Years Of Love

Por Você - Parte I


Sorri ao perceber que era verdade, eu sei onde Jack esta e finalmente alguém – ou algo – esta me dizendo para não desistir dele. Até agora, ouvi apenas coisas negativas sobre nós, Fada disse para eu me afastar de Jack, Jack me contou sobre os outros guardiões... Mesmo assim, sinto que a opinião do Homem da Lua é muito mais importante do que a opinião dos guardiões. Olhei uma ultima vez para lua e sussurrei um agradecimento antes de calçar minhas botas, pegar um casaco e descer as escadas correndo.

Quem estou querendo enganar? Eu preciso de Jack e eu simplesmente não posso viver sem ele.

xXx

Sai rápido de casa e acho que nem cheguei a fechar a porta, estava quase correndo pela rua quando um vento frio e forte começou a bater em meu rosto. Era um vento cortante, eu quase nem conseguia ver a rua a minha frente.

Mas isto não vai me fazer desistir, definitivamente! Coloquei meu capuz tentando proteger meu rosto. Quanto mais perto fico da floresta, mais forte fica o vento e mais flocos de neve atingem meu rosto. Jack, qual o seu problema? Por que esta fazendo esta tempestade?

Foi difícil achar a entrada da pequena área florestal, e mais difícil ainda seguir a trilha. O vento lá parecia ainda mais forte e os flocos de neve maiores, o que me fez ter certeza que estou no caminho certo. Onde a neve, há Jack. Tentei me proteger da neve colocando os braços na frente de meu rosto e continuei andando, enterrando minhas botas na neve espessa. Tropecei em galhos, troncos e raízes, já estava ficando irritado quando baixei os braços para olhar para frente e garantir que não haveria mais um obstáculo em potencial.

– Não é possível...

Eu não tenho ideia de onde estou.

Pisquei várias vezes tentando enxergar a mais de dois metros a minha frente, mas era quase impossível, a neve estava descendo com ainda mais velocidade e mais volume além de estar atingindo meus olhos. Baixei mais o capuz tentando me proteger.

Que frio...

Coloquei os braços ao redor de mim mesmo tentando me esquentar, o que fez meu capuz voar para minhas costas novamente. O vento estava tão forte que se eu não o segurasse o tempo todo não pararia em minha cabeça.

– Merda...

Resmunguei baixo puxando o capuz com uma mão enquanto tentava me esquentar com a outra. Tentei olhar em volta outra vez e me localizar. Como me afastei tanto da trilha? Eu jamais andei além das trilhas, a pequena área florestal que esta ligada a cidade é razoavelmente segura (com exceção de alguns traficantes e drogadas que às vezes a invadem, mas felizmente a policia parece estar conseguindo dar conta disto), mas esta área esta ligada com o resto da floresta fora da cidade, que atravessa duas altas montanhas. Ou seja, pode haver todo o tipo de animal selvagem. Estremeci com este pensamento tentando olhar em volta novamente, pouco vi e apenas fiquei mais certo sobre estar perdido.

Tateei meu bolso procurando o celular. Droga! Estava tão eufórico que sequer lembrei-me de pegar meu celular quando sai de casa. Tosi me encolhendo. Droga, esta tão frio... Jack, por que esta fazendo isso?

Respirei profundamente e voltei a andar, não posso simplesmente ficar parado e dar-me por vencido. Preciso acha-lo...

. 0 .

Stoico bocejou andando até a cozinha arrastando os pés sem fazer muito barulho graças as suas pantufas macias. Colocou um pouco de leite em uma xicara e a levou ao micro-ondas, enquanto esperava esquentar abriu um saco de biscoitos pegando o primeiro que viu a sua frente. Quando ouviu o apito do micro-ondas retirou a xicara e encostou-se na bancada da pia ao lado de seus biscoitos de chocolate. Ele bocejou outra vez olhando para a janela, a tempestade tinha piorado ainda mais e o vento estava mais forte.

– Que frio...

