Dont stop me now

Era sexta feira de manhã, quando acordei com a Alice gritando aqui dentro de casa. Ela estava tão animada. Confesso que eu também estava, afinal quem não quer ficar longe dos pais pelo menos por um dia?!

Ah já ia esquecendo de me apresentar. Eu sou Júlia, tenho 16 anos e moro em São Paulo. Por sorte sou vizinha da Alice e estudamos no mesmo colégio. De uns tempos pra cá minha vida tem sido um verdadeiro inferno, desde quando minha prima Kate veio morar aqui. Meus pais tem uma alma caridosa que só vendo, então resolveram deixar ela morar aqui em casa. Ela veio tentar a vida em SP assim como nós. Acredita que aquela piranha já roubou até meu namorado quando eu ainda morava em Minas?!

Então já viu que a chegada da proposta pra morar em Huntington Beach foi uma benção divina né?! Nem acredito, eu finalmente livre dessa puta e dos meus pais que só sabem passar a mão na cabeça dela e ainda por cima acham que ela é uma santa. E euzinha aqui sou a mal criada, vê se pode.

Cara, Esse intercâmbio com a Alice vai ser o máximo pra mim, lógico que eu queria ir pra Las Vegas mas a gente vai pra onde dá. Porque sinceramente meu estoque de maneiras alternativas de como se matar uma pessoa em um pensamento já estava esgotando, mais uma coisa que ela fizesse e eu não responderia por mim.

– "Não senhor, polical! Não tenho nada a ver com isso não. Quando eu cheguei ela já estava morta... e tão nova... é mesmo uma pena porque ela era uma pessoa tão boa. Coitada!"

Depois de ter refletido sobre minha vida dei conta que Alice estava pulando em cima da minha cama que nem louca.

– Jú, Jú? Você está me escutando? Não é possível que você vai morrer antes da gente ir pra curtição, vida louca. PORRA ACORDA SUA VADIA, LEVANTA DESSA CAMA AGORA, JÁ SÃO NOVE HORAS TU QUER PERDER O VÔO? PIROU DE VEZ? ESTÁ SE DROGANDO LOGO DE MANHÃ?

– Ei, ei, ei, pode parar sua piranha. Eu estou bem viu? Só estou com sono, será que não pode mais dormir em paz nessa casa? Pensei que minha mãe tinha pelo menos um senso antes de deixar vadias entrarem na minha casa. - Gritei para ver se minha mãe escutava, sim eu estava jogando indiretas sobre a piranha Kate.

– Júlia Dickeman, respeite sua mãe ou quer que eu vou aí e quebre sua cara com um só tapa? E se arruma logo que eu não vou ficar esperando essa moleza sua, se não quiser ir me fala que eu cancelo tudo. - Pronto minha mãe ja começou a gritaria.

– Nem morta, não fico na mesma casa com essa piranha Kate nem mais um dia. Liberdade aí vou eu.

– Respeita sua prima, ela é um doce.

– Ela é um doce e blá blá blá. Resmunguei baixo.

– É doce que nem o meu cu. - Alice era irônica e sempre me ajudava a infernizar a vida da minha priminha.

Caímos na gargalhada.

– Jú, agora é sério, se arruma logo guria. Estou descendo, minhas malas já estão no carro da sua mãe, te encontro na sala.

– Ok vadia.

Tomei um banho e me arrumei rápido. Coloquei uma blusa do Nirvana, um short rasgado e meu bom e velho all star. Sim, eu sou roqueira como Ali. Ela estava do mesmo jeito que eu, só que com uma blusa do Kansas e uma maquiagem bem pesada.

Chegamos no aeroporto e fizemos o Check-in. Estávamos atrasada, minha culpa, eu sei. Nos despedimos dos meus pais e entramos no avião. Daqui pra frente vida nova meu irmão.

– Agora é sexo, drogas e rock in roll.

– Para de viajar Júlia, até parece que vamos conhecer tantos garotos a ponto de transar em HB.

– Quer apostar vadia?

– Fechado piranha.

Alice POV

Como diria minha mãezinha: "Hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas". Frase estúpida, né?! Eu sei. Quem criou ela devia estar na porra de um tédio do capeta, quer dizer, a frase não diz nada, você pode usar ela todos os dias, exceto obviamente o dia da sua morte... Então, será que essa frase não podia ser usada nunca? Quer dizer, a gente não prevê quando vai morre... NOSSA QUE QUE EU ESTOU PENSANDO? Pois é, essa sou eu Alice, tenho 16 anos e estou prestes a me mudar pra HB pra fazer intercâmbio com minha melhor amiga. Quem vê fala até que somos estudiosas não é mesmo? Hahaha claro que não, vamos pela farra! E também pra ficar longe dos nossos pais. A Jú tem os problemas delas com os pais e sua prima nojenta Kate, uma dessas putinhas que se figem de santa, sabe? Então e eu estou fugindo do meu pai. Cara, não que ele não seja um bom pai, ele é, mas ele é muito severo e não aceita certas atitudes minhas, me repreende e eu tenho essa necessidade de liberdade, sabe? Minha mãe fala que eu sou um passarinho apressado, mal saí do ovo e já quero voar! Hahahaha. É, minha mãe tem essas coisas de gente que é Zen, às vezes até irrita conversar com ela exatamente pelo fato de que ela nunca, NUNCA MESMO, se irrita!

Fiquei tão perdida em pensamentos que mal vi o tempo passar, só percebi mesmo quando a Júlia desceu as escadas pra gente ir pro aeroporto. Vão se acostumando porque eu sou sempre assim, avoada, distraída. Acho que é por isso que não tenho lá muitos amigos, só a Jú pra me aguentar. Mas não pense que eu acho isso ruim, sabe pode parecer meio triste, mas não é, não pra mim... Ficar sozinha de vez em quando é até bom!

O caminho pro aeroporto passou depressa e quando vi já tínhamos feito o Check-in e entrado no avião.

– Agora é sexo, drogas e rock in roll. - Jú disse me tirando dos meus desvaneios.

– Para de viajar Júlia, até parece que vamos conhecer tantos garotos ao ponto de transar em HB.

– Quer apostar vadia?

– Fechado piranha.

Alice POV of

Passou horas e chegamos em HB, dormi até. Sim eu sou muito preguiçosa e durmo até demais. Alice teve que me sacudir várias e várias vezes pra eu acordar. Estava cansada, muito cansada, se bem que isso é normal pra mim, vivo cansada... Mas enfim, aquela vadia tava tão animada, parecia criança em um parque de diversões. Descemos as escadas e depois de um ano pegamos as malas. Eram muitas e mal conseguimos carregá-las.

Assim que estávamos saindo:

– UAU! O QUE É AQUILO ALICE BARTOLI?

Aquela vadia, filha da puta me ignorou e começou a cantar altasso sem se importar com os outros Fluerecent Adolescent do Arctics Monkeys.

– Oh that boy's a slag, the best you ever had, the best you ever had...

– Que menina maluca hahahaha.