Winx e a Fada sem Asas

Capítulo 7 - Flores esqueletos


Skelleton Flower é uma canção composta por Kim Jonghyun para o álbum Story Op. 1
Descanse em paz, Jonghyun.

— Faragonda... do que ela está falando? — Aisha foi a primeira a confrontar a diretora, fazendo um breve sorriso escapar dos lábios frios de Aria. Finalmente, as máscaras caiam, mas não era assim que ela desejava. Ela nunca desejou aquilo, para começo.

— Escutem bem o que direi: as Fadas possuem como papel tornarem o Enchantix e se prepararem para serem as fadas guardiãs de seus países, porém, as bruxas... elas... não possuem papel na base da sociedade mágica. Eram tóxicas. E, antes, quando Griffin e eu ainda éramos da Companhia da Luz, nós... cometemos erros. Nós acreditávamos estar salvando o mundo, quando, na verdade, estávamos o destruindo. O equilíbrio é necessário, o mal é necessário.

— E eu sou o resultado desse mal — Ariane começou. — Eu sou o resultado de sua crise de meia idade.

— Não, Ariane. Você foi o resultado de uma batalha árdua... sua mãe ela... Ela não queria machucar ninguém, ela sabia do equílibrio mais do que eu ou Griffin, então, ela pediu para eu te proteger e eu fiz o que me foi pedido, mas eu não a matei.

— Espera — Bloom interrompeu —, por que exatamente a caça as bruxas começou?

— Há 19 anos, quando ainda havia necessidade de guerras, você nasceu, Bloom. E com tudo ocorrendo, nós não vimos escolhas... nós precisávamos... parar aquilo. Nós só queríamos proteger vocês, nós só queríamos...

— Exterminar uma raça para proteger outra — Aria finalizou. — Você matou minha mãe, Faragonda. Nas minhas memórias. Você a trancafiou e usou um feitiço de bloqueio e, por sua causa, eu nunca lembrarei do seu calor ou de sua forma, eu nunca lembrarei de seu nome. Griffin não criou a escola de bruxas pelo equilíbrio, criou por culpa. Por sangue derramado. Você a matou, e eu nunca, nunca, te perdoarei por isso.

— Culpada — a diretora confirmou. — Sou culpada pelo seu sofrimento, mas não minto quando digo que você é e sempre será minha filha...

— E onde você estava nos últimos 3 anos?!

O clima ficou pesado.

Os últimos 3 anos.

As winxs apareceram, as guerras voltaram, as Trix atacaram, tudo ficou nublado. Uma chuva se iniciou com força do lado de fora, enquanto as lágrimas da bruxa do lado de dentro escorriam poco a pouco. Aonde você estava, Faragonda?

— Você escolheu partir...

— Eu tinha 15 anos! — E os quadros da sala voltaram a se mover, assim como a mesa. O grito estrondoso fez a porta bater e Flora colocar a mão sobre o ombro de Aria, como em um gesto de que elas estavam ali, seja por gentileza, seja por medo. — Você mentiu para mim, você tentou matar quem me amava, o que queria que eu fizesse? Eu esperei por você. Eu esperei por você naquela maldita floresta por 6 meses, eu tive uma pixie. Eu tive.... uma pixie, Faragonda. Você não a conheceu, nenhum de vocês jamais a conhecerão, porque ela morreu. Quando atacaram e levaram todas para longe, eu estava ocupada demais me preocupando com quem nunca estave preocupada comigo... preocupada demais para saber que a levaram e... A Fênix Negra a levou...

— O Córtex... você acompanhou tudo isso de longe e... — Faragonda tentou iniciar, mas foi interrompida por um raio que ainda caia lá fora, junto a imensa barreira. — Precisa se acalmar, Ariane.

— Para quê?

Para você me transformar em sua serviçal?

Para você mentir para mim?

Para você me fazer lutar as suas batalhas, como faz com as outras?

Ou para me trancar em Templares, como sempre foi seu sonho fazer?

