Feijãozinho sendo "encomendado" hihi'

A noite caiu gelada, fazendo com que Fabinho e Giane se enfiassem sob as cobertas grossas em seu quarto, ambos muito nervosos para pensar em alguma outra coisa. A corintiana estava sentada entre as pernas do namorado, os dois com os braços na barriga dela, com a cabeça perdida em pensamentos.

_ Você não teve mais notícias do seu pai? – o rapaz negou, a Giane suspirou – Esse silêncio tá me deixando aflita, Fabinho.

_ Eu sei tranqueira, eu também to. – ele garantiu, apoiando a cabeça no ombro dela - Mas se algo ruim tivesse acontecido, nós já saberíamos. Notícia ruim corre rápido, lembra disso.

A garota concordou, se levantando correndo logo depois. Fabinho suspirou, se levantando e indo atrás. Chegou ao banheiro e puxou os cabelos dela para trás, esperando que ela vomitasse todo o jantar.

_ Olhe pelo lado positivo... A médica disse que os enjoos devem passar em duas ou três semanas. – o rapaz lembrou, enquanto ajudava a namorada a levantar e caminhar até a pia.

_ E até lá eu acho que vou ter perdido uns 10 quilos na base do vômito. – ela lavou a boca e o rosto, suspirando – Será que a Elsa ainda tá aqui pra fazer um chá?

_ Acho que sim... Não são nem 20h ainda. – vendo que a namorada ainda estava meio bamba, Fabinho passou o braço por baixo das pernas dela, a pegando no colo. Ao invés de reclamar, ela apenas deitou a cabeça no ombro dele, deixando ele levá-la para a cozinha.

Elsa não apenas estava acordada, como também havia feito um bolo de fubá (que ela garantiu que era leve e Giane podia comer) e logo preparou um chá para a garota.

_ Relaxe minha querida... Logo os enjoos vão parar, é realmente só no primeiro trimestre. – a senhora garantiu, observando a menina devorar o bolo.

_ Nem na escola um trimestre demorava tanto. – a corintiana reclamou com a boca cheia.

_ Come de boca fechada animal. – Fabinho provocou, recebendo um peteleco – Vê se eu posso com isso dona Elsa?

_ Apesar das brigas, vocês se gostam muito não é? – os dois deram de ombros, parecendo encabulados. Uma coisa era admitirem um pro outro o quanto se gostavam, outra coisa era admitir para alguém de fora. Nenhum dos dois era bom nesse campo sentimental.

_ Eu vou sentir falta dos seus chás quando a gente for embora. – reclamou Giane com um biquinho, e Elsa riu.

_ Eu vou preparar algumas misturas para vocês levarem, pode ficar tranquila. – a senhora garantiu – E vou anotar as receitas, para caso acabem.

_ Quantos filhos você teve, para saber tanto sobre enjoos e coisas do tipo? – perguntou Fabinho.

_ Eu tive sete filhos, mas engravidei dez vezes. – o casal escancarou a boca, fazendo a mais velha rir – No sítio isso é comum. Quanto mais filhos, mais gente para se ajudar no trabalho. Pelo menos era como pensávamos trinta e tanto anos atrás.

_ Eu não sei se aguentaria passar por isso dez vezes. – Giane fez careta – Os enjoos, as tonturas, a fome excessiva...

_ Vai tudo parecer uma lembrança distante no momento em que você estiver com o seu filho nos braços. – garantiu a Elsa, segurando a mão da florista – Você só vai entender quando o bebê nascer minha querida, mas vai ser o momento mais incrível de toda a sua vida. E todo o mal estar, toda a dor, tudo, vai simplesmente sumir, e aquela pequena pessoinha vai fazer seu coração transbordar de felicidade.

_ Agora eu quero chorar. – Giane deitou a cabeça no ombro do namorado, que ria – É bom ter alguém para conversar assim... Eu não lembro muito da minha mãe, não sei como é ter esse tipo de conversa.

_ Por isso que você disse que tem medo de não ser uma boa mãe? – Fabinho encarou a namorada com a sobrancelha vincada – Eu ouvi outro dia você resmungando enquanto dormia.

_ Bom, é. – a garota externou o que a inquietava nos últimos dias – Eu quero ser uma boa mãe pro Feijãozinho, mas eu não sei por onde começar.

_ Meu anjo, você está se cuidando, está protegendo ele das ameaças, comprou um monte de livros sobre gravidez. – os dois riram, lembrando da expressão incrédula de Elsa ao vê-los lendo os livros e dizendo que não era assim que iriam aprender a ser pais – Posso te contar uma coisa que minha mãe me disse uma vez?

_ Por favor. – Giane assentiu.

_ Quando uma mulher fica grávida, é uma nova vida que se forma dentro dela, um novo e pequeno ser. E eu não sei em que religião vocês acreditam, mas eu acredito que todos nós temos uma alma, e que essa alma é colocada em nós ainda no ventre de nossas mães. Então, mais do que gerando alguém, a mulher está recebendo outra alma dentro dela, e isso não é algo simples ou fraco, é algo poderoso. Por isso que no principio da gravidez a mulher passa tão mal, tem tantas tonturas. Tem uma nova alma entrando nela para habitar esse pequeno ser, e só de você ser forte e aguentar tudo isso para que seu filho possa existir, você já está sendo uma mãe excelente.

Quando a mais velha terminou de falar, Giane levantou da mesa correndo e foi abraçá-la, aos prantos. Fabinho sorriu de lado, secando uma pequena lágrima. Droga, a grávida era Giane, ela que devia ficar emotiva.

_ Obrigada por isso Elsa, de verdade. – a corintiana agradeceu, ainda abraçada com a boliviana – Você não sabe o bem que me fez ouvir isso.

_ Nós temos que passar a sabedoria que nos é dada querida. Assim como vocês um dia a passarão, e assim vai seguindo. – a mulher respondeu sorrindo. Giane se afastou sorrindo, voltando a sentar com Fabinho. Logo ouviram uma buzina, e Elsa riu – Carlos chegou. É hora de ir.

_ Muito obrigada. Por tudo. – Fabinho quem agradeceu, abraçando a senhora, seguido de Giane. Foram com ela até a porta, e acenaram enquanto Elsa se afastava com o marido de carro – Eu acho que o telefone está tocando.

Os dois correram para dentro, Fabinho apanhando o telefone do gancho.

_ Plínio? Aham. Aham. Depois de amanhã? Tá... A casa e os documentos estarão prontos? E quem de vocês vai vir? A Malu e o Maurício? Tá bom, tá bom. Obrigado.

O rapaz colocou o telefone no gancho, enterrando o rosto nas mãos e suspirando. Giane se abaixou a sua frente, colocando a mão em sua perna.

_ O que tá acontecendo? – perguntou ela acariciando a perna dele.

_ A Malu e o Maurício estão a caminho, vão chegar aqui de manhã com os nossos documentos para podermos ir para a Holanda. A polícia encontrou evidências que ligaram a Amora ao seu sequestro e o incêndio, então nós estamos livres de problemas. – ele suspirou.

_ Mas se prenderam a Amora, nós não precisamos ir embora. –a garota sorriu animada, mas Fabinho negou.

_ A Amora sumiu logo depois que viu a notícia sobre nós dois. – Giane prendeu a respiração – Ninguém sabe onde essa maluca está.