No dia seguinte...

Não dormimos no celeiro para não correr riscos de sermos pegos no flagra. Após nosso momento íntimo e intenso, nos vestimos e fomos para o casebre. Tomei uma ducha e caí na cama exausta, na manhã seguinte acabei acordando atrasada para as minhas tarefas, e claro que o Benson não pegou leve comigo, ficou me dando ordens e isso me irritou, afinal de contas, o fato de estarmos ficando não alterava em nada enquanto ele cumpria seu papel ali.

Esse caipira mandão...

— Anda, Sam, ainda temos que alimentar os gansos! - Me apressou.

Gansos eram os piores animais do rancho, eram aves maldosas e infernais que me faziam ter até calafrios.

— Merda! - Praguejei porque odiava alimentar aqueles bichos. - Por favor, só por hoje, pegue leve comigo. - Pedi chorosa.

— Nem pensar, nada de corpo mole, loira! - Ele não tinha nenhum pingo de compaixão?

— Mas eu ainda estou com sono. - Fiz bico.

— Acordei às 05h:15min. Tô de pé e trabalhando duro, você não fez quase nada. Ainda quebrou dois ovos e derramou um pouco de leite! - Acusou.

— Ah, vai se ferrar! Deixa que eu alimento os gansos sozinha, nem precisa me auxiliar! - Fiquei com raiva.

Peguei a saca com o mantimento próprio para eles, eu iria misturar com milho e ração vitaminada.

O ouvi resmungar, mas não dei a mínima, joguei a saca no carrinho-de-mão e saí empurrando com força.

Os gansos estavam presos no cercado, abri o portão e entrei empurrando o carrinho, a roda emperrou e eu fiz força para mover o pequeno meio de transporte braçal. O carro-de-mão acabou tombando.

— MAS QUE MERDA! - Vi a saca de mantimentos rasgar e os grãos se derramarem.

Os gansos logo voltaram atenção para mim e para o alimento deles espalhado. Em bando vieram com uma fome voraz, animais selvagens, tentei erguer o carrinho tombado e acabei escorregando, caí de bunda.

Se aproximaram às pressas batendo as asas e abrindo os bicos emitindo aquele som animalesco, um grupo furioso de aves enlouquecidas.

Criaturas irritantes.

— Ai, meu Deus! - Eles iam me matar.

Levantei trêmula e comecei a correr, tropecei duas vezes e fui ao chão, estavam atrás de mim.

— SOCORRO! - Berrei apavorada.

Os bicos deles eram fortes e faziam estragos.

Afundei o rosto no chão e me encolhi tentando me proteger do ataque.

A dor aguda da primeira bicada me fez gritar e perder os sentidos.

[...]

Acordei ouvindo vozes, eu estava dolorida e atordoada.

O que diabos aconteceu comigo?

— Sam! - Tio Mark exclamou.

— Oh, querida, que susto você nos deu. - Tia Grace disse com seu tom maternal.

Fechei os olhos, minha bunda latejava na região da nádega direita.

— Pobre Freddie, apareceu tão apavorado, nunca o vi de tal forma. - Ouvi eles comentando. - Então, pensamos o pior... - Meu Deus.

— Posso ver ela? - Ouvi a voz do Benson.

— Claro, querido, entre, a Sam já recobrou a consciência. - Titia deixou ele entrar.

Abri os olhos novamente e vi que estava acomodada no quarto de Amy.

— Vamos deixá-los à sós. - Tio Mark falou.

Eles saíram deixando a porta encostada.

— Foi você que... - Me batia uma aflição só de imaginar o ocorrido.

— Sinto muito, Sam, sinto muito... - Tirou o chapéu e se abaixou ao lado da cama.

Havia culpa e dor no seu olhar.

— Agora não importa mais... Você não tem culpa daqueles bichos serem tão selvagens... - Estremeci.

Agora vou ficar traumatizada para o resto da vida.

— Eu não devia ter deixado você ir na frente sozinha, deveria ter impedido... - Claro que se culpava. - Quando cheguei te vi caída, já estava desmaiada e...

— Não quero saber... Só quero ficar sozinha! - Minha cabeça doía.

— Lamento muito mesmo. - Levantou arrependido.

Comecei a chorar.

Não sei o que deu em mim, eu só sabia chorar feito uma garotinha aterrorizada.

Puta merda, fui atacada por um bando de gansos.

— Sam! - Se apavorou e se juntou a mim, me abraçando.

— F-foi h-horrível... - Gaguejei.

Lembrei de ter tentado fugir em vão. Tropecei e caí. E então, uma dor aguda me atingiu...

— Shh, shh já passou, já passou... - Fazia carinho em mim e beijava minha cabeça.

— Vou ficar com cicatriz? - Perguntei agarrada a ele.

Por favor, que eles não tenham arrancado um pedaço da minha nádega...

— Não, não vai... Acho que só vai ficar roxa por um bom tempo. - Afagou minhas costas.

[...]

— Aqui se faz, aqui se paga... Passei dias com o bumbum dolorido. Agora é sua vez, prima. Como foi ser atacada por um ganso? Quem desmaia com uma bicada na bunda? Oh, você! Eu pagaria para ver essa cena! - Aubrey deu uma gargalhada.

— Cala a boca, deixa de ser tão nojenta! - Foi Amy quem a repreendeu.

Resolvi não ligar, eu não queria me estressar.

— A coisa mais engraçada foi o Freddie. Parecia que o homem estava com a esposa em trabalho de parto. Ele rompeu pela porta feito um louco! - Ela estava fazendo piadinhas.

