Meu coração gelou. Tão gelado que me fez sentir tonta. Eles haviam mentido quando disseram que John estava morto? John mentira para os meninos? Ou o meu pai de finais de semana era realmente o mal pai que Dean me contara?

Dean olhou Sam com a cara mais séria que pode. Tirou do bolso da jaqueta seu próprio celular e ligou para alguém que não pude ver. Marchou porta a fora deixando eu e Sam como duas estátuas

—Acha que é a verdade? - perguntei com medo.

—Não sei dizer - Sam relaxou os ombros tensos.

—Escute Ash - Dean voltou para o quarto. Trazia a velha bolsa de lona que usava em viagens - Qual é mesmo o aniversário da Jo? - o fitei. Ele desviou todos os meus olhares. Caminhava do closet à mala com camisetas e calças jeans - Ótimo, meu pai está aí? - havia medo nessa frase. Sam sumira pelo corredor - Ok - ele desligou.

—John está? - perguntei segurando em seu braço.

—Sim - levantou os olhos pra mim - Você quer ir?

—Não era uma opção - tentei sorrir para aliviá-lo - Avisamos o Bobby?

—Acho boa ideia - sua voz saiu tensa.

Tudo o que ele havia me contado sumira da minha mente naquele momento. O pacto, a demissão, o voltar ao bunker.

Chegamos juntos até a garagem de casa. Eu, Sam, Dean e Castiel, o que muito me surpreendia ele ainda estar conosco, depois Dean me disse que pediu que ele fosse junto encontrar John. Sam segurava uma mala de mão assim como Dean que levava as minhas e as roupas dele dentro. O impala mantinha o arsenal de armas escondidos no porta-malas e Dean somente conferiu se tudo estava lá. Andava sério de um lado para o outro enquanto Sam estava sentando em uma lata de tinta mexendo no computador.

—Bobby - pensei alto pegando o celular do bolso. Chamei algumas vezes, mas como de costume, Bobby nunca atendia na primeira vez.

—Conseguiu? - Dean perguntou fechando o porta malas com delicadeza.

—Não atendeu - dei de ombros - Ele liga depois - a afirmação era pra mim.

Entrei com Castiel no banco de trás vendo Sam desconfortável ao sentar na frente. Dean cantou pneus e riu disso quando deixou a garagem. Nossa tranquilidade ficou para trás, junto à todas as quinquilharias que Dean prometeu um dia tirar da garagem.

Vi seus olhos me sondando no retrovisor enquanto os meus deixavam nosso lar. Um novo ciclo regado a mais uma aventura na minha não tão pacata vida.



Chegamos ao Bar da Estrada e já se passava das seis da tarde. Algumas paradas no caminho fizeram a viagem esticar.

Dean quebrou minha tensão quando troquei de lugar com Sam em um dos postos de gasolina que paramos para lanchar, conversando sobre um colega de trabalho, ou melhor ex-colega, e sua agitada vida sexual. No fim, todos nós rimos com as piadas enquanto Castiel perguntava coisas aleatórias sobre o assunto, mas os risos somente cobriam o medo que exalava de todos nós.

Desci do carro estalando o corpo. Dean não esperou ninguém e Sam o seguiu bar adentro.

Sem movimento, o que não era comum para uma segunda à noite, estavam no balcão Ash para o lado de dentro. Bobby com o boné surrado e colete de pescador de costas para o lado de fora e John de jaqueta marrom ao lado de Bobby. Eles se viraram quando nos viram e nós paramos nervosos com a atenção que nos foi dada.

John mantinha os mesmos traços de homem vivido da última vez que o tinha visto. Parecia que estivera conservado em criogenia todo esse tempo em que achamos estar morto. Seus olhos passaram em Dean, Sam e quando parou em mim seu sorriso fechou em descrença. Bobby não havia lhe contado nada?

—Aurora? - seu tom de voz foi tão incrédulo quanto sua expressão facial. Olhei Bobby confusa.

—Não quis estragar a surpresa - Bobby saiu de seu banco e veio em nossa direção. John fez o mesmo.

Fui ao encontro de Bobby que me recebeu de braços abertos. Sam caminhou em direção ao pai e Dean resistiu.

—Onde estava - ele perguntou evitando o abraço de John.

—Temos que conversar - John sorriu carinhoso e me olhou mais uma vez - Querida, quanto tempo - ele caminhou até onde estava para me abraçar. Vi Bobby ir até Dean e o abraço soou sincero - O que faz com os meninos.

