Wunsch
A Escrava de Sangue
Um carro preto cintilava sobre a estrada que se encontrava entre uma densa mata... Só havia esse caminho que poderia levá-lo à sua mansão.
Não demorou muito até avistar enormes portões metálicos adornados com pontas douradas marcando a entrada do seu enorme território. Estes logo abriram-se automaticamente, permitindo que ele entrasse.
Altas paredes de mármore emergiam até ao alto construindo, assim, a mansão luxuosa. Era definitivamente enorme, digna de uma obra-prima.
Klaus parou o carro debaixo de uma proteção feita de flores de cores pacíficas e requintadas que haviam sido cuidadosamente plantadas por uma humana... Cada vez que as via, contorcia o rosto. Odiava-as. Odiava tudo que partilhava aquela beleza apta para relaxar qualquer ser humano. Apenas as mantinha por pena de quem as plantava e além do mais, dava um ar harmonioso à entrada e melhorava o seu disfarce.
As pessoas daquele lugar consideravam-no um Deus. O homem bom, merecedor de qualquer perdão e um ótimo vizinho. Seu nome e profissão ajudavam muito na conquista de confiança e amizade. Além do mais, Klaus sempre ajudava seus vizinhos já que os grandes problemas daquela gente, não passavam de simples e frágeis insetos em que só bastava um sopro para os eliminar, e os benefícios para o seu lado eram muitos.
Acordando dos seus pensamentos, Klaus saiu do carro batendo com a porta de um modo furioso.
A sua revolta era imensa. A afronta que Alexia lhe fizera era definitivamente uma declaração de guerra.
- Humana impertinente! – Resmungou entre dentes cerrando o punho enquanto se dirigia para o interior da sua casa.
Alguém o observava do alto de uma janela. Um olhar feminino cheio de paixão e desejo. Ele pressentia-o e sabia a quem pertencia, mas naquele momento não tinha tempo pois precisava pensar.
Mal entrou em casa, dirigiu-se imediatamente para o seu escritório. Ignorou o medo dos seus criados e ignorou a figura feminina de cabelos ruivos que se encontrava hesitante no cimo das escadas.
Ela era linda, os cabelos ruivos caíam em pequenos caracóis sobre os ombros até a metade das costas; a pele brilhante e bronzeada dava um contraste perfeito com seu vestido branco de tafetá que caía em pregas até seus joelhos e os olhos grandes e verdes demonstravam profunda tristeza por Klaus não ter lhe notado.
Fechado no seu escritório, Klaus dirigiu-se ao seu pequeno bar enchendo o copo com dois conteúdos diferentes provenientes de duas garrafas. Sangue humano e o seu melhor vinho.
Embalando o copo nos seus dedos deixou-se recostar no seu divã perdendo-se de novo nos seus pensamentos.
A atmosfera ajudava-o. Escura com apenas uns raios de sol que se atreviam a passar pelos densos cortinados de cores mortas. Enormes estantes de madeira, também escuras, estendiam-se pela parede combinando com a mesa e com o seu computador de trabalho. A cadeira contrastava com o vermelho escuro do carpete que cobria o chão magno ônix. As paredes eram cobertas por grandes e luxuosos quadros de variados temas e artistas, em que as cores escuras era o único ponto em comum entre eles.
Incrustada na parede encontrava-se uma grandiosa e majestosa lareira ainda com as cinzas da noite anterior.
Sentado no seu divã preto, Klaus concentrava-se no sabor adocicado e quente da sua bebida em contacto com os seus lábios. A sensação deliciosa de sangue e vinho a escorregarem pela sua garganta deixando a sua voz um pouco mais rouca e sedutora.
- O que se passa, meu amor? - perguntou a ruiva aproximando-se dele. - O que te deixou nesse estado? - sentou-se no chão ao lado do divã no qual ele se encontrava pensativo e com um pouco de fúria incrustada no seu olhar.
