Gabrielle ainda estava atordoada sobre o que tinha acontecido aquela tarde. Seu medo por Nicolas havia aparecido novamente, mas agora ela tinha Victor de volta. Ele a protegeria.

Ela se sentia uma megera por pensar em Victor dessa maneira, sabendo que ele amava a esposa e que ela própria amava seu marido, mesmo que não quisesse ou gostasse de admitir.

Tinha medo de que a frieza de Nicolas realmente o transformasse em um assassino. E se ele fosse realmente um? O corpo da menina estremeceu com esse pensamento. Ela só podia estar enlouquecendo mesmo. Quem sabe se tivesse fugido com Oliver, não estaria pensando nisso, mas ela sabia que pensaria no pior.

Durante o jantar, ela o observava comer. Sua expressão era tranquila, parecia até que Nicolas não era um monstro. Gabrielle trocou alguns sorrisos com Victor, fazendo com que Nicolas interrompesse todas as vezes que eles tentaram rir mais abertamente. Louis apenas observava aquela cena, desconfiado que algo estivesse acontecendo, embora Elena estivesse concentrada demais na sua comida para notar algo.

Após o jantar todos se reuniram na sala de estar, embora ficaram por pouco tempo. Gabrielle fora a última a subir, estava absorta em sua leitura. O relógio já marcava mais de duas da madrugada quando ela parou de ler.

Ela reprimiu um bocejo, guardou o livro e caminhou para o quarto. A chuva estava forte do lado de fora da casa, de modo que estivesse fazendo mais frio do que o normal.

A menina entrou no quarto e deu de cara com o marido deitado com a barriga para cima e os braços caídos ao lado da cama, a respiração tranquila. Nicolas estava maravilhoso ali, parecia uma obra de arte e Gabrielle se condenou por amá-lo. Queria que ele estivesse sem sua máscara sempre, tinha certeza que a relação entre eles seria diferente do que era.

Ela ergueu a mão, hesitante. Tocou o peito do marido, receosa, e, quando achou que era seguro o suficiente, permitiu soltar a respiração. Sentiu o coração dele pulsar nas suas mãos. Uma pena que não o usa. Ela ficou presa aquele som até que Nicolas acordou:

— Isso mesmo, está batendo. – Murmurou de olhos fechados, fazendo Gabrielle se levantar às pressas, mas ele foi mais rápido e a segurou. – Bu!

O toque de Nicolas na pele da menina queimava e ardia de um jeito maravilhoso. Ela se odiou por gostar daquele homem.

— Você e essa sua mania de me assustar. – Ela reclamou enquanto ele soltava uma gargalhada. – Me solte.

— O que estava pensando, chérie? – Perguntou, curioso.

— Nada. – Ela soltou rapidamente. – Só estava... estava tocando em você. Não posso? – Nicolas ergueu a sobrancelha ironicamente.

— E desde quando quer me tocar? – Encarou o rosto da esposa, ainda sonolento.

— Eu n... – Gabrielle foi interrompida por um beijo.

Havia muito tempo que ele a beijava, não tinha percebido o quanto sentia falta de sentir os lábios da esposa.

Gabrielle estava derretida e completamente entregue ao momento. As mãos de Nicolas eram possessivas, e seus lábios, opressores. Quando o ar finalmente acabou, eles se soltaram, embora os lábios de Gabrielle ainda implorassem para que ele a beijasse novamente.

Eles se olharam e Nicolas voltou a depositar beijos ao longo de todo o pescoço de Gabrielle, mas ela sabia que não podia deixar aquilo acontecer. Não quando ele a deixou tão assustada mais cedo.

— Espere. – murmurou enquanto lutava contra sua vontade de continuar ali. Nicolas soltou uma gargalhada e mais uma vez ela se perguntou porquê que ele não podia ser leve, assim, sempre.

— Qual o problema? – Ele perguntou no ouvido dela. Seu hálito a fez perder o raciocínio por alguns segundos; qual era o problema mesmo?

— É tarde. – Ela disse, segurando o rosto dele em suas mãos. Gabrielle o encarou por um segundo e Nicolas perdeu o riso enquanto a encarava. Durante esse pequeno intervalo de tempo, ele esqueceu que a odiava, esqueceu de todo o resto do mundo. Eram apenas eles ali e ela era apenas sua esposa. Sua linda esposa.

— Você precisa dormir. – Gabrielle se aproximou e grudou seus lábios nos dele, demoradamente. – Boa noite.