Winter Angel

Sob a luz do luar


Abri os olhos assim que senti a claridade invadir meu quarto. Era sábado então eu dormiria até tarde, porém meus planos foram por água abaixo já que minha mãe abriu as cortinas do meu quarto.

—Bom dia filha- ela falava super animada ajeitando as cortinas.

—Mãe, é sábado, ontem tive faculdade e cheguei tarde, me deixa dormir- disse pegando o travesseiro e colocando sobre meu rosto.

—Francamente, já são 8 horas da manhã, acho que você já dormiu o suficiente. Além do mais, combinamos que hoje você iria me ajudar a cuidar do jardim- ela se sentou na ponta da cama e mesmo com o travesseiro em meu rosto, pude sentir ela olhando para mim.

—Tá, tá, já estou levantando- disse tirando colocando o travesseiro ao meu lado e sentando. Bocejei e me espreguicei para finalmente sair de minha cama.

Fui ao banheiro jogar uma água no rosto para tomar meu café. Meu cabelo estava todo bagunçado já que esqueci de desamarrá-lo antes de me deitar e a gominha de cabelo estava quase saindo. Tirei a gominha e sacudi um pouco a cabeça para soltar um pouco o cabelo e desamassa-lo. Fui em direção a cozinha e encontro meu pai sentado na cadeira da mesa, mexendo no celular e comendo um pedaço de bolo de chocolate.

—Bom dia pai- disse abrindo o armário e pegando um prato e uma xícara- eu te falei que esse final de semana eu não poderia ir pra sua casa ne?

—Minha casa? Eu moro aqui filha- ele parou de olhar seu celular e se virou para mim, com uma cara de quem não está entendendo o que aconteceu.

—Não, você e mamãe se separaram quando eu tinha 10 anos- disse indo em sua direção com a sobrancelha arqueada.

—Filha, seu pai e eu nunca nos separamos- minha mãe disse colocando a mão em meu ombro. Em seguida, escutei um latido e um cachorro enorme entrou na cozinha e se sentou na minha frente, abanando o rabo.

—De quem é esse cachorro?- perguntei.

—Filha, está tudo bem com você?- minha mãe perguntou preocupada e puxou a cadeira para que eu me sentasse. Assim que sentei, acabei caindo em um buraco escuro, onde morcegos começaram a voar em minha direção e tudo o que eu conseguia fazer era gritar.

Me levantei assustada e pude sentir gotas de suor escorrendo em meu rosto. Olhei para os lados e reconheci meu quarto no Quartel General e avistei Destiny, minha Owlett dormindo em cima do tapete. “Foi um sonho…” pensei enquanto colocava a mão em meu rosto, limpando um pouco do suor. Ainda era noite em Eldarya, pude ver pela janela de meu quarto. “Vou dar uma volta, quem sabe assim eu me acalme” pensei e retirei as cobertar de cima de mim, levantando da cama com cuidado para não acordar Destiny. Coloquei minha bota que estava ao lado de minha cama e peguei um casaco que estava em cima do puffe. Abri e fechei a porta com cuidado para não fazer nenhum barulho e fui em direção aos jardins para respirar um ar fresco e me acalmar.

Chegando no quiosque central decidi me sentar e olhei para o céu. As estrelas estavam brilhantes e isso me fez sorrir um pouco, sempre gostei de olhar o céu e ver seus brilhos. Comecei a pensar em meus pais, como eles devem estar, como toda minha família e meus amigos devem estar sem mim.

—Sinto saudade de casa…- disse para mim mesma baixinho e abaixei a cabeça.

—Natasha?- uma voz conhecida me chamou e me fez levantar a cabeça.

—Chefe- disse vendo Valkyon se aproximar. Ele é o chefe da Guarda Obsidiana, a mesma que eu pertenço e desde o dia em que fiz o teste e me tornei um membro de sua guarda o chamo de chefe.

—Tudo bem com você?- ele parou de frente para mim e começou a me analisar com os olhos.

—Sim, tive apenas um sonho envolvendo minha família, nada de mais…- respondi tentando não parecer triste, mas acho que não deu certo.

Valkyon não disse nada, apenas me puxou para um abraço. Ficamos abraçados em silêncio por alguns minutos, até que decidi me afastar.

—Obrigada chefe, estava precisando disso- respondi sorrindo um pouco.

—Vamos dormir, já está tarde e amanhã temos missões para cumprir- ele disse estendendo a mão para que eu o acompanhasse. Concordei com a cabeça e fomos andando até o meu quarto.

—Tente dormir um pouco mais- ele disse abrindo a porta do meu quarto.

—Pode deixar chefinho- disse sorrindo e ele se despediu, acenando a cabeça. Fechei a porta e me virei, tirando o casaco e colocando em cima do puffe. Tirei minhas botas e assim que deitei na cama Destiny pulou no colchão e deitou em cima da minha perna.

—Você sabe que não é mais pequena e que quando dorme em cima de mim dói- ela levantou a cabeça, olhou para mim e voltou a dormir. Dei uma risada e encostei a cabeça no travesseiro, fechando os olhos, esperando o sono chegar.