—Espera, deixa eu ver se entendi. Gold é o pai do Neal e o Neal é pai do Henry, sendo assim, Henry é neto do Dark One?- Alycia ouvia tudo atentamente. Sua mãe tinha apenas falado que o pai de Henry estava na cidade, não tinha dito quem ele era. Regina assentiu com a cabeça lentamente, também pensando sobre aquilo.- Bom… a nossa árvore genealógica já era estranha mesmo.- Disse dando de ombros. Regina revirou os olhos e deu uma leve gargalhada, voltando a sua atenção para os papéis em sua mesa.

—Chegamos!- Emma abre a porta da sala de Regina na prefeitura e entra, seguida de Henry.

—Finalmente!- Exclama Alycia pegando as sacolas da mão de Henry e as botando na mesa.

—Isso tudo por comida?- Pergunta Emma indo em direção a Regina e selando seus lábios rapidamente.

—Tem certeza que ela não é a sua filha?- Pergunta Regina olhando para Emma tentando segurar o riso.

—Não, é definitivamente sua…- Falou rindo, ao ver a menina revirar os olhos com a pergunta da mãe.

O almoço seguiu entre risadas e brincadeiras. A única pessoa que não estava tão alegre era Alycia, coisa que não passou despercebida por Regina e Emma. Iriam falar com ela em outro momento.

—Então, eu estava pensando…- Começou Emma.- Eu vou precisar dar um pulinho em Boston nesse final de semana. Preciso pegar meu carro e deixar tudo em ordem…- todos a olhavam com espectativa.- Assim eu posso vir morar aqui definitivamente…- O sorriso de Henry e Regina não podia ser maior. Alycia deu um pequeno sorriso de lado.- E eu pensei que vocês gostariam de passar um dia lá.- Diz com um enorme sorriso nos lábios.

—Podemos mama?- Pergunta Henry, olhando para a mãe com seus enormes olhos pidões. Como posso resistir a tanta fofura?

—Bom…não vejo uma razão para não irmos. O que acha Ally?- Perguntou para a menina, a despertando de seus pensamentos.

—Ahnn, é claro. Por que não?- Disse sem muito entusiasmo. Algo estava acontecendo, e Regina faria de tudo para descobrir o que era.

O dia passou calmamente. Henry ficou uma parte do dia com Neal, os dois estavam se dando muito bem. Emma passou boa parte na delegacia e Regina na prefeitura com Alycia.

—Qual é o problema?- Perguntou depois de horas de silêncio entre ela e a filha. As duas eram bem próximas, se deixassem, poderiam conversar o dia todo, não entendia o que estava acontecendo com ela.

—Que? Nada.- Respondeu meio hesitante.

—Ally…

—Mama, é serio.- colocou sua mão em cima da mão de sua mãe por cima da mesa e lhe deu um pequeno sorriso, tentando passar segurança.- Eu estou bem. Nada esta acontecendo.- Regina estava ainda mais preocupada agora. Sabia que ela estava mentindo, era uma péssima mentirosa.- Já volto vou no banheiro.- Saiu tão rapidamente que Regina não teve a chance de falar nada.

Alycia estava zonza. Odiava mentir para a sua mãe, mesmo sabendo que ela não havia acreditado. Entrou no banheiro e se escorou na porta. Ela chegou a pensar que poderia ser alguma sequela da cirurgia que havia feito, mas sabia que não era. Respirou fundo e se apoiou na pia. Olhou seu reflexo e viu algo incomum em seus olhos. Prestou mais atenção, se aproximando do espelho. Segundos depois, seus olhos ficaram azuis e algo a lançou para trás, a fazendo cair no chão. O banheiro ficava longe da sala de sua mãe, então ela estava alheia ao que se passava ali.

—O que esta acontecendo comigo?- Perguntou para sí mesma, enquanto deixava uma lágrima cair se seus olhos.

*

—Você sabe que eu já viajei antes né?- Falava Emma terminando de colocar as coisas no carro de Regina e revirando os olhos com as recomendações da mãe.As crianças já estavam no carro, estavam quase prontos para sair.- Sabe, tenho 26 anos.

—E eu perdi esse 26 anos da sua vida, ou seja, tenho que recupera-los.

—Mandando em mim e dizendo como eu devo fazer as coisas?

—Exatamente.- Emma ia retrucar, mas Regina segurou seu braço.

—Emma, ela tem razão.

—Mas…

—Shiu…- Ela emburrou a cara. Se despediu dos pais e entrou no carro.

—Ótimo, tenho três crianças para tomar conta nesse final de semana.- Disse rindo enquanto se despedia dos Nolans. Entrou no banco de carona e partiram para Boston.