—Hm - não sabia o que responder - Eu - o fitei e passei meus olhos a Dean.

—Ela está conosco - Sam me salvou - Longa história.

—Você conta a sua e nós contamos a nossa - Dean foi seco.

Dados os cumprimentos aos anfitriões do bar. Sentamos no balcão aceitando as cervejas oferecidas por Ash que depois pendurou nossos casacos. Meu corpo tremia levemente, mas era medo.

Castiel foi apresentado nesta recepção dos anfitriões onde Ash achou sensacional ter um amigo anjo. Pela cara de John a ideia pareceu fora de qualquer realidade, mas dada as consequências e anos que ele estivera fora, morto ou seja lá o que fosse, as coisas haviam mudado.

—Bom - John estalou os dedos - Estive no inferno.

—Queimamos seus ossos - Sam questionou olhando Dean.

—Conheci um demônio chamado Crowley - John informou - Ele disse que eu estava lá por um motivo nobre, mas nunca me contou qual era esse motivo. Bobby disse que vocês o conhecem.

—É - gememos. John parecia incomodado por não saber mais.

—Fiquei sofrendo em uma sala, como se fosse uma jaula - seu semblante o transportava para lá - Achei que ia ficar a eternidade naquele lugar.

—Se o Crowley salvou sua alma, não ia, acredite em mim - Bobby se ajeitou na cadeira.

—Como está aqui? - Dean deixou sua voz tremer. Será que só eu percebi?

—Bom, acordei em uma clareira de St. Louis - ele começou - Segui para a cidade e falei com Bobby por um telefone, estava mais perto daqui do que de lá.

Ficamos em silêncio um tempo. Eu estava enjoada com toda aquela história maluca que John contava. Imaginava ele preso no inferno, sofrendo punições do Rei Crowley enquanto estávamos na superfície vivendo nossas vidas.

Dean olhou Sam e eu não pude decifrar o que aquele olhar queria dizer. Sam coçou a cabeça pensativo enquanto a outra mão levava a cerveja a boca.

—Como sabemos que isso é verdade? - ele então falou.

—Não confiam no seu pai? Ele não está possuído ou é algum outro monstro - Bobby citou - É John.

—Já mentiu pra gente antes - Dean não deixava passar uma.

—Dean não estou mentindo - John engrossou a voz suavemente.

Dean fungou como quem desdenha.

—O que você faz com os meninos? - ele usou o tom engrossado comigo.

—Fui procurar você - mantive a firmeza - Não te achei - mantive também o olhar que ele me dava - Sua caixa postal me dava o número de Dean.

—Hm - John gemeu - E estava me procurando por qual motivo?

—Mataram a minha mãe - soou tão natural - Vampiros - acho que já havia me acostumado.

Ele me olhou terno, e continuou assim por alguns segundos. Desculpe John, mas não queria sua piedade, não agora. Mais um silêncio constrangedor e troca de olhares quase que secretos.

—Sinto muito - ele finalmente falou.

—Obrigada - já era tarde ‘’Aí Sam tentou me matar, mas olha só estamos aqui porque família é isso’’.

John contou detalhes sobre a jaula que ficara no inferno. Seu castigo era ver Sam e Dean todos os dias, assim com Mary, a mãe dos meninos. Não podiam tocá-los e eles diziam coisas ruins para o pai e marido o tempo todo. Dean manteve um semblante sério e eu queria confortá-lo naquele momento, Sam parecia mais aberto a ouvir as desculpas do pai.

—Temos que conversar - Bobby sorriu sem mostrar os dentes. Falava baixo para não interromper o momento família.

—Sim - retribuí - Temos mesmo que falar sobre um assunto importante.

Ele me ofereceu a mão para que eu pudesse sair do banco que estava sentada. Em um pulinho me pus a andar junto a Bobby saindo porta a fora.

—Me desculpe, querida - ele disse assim que chegamos ao Impala.

—Não sei se posso - fui sincera - Porque não me contaram? Ou me mandaram pra lá?

—Não sabíamos! - ele protestou.

—Não sei se é justificável - me senti a mesma criança que ia ao ferro velho brincar entre os carros enferrujados.

—Sei que não é - ele encostou ao meu lado - Mas me arrependo, de verdade.

—Encontrei Sam enquanto estava em coma - o olhei - Ele me salvou de um ceifeiro, ou melhor, o ceifeiro foi embora sozinho.

