Andy Sixx POV

- Ta chorando mesmo? – Ela diz sim e enfia a cara no travesseiro novamente. Essa noite vai ser longa. Muito, muito, muito longa.

(...)

Annabeth Liddel POV

Eu acho que o guri nem dormiu, pobrezinho. Mas enfim... Eu finalmente acordo – no meu horário comum para ir pro Sheridan – e visto as minhas roupas normais na velocidade da luz pro Andy não me ver quase nua.

Bolsa ok, roupa ok. Hora do martírio.

(...)

- Cady, já sabe da Cherie? – Eu pergunto enquanto comemos o nosso café da manhã. As três primeiras aulas foram ótimas, agora tem mais duas.

- Sim. E eu quero que saiba que se eu não te amasse muito, arrancaria a sua cabeça.

- Sinto muito. – É o que eu digo.

- Deveria sentir mesmo. – De onde ela tirou essa chatisse? Santa mãe de Dios...

(...)

- O livro: O menino do pijama listrado. Eu quero que vocês leiam esse livro, pois esse tem uma relação muito interessante e instigante com a Segunda Guerra Mundial e Hitler. Façam dois resumos. Um pra me entregar e outro pra ficar no caderno. Eu quero esses resumos para semana que vem... Lição pra agora: leiam a página vinte e dois da apostila que cita fatores importantes sobre o Holocausto. Pra já.

Se eu sou chata? Magina! Ainda bem que a última aula ta acabando.

TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM. Sinal lindo. Vou me casar com ele.

- Reunião com o diretor do departamento de registros. – A nova secretária do Arthur diz assim que todos os alunos saem da sala feito babuínos. Espera... Diretor do departamento? Aquele que contrata professores e... Demite-os? Calma Anna. Calma.

(...)

- Diretor Arthur, o senhor me chamou? – Eu pergunto assim que sento na cadeira à sua frente. Ele está com a minha ficha na mesa.

- Alunos, professores e coordenadores estão reclamando de você. Você já sabe que vai ter que ir embora. Cinqüenta anos de Sheridan e ninguém nunca reclamou de nenhum professor de nenhuma matéria. As suas atitudes estão lastimáveis. Você tem duas opções: Ou sair do colégio agora ou ficar com o aviso prévio de trinta dias.

- Quer saber? Eu cansei dessa merda! – Eu rasgo a minha ficha e saio da sala aos pulinhos. E daí? É muita pressão na minha mente. Muitas ocupações.

(...)

- Cady, Cady vem aqui! – Eu quase vôo pra alcançar ela. – Cherie já foi pra Seattle?

- Faz tempo. Já deve estar se lamentando.

- E a Sandy? Onde ela ta?

- Na agência de publicidade, claro. – Eu dou mais um pulinho e beijo sua bochecha.

- Liga pra Joan e daqui à uma hora eu quero vocês duas lá em casa. Eu vou chamar a Sandy.

E eu estou ficando louca também. Mas foda-se, eu queria fazer isso à muito tempo.

(...)

- Sandy West, por favor. – Eu quase grito com a secretária que deixa os seus óculos caírem.

- Sala três. – Eu corro até lá e entro feito uma louca.

- Sandy. Eu peguei quatro ônibus, andei quase três quilômetros e tropecei em dois cachorros pra vir até aqui e falar que eu quero você na banda. Novamente. Pra sempre.

- Oh meu Deus, você bebeu? Se drogou? Tem certeza disso? Eu não posso largar esse meu emprego você sabe disso. Sem chance. Tarde demais.

- Vai dar certo dessa vez.

- Não é todo o mundo que dança conforme a sua música. Você sabe que agora eu sou uma publicitária renomada.

- Eu sei que de tarde você não trabalha então... Nós vamos estar na minha casa. Se quiser levar a bateria eu não me importo. Talvez eu abra o estúdio-porão.

- Não me espere.

(...)

- Joan, Cady, vamos voltar. Cansei de ficar longe de vocês. Sempre brigando. – Eu digo assim que as vejo no portão do apartamento. Cherie com a bolsa do seu baixo e Cady com a sua guitarra em forma de estrela... Elas já adivinharam.

- Eu espero engatar o The Wine agora. Briguei com o chefe do bar pra poder vir. – Joan zomba. Ela toca em um barzinho todos os dias pra ‘alegrar’ os clientes.

