Kate POV

No começo da semana fui acordada por uma ligação da Laine, mais cedo do que o normal tinham encontrado um corpo de uma mulher em um beco, disse que parecia um assalto que acabou dando errado, de qualquer forma tinha que estar lá. Depois de muito esforço consegui acordar Castle e exatamente as 6:00h chegamos ao local, que se eu soubesse com toda certeza não teria atendido Laine, não teria insistido para que Castle saísse da cama, inventaria qualquer desculpa para não ter entrado naquele beco.

A cena parecia tão familiar, era uma mulher, cabelos em um tom de castanho escuro, pele clara, estaria impecável senão fosse a enorme mancha de sangue em seu peito, um tiro certeiro, o corpo estava jogado perto de sacos de lixo e então de repente estava vendo a minha mãe, por mais que piscasse meus olhos o que conseguia ver era o rosto de Johanna, mesmo após ter conseguido resolver o caso de minha mãe, a falta que ela me fazia era imensa, dei uns passos para longe, buscando ar suficiente para continuar ali, agradeci aos céus por Castle ter ficado para trás conversando com os rapazes, teria que me recompor antes que ele voltasse, me escorei na parede e fechei meus olhos, foi despertada de meus pensamentos por Laine

— Kate? Tá tudo bem? – Ela tocou em meu braço e eu quando a olhei não precisei responder

— Oh Kate, eu sinto tanto – Laine me puxou para longe e a segui me perguntando onde eu tinha enfiado a minha versão durona, porque com toda certeza ela devia estar exercendo o seu papel agora. – Laine me fez sentar e parou em minha frente, esperando que eu surtasse ou que só voltasse a andar normalmente, senti sua mão ajeitando meu cabelo. – Garota, eu pensei que... pensei que estivesse melhor após a prisão de Bracken, eu sinto tanto, quer que eu chame o Castle?

— Não Laine, está tudo bem – disse e respirei fundo ficando de pé, os olhos cautelosos de Laine me observavam atentamente, então ela pegou minhas mãos de novo, fazendo com que eu olhasse para ela – Kate, é só você falar com Gates que não pode continuar, os meninos dão conta. –Considerei por um momento o que Laine disse, poderia mesmo correr até Gates e pedir que me afastasse do caso, mas recuar não era algo que fazia parte de quem eu sou.

Apertei as mãos de Laine e sorri da melhor forma que consegui –vou ficar melhor quando conseguir resolver esse caso, Laine, obrigada. – Ela apenas assentiu e voltamos para cena do crime, chegamos junto com os rapazes, depois que Laine nos passou as informações, mandei Castle ir com Espo e Ryan, ele me conhecia o suficiente para saber que eu não estava bem e era muito mais insistente que Laine, quanto mais o mantivesse longe seria melhor, pelo menos ate conseguir acabar com esse caso.

Como tinha mandado Castle ir com os meninos, tive que conversar com os familiares sozinha, foi quando tudo piorou, Wanessa era casada e tinha uma filha, de apenas cinco anos, seu ex marido não conseguiu conter o choro quando me contava sobre as ultimas semanas da esposa, as imagens no beco, as lembranças de minha mãe, saber que uma garotinha cresceria sem sua mãe, foi como um soco no estômago, eu só conseguia pensar em como resolver isso tudo, em trazer justiça para essa família e foi o que eu fiz, me dediquei inteiramente as pesquisas, não tive que insistir muito e a velha e temida detetive Beckett estava de volta, não dormia, não conseguia comer, meus dias eram resumidos em olhar para o quadro branco, fazer anotações, interrogações e a pior de todas: ignorar Castle.

Durante o dia implorava para que os meninos o distraíssem com qualquer coisa e de noite ficava até tarde na delegacia, não conseguia encara-lo, ele não ia me deixar continuar e eu só queria terminar com isso.

Na sexta quando cheguei em casa, estava tudo tão silencioso, entrei em nosso quarto e ele estava dormindo agarrado ao meu travesseiro, sentei na beirada da cama e ajeitei seus cabelos, quando um pensamento me atingiu em cheio, e se tivéssemos um filho? E se acontecesse algo comigo ou com ele? Não, eu não teria coragem de ter um filho, não para que me tirassem dele, o pensamento me pareceu tão absurdo e tão real, como poderia falar com o homem que amo que não queria um bebê? Que estava com medo de estar com ele, que estava com medo de perder tudo de novo? Senti minha cabeça girar, me deitei ao seu lado, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto, as sequei e fiquei encarando o teto e foi quando o caso começou a fazer sentido, o chefe de Wanessa, ele estava sendo investigado só ele tinha o que perder, olhei para o relógio em meu pulso e dei uma ultima olhada para Castle, não tive coragem de o tocar, nem de o acordar, apenas saí do quarto.

Minhas suspeitas estavam corretas, eu e os rapazes conseguimos juntar as pistas e confirmar que o chefe de Wanessa estava envolvido em lavagem de dinheiro, quando ela descobriu e não quis aceitar o suborno por seu silêncio foi arquitetado o assassinato, Castle nos acompanhou quando fomos realizar a prisão e quando conversei outra vez com o ex marido de Wanessa, consegui sorrir pra ele, mas o pensamento voltava em minha mente sempre que ele tentava se aproximar, então recuei de novo.

Quando Castle tomou os papeis de mim, só consegui o encarar incrédula, ele estava louco, o pior é que eu sequer podia argumentar meus atos durante a semana não colaboravam em nada.

— Castle! Você perdeu o juiízo? - falei o mais alto que era permitido em uma delegacia.

— Você vem comigo e pronto. – Castle falou olhando pra minha com a cara fechada, ameaçando me entregar para Gates caso não fosse com ele, queria me levantar e dizer que ia ficar, que precisava ficar, que ele não mandava em mim, mas meu corpo não estava aguentando mais, minha cabeça girava e a parte racional que restava em mim dizia que não podia fugir dele para sempre, ele era esperto o suficiente para saber que eu não estava ali só porque tinha que fazer papelada. No elevador apenas peguei meu casaco, no carro não perdi a oportunidade de bater nele, mas ele estava tão contente por ter conseguido me levar pra casa sem eu ter lhe dado um tiro, ou quebrado seu braço que qualquer coisa que eu fizesse não o afetaria, quando ele disse que me amava foi impossível não sorrir e foi a ultima coisa que escutei antes de cair no sono, o balançar do carro, junto ao barulho da chuva do lado de fora e ao perfume de Rick ao meu lado que preenchia toda o carro, me fez dormir, sem pesadelos, apenas dormi.