Ultimamente, tudo o que vocês fazem é brigar. Nas primeiras vezes, vocês dois simplesmente fingiram que nada aconteceu, e todos os seus amigos faziam o favor de não relembrar e cuidadosamente evitar o assunto no qual a briga se iniciou. Não é como se você pudesse evitar. Vocês acreditam em coisas opostas, e não é sua culpa se você gosta do brilho dos olhos dele durante os debates.

Mas dessa vez é sério. Faz três dias que ele não aparece no café. Courfeyrac diz que ele está bebendo mais do que devia, mas que vai ficar bem. E que você devia pedir desculpas. Jehan ameaça te bater se você não fizer alguma coisa. As ameaças de Éponine são muito piores do que simples socos.

Então você se encontra na porta do dormitório dele naquela tarde. Ele abre, mas não sorri pra você. Você sente falta do sorriso. Ele te convida pra entrar, e você senta ao lado dele na cama bagunçada, desviando os olhos das garrafas de bebida vazias, escolhendo focar nos desenhos pregados na parede, em vez disso. São realmente muito bons. Especialmente esse dos dragões.

Alguns minutos passam, e vocês ficam em silêncio. Você não sabe como pedir desculpas. Então ele suspira e bate com o cotovelo, de leve, em seu braço.

–Pare de ser estranho, Enjolras. Tá tudo bem, ok?

Se todas as vezes que vocês brigarem, no futuro, o pedido de desculpas vier acompanhado de uma cotovelada, é apenas coincidência.