O Doutor gostava de pensar que era perceptivo. Tinha mais de dois mil anos, afinal, precisava ter aprendido algo. Certo?

— Mas isso foi realmente estúpido, sabe. — Implicou com ela, retomando o assunto anterior, o incidente que levou River a parar o próprio tempo e terminou com um casamento. — Podia ter acabado muito mal.

— Do tanto que eu amo você, Doutor, faria tudo aquilo de novo. O amor que é estúpido, não eu. — Replicou casualmente, afirmando um amor tão profundo com facilidade. Ele invejou a sua eloquência por um momento. Essa regeneração não era exatamente boa com palavras.

Portanto, só sorriu secretamente, as costas voltadas para ela enquanto sentia seu rosto ficar um tanto vermelho e seus dois corações se acelerarem perigosamente. O silêncio pairou por um tempo, nenhum dos dois falando nada. Para o Doutor parecia tranquilo, pacífico, girando alavancas e apertando botões com um sorriso bobo no rosto que só River conseguia fazer. Soube, no entanto, que estava perdendo algo importante quando se virou viu o brilho magoado dos olhos de River, como se ela estivesse ferida mas resignada com a dor.

— Qual é o problema? — Perguntou, subitamente preocupado. Fechou a distância entre os dois em segundos, encarando seu rosto, aflito.

— Não é nada. — Ela disse, desviando os olhos e dando um sorriso triste. — Eu já esperava por isso. — Completou, finalmente encontrando seu olhar.

— Esperando por…? — Perguntou o Doutor, confuso. Ele realmente estava perdendo algo importante aqui.

— Oh, Doutor, não me faça dizer isso em voz alta. Você sabe muito bem do que eu estou falando. — River estalou, repentinamente com raiva. Ela o encarou por alguns segundos com uma carranca antes de falar de novo, a voz mais suave. — Eu sei que você me ama muito menos do que eu amo você. E está tudo bem, Doutor. — Completou rapidamente ao ver o olhar de pânico confuso em seus olhos. — Está tudo bem, de verdade.

Seus olhos eram tristes e feridos, no entanto, tudo menos bem. Ela sorriu para ele de qualquer modo.

— Oh, não, não, não. Não, River. — Repetiu, com pressa. Começou a fazer gestos vagos com as mãos, coisa que só fazia quando estava nervoso, seu olhos arregalados e em pânico. Devia ter feito algo errado, e consertaria isso. — Eu te amo, te amo muito, mais do que todas as estrelas da galáxia de Pheezel, e eu sei que não sou muito bem em expressar isso, mas eu te amo, River, muito. É a regeneração, sabe, parece que a cada uma delas eu fico mais desajeitado, mas eu amo você River, amo de verdade… — Balbuciou de modo incoerente, não sabendo muito bem o que estava dizendo, mas River tinha de entender, ele tinha de tornar as coisas certas de novo.

— Doutor. — River chamou, um tom divertido em sua voz. O Doutor continuou a balbuciar. — Doutor! — Repetiu ela, mais irritada. Isso finalmente lhe chamou a atenção. Ele a olhou nos olhos intensamente.

— Eu te amo, River, tanto ou mais do que você me ama. — Repetiu, tomando o rosto dela em suas mãos. — Nunca duvide disso.

Ele então a beijou, tentando ali mostrar todo o seu amor. Ainda tinha muito para mostrar.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.