Distraído, Yuta olhava pela janela do carro, mal registrando a paisagem que passava. Seus pensamentos ainda estavam no shopping e na terrível maldição. Na cortina que simplesmente não baixava. Ele e Toge examinaram todo o prédio, procurando por quaisquer maldições restantes que pudessem fazer com que ela permanecesse em pé. No final, não encontraram nada e demorou mais meia hora para a cortina se romper.

O Sr. Ijichi os havia encontrado, segurando-se fracamente um ao outro, devido ao esforço de usar suas próprias energias amaldiçoadas para quebrar a cortina por dentro. Ele disse que não poderia ter sido a cortina que ele fez – pois ela poderia ser facilmente quebrada em caso de perigo para os alunos. E como não fazia sentido para os especialistas perderem uma maldição de semi-primeiro nível enquanto detectavam todas as menores de quatro nível. Seus olhos eram cautelosos ao notar os buracos que a criatura abrira no concreto. Algo – ou alguém - estava em jogo.

Yuta olhou para o homem no banco do motorista. Ijichi estava concentrado na estrada, mas sua expressão ainda era preocupada. Pelo menos, ao seu lado, Toge caíra em um sono tranquilo.

...Ou foi o que ele pensou, até perceber como ele tremia e murmurava em sua cadeira.

"Hã, Inumaki?" Yuta perguntou. "Você tá bem?"

Ao som de sua voz, Toge abriu ligeiramente os olhos, naquela expressão sonolenta e meio adormecida.

"Você precisa acordar?" Ele brincou.

Os olhos de Toge se abriram de vez e seu tremor só piorou. Ele estava respirando rasa e rapidamente.

"B-bonito-..." ele murmurou, pouco antes de levar a mão ao rosto, a voz ainda rouca por causa da batalha.

"Ijichi!" Yuta exclamou. O homem olhou para ele do banco do motorista. "Sr. Ijichi, você pode parar o carro?"

"Claro. O que aconteceu?" Ele obedeceu e parou no primeiro lugar que pôde, perto de um pouco de grama.

“O Inumaki tá...” Yuta não conseguiu nem terminar a frase. Toge abriu a porta do carro, puxou o cachecol para baixo e vomitou.

“Ah, deus." Ijichi abriu a porta e correu para o seu lado. Yuta o observou segurar o garoto pelos ombros, sustentando seu peso trêmulo. Toge já era muito pálido, mas agora parecia doentio, branco e suando frio.

"O que aconteceu? Inumaki, foi uma maldição? Você está ferido?" Yuta não tinha certeza do que fazer e odiava isso.

"Bonit-" foi tudo o que o garoto conseguiu dizer antes de vomitar de novo.

"Vai ficar tudo bem, Yuta." Ijichi o tranquilizou. "Eu já vi isso acontecer antes. E sob minha supervisão também." Com um suspiro, ele ergueu o queixo de Toge e olhou em seus olhos. "Inumaki, você bebeu a garrafa inteira de novo, não foi?"

Toge desviou os olhos, visivelmente envergonhado. "Salmão."

Yuta de repente percebeu que eles estavam falando do remédio para tosse que Toge comprara na farmácia no início do dia. Aquele que dera ao colega uma última palavra de fala amaldiçoada para derrotar o monstro no shopping, antes que sua garganta ficasse completamente inútil. Só então lhe ocorreu que provavelmente ninguém deveria beber uma garrafa inteira. De qualquer tipo de medicamento.

"Ei, em defesa do Inumaki, ele realmente precisou fazer aquilo." Yuta se adiantou, saindo do carro. "Ele salvou minha vida com aquela garrafa."

"Eu entendo." Ijichi suspirou. "E tenho certeza que ele sabia das consequências disso também. Eu respeito você, garoto, torna você ainda mais corajoso. Mas..." ele se virou para Yuta. "Ele vai lidar com uma viagem bem ruim nas próximas horas."

“Viagem ruim?” Yuta piscou. Pelo que ele sabia, eles estavam a apenas mais 10 minutos da escola Jujutsu.

"Não, não desse tipo. Quero dizer, o xarope para tosse costuma ser psicoativo nessa dose. Ele está tendo alucinações."

Essa não.

"Você consegue voltar para o carro?" Ijichi perguntou gentilmente. Toge assentiu, apesar de ainda suado e parecendo doente. "Vou levar você para casa em segurança o mais rápido que eu puder. Depois podemos preparar um chá com mel para você."

Eles voltaram para o carro e Yuta não conseguia desviar o olhar da expressão assombrada nos olhos de Toge. Ele ainda estava respirando com dificuldade. O garoto só podia imaginar o que o pobre rapaz estava vendo ou ouvindo.

“Você pode me segurar, se precisar.” Ele ofereceu. Era o mínimo que ele poderia fazer. “Eu prometo que se o que você vir for real, eu te avisarei.”

"Folha de mostarda." Toge murmurou.

Yuta teve a impressão de que as coisas não eram assim tão folha de mostarda.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.