Wunsch

As Aparências Enganam


Capítulo 23

As Aparências Enganam

Vincent e Bill corriam pelos jardins esquivando-se dos convidados e de tudo que estivesse em seu caminho. No começo o vampiro esforçou-se para manter a mesma velocidade de Bill, mas pouco a pouco o Puro foi ficando mais rápido e antes que percebessem, estavam correndo em uma velocidade sobrenatural. Alcançaram os portões principais da mansão ao mesmo tempo.

- Você é rápido – Vince disse surpreso.

- Tanto quanto você – Bill respondeu aproximando-se do vampiro que impedia os penetras de entrarem.

Lá fora estava um tumulto, a imprensa estava à todo vapor. Flashes disparavam a toda hora, vários repórteres falavam ao mesmo e em vários idiomas diferentes tornando quase impossível o entendimento.

Bill abriu caminho no meio do povo para procurar a pessoa que tinha visto. Um dos repórteres o reconheceu e isso só atiçou mais os outros.

- Bill, why are you here? – uma moça com um sotaque espanhol perguntou quase enfiando o microfone em seu rosto.

- Sorry, I no have time... – Bill respondeu rapidamente mal se preocupando com a gramática. – Você! – apontou para um rapaz loiro de cabelo curto e olhos verdes que levava apenas uma máquina fotográfica, nesse momento o barulho parou – Leonardo, não é? – perguntou vendo o rapaz assentir – Fotógrafo de Alicia Archetti? – novamente ele assentiu - Vem comigo.

Nesse momento os repórteres começaram a cercar o rapaz fazendo diversas perguntas em idiomas que ele não sabia nem definir quais eram. Mas os seguranças abriram caminho sem problemas para o rapaz passar.

- Leonardo, você tem um recado para nós, não? – Vince perguntou enquanto voltavam para o salão principal.

- Sim... Mas como...

- Nós simplesmente sabemos. – Bill interrompeu – Quero que nos conte exatamente o que aconteceu em Berlim durante a nossa ausência.

XXXXX

Alexia procurava por Tom quando sentiu que alguém lhe tocou gentilmente seu ombro nu, fazendo-a virar-se e dar de cara com a máscara do Zorro.

- Te achei! – Alexia disse com um alivio presente na voz recebendo um sorriso irresistível da parte do Zorro. – Já estava ficando preocupada... Está com frio? Sua mão está gelada.

Como resposta, ele apenas a enlaçou pela cintura. Alexia o olha tentando ouvir o que ele lhe dizia, mas um salão estava numa tremenda confusão.

Tinha começado uma música que tinha feito muito sucesso na década passada e isso fez soar muitos suspiros de satisfação. O barulho era imenso, a confusão desestabilizava a vampira, mas o que mais estava incomodando-a era a mistura de cheiros. Perfumes quentes e doces eram a eleição da noite pelas senhoras, e perfumes amadeirados fortíssimos, dos senhores.

O herói latino ainda com um sorriso lindo nos lábios que começava a incomodar a vampira fez sinal com a cabeça para irem para o exterior.

Agradecida por tal ideia, Alexia gesticulou com a cabeça deixando que o seu Zorro a conduzisse até aos belos jardins.

- Para onde está me levando? – perguntou Alexia, vendo que ele a levava por uma porta um pouco distante, que dava para uns jardins reservados e não para os principais, depois da porta principal.

Este colocou um dedo sobre os próprios lábios afastando-se das pessoas que atravessavam o seu caminho. A sua pergunta ficou sem resposta, aborrecendo um pouco a advogada e fazendo com que o sorriso simpático que oferecera ao rapaz desaparecesse.

A ruiva mantinha uma expressão que demonstrava o seu descontentamento ignorando as pessoas que lhe acenavam de modo educado. Por vezes olhava para o rosto do mascarado, um pouco acima do dela, esperando que a observasse, notando assim, o seu desagrado e por consequencia se assustasse, colocando-se no seu devido lugar.

Nada. Ele nem olhava para ela. Fixava os seus olhos em frente não se distraindo com nada. Alexia encontrava-se muito perto dele. Podia empurrá-lo facilmente, mas isso mostraria a sua força um pouco sobrenatural, denunciando-a.