Resmungou baixo arrumando seu roupão observando o vento, perguntando-se quando aquele inverno terrível terminaria. Mas um barulho o estava incomodando, uma batida de metal do lado de fora de casa. Será que... Que estão nos assaltando?

Stoico automaticamente largou seu lanche na bancada andando até a porta fazendo o mínimo de barulho possível.

– Oh!

E para seu espanto, a porta estava escancarada e o portão da frente da casa batendo com a força do vento. Stoico tinha certeza de que Valka estava bem, afinal estava dormindo ao seu lado no andar de cima. E Hiccup...

– Hiccup!

Ele subiu as escadas correndo desesperado, não se importava mais em garantir que o suposto ladrão o ouvisse, precisava garantir a segurança de seu filho antes de qual quer coisa. Stoico abriu a porta do quarto assustado.

– Hiccup...! – ele olhou para todos os lados do quarto e seu coração quase parou ao não encontrar Hiccup em nenhum deles – Hiccup...

Stoico correu para o quarto que dividia com sua esposa.

– Valka! Valka!

– H-hm...?

Ela abriu os olhos zonza de sono e confusa.

– Hiccup! Ele sumiu!

– O que?

– A-acho que alguém entrou aqui e... E...

Stoico simplesmente não conseguia terminar a frase. Olhou para sua esposa e os dois permaneceram em silêncio por alguns segundos, tentando afastar a ideia de perder seu filho.

– Vamos ligar para a policia AGORA.

. 0 .

– Jack!

O chamei com esperança que me ouvisse, mas não recebi nenhuma resposta.

Estou cansado, perdido e não consigo parar de tremer. Duvidas sobre a localização do guardião estavam se instalando em minha mente e já estou temendo não encontra-lo, temendo estar vagando por uma floresta que pode me levar à morte graças a um impulso idiota.

– Jack! Sou eu, Hiccup! – senti meus pulmões queimarem com o ar gelado que entrava em minha boca quando eu falava, apertei meus olhos falando mais alto – Jaack! Jack!

Ouvi um som de um graveto se quebrando atrás de mim. Abri meus olhos sorrindo animado, senti meu peito se encher de esperança e felicidade. Virei-me para trás rapidamente.

– Jack!

Quando me virei, me deparei com um cão vira-lata enorme rosnando para mim.

Fiquei estático olhando para o animal. Ele é enorme. Talvez seja uma cruza com os lobos que vivem nas montanhas com um vira-lata da cidade. Estremeci sem saber o que fazer. O cão olhava-me com ódio rosnando alto com o pelo cinza em pé. Não posso correr, eu sei que isso pode piorar e incentivar o seu pensamento que eu sou uma presa. Mas o que posso fazer?

Antes que eu conseguisse planejar qual quer coisa o cão avançou sobre mim, tentei desviar dele para a esquerda e o animal fez uma curva rápida em minha direção cravando seus dentes em minha perna. Gritei de dor me desequilibrando caindo ao chão. Chutei o focinho do cão com minha perna livre e então chutei seus olhos mais de uma vez. O que finalmente pareceu surtir efeito e fez o cão soltar um chorinho baixo tirando seus dentes de minha perna. Olhei para o lado vendo um pau grosso de alguma arvore caído ao chão e o atirei contra o cão, me levantei e sem pensar direito comecei a correr pela floresta desesperado. Nem sei quanto tempo fiquei correndo sem rumo tropeçando nas coisas, até olhar para trás e ver que o cão já não me seguia.

Apoiei-me em uma arvore fechando meus olhos tentando regular minha respiração descompassada. Agora que a adrenalina diminuirá pude sentir a dor dilacerante de minha perna, não sei como estava conseguindo correr com ela. Respirei profundamente abrindo meus olhos tomando coragem para examinar meu ferimento. Abaixei-me lentamente erguendo a barra de minha calça que estava vermelha. Quando vi o machucado me senti fraco e meu corpo se arrepiou. A mordida fora funda e o esforço para correr apenas fez com que mais sangue se esvaece.

