Whole Lotta Traxl
The Orange Juice
Axl me levou até um bar que ficava na mesma rua onde ocorreu o show, se não me engano se chamava Rainbow. Procuramos uma mesa mais distante de todos e ficamos por ali, nós dois ficamos quietos, só encarando um ao outro, estranho, pensei, o cara me chama pra beber algo e fica assim?
– Que foi? - Perguntei, aquilo já estava ficando bem chato.
– Nada, só estou pensando no que vou falar pra você, não quero continuar te aborrecendo. - Disse fitando a mesa desta vez.
– Hum, se ficar calado vai ser pior, odeio isso.
– O que vai querer pra beber? - Ok, mudar de assunto é uma boa estratégia.
– Um suco de laranja. - Sorri.
– Suco de laranja? - Riu - Sério? - Riu de novo.
– Qual a graça? Não posso querer ser saúdavel e preferir um copo de suco á um whikey? - Tudo bem, confesso, só pedi o suco pelo simples fato do meu problema, porque com certeza eu estaria pedindo uma Jack Daniel's
– Não, claro que pode, é só que - Riu - É estranho. - Se levantou. - Vou ir lá buscar seu suco, quer que eu traga alguns biscoitos também?
– Aí, anda logo Axl. - Ataquei minha bolsa nele, mas o desgraçado conseguiu desviar a tempo e pior, rindo da minha cara. Chato!
Fui andando até minha bolsa, resmungando, mas outra pessoa chegou antes e pegou a bolsa do chão, corri em direção a essa tal pessoa, comecei a bater no ladrão tentando fazer com que largasse a bolsa.
– Nossa, continua a mesma estressada de sempre, toma isso. - E atacou a bolsa em mim, foi aí que percebi que era o Dave, meu ex, não havia completado nem um mês desde que terminamos.
– Dave, por que pegou minha bolsa?
– Está linda Tracy, estou com saudades! - Disse já segurando em minha cintura e falando bem perto do meu ouvido e pior! Nem respondeu minha pergunta.
– Que bom.
– Então o que estamos esperando? Vem cá. - Dave então me agarra mais forte e tenta me beijar, mas por milagre de forças desconhecidas, eu consegui me soltar, olhei atrás dos ombros de Dave e vi Axl voltando com as bebidas, não pensei duas vezes e saí correndo em sua direção o agarrando pelo braço.
– Axl, ele é um pervertido, quer abusar da minha pessoa, faz alguma coisa! - Faço drama mesmo, estou nem aí.
– Eai Dave, como está? - Ein? Estou perdida.
– Axl! Quanto tempo, depois que ficou famoso nem dá mais as caras por aqui né, tudo bem. - Apesar do Dave responder assim, quando agarrei o braço do Axl, deu pra perceber a sua cara de zangado, mas logo depois disfarçou.
– Perai, vocês se conhecem de onde?
– Há foi a um tempinho já, montamos uma banda juntos, mas não deu muito certo. - Repondeu Dave.
– E porque não? - Perguntei.
– Brigavamos quase todos os dias, tipo, de socos. - Disse Axl simplesmente como se fosse algo normal. - Olha Tracy, sei que se sente atraída por mim, mas já pode soltar o meu braço, temos que voltar a mesa e está doendo. - Me soltei dele logo e voltei para mesa.
– Bom, não quero incomodar você, vou indo nessa, tchau, foi bom rever vocês dois. - Disse Dave e saiu.
– De onde vocês se conhecem? - Perguntou Axl abrindo sua garrafa de Jack Daniel's.
– Hum... - Olhei pro canto. - Ele já foi meu namorado. - Olhei pro Axl de novo e vi que ele não gostou muito, tomou um gole da sua bebida e perguntou
– Ficaram juntos quanto tempo?
– Um ano e meio. - Puxei o meu copo pra mais e tomei um gole, cuspi na hora.
– CREDO! Não é de laranja, é de tangerina, Axl EU O-D-E-I-O TANGERINA. - Limpei minha boca no guardanapo.
– É tudo a mesma coisa, para de reclamar mulher. - Disse tomando sua bebida.