Tantos para trancafiados na garganta. Tantas frases paralisadas, a chuva parou, as lágrimas também, até mesmo Bloom a abraçava naquele momento, até ser empurrada. Não queria pena, não queria amor. Não daquelas pessoas. Não daquele povo.

— Eu irei lutar sua guerra pela última vez, não por você, ou por essas filhas da puta, mas por ele. Vou provar que ele não é o monstro que você criou e, quando isso acontecer, você terá que pedir desculpas. Para nós dois.

— É o mínimo que eu posso fazer... — a diretora afirmou.

Como um lobo em pele de cordeiro, ela sabia que também havia outra coisa a se fazer.

Ela deveria matar a garota que chamou de filha, antes de ser morta por essa.

*

— Então — Flora iniciou —, está dizendo que Ace, ou Andy, começou a se tornar violento após os eventos de Morgana? — Ariane assentiu. Dizendo que conheceu a bruxa por acaso, quando as três bruxas ancestrais foram usadas para reformular Dominó, o poder da chama do dragão em Andy se acendeu novamente, de uma forma ruim.

— Acredito que a chama do dragão tenha sido corrompida com os efeitos de Fênix Negra, Bloom pode ter curado a maior parte dela com sua bondade e todo o blá blá blá de amor verdadeiro, mas não o que estava em... nós.

— E por que você não foi atingida? Quer dizer, você tem uma runa, não tem? — foi a vez de Bloom incitar, apontando para o coração no pulso da garota.

— Eu tenho uma, Andy é cercado delas. Acredito que isso me faz ser mais imune, além disso... eu também fui criada para ser uma fada. A bondade que existe em vocês...

Também existe em mim.

— Se você foi criada para ser uma fada... eu não entendo! Temos exemplos de bruxas que se tornaram fadas, por que isso não ocorreu com você? — Bloom, que andava de um lado para o outro do quarto, comentava. — E uma Pixie? Com uma bruxa? O que está acontecendo?

— Eu acredito que vocês levam tudo no preto e branco. O mundo mágico é cinza, eu estou dentro dessa escala. No momento, vocês podem me considerar uma aliada, mas não serei para sempre, se atacarem Andy...

— Você nos matará, a gente entendeu essa parte — Aisha completou, irritada já com o discurso.

Porém, entendia.

E como entendia.

Foi quando um terremoto atingiu a escola, começou com um leve tremor e, depois, as janelas quebraram, os espelhos caíram ao chão e as pixies tremeram. Bloom rapidamente se transformou, temendo o pior e se colocando na frente das amigas, Ariane invocou uma foice longa e outra curta, que fez as meninas pensarem se ela estava indo para guerra... bem, aparentemente, sim. Quando a figura obscura tornou a entrar na barreira mágica, quebrando-a por completo, Winxs e todos ali presente sabiam: começaria um massacre.

E elas lutariam até a morte para impedir isso.

— O plano é simples: façam uma barreira entre mim e ele, não deixe que ela se quebre — Ariane gritou, indo em direção a janela para pular e sendo segurada apenas por Aisha.

— Você está louca? Vai morrer se enfrentá-lo corpo a corpo.

— Uma vida por uma vida, diga a Faragonda que nossa dívida está quitada.

— Aria! Pare com isso, é loucura. Você precisa de um plano.

— Confiem em mim.

Mas elas não confiavam.

Quem confiava em uma bruxa?

Quem confiava em uma fada sem asas?

Aria pulou da janela, tomando impulso em pequenas plataformas de morfix que se formavam no céu com a ajuda de Aisha que, apesar de reclusa ao plano, parecia querer segui-lo e foi a primeira a se posicionar para montar a barreira, sendo seguida de Flora. Bloom olhou, algo estava estranho, algo não se movia corretamente, era como se a chama do dragão em seu corpo pulsasse e a fizesse enxergar o mal... e ele não apontava para Ariane.

— Ei, Andy! — A voz de Ariane ecoou por toda Alfea. — Vem X1.

E sua foice voou, cortando uma fina listra da maçã do rosto do homem.