Parte 1: Prólogo

As fadas geralmente são descritas como seres belos e deslumbrantes, com asas delicadas e até mesmo angelicais. Mas se tem algo sobre uma fada que não é nada bonito, é a sua primeira transformação. Todas elas nascem sem asas e em uma noite, elas brotam do nada nas costas. E é aí quando o poder de verdade é liberado.

É horrível. Assustador.

Você sabe que uma hora ou outra vai acontecer, afinal, você nasceu uma fada. Porém quando sua pele é rasgada para asas lindas como as de uma borboleta, emergirem, você não tem opção a não ser gritar de dor.

Normalmente a família é preparada para isso e faz de tudo para amenizar a dor de uma primeira transformação. Mas quando nem você e nem a sua família sabem que você é uma fada? Quando a sua dor é tão grande que você libera uma quantidade de poder tão intensa, que não é possível parar? Quando você deseja morrer por não saber o que estão acontecendo? Quando vê aquilo que se tornou e não entende como é possível?

“Seja forte! Seja forte!”

Não consigo! Não consigo!

Tudo queima dentro de mim. E então quando não parece o suficiente, começa a queimar ao meu redor também.

“O que é isso? Pare o fogo!”

Sou eu! A culpa é minha!

Ninguém me escutava. Eu não conseguia abrir os olhos, eu não podia abrir os olhos.

“Isso são asas?”

E de repente a dor parou. Mas o quarto continuou queimando. Eu continuei queimando. E queimo até hoje.