A porta aproximava-se ao mesmo que várias ideias passavam pela mente da vampira sobre impor respeito a aquele humano impertinente.

XXXXX

- Eu não sei direito. Mas alguém matou a Alicia, provavelmente um vampiro... – Léo disse mostrando as fotos que tinha tirado, evidenciado as marcas no pescoço e parou na foto da parede – Estava escrito isso na parede, acho que Alexia pode ser a próxima vítima. – ele explicou tudo em um único fôlego.

- Então era a Alicia... – Bill murmurou – Bem que eu estava achando estranho ser você que veio aqui.

- Do que vocês estão falando? – o pobre fotógrafo não entendia nada.

- Não é nada, Leonardo – Vince chamou a atenção para si, fazendo com que este o olhasse – Suponho que esteja aqui sem o consentimento do seu chefe, não? – viu os olhos vidrados do fotógrafo lhe assentirem silenciosamente – Bom, pode fotografar o baile. Assim você assegura o seu emprego.

Léo não sabia se continuava olhando para o vampiro ou se agradecia. A beleza de Vincent o deslumbrou, fazendo-o reconhecer imediatamente o homem que acompanhava Alexia e Selene em Berlim.

- O... Obrigado – gaguejou.

- Não é nada. Agora pode ir. – Vince continuou com a simpatia de sempre – Bill... – Virou-se para o Puro quando Léo tinha sumido de sua vista – É melhor você ficar com o Tom.

Bill assentiu e entrou no salão.

Não demorou para localizar o seu irmão conversando animadamente com Gustav e Georg. Juntou-se a eles e, como quem não quer nada, perguntou sobre Alexia.

- Puuutz! – Tom levou as mãos à cabeça – To fudido. Alexia vai me matar. Eu disse que ia me encontrar com ela, ela ia só pegar uma bebida.

- Já deve ter pego há muito tempo – disse Georg – Faz um pouco mais de uma hora que estamos conversando.

- É melhor eu ir procurá-la.

- Eu vou com você – disse Bill.

- Eu também – uma voz doce juntou-se a eles, era Meganie – Vão precisar de ajuda para percorrer esse lugar até encontrar a Alexia.

- Olha só! – disse Gustav - Vocês combinam! – Apontou para Georg e Meganie.

A fantasia da vampira era um uniforme feminino de marinheira com a saia nas cores branco, amarelo e azul com uma faixa na cintura que terminava em um lindo laço nas costas. Tinha um laço vermelho no peito, na altura do busto, usava luvas brancas até os cotovelos e a bota vermelha ia até os joelhos. Os longos cabelos loiros estavam divididos ao meio e amarrados em “bolinhos” nas laterais da cabeça deixando, ainda, uma grande parte solta. E por fim, uma tiara dourada com uma lua crescente entalhada adornava sua testa.

- Sou uma guerreira que luta pelo amor e a justiça! Sou Sailor Moon! E punirei você nome da Lua!

A imitação foi tão parecida com a original que não puderam segurar o riso.

- Georg essa fantasia de Tuxedo Mask ficou muito bem em você – Meg continuou enquanto andava em volta dele como uma predadora – Bom... Vamos então? – Perguntou virando-se para os gêmeos, que assentiram.

XXXXX

Alexia questionava-se sobre o que tinha acontecido com Tom, ele nunca tinha agido daquele jeito, pelo menos com ela. Talvez tivesse bebido demais, algo tivesse acontecido. Ou talvez… Alexia engoliu em seco com tal ideia… Talvez tivesse descoberto toda a verdade.

- Você, quer me perguntar alguma coisa? – tentou a vampira. Mais uma pergunta sem resposta. Nada acontecera, apenas sentira-o apertar mais a sua cintura. – Aconteceu alguma coisa? – tentou parar, colocando-se à sua frente e olhando-o nos olhos, mas a força que ele empregou para impedi-la era demais para alguém como Tom Kaulitz.

Algo estava errado. Tom estava errado. Ela sabia e sentia. Havia algo que não estava certo, mas o quê?

As portas foram abertas por dois homens de uniforme destacado para aquele dia, um terno preto.

Não havia qualquer tipo de brisa, apenas o cheiro de flores noturnas que se propagava pelo ar. Alexia apercebeu-se que o seu companheiro estava apressando o passo e indo em direção a uma entrada de um dos enormes labirintos de arbustos com um andar um tanto diferente do que realmente Tom costumava ter. Um andar direito, com uma postura correta e digna de um homem da nobreza antiga.