Era como se todas as minhas forças tivessem sido drenadas. Meu corpo suado estava levando um choque térmico com o frio agora que eu parara de me mover e ver o sangue deixou-me ainda pior. Olhei em volta tentando achar um lugar para me sentar. Andei mancando até uma pequena arvore e alguns arbustos, verifiquei rapidamente se havia algum animal ali e sentei-me tremulo. O arbusto ao meu redor me protegia do vento e a arvore acima de mim bloqueava um pouco da neve. Mas nenhum deles ia salvar minha perna.

Estou perdido, cansado, ferido e sozinho. Não consegui evitar as lágrimas e comecei a chorar desesperado.

É como se todo universo estivesse contra mim e Jack. Os guardiões, meu senso de direção, o maldito cão-lobo... Passei meus braços ao redor de mim mesmo tentando me esquentar. Baixei a cabeça apoiando-a em meus joelhos. Posso sentir o sangue escorrer por minha perna.

Simplesmente não tenho condições de me mover mais. Será que vou morrer aqui? Posso imaginar as manchetes do dia seguinte...

Só queria ter encontrado Jack...

. o .

– Oi Jack!

Falou Fada sorridente para mim pousando no galho a minha frente. Apenas a cumprimentei com a cabeça olhando para o lado, para a cidade. Tentando imaginar como Hiccup estaria agora, o que estaria fazendo...

Os últimos dias sem Hiccup foram os piores de minha vida. Eu sempre fui solitário, e já estava acostumado a isso. Mas depois de ter passado dias tendo um namorado amoroso, que me fazia rir sempre me abraçava, é difícil ter me adaptar a isto novamente. E o pior de tudo é que sei que é culpa minha. Mesmo sabendo que é o certo e que será melhor para Hiccup, me sinto horrível, triste, solitário e culpado por ter feito aquele garoto lindo chorar.

Achei que com o tempo este sentimento passaria, mas ele simplesmente continuava lá. Eu não me preocupei mais em conter a neve, apenas vagava pelas arvores, em lugares distantes de humanos que iriam me lembrar de Hiccup, deixando que a velocidade e a quantidade de neve se igualasse a minha tristeza.

Senti Fada segurar minha mão. Olhei para ela e ela ainda sorria, mas agora seu sorriso era carinhoso e compreensivo.

– Jack, você...

– O que é isso?

– Hm?

Levantei-me olhando em direção a rua onde fica o portão aberto para visitantes da área florestal. Tinha algumas luzes lá, e muitas vozes para esta hora da madrugada em um dia tão frio para os humanos.

– Eu vou ver.

– Me espere!

Ouvi Fada pestanejar atrás de mim, mas a ignorei pairando sobre o grupo de pessoas que haviam em frente a entrada principal da área florestal. Havia três carros e pelo menos sete pessoas e duas delas eram... Eram os pais de Hiccup. Todos estavam com lanternas nas mãos e pareciam agitados. Aproximei-me mais com Fada ao meu lado.

– Tem certeza?

– Ele disse que viu um ‘’ garoto magricela com sardas e cabelo castanho ‘’ entrar aqui, só pode ser Hiccup...

– Por que ele viria para cá?

– Ele brincava aqui quando criança...

– Não justifica fugir no meio da noite para uma FLORESTA.

Valka suspirou.

– Ele nunca brigou assim conosco, talvez seja por isso...

Fada olhou-os confusa.

– O que... O que aconteceu...?

– Eu não sei...

Respondi baixo querendo manda-la ficar quieta.

– Já chamaram a policia?

– É CLARO que tentamos, mas só consideram desaparecimento depois de 24 horas.

– Merda...

A mulher de cabelos castanhos suspirou andando até a frente da área florestal, consultou seu relógio rapidamente. Quatro horas. Então olhou para a floresta novamente.

– Filho... Onde você esta?

Fada pareceu espantada.

– Hiccup fugiu?! Para cá, por que...

– Por minha causa.

Fada olhou-me sem entender.

– Por minha causa – repeti tonto por um instante processando tudo o que ouvi – Ele sabia que eu estaria aqui, ele esta me procurando... Ah Hiccup, que merda você fez?