—Ceifeiros não vão embora sozinhos - ele me fitou. O estacionamento era mal iluminado e eu podia ver pouco de seus olhos.

—Eu sei - concordei - Porém eles podem se alguém faz um acordo, um trato… - a frase quase não saiu.

—Dean… - Bobby rangeu entre dentes.

—Quero matá-lo.

—Quanto tempo há?

—Acho que dois anos.

Pai e filhos saíram porta a fora do Bar da Estrada. Ao que aparentaram, pela cara de espanto, nem notaram nossa ausência.

Caminharam até onde estávamos enquanto eu esperava que Castiel esse tempo todo silencioso saísse de lá, mas somente Ash deixou o local para se despedir.

—Cas? - perguntei a Dean. Segurei em seu braço procurando um conforto.

—Ele foi resolver um assunto - ele segurou minha mão - Disse para não se preocupar.

—Claro - respirei fundo.

—Vamos para o bunker - o canto da boca subiu em um leve sorriso - Só não contei ao pai ainda, como é e o que é.

—E não deveria? - Sam se aproximou.

—Acho que não até lá - Dean rodeou o carro até sua porta.

Sentei no banco do carona enquanto John entrava com Sam atrás. Bobby sorriu para mim enquanto entrava em seu Chevelle.

Viajamos mais três horas até Lebanon, no Kansas. A viagem seguiu silenciosa. Não sabia quanto a Dean, mas contar a John que agora éramos casados era extremamente estranho e durante a viagem não houve nenhuma expressão de carinho ou algo que pudesse dar a ideia.

Entramos na garagem do bunker e senti seu ar gelado.

Dean estacionou o carro e antes que John pudesse falar sorriu pra mim.

—Que lugar é esse? - o Winchester pai perguntou saindo do carro.

—A base dos homens de letras - Sam se pôs a falar - Você os conhece?

—Meu pai era um - John fitou o filho.

—Nós sabemos - Dean desceu do carro.

Caminhamos pelo lugar até chegar à sala do mapa. Havia uma xícara em cima da mesa qual provavelmente Dean havia deixado quando nos despedimos. Fazia anos que não voltávamos a aquele lugar.

—Aqui é um bunker pai - Dean falou a primeira por vontade própria com John.

—Meu pai era um homem de letra - John afirmou novamente, parecia fascinado ao olhar em volta.

—Todos somos - Sam tirou o pó com o dedo de uma estante.

—Vamos ficar nos mesmos quartos? - comentei.

—O dos fundos é meu - Sam apressou-se as escadas.

—Que? Não! - Dean protestou fazendo o mesmo - Qual é Sam você não precisa daquilo tudo, agora precisamos de mais espaço que você… - suas vozes foram ficando altas e ao mesmo tempo longe, estavam os dois corredor adentro gritando um com o outro.

Vi John rir olhando para as escadas.

—Como sinto falta disso - ele me olhou - Sinto sua falta também querida - ele sorriu para mim. Senti tanta compaixão que o abracei.

John respirou fundo no meu cabelo, parecia aliviado. Me apertou forte, como em todos os abraços que já me dera, me fez sentir com treze anos. Logo ouvi Bobby buzinar para a garagem e corri abrir. Ele entrou trazendo uma sacola de coisas.

—Acho que antes de comer temos que limpar aqui - ajudei levar as sacolas para a mesa. Quando voltamos John olhava livros na prateleira.

—Já comi em lugares piores - Bobby disse com meio sorriso.

Outro momento de compaixão, isso se devia a Castiel pois Dean sempre era tão durão que às vezes acabava sendo tanto quanto ele.

Acabamos por fazer as refeição de sanduíches de fast food sob a mesa cheia de pó. Dean sentara ao meu lado e tive o desprazer de ter Sam ao outro.

—Tudo é muito estranho ainda - Sam bebeu um gole da cerveja - Não entendo Crowley liberá-lo assim.

—Vão me contar quem é esse demônio? - John limpava os dedos em um guardanapo.

Sam explicou, com paciência e comentários de nós três quem era Crowley, como ele aparecera e como ele sumira das nossas vidas. Enquanto contava, senti minha perna latejar onde a cicatriz da queimadura ficara depois de tanto tempo.

John anotou algumas coisas em uma folha de papel que Sam disponibilizou facilmente. Perguntou sobre seu diário, agora guardado em uma estante coberta de pó.