A viagem seguiu entre briancadeiras e risadas por duas horas, na terceira as crianças já estavam dormindo no banco de trás, deixando apenas Emma e Regina acordadas.

—Como assim você não gosta de chocolate quente?- Perguntou Emma ainda espantada.

—Eu nunca disse isso, só disse que prefiro café.

—Que bom que as crianças estão do meu lado…

—Na verdade Alycia também prefere café.- Emma franze a testa.- Eu tentei acostumar Henry também, mas ele não gostou muito. Já Alycia tem uma grande paixão por isso.- Emma ri e revira os olhos.

—Okay então… da onde tiraram essa paixão?

—Eu fiquei obcecada por uma série. Antes eu nem tinha provado café, mas quando eu vi a paixão das protagonistas por ele, tive que experimentar… no final eu estava obcecada por ele também.

—Série? Regina Mills, você assistiu Gilmore Girls?- Perguntou tentando controlar o riso.

—Para a sua informação, eu adoro séries de tv Miss Swan.- Emma apenas acenou positivamente com a cabeça e deu um sorriso sarcástico.

O silêncio predominou no carro. Regina olhava a paisagem pela janela e hora ou outra olhava para seus filhos dormindo.

—Ele esta feliz…- Emma olha com o canto do olho para Regina.- Ele me disse que sua familia está completa, que não podia estar mais feliz. Nunca vi Henry tão feliz quanto agora.

—E isso é ruim?

—Não, claro que não. É maravilhoso, mas enquanto isso…nunca vi Alycia tão distante. O pior, é que não acho que seja ciúmes ou algo do tipo, é outra coisa… não sei o que é…- Emma respira fundo e segura uma das mãos da morena.

—Também percebi que algo esta errado… talvez essa viajem até sua cidade natal seja bom para ela.- Regina da um riso baixo.

—Ela não é de Boston. Ela nasceu em Nova York…

—Nova York?

—Sim. Quando os pais dela morreram, ela foi realocada para Boston…- Olhou para trás, vendo o rosto sereno da filha.- Minha pequena Alycia Jacobs Foster Mills…

—Esse é o nome inteiro dela?

—Sim.- Disse voltando sua atenção a sua namorada.- Decidi não tirar o "Jacobs Foster". Não achei que seria justo…-Voltou a olhar pela janela.

—Regina.- A morena a encarou.- Você é uma ótima mãe.- Regina sorriu largamente e beijou as costas da mão de Emma.

Chegaram na cidade por volta das 9:00. Acordaram as crianças e foram diretamente para o apartarmento de Emma.

—É aqui que você morava?- perguntou Alycia, após entrarem no apartamento, recebendo um aceno afirmativo como resposta.- Bela decoração…- Disse sarcástica. Emma a olhou com uma falsa raiva. A menina revirou os olhos e deu de ombros.

Arrumaram suas coisas rapidamente e foram para a mesma cafeteria que Emma e Regina foram da última vez. Ela e henry pediram seus chocolates quentes e Alycia e Regina pediram café. Os tomaram rápidamente, pois queriam sair para ver a cidade.

—Vamos fazer assim, cada um de vocês escolhem dois lugares para irmos hoje e no final do dia eu vou levar vocês em um lugar especial.- Todos confirmaram com a cabeça e a aventura começou. Primeiramente foram ao Museu de Belas Artes, escolhido por Regina. Todos se encataram com a beleza do local, até Henry que não era muito fã de arte.

Depois foram ao Aquario de Nova Inglaterra, escolhido por Henry. A única que não amou o passeio foi Alycia. Por mais que os animais tivessem uma certa liberdade lá dentro, ela não gostava de os ver presos em aquarios, mas ela conseguiu aproveitar o passeio.

O próximo local foi a Boston Public Library, escolhido por Alycia (claramente). Os quatro se perderam lá por uma boa parte do tempo. Henry vivia pedindo para que Alycia lesse para ele, e ela prontamente aceitava. Algumas horas se passaram e decidiram ir comer alguma coisa, pois já se passava das 13:00. Decidiram comer no próximo local que iriam visitar que foi o Mercado de Quincy.

Passaram poucas horas lá e foram para o Fenway Park. Emma tinha um amigo lá que prontamente lhe concedeu o favor de abrir o estádio para que sua família o conhecesse. Henry e Alycia ficaram adimirados com o local e brincaram até não poder mais, soltando risadas infantis por onde passassem.

