Years Of Love

Um Passeio Em Berk


Corri para a janela procurando Jack com o olhar, olhei para os prédios, para o céu, para a neve...

Não é possível. Será que eu... Eu imaginei tudo... Só pode ser, afinal...

Um pouco de neve passou por meu nariz, e outra vez, comecei a rir.

X x X

Outra vez, estava andando sozinho observando o que acontecia em Berk.

O inverno estava forte este ano, o tempo estava nublado e às vezes um vento dolorosamente frio passava por todos. Mas isto não impediu que a feira acontecesse.

Acontece todo o inicio das estações, não sei por que as pessoas gostam tanto disso. É o dia que os camponeses da região trazem sua melhor safra, trazem farinha, leite, geleia, carne e as vezes até artesanato. Apesar dos vikings gostarem de se gabar de nossa superioridade ao lado dos camponeses, não sei como se manteriam sem eles. Não somos bons na agricultura, não criamos animais para produzir leite e queijo e muito menos temos a paciência de produzir geleia.

Muitas crianças corriam pela neve e em volta das carroças, às vezes assustavam os cavalos, mas não pareciam se importar muito e continuavam correndo e rindo. Adolescentes da minha idade aproveitavam o feriado namorado pelos cantos e fazendo guerra de bolas de neve.

Eu apenas observava tudo, entediado, andando sem rumo pelo lugar. Todas as carroças pareciam ter a mesma coisa, e todos os vikings barganhavam para diminuir o preço de tudo. Nada diferente, tudo estava completamente entediante e a atmosfera estava triste e escura com a falta do sol. Estava quase decidindo voltar para casa, quando consegui, como de costume, tropeçar e cair de cara na neve.

– Ótimo... – resmunguei baixo tentando me levantar.

– Hey, você esta bem baixinho?

Primeiro, achei que não falava comigo, então quando ergui o olhar vi um garoto sorrindo gentilmente para mim. Era lindo, seu cabelo tinha cor de chocolate e seus olhos, igualmente castanhos, eram gentis e brilhantes.

– E-eu... Estou... – gaguejei percebendo que ainda não tinha respondido e apenas havia ficado o observando como um idiota.

Tentei me levantar quase caindo outra vez e ele rapidamente me segurou aproximando-me dele. O garoto tinha um perfume agradável de pinheiro e chocolate... Seu corpo era quente, só assim que percebi o quanto eu estou com frio.

Outra vez, ele sorriu para mim, tirando-me de meu transe. Nossa Hiccup, que grande capacidade de passar vergonha... Tentei pensar em algo para dizer, mas não conseguia pensar em nenhum assunto plausível que não me fizesse parecer mais tolo do que já parecia. Céus, acho que estou entrando em pânico.

– Nossa, você esta gelado.

– H-hã?

Graças a Odin ele falou algo.

– Você. Você está gelado. Esta com frio?

– Não...

– Certo... – falou ele desconfiando de minha afirmação - Ham... Ainda acha que vai cair de novo ou pode me soltar?

– Que?

Ele olhou para minhas mãos então para meu rosto novamente. Nem havia percebido que não me afastara dele, acho que nem tinha vontade na verdade.

– Ah! - me afastei na mesma hora olhando para o chão, sentia meu rosto esquentar – D-desculpe...

Outra vez, ele riu. E tinha de admitir, queria rir junto, sua risada era completamente contagiante.

– Tudo bem. Sou Jack Frost.

Falou esticando sua mão.

– Hiccup Haddock.

Apertei sua mão, era bem áspera, deduzi que era por causa do trabalho duro no campo. Era fácil perceber que ele era um camponês. Suas roupas pareciam mais leves e mais bem acabadas que as minhas, não era enorme como os outros garotos vikings, na verdade, parecia-me magro. E além do mais, se fosse um viking de minha idade, era mais capaz de ter me chutado que ajudar-me a me levantar.

– Prazer em conhecê-lo baixinho.

Falou começando a se afastar.

Baixinho?!

Só agora percebi que era a segunda vez que Jack me chamava deste modo, por algum motivo seu sorriso tomou tanto a minha atenção que nem consegui me irritar pelo modo que me chamara.

– Não sou baixinho!

Jack riu e olhou para mim.

– Não, claro que não.

– Não sou! E, além disto, sou um viking, portanto pare de me incomodar deste modo!

Mesmo que eu odeie a maioria das crenças vikings, das manias de superioridade, grandeza e desprezo pelos demais, ainda sou filho de Stoico, e, infelizmente, também sou um tanto orgulhoso.

Jack virou-se para mim novamente.

– Você não é um viking.

– Claro que sou! Sou filho de Stoico!

– Pode ser filho de Stoico, mas não é um viking. Olha, Hiccup... Você... – fez uma pausa parecendo escolher as palavras - Não tem bem uma figura de um viking, é magro e baixo, não consigo imagina-lo em um campo de batalha...