Começou-se a ouvir o som da água a cair, era o aviso que se estava chegando ao centro do labirinto. Todos os caminhos com saída davam para a grande fonte redonda com repuxos, onde à tarde, Alexia poderia desfrutar de uns bons momentos de leitura.

Com um pequeno regresso de memória, a ruiva abraçou Tom, procurando afastar tais pensamentos. Ficou com o seu rosto muito próximo dele e instintivamente inspirou tentando sentir o seu cheiro... E o que sentiu a fez afastar-se imediatamente.

Não foi demonstrada nenhuma resistência e nem houve qualquer reação estranha devido a ela ter usado a sua força.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou tentando fazer sua voz soar tranquila, com um tom não muito elevado nem muito reduzido, mas em vão.

O cheiro que sentira era um pouco familiar, já o sentira antes, mas não sabia quando, o que sabia, era que aquele não era Tom, e se aquele não era Tom, onde é que ele estaria? E o que aquele vampiro estaria tramando vestido da mesma forma?

Naquele momento, Alexia percebeu que alguma coisa iria acontecer, e não seria nada amigável.

Ergueu de novo as suas defesas, aquelas que tinha baixado no inicio da noite de festa para não ser desagradável para ninguém. Foi a coisa mais imprudente que fizera.

Um riso áspero fez-se soar pela noite. A ruiva olhou para o sujeito que se encontrava de perfil, mas conseguiu perceber claramente o sorriso vitorioso que desenhara no rosto. Calmamente virou-se para ela permitido ver os seus olhos azuis, fazendo Alexia estremecer.

Lembrava-se que no salão, quando ela a reencontrara, apenas tinha o reconhecido pela roupa e nem teve tempo para o olhar atentamente antes que ele a enlaçasse pela cintura.

- Desapontada? – perguntou ao ver a expressão da ruiva. Alexia semicerrou os olhos ao notar a voz.

- Você… - deixou escapar quando se apercebeu quem era.

A mascara de zorro foi retirada com uma graciosidade adquirida durante muitos anos, permitindo assim, que Alexia visse o rosto do seu rival.

– Não sou quem você queria? – perguntou com uma expressão de tristeza ensaiada.

- O que pensa que fazendo aqui, Klaus? – ela perguntou com desprezo transbordando na forma de falar.

XXXXX

- Onde ela pode ter ido? – Tom perguntou preocupado.

- Para vários lugares – Meganie respondeu – Joel! – chamou um loiro de terno preto – Joel você viu a Alexandra por aqui?

- Sim, eu estava agora de pouco na porta do... Mas espera – ele apontou para Tom – Você não estava com ela?

- Como assim? – perguntou o guitarrista – Eu estive com o meu irmão e meus amigos na última hora.

- Mas... Então... Eu a vi saindo com um Zorro para o jardim secundário, o dos labirintos.

- Em qual labirinto eles entraram? – Bill perguntou temendo o pior.

- O das fontes gêmeas...

Mal esperaram o segurança terminar de falar e saíram correndo. Meganie os guiava para o lugar certo. E parecia que nunca chegavam.

XXXXX

- O mesmo que você, minha flor. – o vampiro deu mais alguns passos em direção à Alexia. – A festejar o aniversário do nosso querido Emmus.

Alexia queria poder atacá-lo, mas vestido dificultava-lhe os movimentos. Podia combater à vontade, segurar Klaus pelo o colarinho e atira-lo aos sete ventos, mas o vestido limitava-a.

- Você é completamente desprezível! – declarou com uma ferocidade na voz.

Klaus mostrou-se falsamente ofendido e pegou a mão de Alexia e encostando ao seu peito junto ao coração, como se fosse possível que ela sentisse o seu bater. Para os olhares exteriores, aquele gesto parecia delicado, mas só eles sabiam a força que estavam fazendo. Alexia tentava soltar a sua mão com uma força extrema, mas o vampiro nem vacilava.

- Desprezível? Eu? Alexia, amor, nem sabe como essas palavras vindas de você me ferem o coração.