—Vou organizar as coisas - Levantei recolhendo a bagunça.

—Ajudo você - Dean sussurrou fazendo o mesmo. Caminhamos até a cozinha colocando tudo sob a pia - Hein, está chateada? - ele me surpreendeu com a pergunta.

—Dean - não o olhei - Não me pergunte isso agora, talvez amanhã, nem sei o que eu sinto.

—Combinado...

—Mas eu também te amo - dei um passo a mais para ele e o beijei. Senti suas mãos apertarem minha cintura contra seu corpo. Nos abraçamos logo em seguida - Se você morrer, vou onde estiver para matá-lo novamente - sussurrei em seu ouvido.

—Tenho um tempo ainda para aproveitar com você - ele beijou meu pescoço fazendo meu corpo arrepiar.

—Não estou brincando Winchester - meus lábios correram por sua orelha e pude provocá-lo mordendo seu lóbulo.

Dean me beijou com força. Faziam dias que estávamos reprimindo o tesão por conta das minhas regras menstruais. Senti sua mão entrar pelo meu jeans apertando meu bumbum.

—Depois - ri lhe dando um selinho - Pode lavar a louça, é sua vez - sorri virando as costas pra deixar a cozinha.

—Isso é palhaçada - o ouvi resmungar.



Acabou que Sam desistiu do maior quarto por Dean, ele me contara que disse ao irmão que precisava de um tempo comigo e eu quis esganá-lo.

—Você é muito baixo - comentei, estávamos na garagem pegando a bolsa de roupas.

—Eu tive que contar - ele sorriu de canto, havia tomado banho e estava sem camisa, haviam gotas de água que escorriam do cabelo molhado para suas costas.

—Ahan - revirei os olhos.

—Brincadeira, precisava esfregar na cara ele que casei com a garota que ele gostava - Dean beijou meu rosto de surpresa. Nos viramos e vimos John parado a porta da garagem.

—Não sabia que estavam juntos - ele sorriu com as mãos no bolso.

—Estamos casados - Dean deu de ombros. O olhei - Né? - perguntou confuso.



—Querido, você nunca diz estamos casados e dá com os ombros perto da sua mulher - comentei, estávamos de lado um para o outro e bati em sua barriga.

—Aurora - ele gemeu.

John riu. Ainda com as mãos no bolso caminhou até onde estávamos, encostei no porta-malas do carro.

—Fico feliz, os vi crescer…

—Ela mais que eu - Dean sorriu irônico sem nem deixar John terminar.

—Dean - fitei o chão. Ouvi John engolir seco.

—Sabe que tive meus motivos - a voz do homem quase não saiu. Parecia que um tijolo caíra em meu estômago, pude lembrar de todas as frases que Dean dissera quando nos conhecemos e o leve ódio que sentia naquela época - De qualquer forma, feliz aniversário querida - John sorriu me dando uma pequena caixa que tirou do bolso.

—Mas é amanhã - Dean protestou - Ah - gemeu ao tirar o celular do bolso e sorriu, passava da meia noite.

Me surpreendeu John lembrar meu aniversário, mas ele havia passado tantos comigo que nem era justo pensar dessa forma.

—Espero que goste - ele sorriu e nos deixou sozinhos.

—Meu bem - Dean me abraçou - Feliz aniversário - seu rosto roçou o meu..

—Obrigada - me sentia muito feliz naquele momento - Logo o seu chega também - beijei seu queixo mal barbaeado.

—Claro, tem mais alguns nove meses, mas logo chega - ele desdenhou - Eu faço em Janeiro, Sam faz em maio.

—Ah é - ri fazendo-o rir - Não sei o porquê de sempre confundir - Dei de ombros.

—Por que você é doida - Dean passou seu nariz no meu. Senti o hálito de dentes recém escovados dele- Vamos sair? Beber algo? - perguntou afastando o rosto.

—Vamos - concordei animada.

Dean subiu para se vestir e pegar casacos, não nos importamos em estar de moletom para tomar umas. Encontramos Sam assim que colocamos os sapatos.

—Quer sair? - perguntei sem ressentimentos.

—Comemoramos o quê? - ele perguntou com um meio sorriso.

—O fato de que estou ficando mais velha - fiz uma careta.

