Gabrielle acordou com o corpo todo dolorido no dia seguinte, afinal, tinha dormido muito pouco. Nicolas já não estava lá.

Ela se banhou e vestiu um vestido azul bebê e desceu para comer alguma coisa. Resolveu ir ao jardim assim que acabou de comer.

Era um jardim bonito, apesar do clima pesado da família. O dia estava esfriando, mas não chegava a chover. Gabrielle estava absorta em seus pensamentos quando alguém cobriu seus olhos:

— Adivinhe quem é? – Victor disse e ela riu, entregando que ele não havia a assustado.

— Pensei que estivesse com Nicolas e Louis. – ela disse quando ele a soltou e sentou do seu lado.

— Cuido da parte burocrática dos negócios, os papéis. Os donos da verdade se encarregam do resto. – Victor disse sério e Gabrielle riu.

— Vocês são tão diferentes – ela disse e Victor franziu a testa. – Nem parece que são irmãos.

— Meu pai era um canalha. – ele começou e ela não pode deixar de rir. – É sério, cada um de nós é filho de uma mulher diferente. Louis é por Isabel, Nicolas e Alina são por Nina e eu por Penélope.

— Agora dá pra entender. – Gabrielle sorriu.

— A única coisa que temos do nosso pai são os traços e a cor de fantasma. – Victor continuou. – Nicolas e Louis herdaram o gênio dele, mas eu não me interesso tanto, nem Ali.

— E sua mulher? Melissa, não é? – Gabrielle perguntou.

— Mel. Ela odeia que a chamem de Melissa. – ele sorriu. – Ficou em Londres com a mãe, creio que... – ele parecia estar fazendo alguns cálculos pela expressão pensativa que fez. – Bom, creio que um dia ela venha para cá.

— Vocês tem algum filho?

— Ainda não. Se tivesse, não os deixaria. – ele disse e a tristeza alcançou Gabrielle novamente. – E você? Tem algum? – perguntou, com uma expressão de curiosidade, o que fez a menina rir.

— Ah, claro que sim. Espera que vou chamá-los pra te conhecer. – ela riu e ele a acompanhou.

Era incrível o poder que Victor tinha de acalmá-la. Ao lado dele, o inferno parecia o céu. Ao contrário de Nicolas, que era tão difícil quanto parir um filho, Victor era fácil como respirar.

Os dois continuaram andando pelo jardim enquanto conversavam e riam, sentindo o clima frio se tornar levemente mais quente. Eles pareciam mais um casal feliz do que apenas cunhados.

***

Era quase meio-dia quando Gabrielle e Victor voltaram para casa. Ela estava cansada mas não percebera, pois Victor a distraía tanto que ela só veio perceber isso quando chegaram à escadaria da mansão.

— Não acredito que teremos que subir todas essas escadas... – Gabrielle resmungou, cansada.

Assim que ela disse isso, Victor a colocou em seus braços e começou a subir as escadas, o que a fez gritar surpresa e começar a rir. Ao entrarem na casa, encontraram Alina na sala. A menina, vendo Gabrielle no colo do irmão, riu e foi até eles, animada. Victor pôs Gabrielle no chão e fingiu estar todo quebrado, o que a fez dar um tapa de leve nele, rindo.

Ela subiu para tomar um banho antes do almoço e, ao entrar sorrindo dentro do quarto, se deparou com um Nicolas completamente sério:

— Que susto! – Gabrielle levou a mão ao peito e suspirou.

— Posso saber onde estava? – Nicolas não mudou de expressão.

— Estava caminhando com Victor. – A moça seguiu para o banheiro.

— Por quê? – Ele a seguiu.

— Porque estava entediada.

— Nunca mais saia sem avisar. – Nicolas segurou o braço da esposa.

— Quer dizer que vou ter que dar satisfação até se quiser ir ao jardim? – Gabrielle franziu as sobrancelhas.

— Não gosto de não saber onde você está. – Ele respondeu duro, com o olhar frio. Gabrielle não tinha decidido ainda se isso era uma coisa boa ou não. Provavelmente era só obsessão.

— Me poupe. – Ela estava sem paciência.

Tirou o vestido e o colocou sobre a bancada, ficando apenas com a roupa íntima. Nicolas a puxou e eles entraram juntos embaixo do chuveiro. Antes que pudesse reclamar, começaram um beijo ardente e todos os pensamentos que Gabrielle tinha no momento sumiram.

Ela sequer reclamou, apenas o beijou de volta. Desejava tanto que momentos como este acontecessem normalmente, sem quaisquer briga depois.

— Nick, não. – Ela tentou parar quando sentiu que ele começava a se despir.

— Sim. – Nicolas murmurou encarando a jovem nos olhos e terminou de tirar a roupa.

Ele prensou Gabrielle contra a parede e a instigou de todas as maneiras possíveis. A jovem sentia seu corpo em chamas e, para ele também não estava tão diferente. Ambos respiravam pela boca.

Eles pararam o beijo e Nicolas a puxou para mais perto, com um pouco de pressão:

— Prometa que vai avisar quando sair. – Brincou, com um sorriso cínico no rosto.

— Idiota! – Gabrielle começou a estapeá-lo, o que o fez rir. Aliás, foi uma das poucas vezes em que Nicolas ria sinceramente.

Ele segurou as mãos da esposa e a beijou novamente. Os minutos iam passando e parecia que eles se encontravam mais em uma sauna do que num banheiro, tão quente a temperatura. Gabrielle sentiu Nicolas lhe puxar para cima, enlaçando suas pernas na cintura dele.

— Devagar. – Ela pediu receosa, lembrando a noite de núpcias.

— Confie em mim, não vou machucar você. – Ele afirmou e começou a lhe invadir.

Nicolas sentiu as unhas de Gabrielle cravarem em suas costas, cada vez com mais força, a medida que ele a ia possuindo. Brigando com seu instinto, ele se obrigou a ficar quieto, para que ela se acostumasse. O rosto de Gabrielle estava enterrado no seu ombro, as lembranças da noite na sala já não lhe incomodavam mais. Agora não doía, e sim lhe dava prazer. Um prazer tão grande que a fazia quase enlouquecer. Ela respirou fundo e gemeu quando Nicolas começou a se mover.

Tempos depois sua visão escureceu e seu corpo foi levado por uma sensação diferente, quase anestésica. Gabrielle tinha certeza de que era uma sensação boa. Nicolas deu um sorriso ao vê-la desfalecer e, pouco depois, foi sua vez.

***

Quando Gabrielle se recuperou, o olhar de Nicolas já estava vazio novamente, o que foi uma facada no seu coração.

— Termine seu banho, vou estar lá embaixo. – Nicolas disse, outra vez sem expressão alguma no rosto.

Ele saiu com uma toalha enrolada na cintura e a deixou no banheiro. Gabrielle foi consumida por uma dor sufocante, as lágrimas caíam misturadas com a água do chuveiro.

O que ela fez pra merecer isso?