Elena sempre soube que era diferente. Porém, sempre achara que era apenas azarada demais, por algum motivo desconhecido. No caminho para a escola aquele dia, reparava como sempre nas crianças brincando. Nunca pudera brincar com as outras crianças. Sua mãe sempre a protegera excessivamente de qualquer coisa que pudesse a machucar. Nunca ralara o joelho brincando. Mas não fazia muita diferença. Nunca se encaixou na escola, e não tinha amigos para brincar. Agora, com 16 anos, tinha apenas um. Joshua, que não se importava com o modo como Elena se destacava. As meninas de White Waves eram lindas. Todas tinham tons vibrantes de pele, morenas, bronzeadas, ou brancas, mas ainda sim com cor. Menos Elena. Ela ainda era linda, arrasadoramente linda, mas de um jeito frio que não era apreciado na sua cidade. Sua pele era pálida, seus cabelos eram negros e caiam como um véu esvoaçante, e seus olhos azuis eram penetrantes, frios e inquisitivos. Apesar da aparência intimidante, era simpática. Estava em devaneios quando Joshua esbarrou nela.

— Quer arrancar meu braço, Branca de Neve? – ele ri da própria piada, enquanto guarda o celular na mochila e oferece o braço para Elena, como sempre faziam quando caminhavam – Estou decepcionado com o seu timing. Graças a você, estamos atrasados para a fascinante aula de biologia da Sra. Fischer que eu detestaria perder – emendou ironicamente.

— Vamos logo, então. Quem sou eu para negar conhecimento ao meu mais belo e único amigo?

Caminharam para a sala juntos, e Elena jogou sua mochila na cadeira, contando mentalmente os segundos até que...

— Estão atrasados, senhorita White e senhor Walsh. E eu adoraria ouvir a explicação, mas temos um trabalho para hoje que constituirá 60% da nota de vocês...

— Trabalho? – começaram a murmurar confusos, mas em sua maioria com medo. A Sra. Fisher não era exatamente conhecida na Kennedy High School por dar pontos generosamente.

— Com base nos nossos estudos, e aproveitando o projeto de saúde da escola, cada um de vocês examinará a amostra de sangue da sua dupla que será retirada após a aula, que também será analisada pelo laboratório na busca de... Am... Possíveis doenças. Por favor façam uma fila na porta e aguardem sua vez com as enfermeiras.

Os alunos murmuravam tão empolgados com a oportunidade de realmente fazerem experimentos que não envolvessem vulcões de bicarbonato de sódio e detergente, que nem temiam ter que tirar sangue. Nem perceberam o guarda ao lado das enfermeiras, com os olhos atentos como os de uma águia. Joshua, atrás de Elena e ao lado e um garoto magro e moreno que Elena pensava se chamar Marcus, conversava empolgado sobre os experimentos e variações de sangue que tinha lido na internet.

— Eu consegui hackear uma pagina medica que trabalha diretamente com o Governo e você não vai acreditar nisso

— Tente – falou Elena, desinteressada, já que Joshua era praticamente obcecado com essas noticias. Ainda mais quando ele descobria por si próprio.

— Encontraram um homem em Nearest Hills com o sangue prateado. Sim, eu sei que isso parece ficção, mas realmente analisaram uma amostra e era prateado. Ainda não sabem como surgiu e o homem morreu, então estão procurando no país inteiro para ver se acham mais aberrações para estudar. O resto das mensagens eu não consegui decodificar porque o site me bloqueou e...

Foi tudo rápido demais. Marcus, ao lado de Joshua, ficou tenso ao ouvir suas palavras e saiu correndo, enquanto uma pequena chama acendeu no canto da sala, assustando todos. O guarda agiu rapidamente e atirou na perna dele. Elena e outros gritaram espantados, mas perderam a voz quando viram o sangue que escorria da perna do menino. Era brilhante, metálico, e era prateado.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.