- Valeu a pena sabia? Eu... Vai ser todas nós agora. Quando Sandy chegar nós vamos reorganizar o porão. Amanhã eu vou buscar a Cherie em Seattle. Pegar um avião e busca-la. Pessoalmente.

- Cinco anos depois do fim da banda e vocês não mudaram nada. – Cady diz, finalmente.

- Vamos pra dentro. Daqui a pouco vai esfriar. – Eu digo.

(...)

E nós esperamos, esperamos, esperamos e esperamos. Sandy não veio.

- Annabeth, até algum dia. Quando eu e a Kate chegarmos no Brasil eu ligo. – Minha mãe indo embora. Eu a abraço e abraço a pirralha catarrenta e elas vão embora.

- É foda, viu. Brigar com a mãe e ser esquecida pela amiga. – Cady sempre dando apoio moral. Ah, como eu amo essa piranha.

- Vamos pro porão então. – Eu finalmente digo e nós atravessamos o corredor e eu puxo a cordinha para a escada se formar. Nós subimos a escadinha. Tudo está como antigamente. – Podem começar a limpar e a abrir as janelas, eu vou pegar a minha guitarra.

(...)

- Eu sou uma criança má, e irei sobreviver, oh eu sou uma criança má... Não diferencio o certo e o errado, eu sou uma criança má... E... Puta que me pariu, qual é a sua Andy? – Cá estou eu cantarolando Lady Gaga na cozinha e fazendo um suco de melancia pras meninas. O porão-estúdio ta limpinho... Claro que isso durou algumas horas... Já é madrugada e nós estamos morrendo de sono.

- Ta bem? Você ficou chorando a noite inteira e... Calça de couro? Ual, ta uma gatinha sabia? Ai se eu te pego.

- Eu odeio essa música, por favor!

- Calma Anna.

- Quer suco? – Eu pergunto apontando para a bandeja.

- Aham. Quem mais ta aí? – Que vaco! Já vai se enfiando na casa dos outros.

- Joan e Cady. Minha mãe foi embora. A gente ta no estúdio. - Eu pego a bandeja e nós vamos até o fim do corredor.

(...)

- Santa mãe... Então vocês vão voltar mesmo? – Andy pergunta se sentando no banquinho da bateria. A bateria ainda não está ali, mas... Vai estar.

- Sim querido. – Joan diz e fica secando o Andy só por que ele ta sem camisa. Qual é? Deu pra apaixonar agora? Aff... Eu vou até o meu quarto e pego aquela camiseta branca do Andy que eu usei pra estancar o sangue do meu nariz. Depois de dias eu consegui deixar ela branca mesmo. Fantástico. Antes de subir aproveito e dou comida pro Miau. Quando volto pro estúdio quase enfio a camiseta na cara do pobre Andy. – Veste isso.

- Olha, você lavou a minha camiseta. Thanks linda.

- Tem outros igual ele lá embaixo ta bom Joan. – Eu resmungo pegando meu pote de palhetas. Eu tenho cento e vinte e nove. Morram.

- Ta com ciúminho? – Quem mata a Cady, eu ou você? Nós dois? Então me ajuda aqui com o tanque de guerra por que eu vou abalar geral.

- Não estou com ciúmes eu só... Argh. Cady pega o livro de músicas na estante. – Cady me entrega o livro e eu começo a folheá-lo. Tantas músicas que nós escrevemos... – Eu gosto de Standing In The Way Of Control.

Suas costas estão contra a parede

Não há ninguém em casa para chamar

Você está esquecendo quem você é

Você não pode parar de chorar

É em parte não desistir

E parte confiando em seus amigos

Você faz tudo novamente

E eu não estou mentindo

- Vim devolver o pacote, senhorita da voz linda. – Oh meu deus ela veio.

- Sandy e... Cherie? Mas como vocês??? – Eu fiquei muito noiada se vocês querem saber. – Eu sabia que vocês viriam.

- Eu cruzei os Estados Unidos de avião duas vezes hoje então vamos montar a minha bateria amanhã. Por favor. Quatro horas pra ir e quatro pra voltar não é pra qualquer um. – Sandy massageia as têmporas e eu começo a rir e a chorar.

- Vem aqui, sua linda. – Eu abraço a Sandy e Cherie também começa a chorar. – Gente, ninguém chora por favor.

- Ai que fofo gente, mas porra, to com fome Anna. – Andy boiola e estraga prazeres.