Quando sairam do estádio, foi a vez de Alycia escolher de novo. Ela escolheu o Parque Boston Common. Todos sentaram na árvore em que ela havia sido achada por Regina. Ficaram lá conversando amenidades, com sorrisos estampados em seus rostos. O sorriso maior era o de Alycia.

Quase meia hora depois, Alycia parou de falar e concentrou seu olhar em um ponto fixo. Depois de alguns segundo, o sorriso que ela estava carregando no rosto aumentou drásticamente. Regina olhou para o mesmo ponto e também sorriu. Acenou positivamente com a cabeça para a menina que saiu em desparada naquela direção. Henry e Emma estavam confusos com tudo aquilo. A mais velha apenas sorriu e disse "Rust".

—Pequena!- Exclamou Rust, também correndo em sua direção. Alycia se atirou nos braços do amigo que não via a quase 9 anos. O abraço foi retribuido na mesma intensidade, fazendo ele rodopiar ela no ar. Os dois estavam rindo com os olhos marejados. Rust ,agora com 16 anos, estava com os cabelos maiores e uma barba volumosa para alguém tão novo. Usava óculos e estava bem vestido, com um cachecol da Grifinória. Soltou a menina quando viu seus pais se aproximando.

—Mãe, pai. Essa é Alycia, eramos amigos no orfanato.- Os dois sorriram largamente para a menina que retribuiu o sorriso timidamente.

—Rust, essa é minha mãe Regina.- Disse quando as mulheres chegaram perto com Henry.- Essa é Emma, namorada da minha mãe e mãe do Henry, meu irmão.- Disse abraçando o irmão de lado. Regina concedeu que eles tirassem um tempo sozinhos para conversar, enquanto faziam isso com os pais do menino.

—Então, quando foi adotado?- Perguntou enquanto andavam sem rumo pelo parque.

—Alguns meses depois que você foi embora. Sentiu saudades?- Perguntou com seus sorriso galanteador.

—Sempre.- Respondeu sarcástica.

—Posso te perguntar uma coisa?- Ela lhe deu um sorriso e acenou com a cabeça.- Como se lembra de mim? Você tinha 3 anos.

—Eu tenho uma memória perfeita meu amigo.- Ele a olhou em dúvida.- Eu sou um genio.- Disse com indiferença. Ele ficou em choque por um momento, mas logo depois abriu um sorriso. Isso explica muita coisa.

—Está feliz com essa sua família nova?

—Na verdade.- Se virou, encarando suas mães e Henry.- Estou sim.- Rust abriu um largo sorriso.- E você?

—Não poderia estar melhor.- Conversaram mais um pouco e voltaram para suas famílias, rindo das histórias um do outro.

—Para onde vamos agora?- Perguntou Henry ao ver sua irmã de volta.

—Para um lugar que eu sempre amei ir… Sky Zone…- Os três olharam para ela com as sobrancelhas franzidas.

—Vocês nunca realmente visitaram Boston não é?- Disse Rust já sabendo a resposta.- Também estamos indo para lá, podemos acompanha-los?- Perguntou com expectativa.

—Claro!- Todos foram para o mesmo local e quando chegaram, Henry e Alycia abriram um enorme sorriso.

—Um parque de trampolim?!- Exclamou Henry, abraçando Emma fortemente.- Obrigado mãe!- Disse e foi correndo para um dos trampolins. Emma estava com os olhos marejados, era a primeira vez que Henry a havia chamado de mãe. Alycia e Regina sorriram para ela e foram brincar também.

Rust, Alycia e Henry pulavam sem parar, gargalhando alto. Emma finalmente havia conseguido convencer Regina a pular um pouco. A morena foi exitante, mas depois de um tempo também estava gargalhando igual uma criança. Emma parou por um tempo e ficou adimirando o som do riso de Regina, era um som apaixonante. Ela foi tirada de seus devaneios, quando Regina pulou de mau jeito e caiu em cima dela, fazendo as duas, as crianças e os pais de Rust rirem. Regina a olhou apaixonadamente em seus olhos e lhe deu um pequeno selinho demorado.

Ficaram mais um pouco e foram para o apartamento de Emma. Todos estavam cansados. Rust e Alycia se despediram e ela prometeu que quando voltasse na cidade, iria visita-lo. Chegaram no apartamento da loira super felizes e trites ao mesmo tempo. No outro dia, as crianças e Regina voltariam para Storybrooke, enquanto Emma teria que ficar por mais dois dias para terminar de resolver as coisas sobre seu trabalho e fechar o negócio com o homem que queria comprar seu apartamento. Dormiram todos na mesma cama, felizes por terem um ao outro.