No fim, ele é mesmo um idiota como todos os outros vikings de minha idade. Respirei profundamente contendo a minha raiva, já estou bem cansado de ouvir frases como estas, vindas de meus colegas, meus professores e às vezes, até mesmo de meu pai.

– Eu ainda vou crescer.

Falei dando as costas a Jack, não queria encara-lo mais, fui um idiota de ter concedido a ele tanta atenção.

– E-espera!

Ouvi os passos de Jack atrás de mim, o ignorei continuando a andar.

– Hiccup!

Jack segurou meu pulso fazendo-me virar para ele, mas continuei olhando para o lado, não queria vê-lo. Não entendo por que deixei-me encantar por ele.

– D-desculpe, ok? Eu não queria magoar você, não foi minha intensão Hiccup.

Lentamente, levei meu olhar até Jack novamente. Ele sorria constrangido para mim, como um cachorrinho que fez algo errado e fica abanando o rabo para não ser castigado, droga, por que tem de ser tão bonito?

– Certo...

Estava esforçando-me o máximo possível para continuar a ter raiva dele, mas não conseguia, seu sorriso era lindo e sua voz agradável demais. Jack soltou meu pulso.

– Sabe, mesmo que você se torne enorme como estes vikings, eu preferia você assim.

– Como assim...?

– Não consigo imagina-lo enorme e bruto. Gosto de você assim, é fofo.

Incrível, ele não deve mesmo pensar no que diz.

Outra vez sentia meu rosto esquentar, odeio ficar corado. Olhei para o chão.

– Jack!

Nós dois olhamos na direção da voz, uma garotinha pequena, a qual não devia ter mais de oito anos, mexia sua mão freneticamente chamando Jack.

– Já estou indo!

Ela sorriu para ele, então olhou para mim. Seu cabelo, assim como o de Jack, tinha cor de chocolate e seus olhos eram brilhantes e curiosos. Queria saber o que ela pensava, ela olhou para Jack pela ultima vez e riu travessa, então saiu correndo em meio os vikings que não paravam de andar para lá e para cá falando alto.

Jack olhou para mim.

– Ham, espero poder vê-lo quando crescer Hiccup.

Disse começando a andar virando-se de costas para mim abanando.

Só então que percebi, Jack ia embora.

Não queria que ele fosse. Não mesmo.

Senti meu coração bater mais rápido e uma tristeza começar a me tomar.

– Espera! V-você já vai?

Jack virou-se não totalmente para mim fazendo uma careta.

– Sim. Não ouviu minha irmã me chamar?

– Eu... Eu ouvi... – falei tentando pensar em algum motivo para que ele ficasse.

Queria saber sua história, saber o que gosta de fazer, queria tanto conhece-lo... No entanto, vou perde-lo. Olhei para a neve deixando que minhas esperanças se fossem junto de Jack.

Jack observou-me por um momento.

– Hm... Tome. – falou tirando algo do bolço, não pude deixar de me surpreender ao ver o que era.

Um pequeno dragão feito de madeira, mas não fora esculpido em uma tora, fora feito com vários gravetos pequeninos. Não conseguia imaginar o trabalho que devia ter levado para fazer, a delicadeza e o cuidado que fora preciso. O pequeno dragão cabia perfeitamente sobre a mão de Jack.

– Eu queria dá-lo para minha irmã. Mas acho que ela preferiria muito mais um unicórnio.

Falou entregando-me o pequeno dragão de madeira a qual peguei com muito cuidado.

– É... É lindo.

Falei observando a pequena estatua por um momento.

Jack sorriu satisfeito.

– Obrigado.

Sorri para ele também.

– Fique com ele, para você não me esquecer.

– Não vou esquecer de você. – falei automaticamente.

– Ótimo. Então fique com ele até nós encontrarmos novamente.

– E-então... Nós vamos nos ver outra vez, certo? Quando?

Jack pensou um pouco, estava prestes a responder, então sua irmã gritou seu nome novamente. Jack olhou na direção, então olhou-me novamente.

– Tenho que ir.

– Mas... – comecei a falar, então, Jack se aproximou... Fiquei totalmente imóvel quando senti seus lábios em minha testa.

– Até mais Hic.

Falou sorrindo para mim uma ultima vez, logo afastou-se começando andar junto de sua irmãzinha que parecia fazer várias perguntas a ele enquanto segurava sua mão, Jack sorria constrangido tentando responder a todas. Os observei até perde-los de vista entre a multidão.

Olhei para meu pequeno dragão de madeira.

De repente, o dia pareceu-me mais iluminado.

Triiiiiin Triiiin

Atirei o celular o mais longe que podia enquanto tentava abrir os olhos e acostumar-me com a luz.

Trrrin Trrrin

– Mas que droga...

O alarme era tão alto que sentia minha cabeça latejar. Resmunguei arrastando-me para fora da cama. Como sempre, tropecei no cobertor e cai no chão.

– Coisa inútil...

No entanto estou com tanto sono, que não ligo tanto. Engatinhei pelo chão meio enrolado no cobertor finalmente pegando o celular desligando a droga alarme.

– Porcaria do inf...

– Oi Hic.