– Tudo a mesma coisa? Que ridículo! - Cruzei os braços e fiquei com um bico enorme. Ouvi risadas vindas dele o encarei e ele riu mais ainda.
– O que foi?
– Ridículo é esse seu drama por causa de um suco, mas você fica linda assim, continue...
Peguei minha bolsa e me dirigi até a saída do bar, mas é claro antes eu atropelei algumas vadias.
– EI, Tracy, volta aqui! Desculpa. – Axl puxou meu braço fazendo-me ficar praticamente colada nele. Ficamos nos encarando por alguns segundos, parecíamos dois idiotas daqueles filmes de romance que passavam todos dias na televisão.
– O que estamos fazendo? Parecemos aqueles casais idiotas da televisão – Ele falou, incrível!
– É – Eu falei e ele soltou meu braço
– Já sei o que vou fazer pra me redimir – Axl disse.
– E o que seria? - Perguntei curiosa
– Vamos! - E saiu apressando o passo, eu sai correndo atrás dele, pedi pra que fosse mais devagar, mas ele nem me ouvia, droga, mas finalmente paramos em frente a um pequeno mercado e ele riu, colocando a mão no rosto
– Não acredito que vou fazer isso. – Ele entrou no mercado.
– Fazer o que? – Corria atrás do Axl, ele era rápido, rápido até demais, eu não aguentava, comecei a cansar demais, ficava difícil respirar, me encostei na parede pra tentar normalizar a minha respiração, mas não conseguia, de repente tudo se apagou.
[...]
– Ai! – Acordei assim, caindo da cama... Peraí, cama? Eu estava no meu quarto, como assim?
– Tracy, até que enfim acordou... E... Você caiu da cama?– Era Miley, ela segurava o riso depois de me ver toda descabelada e caída no chão.
– Claro que não – Disse me levantando rapidamente do chão e me sentando na cama - Como eu vim parar aqui?
– Você desmaiou no mercado, quando estava acompanhada do Axl, lembra?
– Não.
– Ótimo. – Irônica. – Bom, ele te levou pro hospital cuidaram de você, mas você não acordava de jeito nenhum, enfim, eu comecei a ligar pra você queria saber se estava bem, quando Axl atendeu ele ainda estava a caminho do hospital, por que antes ele tinha passado naquela casa de shows onde estava o resto da banda pra poder pegar o carro de algum deles, então eu fui pro hospital e cheguei um pouco depois dele, os médicos disseram que já podíamos te levar e que você naquele momento só estava dormindo por causa dos remédios, te trouxemos pra cá e ele saiu logo em seguida, mas voltou depois, acho que isso é tudo...
– Hum e...
– Ah não, tem outra coisa, ele te deixou uma coisa, um tanto quanto estranha. – Ela disse fazendo uma careta.
– Estranha?
– Está lá na cozinha.
Fomos até lá e ela logo se adiantou.
– Foi isso – Apontou pra uma jarra de suco em cima da mesa. Nesse momento eu ri alto.
– Você está brincando né? – Perguntei a ela, não era possível que ele tenha feito um suco pra mim.
– Não, não estou brincando, quando te deixamos aqui e ele saiu logo em seguida, ele voltou com algumas laranjas e fez esse suco pra você... E deixou esse bilhete também. – Me entregou um bilhete que estava ao lado da jarra, abri o papel logo, enquanto tentava segurar risos que insistiam em sair e comecei a ler em voz alta.
“Oi, espero que tenha melhorado, fiz esse suco pra você, lembra quando disse que ia me redimir? Então, dessa vez eu tenho certeza que o suco é de laranja e não de tangerina” – Como era bobo. – “... E não adianta ficar reclamando de tudo comigo depois disso, pois já não basta eu ter feito o suco, ainda foi natural, olha que amor!” – Ri – “... Se der, mais tarde eu passo aí no seu apartamento pra saber como você está, beijos, sua chata” – Fechei o papel e olhei pra cara de Miley, ela não entendeu nada, mas mesmo assim começou a rir junto comigo.