*

Emma acordou com um sorriso no rosto ao ver Regina e Henry ao seu lado, dormindo serenamente. Estranhou de não ver Alycia, então deu um beijo na bochecha de seus dois amores e foi procurar a menina. Saiu do quarto e viu ela olhando para a cidade da janela da sala.

—Acordou cedo?- Perguntou fazendo a menina olhar para trás.

—Não dormi…-Respondeu com indiferença. Emma se aproximou e se debruçou na janela ao seu lado.

—Ally, eu posso não ser sua mãe, mas sabe que pode me contar tudo não é?!- Perguntou calmamente. A menina a encarou.

—Sim, eu sei.- Respirou fundo.- Eu também não sei o qe esta acontecendo Emma, mas quando eu descobrir, prometo que irei te contar, assim como irei contar para minha mãe.- A loira sorriu e segurou uma das mãos da garota, a fazendo retribuir o sorriso.

—Nem nos acordaram!- As duas se viraram com a voz rouca da morena e sorriram ao ver Henry com a maior cara de sono e com os cabelos completamente desarrumados.

—Como se funcionasse.- Disse Alycia.- Henry consegue ser mais preguiçoso do que Emma.- Todos riram, menos Henry que emburrou a cara. Alycia o pegou no colo e lhe deu um beijo na bochecha, o fazendo sorrir.

Fizeram o café e o tomaram na maior alegria. Iriam aproveitar cada momento juntos. Terminaram o dejejum e começaram a arrumar suas coisas, ajudando Emma a empacotar todas as coisas que ela iria levar para Storybrooke. Deixaram apenas as coisas que ela iria necessitar durante os próximos dois dias.

Terminaram de empacotar tudo e levaram para o carro de Emma. Não era muita coisa, então iria caber.

—Esse é o seu carro?- Perguntou Alycia ao ver o fusca amarelo.

—Sim, por que?- Ela fez uma expressão que Emma não conseguiu desvendar o que era. Ela olhou para o irmão que tinha a mesma expressão estampada em seu rosto.

—Nada, é que…

—Parece um caixão…- Disse Henry.

—Sobre rodas…- Disse Alycia.

—Amarelo.- Os dois completaram em uníssono. Emma olhava estática para os dois. Eles tinham dito a mesma coisa que Regina quando elas se conheceram, só que com mais detalhes. Olhou para Regina que tentava controlar seu riso, co uma mão tampando a boca.

—Como…vocês…? Mas…- Ela respirou fundo e começou a andar devolta para dentro do apartamento.- Desisto…

—O que foi isso?- Perguntou Alycia.

—Falamos algo errado?-Perguntou Henry. Regina se aproximou dos dois.

—Não, apenas acabaram de confirmar que são meus filhos.- Disse dando um beijo no topo da cabeça dos dois.

Voltaram para dentro e pegaram suas coisas, botando eles no carro de Regina. Emma abraçou Henry e Alycia fortemente, sendo retríbuido pelos dois. Eles entraram no carro e ficaram esperando pela mãe.

—Eu vou estar em seus braços daqui a dois dias.- Disse dando um selinho na morena.

—É melhor que esteja Miss Swan, ou vou vir te caçar.- Disse em um tom tão sério que assustou a loira. Regina riu e revirou os olhos ao ver a expressão no rosto da namorada. Lhe deu um selinho demorado e entrou no carro. Emma ficou acenando até não ver mais o carro.

*

Faltava algumas horas para Emma voltar de Boston. Regina almoçava com Snow, Charming e seus filhos. Conversavam amenidades, até Regina parar de falar subtamente.

—Regina, algo errado?- Perguntou Snow preocupada com a expressão da mulher.

—Sim… quer dizer não.- Ela se vira completamente para a sogra.- Eu recuperei a minha magia a alguns dias atrás, e agora estou sentindo uma presença em meu cofre.- Ela pondera por um breve período de tempo.- Vocês podem cuidar das crianças?- Os dois ancenam positivamente. Ela se despede dos filhos e sai da lanchonete, sendo envolvida pela sua fumaça roxa e sendo transportada para seu cofre.

Quando ela entra, tudo parece em ordem. Nada está for a do lugar e não consegue ver ninguém. Ela pensa em voltar, mas segue em frente, a mando de seus instintos. Algo chama sua atenção e quando dá mais alguns passos, congela ao ver a pessoa em sua frente.

—O que diabos está fazendo aqui?- Disse entrredentes. Ela estava com raiva e medo, não conseguia se mexer.

—É assim que você trata a sua própria mãe?- Disse a mulher, com um sorriso cínico.- Esses não foram os modos que eu te dei Regina.- Chegou mais perto.- Não vai me dar um abraço?