- O que você quer? Não tenho paciência para as suas conversas idiotas! – avisou de forma gélida. Ele sorriu de novo libertando-a. Alexia recuou sem desviar os seus olhos dos dele. – Se bem me lembro, você nem foi convidado.

- Que diferença faz? – tirou o chapéu preto olhando-o como se o estivesse a observar pela primeira vez e tivesse apurando cada detalhe. Alexia aproveitou para dar alguns passos para trás procurando por alguém que a pudesse ajudar. – Estou aqui. Não estou?

Encontrou. Dois guardas passavam pelo exterior dos arbustos. Alexia percebeu que eram vampiros. Só tinha que os chamar. Eles quatro talvez o conseguissem vencer.

- Não por muito tempo. – afirmou, mas antes que pudesse fazer algo, Klaus a segurara pelo pulso encostando-a completamente ao seu corpo. Percebera o que ela iria fazer.

Alexia tentava novamente soltar-se, mas era em vão. Klaus era muito mais forte que ela, sentia-se fraca. Numa situação normal, literalmente, poderia chutar os conhecidos “países baixos”, isso seria uma dor certa para o seu oponente… Se ele não fosse vampiro. Naquele momento Alexia estava entregue.

Não conseguia pensar em nada que a ajudasse, apenas que poderia ser aquele seu fim e que não os conseguiria avisar de nada.

- Me solta, idiota! Ou eu juro que te mato! – sabia que não devia demonstrar o seu medo, já estava em desvantagem demais. Para piorar a situação, Alexia não se sentia confortável em estar tão perto dele, sentia-se... Constrangida.

Klaus segurava-a pelo pulso com a mão esquerda, abraçando-a pela cintura com a mão direita colando-a desse modo ao seu tronco. A mão livre de Alexia tocava no peito forte com certa relutância.

O vampiro era portador de um corpo desejável que deixava até mesmo Alexia desorientada e prestes a parar de resistir. Com esse pensamento, a ruiva fechou a mão transformando-a em punho e com toda a força que tinha começou a tentar esmurrá-lo no peito.

Este como se aquilo não lhe afetasse nem um pouco, ele juntou a sua testa à dela olhando-a ousadamente nos seus olhos.

- Está gostando do humano? – ao ouvir aquilo, Alexia parou os seus movimentos olhando-o com certo pavor. E este, percebendo que tinha acabado de encontrar um dos seus pontos fracos decidiu perfurar mais - Está começando a sentir o que não devida, Alexia? Ou devo chamá-la de Alexandra? – Alexia engoliu em seco tentando disfarçar o seu pavor, mas era tarde.

- Como é que…

- Eu sei tudo, meu amor. – Klaus respondeu cortando-a ainda com o rosto perigosamente perto do dela.

- Porque está vestido dessa forma? O que… - a sua voz saia trêmula. Pela primeira vez começou a pensar que talvez ela não fora a primeira vítima.

- Não, não, não, não! – repetiu Klaus divertido. – Eu não fiz nada ao seu humanozinho de estimação… - fez uma pausa. – Pelo menos por enquanto. – ofereceu-lhe um dos seus sorriso irônicos beijando-a na testa. Ao vê-la retrair-se Klaus continuou com o seu ataque – Ora Alexandra, quando me contaram julguei ser mentira. – estalou a língua em sinal de reprovação.

- Está com medo agora que sabe que vai competir com uma igual?

- Não, não estou. Estou excitado. – ele disse perto de seu ouvido – Excitado e curioso. O que aquele humano faz de tão bom para que uma vampira linda igual a você se apaixonasse por ele? Será que ele é melhor do que eu?

Dizendo isso, Klaus a beijou. Alexia se debateu tentando livrar-se dele, mas a força com que ele a segurava era superior. Sem dizer que aqueles lábios sobre os seus, aquele língua forçando a sua boca e aquele corpo perfeito roçando no seu... Alexia estava no limiar da sanidade. Ele não iria soltá-la enquanto não fosse correspondido e cada provocação era mais gostosa do que a outra. Ele era bom nisso, o desgraçado. Bom demais, e mesmo sendo quem era, naquele momento ela não conseguia pensar em nada. Parou de travar a luta que nunca iria ganhar, afinal nenhum deles precisava respirar e Klaus poderia ficar fazendo aquilo eternamente, e começou a corresponder o beijo, fazendo com que ele soltasse um gemido de satisfação e vitória.

