coisas voltassem a ser como antes.

Megan sentou-se ao lado dela e a cobriu com seus braços, o abraço de sua prima sempre foi um dos melhores. Elas só se soltaram uma da outra quando batidas foram ouvidas na porta e seu pai entrou com o telefone em mãos.

— Jane, é para você.

~*~

Atlântida - 17:15

— Eu não acredito em você! — Atlannis disse com uma pose raivosa enquanto nadava ao redor dele.

— Pois saiba que é verdade, eu já voltei para casa e não pretendo ir novamente a superfície. — Nereus explicou seguindo para seu quarto.

— Você não pode desistir assim, você disse que iria para o mundo dos humanos para ser um herói e fazer parte da Justiça Jovem. — Ela relembrou das palavras dele em sua despedida. — E agora volta desistindo? Esse não o irmão que eu conheço.

Nereus se irritou e parou de nadar pelo corredor.

— Eu tentei, ok? Eu realmente tentei me enquadrar lá em cima e fazer parte daquela equipe, eu até… — Ele parou de falar quando se lembrou de Samantha, cerrou o punho e continuou. — Eu tentei, mas não deu certo.

Atlannis finalmente pareceu desistir ao ver a tristeza na face do irmão e se deu por vencida, já que ao menos teria o irmão que ela tanto amava ao lado dele mais uma vez em casa. Os dois voltaram a seguir para o quarto de Nereus e estavam quase abrindo a porta quando Aqualad apareceu.

— Minha princesa, meu príncipe. — Ele se curvou rapidamente e se dirigiu para Nereus. — Uma transmissão para vossa alteza.

— De quem?

— Acho melhor o senhor ir descobrir por si só, uma amiga precisa de ajuda.

~*~

Los Angeles - 19:00

Samantha respirou profundamente três vezes seguidas, se preparando para entrar na passarela e arrasar mais uma vez. Era um desfile importante, com pessoas grandes na indústria da moda e talvez aquela finalmente fosse a oportunidade que precisava para entrar na Victoria’s Secret, seu grande sonho desde que se tornou uma modelo de passarelas.

— Samantha, você é a próxima, se prepare. — Um dos produtores avisou e ela concordou com um aceno e um grande sorriso.

Ela estava animada, feliz e orgulhosa de si mesma. Sua família estava na plateia, ela estava pronta e talvez finalmente pudesse deixar o drama com a Justiça Jovem para trás. E Nereus, sim, ela tinha que esquecer o cabeça de peixe, ele havia ido embora e ela tinha Josh agora, devia focar no agora.

Por mais que ela estivesse confiante e preparada ainda assim sentia um pouco de ânsia para entrar logo, a ansiedade aumentou quando a modelo antes dela entrou na passarela. Logo logo seria sua vez de brilhar como a estrela que ela era. Virou-se quando sentiu uma mão em seu ombro, era seu pai. Ele havia arrumado tempo para ir vê-la e isso a deixou mais do que feliz, ele quase nunca tinha tempo para ir prestigiá-la em eventos como aquele.

— Papai! — Sam o abraçou com força.

— Você está linda Samantha!

— Ah! — Ela deu um giro rápido para mostrar o vestido colado. — Eu sei!

Os dois riram.

— Mas o que você está fazendo aqui? Vai perder a minha vez, volte logo para o seu lugar. — Ela tentou empurrá-lo, mas ele permaneceu no lugar.

— Preciso te falar algo.

— Ora, então diga logo, eu já vou desfilar.

Ele a levou para um canto mais escondido.

— Eu recebi uma ligação e um pedido. Kate Wayne precisa de você.

— O que? A Wayne pedindo ajuda? Para mim ela podia fazer tudo sozinha… — Comentou amargamente.

— Sam, estou falando sério, ela precisa de você e agora. — John respondeu seriamente e Sam cruzou os braços incomodada com aquilo.

— Agora?! Mas agora é a minha hora de brilhar, eu tenho que desfilar e depois tem a volta com todas as modelos, e ainda a sessão de fotos, a festa onde eu vou poder encontrar os grandes nomes das passarelas e da moda. Eu ouvi que a Gisele Bündchen está aqui. — Ela tentou se explicar e mostrar tudo o que perderia, mas ainda assim sentia um aperto no coração já que aparentemente a Wayne realmente precisava de ajuda.

— Eu sei minha filha, também sei que você precisa fazer uma escolha e agora. — Ele disse colocando uma mão firme em seu ombro.

Sam olhou para a tela da TV, a outra modelo já estava voltando. Era agora ou nunca, ela tinha que escolher.

~*~

Central City - 20:30

O quarto e último período do jogo estava para começar. Eles precisavam de apenas mais um gol e a vitória seria deles, Andy precisava vencer aquela partida por seu time e por ele mesmo. Havia sido uma partida acirrada e agora era o momento de finalizar. Ele tomou água e respirou fundo, pronto para entrar no campo.

— Andy! — Conseguiu ouvir o grito no meio da multidão de jogadores a barulho das arquibancadas.

Andrew se virou para ver seu pai surgir junto de sua mãe no meio das pessoas.

— Oi! — Ele respondeu quando se encontrou com os dois. — O que vocês estão fazendo aqui embaixo?

Seus pais se entreolharam e ele ficou confuso.

— É a Kate, recebemos uma ligação dizendo que ela precisa de ajuda.

— Como? — Ele questionou achando que não havia entendido muito bem.

— Mas querido, você não precisa ir, é o seu grande jogo, você treinou e se esforçou tanto para estar aqui. — Sua mãe disse.

— Doris… — Barry tomou a palavra. — Eu não entendi muito bem a história toda, mas ela precisa da sua ajuda e precisa agora.

Andy olhou de um para o outro ainda confuso, mas não precisava saber da história com detalhes para saber o que devia fazer. Sua amiga precisava de ajuda e ele havia prometido que nunca a deixaria na mão, nunca!

Ele entregou o capacete para seu pai.

— Me conta o que eu preciso saber, eu vou atrás da Kate.