Secou os olhos o mais rapidamente que pôde, fechando a porta de casa atrás de si. Correu até seu quarto, trancando a porta e sentando na cama. Ele tremia compulsivamente, tentando controlar os soluços desesperados que saiam de seu peito.

_ Fabinho, abre essa porta. – a voz dela só fazia seu coração se apertar mais, ainda mais pelo desespero contido no tom dela – Amor, por favor.

Ela nunca havia o chamado assim, e isso só piorou o que ele sentia. Controlou o máximo possível os soluços que ainda irrompiam. Secou os olhos e se levantou, caminhando até a porta. Assim que virou a chave, a porta se abriu, já que a corintiana estava virando a maçaneta pelo outro lado.

Giane entrou no quarto com um olhar preocupado e irritado, pelo fato que ele a havia ignorado momentos mais cedo quando se cruzaram na praça. Eles estavam namorando afinal de contas, ele dizia que estava apaixonado por ela. Assim como ela estava por ele.

_ Qual seu problema hein Fraldinha? O que te deu pra me ignorar assim? – ela parou ao ver as marcas de lágrimas no rosto dele. Sua expressão se desarmou, assim como sua postura, e ela se aproximou dele com carinho – Fabinho, o que aconteceu?

_ Nada. – ele começou a se afastar, mas ela o segurou pela mão. A garota puxou o rosto do namorado em sua direção, fazendo os olhares se cruzarem.

_ Porque você está mentindo para mim? – perguntou ela – Porque me ignorou? Fabinho, você é meu namorado, tem que confiar em mim.

_ E-eu... – ele começou a falar, engolindo as palavras e suspirando – Eu não sou mais seu namorado.

_ Você o que? – ela soltou os braços dele, se afastando. Ele viu as lágrimas invadirem os olhos dela, e se controlou para segurar as suas próprias.

_ Eu não sou o que você merece Giane. Por mais moleque e grossa que você seja, você é uma pessoa boa, e merece alguém assim. – ela se aproximou dele, segurando seu rosto, nervosa.

_ Você É uma boa pessoa Fabinho, e sabe disso. – Giane rosnou, sua expressão traduzida em dor e desespero – E não é quem eu mereço ou não... Eu quero você, eu preciso de você. Fabinho, eu amo você, consegue entender isso?

_ Eu também te amo Giane, não duvide disso. – ele segurou as mãos dela, deixando as lágrimas virem – E saiba que é por isso que eu estou fazendo isso.

_ Isso tem a ver com a Amora? – a florista perguntou – Tem a ver com o tal aborto?

_ Giane, por favor. – ele segurou o rosto dela – Entenda, eu estou fazendo o que é melhor para você. Volta com o Caio, que te ama e que todo mundo gosta. Seja feliz com ele, e fique bem. Eu prometo que nunca mais te encho o saco ou...

_ Eu não sei o que te aconteceu, seu idiota, mas eu to cansada de lutar por uma causa perdida... Sabe, dar muro em ponta de faca? – ela gesticulava nervosa – Seu problema é que você não sabe amar, por mais que diga que me ama, você não sabe amar, não consegue amar. E você vai acabar ficando sozinho, para sempre.

Ela saiu do quarto dele sem dizer mais uma palavra. Ele correu atrás dela até a sala, a puxando pelo braço. Colou seus lábios em um beijo onde ele esperava que ela entendesse que ele a amava mais do que tudo, e que por isso fazia aquilo.

Quando se separaram, ele beijou a testa dela.

_ Eu falei sério quando disse que a noite em que ficamos juntos pela primeira vez, foi a mais feliz da minha vida. – ele sussurrou, se afastando – Mas eu atraio problemas para quem eu amo, e eu te amo demais para deixar isso acontecer com você Giane.

A corintiana não falou nada, apenas deu as costas para ele, saindo da casa e batendo a porta. O badboy ficou parado por um tempo, encarando a porta da casa. Deixou as lágrimas voltarem, voltando ao quarto.

Lembrou-se das palavras de Amora mais cedo, da ameaça de cumprir a morte de Giane, premeditada no dia do “aborto”, se ele não sumisse e parasse de tentar provar que não havia causado o aborto, ou melhor, que não havia aborto algum.

Foi para o quarto, pegando o celular. Sabia o que tinha que fazer, mas era tão difícil...

_ Alô? – a ligação foi atendida no terceiro toque.

_ Plínio, é o Fabinho... Precisamos conversar.