Atrás de um dos arbustos, Bill, Tom e Meganie observavam o ocorrido com os olhos arregalados. Ou melhor, Bill e Meganie observavam, Tom tinha virado o rosto assim que viu que ela tinha começado a corresponder.

- É o Klaus – disse Bill – Ele veio atrás dela.

- Tem certeza? – Meg perguntou vendo-o assentir – Tira o Tom daqui e vai chamar o Vince. A coisa vai ficar feia... E Bill... É melhor você contar pra ele – apontou pata Tom que estava encolhido e de costas – Não faz sentido ele sofrer.

Bill assentiu e puxou Tom. Ambos saíram dali furtivamente.

- Tom, preciso te contar uma coisa – disse Bill.

- Agora não, Bill – a voz do loiro saiu profundamente magoada.

- Por isso que precisa ser agora. Alexia não era sua namorada de verdade.

- Como assim? – Tom parou de repente e olhou para seu gêmeo.

- É isso que preciso te explicar. Mas primeiro tenho que encontrar o Vincent o quanto antes. Por isso, não pergunte agora. Sobe nas minhas costas.

- O quê? – Tom arregalou os olhos.

- SOBE AGORA!

Tom não discutiu e o fez. E não viu mais nada, apenas sentiu uma forte rajada de vento bater contra seu rosto e depois estavam no salão principal.

- Mas... Como...

- Agora não, Tom – disse Bill procurando Vincent com os olhos. Sem sucesso. Respirou fundo e piscou demoradamente. Ao abri-los novamente, enxergou cada canto, cada rosto, cada centímetro daquele lugar. E não demorou para avistar seu procurado conversando com uma moça vestida de Cleópatra.

Madeleine andava pelos salões sem ter ideia de onde ir. Klaus a deixara sozinha como de costume e agora estava completamente sem rumo.

Não lhe faltou espertinhos querendo levar vantagem, podiam sentir o cheiro de sangue humano, mas Madeleine não estava interessada nos outros. Só queria um.

“Homens, eles e essa mania de só pensarem com a cabeça de baixo” ela pensou irritada. Não podia negar que Klaus também era assim, mas ele a tinha enfeitiçado.

Freou seus passos quando a sua frente surgiu uma perfeita representação de Henri Tudor. Pensou em pedir licença, mas diante do olhar intenso que recebeu, apenas estancou no lugar.

O homem vestia roupas antigas, da época do inicio do reinado Tudor, em tons azuis, com finos bordados em dourado. As mãos eram cobertas por luvas, mas podia ver um anel de pedra solitária vermelha sobre o anelar da mão esquerda.

Ele tinha cabelos negros e embora a mascara branca lhe cobrisse uma boa parte da face, conseguia ver seus olhos. Negros como ônix.

Ou melhor, eram olhos de um homem que sabia o que queria. Um predador. Tipicamente felino.

Conteve um arrepio que subiu pelo meio das costas quando os orbes negros recaíram sobre si. Ele exalava força e imponência apenas com sua presença.

- Boa noite, Alteza – uma moça ao seu lado fez uma reverência.

Madeleine resolveu imitar o gesto. Parecia que aquele homem era importante.

- Boa noite, ladies. – ele respondeu polidamente. Sua voz era grave, porém o tom levemente enrouquecido era mais acentuado. - Espero que estejam apreciando a festa – ele continuou.

- Sim, está ótima – disse a moça ao lado de Madeleine – Com sua licença – a moça se retirou.

- E você? – ele perguntou virando-se para Madeleine – Eu te conheço?

- Receio que não, Alteza. Nunca vim aqui antes. Madeleine Gallet.

- É um prazer milady. - Vincent falou curvando-se e tomando uma das mãos da jovem entre as suas, pousou um beijo lento sobre as costas, sem nem ao menos desviar o olhar um segundo sequer dos dela.

- Encantada - Madeleine respondeu. Ele tinha uma beleza própria. Diferente da de Klaus ou da que qualquer outro.

- Tenha cuidado ao andar sozinha. É perigoso para uma humana ela como você.

- Então, existe um vampiro real por baixo da máscara, ou deveria lhe chamar apenas de Henri Tudor? – Madeleine indagou.