– Que besta, bom espero que o suco esteja bom pelo menos. – Fui até o armário e peguei dois copos de vidro.
– Toma logo. – Falei pra Miley. – Caso estiver ruim, pelo menos eu vou saber e aí não tomo.
– Ah cala a boca Tracy, beba você primeiro.
– Vamos tomar juntas.
– Meu Deus, é só um suco!
– Que foi o Axl que fez.
– Tá, vamos nós duas. – Olhamos uma pra outra e bebemos o suco ao mesmo tempo e, ah, estava bom, estava bom mesmo, estava muito bom.
– Nada mal. – Ela disse pegando mais na jarra.
– É, ele presta pra algo, olha só. – Entreguei meu copo pra ela para que colocasse mais. – Então... Ele não perguntou do por que do meu desmaio repentino?
– Claro que perguntou, mas eu menti pra ele, e convenci os médicos a mentirem também, contei a eles do seu problema, falei que talvez você tivesse não comido nada e que passou mal, mas eu contei pros médicos do hospital pra que não te dessem um remédio muito forte, o Axl ficou do lado de fora da sala, algumas pessoas ficaram pedindo pra tirar fotos com ele.
– Obrigada, fez muito bem, não quero contar pra ele sobre meu problema. – Me levantei e coloquei o copo em cima da pia. – Na verdade eu nem sei onde essa minha história com ele vai dar.
– Eu acho que vai dar em casamento com um casal de filhos gêmeos, um com o cabelo ruivo e o outro loiro, igual o teu. – Ela sorriu pra mim, olha os absurdos que tenho que ouvir, ficamos conversando e contei a ela sobre tudo que havia ocorrido na noite anterior.
[...] Quendo Miley foi embora, tomei um banho e coloquei meu pijama e ainda eram sete e meia da noite. Quem liga? Estava com um shorts preto, junto com o moletom branco do Bob Esponja, que eu comprei a pouco tempo, era bem fofo e meias também pretas. Levei minha coberta pra sala e peguei meu violão, já fazia tempo que não tocava, cobri minhas pernas com a coberta e fiquei ali tocando, com o violão totalmente desafinado, minha pessoa totalmente fora de ritmo, talvez uma criança de 5 anos tocasse melhor. Mas não desisti, continuei tocando alguns clássicos, até me arrisquei a tocar You and Me do Alice Cooper, como sou romântica.
[...]
– Nossa! Como minha vida é agitada. – Falei comigo mesma, olhei pro relógio e ainda eram oito e vinte, teria que tomar meu remédio ás nove, não podia me esquecer, se não o Dr. Ross e a Miley me matavam.
Então parei de tocar meu violão extremamente desafinado, alguém estava apertando a campainha, e não foi uma ou duas vezes, foram sete vezes.
– Putz, você tem problemas mentais cara? – Era Axl, ficou parado olhando pras minhas pernas, nem disfarçar pelo menos, ele sabe.
– Gostaria de fazer um comentário. – Disse voltando a olhar a da minha cintura acima
– Fala – Disse dando passagem pra que ele entrasse no apartamento.
– Você tem belas pernas, já te disseram isso?
– Cala a boca Axl. – Fechei a porta e fui em direção ao sofá, no qual o ruivo já estava sentado e segurando meu violão.
– Hei, você toca?
– Não, ele serve pra enfeite.
– Porra, pensei que depois de te salvar, você melhoraria seu humor comigo.. – Ele disse largando o violão no sofá.
– Tá, desculpa, sim, eu toco, ou pelo menos tento, mas ele está muito desafinado, e eu não sei como afinar.
– Eu sei, me dá aqui.– Entreguei o violão pra ele. Ele começou a tocar corda por corda e depois de alguns minutos ele afinou, estava com o som perfeito.
– Obrigado, ficou ótimo. – Disse testando algumas notas.
– De nada, então, o que te deu ontem, você sempre fica sem comer assim? A sua amiga, a Miley né? – Assenti com a cabeça. – Então, ela ficou bastante preocupada, parecia até que tivesse acabado de receber uma noticia pior.
