Era quase três da manhã quando Cameron despertou do sonho que estava tendo. Abriu os olhos e não conseguiu lembrar os detalhes do que se passara enquanto dormia. Entretanto, ela recordava os acontecimentos anteriores. Dando-se conta de repente que não estava na cama dela, virou-se e encarou House dormindo. Eles realmente haviam feito aquilo. Isso não era sonho e ela sabia, porque ainda podia experimentar no corpo todas as sensações que ele a fizera ter.

Com o lençol em volta do corpo, ela sentou na cama. As pernas flexionadas a sua frente e os braços em volta delas. “E agora?” – ela pensava. Essa pergunta havia se repetido várias e várias vezes desde que ela decidira seguir com aquilo. Era difícil permanecer indiferente quando o assunto era “ele”. Como continuar no personagem, naquela fantasia maluca e seguir interpretando? Ela tinha certeza que ele só continuou com suas investidas porque ela não deixou dúvidas que seria apenas uma noite, como tantas outras que ele tivera com prostitutas. Mas algo dentro dela esperava e desejava veemente que ele pudesse ter visto em seus olhos enquanto ela estava sob ele, que aquilo era mais pra ela. Sempre foi.

Resignada, ela pôs-se a levantar da cama. Decidira que preferia ir embora enquanto ele estivesse dormindo. Mas o movimento dela fez ele despertar.

– Aonde vc vai?

– Casa. – ela disse tão baixo que duvidava que ele pudesse ter ouvido.

– Sem pagamento?! – ele já havia sentado na cama ao lado dela.

Ela olhou para ele e levantou. Começou a recolher suas roupas espalhadas pelo chão e vesti-las o mais rápido que conseguia com as mãos trêmulas. Ela não queria que ele começasse a falar. Já imaginava o que mais ele podia jogar em cima dela para fazê-la se sentir pior.

Lançou um olhar para ele e saiu do quarto. House permaneceu imóvel tempo suficiente para entender o que estava acontecendo. Ela estava indo embora. “Ela está indo embora!”. Levantou de um pulo – mas ainda mancando - puxando o lençol junto consigo para envolver sua cintura.

– Cameron!!!!!!

Ele conseguiu alcançá-la perto da porta de saída.

– A brincadeira acabou. Eu não consigo. Admito! Não consigo levar isso até o fim. Eu pensei que pudesse vir aqui, dormir com vc e ir embora de manhã fingindo que no dia seguinte eu seria a mesma. Mas não posso.

– Eu não quero que vc vá. – ele disse por fim, quando ela finalmente pausou as palavras. – E é por isso que vc deve ir.

Ela entendeu. Não era fácil para ele, mas aquilo afinal era demonstração de algum sentimento. De um jeito maluco e covarde, mas era. Cameron assentiu e se aproximou, dando um beijo que ele correspondeu com a mesma intensidade. Ela preferia pensar que não era um beijo de despedida. Após quebrar o contato, ela deu as costas e saiu.

Ela tinha razão. Sozinho ele pensava e finalmente compreendia que também ele não era capaz de continuar sendo o mesmo. O que haviam compartilhado era deles e nenhum dos dois estava apto a pagar um preço para desistir disso.

FIM

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.