Wyrda

Capítulo 3- Otho


Quando Diogo recobrou sua consciência, as primeira coisa que viu foi o dragãozinho verde. Ele estava deitado em um monte de penas mastigando alguma coisa enquanto observava cautelosa e atentamente o estranho humano à sua frente. Antes que percebesse, Diogo estava sentado acariciando o dragão. Quando se deu conta disso, tirou a mão correndo, dando um pulo para trás, com medo de outra onda de choque. O dragão se assustou com o pulo do menino, e começou a fazer um som estranho que Diogo julgou ser choro. Sentindo-se culpado, desculpou-se com o dragão:
-Calma, me desculpe. Foi sem querer. Ou melhor, sem pensar. –Diogo deu sorriso e acariciou mais um poço o focinho do dragão, e só então, percebeu que sua mão esquerda formigava.
No exato lugar onde tinha tocado o dragão pela primeira vez, havia uma marca que Diogo reconheceu de gravuras e pinturas em pergaminhos que estudara na casa de Klaus durante sua vida.
-O quê?! É uma... É a... –Diogo curvou-se diante do dragão- Oh, poderoso Skullblaka! Sinto me honrado por ter-me... – Diogo foi interrompido por um rugido agudo. O dragão olhava para ele com seus dentes à mostra.
Não. Dragão escolher.
-Sinto muito. Acho melhor eu te ensinar a falar!
Acho melhor, seu você.
-Ah, é. Meu nome é Diogo. Qual o seu?
Meu na ser.
-Não tem nome?
Não tenho.
-Vamos escolher.
Onde estão seus pais?
-Eu que te perguntei isso!
Seu ninho. Onde?
-Não sei ao certo. Estou perdido.
Eu, você. Procurar.
-Quer que nós procuremos juntos?
Juntos. Você é meu cavaleiro.
-Certo- concordou Diogo dando um sorriso de satisfação ao ouvir a primeira frase direita de seu dragão. É uma boa frase. Pensou.
É. Boa frase, Diogo.
-Ops! –Diogo havia se esquecido de que cavaleiros e dragões compartilhavam pensamentos e sentimentos. - Vamos procurar então. No caminho, eu te ensino a falar!
Duas semanas depois, o garoto e seu dragão continuavam perdidos. Para a surpresa de Diogo, o animalzinho que antes mal alcançava seu joelho, já estava da altura da sua cintura, e já sabia falar, e também sabia sobre a história da Alagäesia- ou pelo menos o que o pequeno cavaleiro sabia. Mas ainda não tinha nome. Os dois já tinham parado de procurar a clareira de Diogo no quinto dia, e então, se instalaram um uma pequena cabana feita de palha e pedaços de madeira.
Diogo se alimentava de frutas, e às vezes tentava cozinhar alguns coelhos ou peixes. O dragão no início capturava pequenos pássaros, e pouco tempo depois á tinha evoluído para coelhos, e depois para pequenos cervos.
Porém com o tempo a comida foi ficando escassa. O dragão já era grande demais para sobrar alguma comida se Diogo compartilhasse com este. Neste ponto, o Dragão já estava do tamanho de um cavalo, e, conseqüentemente, Diogo teve que fazer uma “cabana” maior. Mas o dragão ainda não tinha nome.
Diogo. Eu preciso de um nome.
-Hã?! – Diogo ficou surpreso ao perceber que tinha esquecido isso- Puxa vida, desculpe amigo- eram assim que se chamavam, por isso nunca tinha pensado em botar um nome no dragão- Então está bem, vamos pensar. Que tal... Glaedr, o último dragão da era dos cavaleiros.
Achei que Saphira e Thorn ainda existissem
-Existem, mas são daquela época.
E Shruikan?
-Ele não conta.
Certo.
-Mas e aí?
E aí o quê?
-Glaedr?
Não.
-Que tipo de nome você quer?
Não sei. Os cavaleiros escolhem os nomes.
-E os dragões aprovam ou reprovam.
Fale um nome na língua antiga.
-Eu não sei muitas palavras na língua antiga.
Mas fale as que você sabe.
-Brisingr.
Não. De preferência sem elementos da natureza.
-Legal. Eu ia falar arduna, arget, stern...
Eu sei. Por isso eu disse “sem elementos”.
-Então... E agora?
Quando você estava me ensinando a falar, também me falou da história da Alagäesia, dos anões e dos elfos. Nessa hora, você mencionou uma palavra. Não me lembro dela, só sei que não era na língua dos humanos. Era um bom nome.
-Se não era na língua antiga, deve ser na língua dos anões. Orik?
Não.
-Horthgar?
Não.
-Que tal Ot... Isso!
Essa que estáem sua mente.
-Otho.
Otho é o meu nome. Disse o dragão, agora chamado Otho, fazendo sair fumaça de suas narinas.