– É que as vezes eu esqueço de comer. – Mas, Tracy, quem esquece de comer?
– Quem esquece de comer? – Riu. – Você é louca. – Chegou mais perto de mim. – Me empresta? – Falou apontando pro violão na minha mão, entreguei o violão a ele. – Fala um música.
– You and Me do Alice Cooper. – Tudo bem, eu amo essa música do Alice Cooper.
– Ótima música. – Sorriu. Então Axl começou a deslizar os dedos, tocando nota por nota, cantando de uma forma incrível, com sua voz rouca, porém doce, só fiquei a observa-lhe, ele olhou pra mim e não desviou mais os olhos dos meus, de repente ele parou de fazer tudo e só ficou me encarando, eu não estava diferente. Então ele me beijou, simples assim, ele agarrou minha nuca e começou a aprofundar o beijo cada vez mais, mas de repente parou, só que continuou com sua mão na minha nuca e fixou os olhos em mim, surpreendi a nós dois quando joguei o violão no chão e o beijei novamente, ele agarrou minha cintura e me colocou me colocou em cima do seu colo, senti sua mão começar a deslizar por minhas pernas e me levantei rapidamente.
– Que horas são? – Perguntei arrumando o cabelo.
– O que? – Perguntou Axl sem entender nada.
– Ah, são oito e ciquenta e cinco, eu já volto. – Corri pro meu banheiro e peguei meu remédio que estava no espelho, tomei uma pílula, quase me engasguei, isso que dá tomar sem água, mas tudo bem.
Voltei pra sala e Axl ainda estava com a cara de perdido de antes.
– Então, quer beber alguma coisa? – Disse indo até a cozinha, percebi que ele me seguiu.
– As vezes eu queria saber o que se passa na sua cabeça.
– Oi? Do que você está falando? – Abri a geladeira
– Você me agarra ali na sala e depois sai do nada e volta perguntando “Quer beber alguma coisa?” – Detalhe pra voz fina dele quando falou minha frase
– Te agarrei? Desculpa, eu ouvi isso mesmo? – Olhei pra ele.
– É, até atacou o violão no chão. – Ele disse puxando uma cadeira pra se sentar.
– Mas antes disso, quem beijou quem? – Perguntei colocando a mão na cintura.
Ele olhou pra mesa.
– Então, eu vou querer um vinho, você tem? – Ele deu um sorriso.
– Eu te agarrei, olha que absurdo. – Disse indo pegar a garrafa de vinho que eu ainda tinha ali na geladeira, peguei uma taça pra ele e coloquei a bebida, me sentei na cadeira ao lado dele.
– Ah, já ia me esquecendo, o suco ficou bom?
– Ficou... Ficou razoável. – Não ia falar que estava ótimo, provavelmente ele ia começar a se gabar.
– Ficou razoável – Sussurrou indignado – Eu sei que estava ótimo! – É, não é preciso nem elogia-lo.
[...] Depois de ficarmos conversando um pouco, eu e ele ficamos assistindo alguns filmes que havia ali em casa, ele queria se deitar no mesmo sofá que eu, mas depois de um esforço eu consegui convence-lo de ficar no outro sofá, até peguei alguns travesseiros e uma coberta pra ele. Tinha acabado o segundo filme e quando olhei pro Axl pra perguntar se queria assistir outro filme, o bendito já dormia todo espaçoso no sofá, com a cabeça quase pra fora do mesmo. Olhei pro relógio e já eram onze e dez da noite, não queria acorda-lo, deixei ele ali, desliguei a televisão, me aproximei do Axl, o arrumei no sofá, ou pelo menos tentei, o cara era pesado, puxei alguns fios do seu rosto pra poder enxerga-lo melhor, tinha traços lindos aquele chato, acabei deixando escapar um pequeno sorriso, o cobri com a coberta e sem pensar acabei lhe dando um selinho, que droga, peguei minha coberta e corri pro meu quarto, eu não podia sentir nada pelo Axl, não agora, depois de um tempo pensando no que estava ocorrendo comigo, finalmente adormeci.
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