— Sai daqui, Aubrey! Não tem graça! - Amy tentou expulsar a irmã do quarto.

— Espero que esteja recuperada para poder ir ver o seu namoradinho no Rodeio. Ou a Valerie vai amar torcer por ele de camarote. Sabe, se o Freddie vencer de novo, alguém terá que acompanhá-lo na festa de campeões, é uma comemoração pós-premiação e aposto que se você não estiver bem disposta, a Miss Kentucky irá acompanhá-lo por direito já que o pai dela é o patrocinador! - Destilou mais veneno.

Valerie era Miss?

Olhei para Amy querendo uma confirmação.

— Pior que a Aubrey tem razão, prima. - Que droga.

— De jeito nenhum que essa caipira metida vai acompanhar ele! - Me mexi inquieta e minha bunda latejou.

Eu estava toda dolorida.

[...]

Dias depois...

Segundo a minha prima Amy, eu ainda continuava com um pequeno hematoma na nádega direita, apesar de não sentir mais dor, aquilo me incomodava...

— Ele me convidou para ser sua acompanhante! - Contei para as meninas.

Amy e Phoebe gritaram empolgadas.

— Notícias de última hora, acabei sabendo pela radio que eles estão organizando um concurso, vão coroar a Miss Rodeio, a vencedora irá entregar os prêmios aos campeões! - Aubrey chegou contando a novidade.

Ela tinha ido à cidade encontrar uma amiga.

— E você se inscreveu para esfregar na cara da gente? - Perguntei.

— Na verdade, eu queria te inscrever para você passar vexame, mas como você não é daqui, eu inscrevi a Amy! - Sorriu orgulhosa.

— O QUÊ? - Sua irmã gritou.

— Eu não podia me inscrever e a Phoebe só tem 15 anos. - Deu de ombros.

— Por quê você não pode? - Indaguei.

— Porque fui barrada de participar dos concursos de beleza. Participei do Miss Kentucky no ano passado e briguei com minha inimiga, fomos banidas... - Não quis dar detalhes.

— A inimiga dela é a prima da Valerie Parker. - Contou Amy.

— Entendi. - Falei.

— De qualquer forma, você agiu mal me inscrevendo nesse Miss Rodeio! Não tenho chance alguma de ganhar! - Amy avisou séria.

— Claro que tem, você é uma Puckett. Minha mãe já foi Miss, eu também já fui Miss e isso está no nosso sangue! Suas irmãs e eu iremos te ajudar a ganhar esse concurso! - Prometi.

Ela era bonita, só precisava de um trato e treinamento.

Aubrey e eu decidimos fazer uma trégua por Amy.

O Rodeio aconteceria em alguns dias, faltavam 5 dias para ser exata.

Valerie iria participar do concurso.

[...]

— Ansioso para o Rodeio, Campeão? - Perguntei para o moreno.

— Claro. Os patrões me deram esses dias de folga, vou arrumar minhas coisas, estou indo para a fazenda dos Shay, vou treinar com um amigo. - Entrou no casebre, o segui.

— E vai me abandonar aqui? - Fiquei desanimada.

— Não, não estou te abandonando. Nos veremos no grande dia. Até lá preciso de concentração, vou me preparar para esse torneio e dar tudo de mim. - Pegou uma mochila.

Observei ele arrumar as coisas.

— Poxa vida, queria poder ir com você. - Falei.

— Sam, só serão 5 dias longe de casa. Fiquei sabendo por Phoebe que você e Aubrey deram uma trégua para ajudar a Amy a se tornar Miss Rodeio. Se concentre nisso. Agora preciso ir. Minha carona já deve estar chegando. - Beijou minha testa.

Fui acompanhá-lo, deixamos o casebre e demos de cara com o seu pai.

— Carly chegou! - Avisou.

— Quêm é Carly? - Perguntei.

— Uma amiga de infância. - Disse e abraçou o pai se despedindo.

Rick chegou acompanhado de uma moça muito bonita.

— Carly também vai participar do Miss Rodeio, Sr. Benson! - Meu primo disse todo orgulhoso.

Logo lembrei que se tratava da menina que ele gostava. Freddie havia comentado.

— Iremos torcer por você. - Leonard sorriu para ela.

— Muito obrigada, Sr. Benson. - Agradeceu sorrindo.

Voz doce. Sorriso meigo. Olhar com brilho.

Minha prima teria duas fortes concorrentes.

— Oi. - Acenou para mim toda simpática.

— Oi. - A cumprimentei por educação.

— Sou Carly Shay, você deve ser a sobrinha dos Puckett! - Sorriu novamente, apenas assenti.

Rick estava quase babando em cima dela.

— Pronto, Freddie? - Olhou para ele.

— Sim. Vamos! - Se apressou.

Antes dele ir, o puxei pela camisa e o beijei manchando sua boca de gloss labial vermelho.

— Vai lá e treine bastante, mostre ao touro quem é que manda, Cowboy! - Fiz carinho em seu peito.

— Certo. - Tentou limpar a boca.

Meu primo e seu pai prendiam o riso.

Carly estava toda corada.

Ele foi com ela já que a caminhonete vermelha estava estacionada à poucos metros.

Ciúmes? De jeito nenhum...

Eu só não ia deixar ela ganhar o concurso, e muito menos sair achando que o Benson estava na dela só por causa de uma carona...

Eu conhecia bem aquele tipinho de moça de família, toda recatada.

As quietinhas são as piores.