Sam concordou voltando ao quarto para trocar de roupa, seu pijama xadrez era ridículo e Dean protestou que não iria com ele daquela forma. Vestiu um jeans e a jaqueta velha de sempre. Dean dirigiu o impala com adrenalina e xingamos quando passamos por um buraco inesperado fazendo toda a lataria gemer e nossos corpos pularem.

—Duas cervejas por gentileza - Sam sorriu para a garçonete.

—Que gata - falei assim que ela saiu.

—Eu não posso falar isso, posso? - Dean fez um bico - Aí Sammy, já pode tirar o atraso - ele brincou fazendo Sam corar.

—Só pode pensar por enquanto, depois de algumas cervejas você pode dizer o que quiser - brinquei - Sinto falta do flerte - comentei olhando em volta.

—Flerto com você todos os dias - Dean pareceu incrédulo.

—Ah qual é você é péssimo nisso - Sam chamou a atenção de Dean e concordei com a cabeça sem que ele pudesse me ver.

—Não sou tão ruim - ele me olhou - Sou?

—Claro que não - menti - Mas acho que Sam é pior - essa é a hora de relembrar?

—Acho que você se acha muito - Sam ajeitou o corpo em posição de defesa.

—Então vamos tirar a prova - Dean me olhou - Quem conseguir beijar primeiro qualquer um do bar, sem ciúmes - ele me olhou - Ganha.

—É uma boa forma de comemorar meu aniversário - fui irônica - Mas eu topo - voltei a olhar em volta procurando uma vítima.

Sam levantou primeiro indo diretamente a uma loira sentada sozinha em um balcão. Pude ver a estratégia de pedir um drink e puxar assunto à partir daí. Dean me olhou rindo, parecia ridículo, mas também era divertido.

—Lá vou eu - ele levantou arrumando a gola da camiseta. O vi indo até onde a garçonete estava, ao reparar melhor nela vi seus cabelos negros e pude lembrar de sua frase quando me deixou no lago para morrer ‘’Prefiro morenas’’.

Levantei indo até a mesa de sinuca, haviam dois homens misteriosos jogando em silêncio. Acompanhei seus movimentos com os olhos até um deles sorrir para mim.

—Sabe jogar? - perguntou - Tinha os olhos de um castanho profundo.

—Não, mas adoraria aprender - sorri simpática. O amigo dele riu do outro lado da mesa e me ofereceu o taco que segurava.

Peguei fazendo a maior cena e olhei o olhos castanhos profundo esperando que ele me ajudasse. Ele andou até onde eu estava e ajeitou seu corpo atrás do meu. Pude olhar Sam que trocara de lado para provavelmente nos observar e Dean segurando a garçonete pela cintura encostado perto da jukebox. Inclinei o corpo fazendo meu bumbum roçar no homem que ajeitou seus braços nos meus para dar a primeira tacada.

—Sozinha essa noite? - ele perguntou, seu bafo alcoólico era doce.

—É, estou - virei meu rosto para o seu - E você? - perguntei ainda naquela posição. Pude sentir seu membro endurecer. No fim, acho que eu era a pior em flertar.

—Sim - ele voltou a olhar a bola. Pude olhar Dean e Sam novamente. Sam já beijara a garota, ela parecia sedenta. Dean me olhou e engoliu em seco. Pareceu dispensar a garçonete e caminhou até onde eu estava. Gostaria muito que ele me tirasse daquela situação, não saberia sair sozinha.

—Aurie, precisamos ir - ele encostou na mesa, sorria forçado.

—Ela está acompanhada meu amigo - o homem levantou livrando meu bumbum.

—É meu irmão - o olhei - Temos algumas coisas a resolver - coloquei o taco em cima da mesa.

Segui Dean até o carro em silêncio. Ele andava mais a frente. Abrimos a porta e sentamos explodindo em riso.

—Me sinto nojenta - comentei ainda rindo.

—Acho que não consigo mais, o que aconteceu comigo? - ele me olhou com os olhos marejados.

—Somos péssimos, Sam ganhou - escorreguei até ele - Prometo não dizer que você é ruim à partir de hoje - Dean passou o braço em volta da minha cintura e beijou minha testa.

—Vou cobrar - nos beijamos - Quando estivermos no quarto pelados - sorriu.

Pudemos acompanhar Sam sair com a garota mexendo no celular. O de Dean sinalizou uma mensagem que veio com ‘’Sammy: Vejo vocês amanhã, sou o melhor!’’. Ele ainda riu para nós enquanto reviramos os olhos.