- Milady é bastante perspicaz. Como sabe que estou vestido como Henri Tudor? – ele indagou, curioso.

- As cores da roupa - a jovem respondeu sem nem ao menos voltar-se para ele. – A Era Tudor foi marcada pelo azul e como qualquer outra, foi influenciada pela moda francesa. Luiz XIV fez seu próprio estilo, quando os tons pastéis deixaram de ser apenas para vassalos e pessoas comuns, para pertencerem aos nobres, então o branco, bege e o amarelo claro começaram a serem mais usados em roupas. Já Carlos V trouxe o famoso pretinho básico as nossas vidas. Tornando tudo mais sóbrio e contido. E a julgar pelo fato de que Vossa Alteza se comporta e fala como um verdadeiro inglês, porque não Henri Tudor - ela completou. – Mas o que me deixa curiosa é porque um príncipe francês está vestido como um rei inglês.

- Impressionante - Vincent falou, embora estivesse mais chocado do que surpreso – Na verdade eu sou inglês. Emmus me adotou quando eu era criança e quando a peste negra começou a dizimar mais da mais de um terço da população européia, ele ficou com medo de que eu adoecesse e me transformou.

- Século XIV? – Madeleine perguntou – Estou surpresa.

- Não deveria. Vai encontrar vampiros muito mais velhos por aqui...

- VINCENT! – o vampiro virou-se ao reconhecer a voz de Bill.

- O que foi? – perguntou preocupado.

- Ele encontrou a Alexia. Estão no labirinto das fontes gêmeas.

Vince olhou ao redor e seu olhar se cruzou com o de Emmus, que tinha ouvido. O vampiro mais jovem fez um sinal com a mão que foi prontamente entendido e Emmus veio em sua direção.

- Milady, me desculpe por sair assim, mas é um caso sério. Foi um prazer conhecê-la. – Vince beijou as costas da mão de Madeleine novamente e saiu correndo com Emmus logo atrás.

Bill puxou Tom consigo e foi até a mesa de bebidas, onde tinha visto Georg um pouco antes

- Bill, o que aconteceu? – o baixista perguntou estranhando a expressão confusa e ao mesmo tempo abatida de Tom.

- Georg, eu preciso contar uma coisa séria para vocês. Onde está o Gustav?

- Não sei... Eu o vi agora pouco dançando com uma morena.

- Ah não!

- Hummm Gustav, não é? – perguntou uma morena com um vestido azul de Melindrosa – Que tal subirmos para brincarmos de sultão e odalisca? Você é tão gostosinho que sinto vontade de te sugar inteirinho.

O pobre baterista não fazia ideia do quão literal era aquele “sugar”, e sua imaginação fértil só foi até onde conseguiu.

- Me desculpe, querida, me esse sultão já tem a sua odalisca. – uma voz doce soou atrás dele, fazendo-o virar-se.

Era Melanie e ela realmente estava vestida de odalisca. O bustiê era dourado com bordados feitos à mão e pedrarias delicadas, sua barriga ficava desnuda e a saia dourada era bordada do mesmo jeito que o bustiê e vários pedaços de véu dourado pendiam, caindo levemente por suas pernas até os joelhos. Os cabelos loiros estavam soltos e tinha um véu tampando sua boca.

Gustav ficou um tempo olhando embasbacado para a vampira.

- Desculpa aí Mel – disse a morena - Não sabia que o fofinho era seu.

- Não tem problema, Karine – Disse Mel puxando Gustav pelo braço – A gente se vê por aí – acenou para Karine.

Gustav só voltou a si quando viu que estava sendo levado para as escadarias.

- Mas o que... Melissa, por que fez isso? – ele parecia transtornado. – Eu ia me dar bem!

- Não, não ia, Gustav. Acredite em mim. O Bill disse que quer falar com você, ele e os outros estão te esperando no quarto dos gêmeos. Parecia ser urgente. Depois você me agradece.

O baterista assentiu e subiu as escadarias.

O beijo de Klaus e Alexia ficava mais selvagem a cada segundo, até que ela viu um brecha para parar. Puxou o lábio inferior dele com os dentes e sorriu assim que os soltou.

- Você é... Infinitamente... – saiu do abraço dele aproveitando enquanto Klaus estava meio fora do ar – Pior.

Continua...