Ela pousou as suas mãos sobre o seu joelho esquerdo observando cada traço do vampiro por quem se perdeu de amores ate o ponto de abdicar de tudo para estar perto dele, para sempre: A sua família, a sua vida monótona, o seu corpo e até o seu sangue. Tudo o que era dela, era dele... Ela era dele, só dele e que ninguém se atrevesse a dizer o contrário. Reparando que finalmente Klaus a observava, ofereceu-lhe um dos seus melhores sorrisos tentando agradá-lo.
- Madeleine, só você me faz feliz nesses momentos. – Ele murmurou estendendo-lhe a mão e incitando-a a juntar-se a ele no divã.
Madeleine, era uma parisiense que ficara cativa do seu olhar há mais de dois anos. Para ela Klaus O\'Connel representava tudo, para ele, Madeleine, que nem o segundo nome sabia e não lhe interessava, representava nada mais do que uma escrava de sangue.
- O que aconteceu Klaus? Sabe que me pode contar tudo. - declarou com uma voz embriagada de suplicio começando a fazer-lhe uma massagem.
- Tenho um novo processo... E não vai ser igual aos outros. - disse bebendo mais um pouco da bebida vermelha que tinha no copo.
- Mas porquê que diz isso? É apenas mais um processo, ganhará como sempre.
Klaus afagou-lhe o cabelo ao mesmo tempo que negava com a cabeça.
- Não vai ser fácil. A minha oponente e eu desfrutamos do mesmo sucesso.
- Não pense nisso agora. Você é o ser mais astucioso que eu conheço, tenho certeza que sua oponente será massacrada – ela disse inclinando-se e depositando beijos pela curva do pescoço dele.
Klaus suspirou e fechou os olhos, o prazer era a única sensação humana que lhe agradava e esse era o outro motivo pelo qual mantinha Madeleine ao seu lado.
- Amor... Quando você vai me transformar? – ela perguntou.
- Em breve querida, em breve. – ele respondeu com um sorriso malicioso nos lábios.
Era mentira, ela sabia disso, mas mesmo assim continuava com ele. Dia após dia eles bebia seu sangue prometendo-lhe a eternidade e amor, mas nuncacumpria sua promessa.
Klaus sentou-se no divã ficando de frente para a humana e lhe empurrando delicadamente fazendo-a deitar-se. Cobriu o corpo dela com o seu e iniciou um beijo voraz.
Madeleine sabia o que se seguiria e apesar de gostar daqueles momentos, sempre sentia-se vazia... Insatisfeita... Como se faltasse algo. Klaus não poupava seu corpo, mas só ele tinha prazer e no fim... Só restava o nada.
O dia seguinte amanheceu chuvoso, e bem cedo novamente a música de Samy Deluxe invadiu o quarto dos gêmeos.
- Tom atende logo essa merda. – Bill resmungou sonolento.
- Alô – disse Tom com a voz ainda embargada de sono.
- Um escândalo atrás do outro Tom Kaulitz! Primeiro a advogada e agora isso?
- Do que você tá falando Jost? – o raciocínio do guitarrista ainda estava lento por causa do sono.
- Da ceninha entre você e o Georg no McDonalds. Saiu naquela revista de fofocas de novo com a foto na capa. – respondeu o manager.
- Deixa eu adivinhar... Alicia Archetti – disse o loiro não dando a mínima.
- Sim! Essa garota tem pacto com o demônio porque não é possível estar sempre no lugar certo na hora certa!
- Então me faz um favor. Vai na editora e desmente o boato de eu ter curtido com a advogada. Meu relacionamento amoroso com a Alexia vai muito bem obrigado e não precisamos de uma revista para divulgar. Sobre a briga com o Georg... Sim, precisamos brigar para acalmar os ânimos, tava todo mundo estressado e deixe que o boato circule, não to nem aí, todo mundo briga e é um imbecil que acha que os integrantes do Tokio Hotel não têm suas diferenças e caem na porrada de vez enquanto. Bom dia David.
Sem nem dar chance para o manager falar alguma coisa, o guitarrista desligou o aparelho e voltou a dormir.
Na casa das vampiras, o caos estava solto.
- MELANIE ME DEVOLVE A PASTA! – Alexia gritou. – Eu preciso ir trabalhar!
- Só se você prometer que vai no baile da Ariel! – disse a gêmea mais nova segurando uma pasta branca como se fosse uma preciosidade.
- Já disse que estou cheia de trabalho! Não tenho tempo para isso!
- Pois então eu posso diminuir o seu trabalho – disse a loira apontando para fora e ameaçando jogar a pasta na chuva.
- NÃO! NÃO! SELENE FAZ ALGUMA COISA!!!
- E o que eu posso fazer? – a escritora perguntou enquanto assistia a cena ao lado de Meganie e Vincent – Nunca ouviu dizer que não se deve contrariar os loucos?
- Emmus armou isso, só pode! – disse a ruiva transtornada.
- Mas é claro! – disse Mel com um bico enorme – Ele sabia que caso contrário você não iria. É importante pra ele ter todas as crias reunidas em uma ocasião especial. E não seria o mesmo sem você.
- Que ocasião especial? – perguntou a advogada.
- É o aniversário dele. Nem ele sabe disso, mas é. – Vincent respondeu – A Ariel está organizando um grande baile... Vai ter humanos também.
- Acompanhantes? – Perguntou Selene.
- Provavelmente – respondeu Meganie.
- Vamos Alexandra! Pense com carinho, você deve tudo a ele... E, diferente dos outros vampiros mais velhos, Emmus ama a gente – Melissa sabia que aquilo faria Alexia entregar os pontos. Apelar para o emocional sempre dava certo.
- AAARGHH!! TÁ BOM! EU VOU! Agora me devolve a pasta, por favor. – estendeu a mão.
Mais tarde, no Hotel onde os quatro rapazes estavam hospedados, Tom e Georg tentavam remediar o que tinham feito antes.
- Sem ressentimentos Tom, eu só queria dizer aquilo que eu pensava, não queria te insultar. - explicou-se Georg olhando para o guitarrista sob os olhares atentos de Bill e Gustav.
- Não liga pra isso, já passou. Não volte a falar aquele tipo de coisas sobre mim e a Alexia que está tudo bem.
- Combinado.
- Sendo assim, sem ressentimentos, também!
- E já estão bem outra vez! - comentou Gustav levantando-se e indo em direção à janela. – Por isso que eu nem me dou mais ao trabalho de separar as brigas desses dois, eles sempre fazem as pazes.
- Pois é! - disse Bill - Tom, não se esqueça que me deve 100 euros!
- Foi bem feito! Ninguém te mandou fazer apostas. – disse o gêmeo mais velho tirando uma garrafa da geladeira.
- Ninguém me mandou acreditar nas suas capacidades seu mal agradecido! Na próxima vez eu aposto no Ge... - a fala de Bill foi interrompida pelo som de batidas na porta. - Eu abro! – disse ele dirigindo-se até a porta.
Ao abriu a porta, um sorriso emoldurou seu belo rosto ao vislumbrar a figura esbelta de Selene.
- Bill! – ela disse, mas hesitou ao reparar em Georg e Gustav. - Eu vim... Te fazer uma visita!! - respondeu fazendo um sorriso forçado. – Espero eu que não esteja te atrapalhando, senão eu volto outra hora.
- Não, não! Que isso, não atrapalha nada!
No entanto o vocalista continuou parado na frente da porta.
- Bill sai da frente e deixa ela entrar - gracejou Tom empurrando o irmão para o lado – Bem vinda Sel!!
- Obrigada – ela riu baixinho e mandou um olhar discreto para Bill, fazendo o perceber que a sua visita tinha uma razão. Ele assentiu compreendendo o recado.
- Esta é a Selene, amiga da Alexia. Aquele é o Georg e o outro é o Gustav. – Bill a apresentou para o resto do grupo.
- Prazer. - cumprimentaram os rapazes em uníssono.
- Prazer! - sorriu-lhes agradecida por seus cheiros não serem tão apelativos como o de Bill.
- Selene, o que te trás aqui? - perguntou o Kaulitz de dreads pegando seu violão e tocando alguns acordes.
Continua...
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