When a Bitch Happens - CIP

Capítulo Único - When a Bitch Happens


Eu não acredito que isso aconteceu!

Isso o que? Bom...

Tudo começou quando a Alison me chamou pra ir em uma das festas do Noel Kahn, um carinha da nossa escola pode dar festas enormes pelo menos uma vez por mês, já que o pai dele vive viajando e o irmão é de maior, ou seja, pode comprar bebida à vontade. Os Kahn ganharam uma grande popularidade com isso na escola.

Acontece que esses eventos não tem convite, todo mundo que quiser pode aparecer lá, mas o sucesso maior é entre a galera “famosinha” do colégio, os que gostam de ter o que colocar nos storys do Instagram. E eu não sou assim, então não é a minha praia.

O problema é que a Alison, que por acaso é minha melhor amiga, ama essas coisas e tá sempre me arrastando junto. E o pior é que eu não posso nem aproveitar pra paquerar ou algo assim porque a Alison literalmente me arrasta junto, quer sempre beber comigo, dançar comigo, conversar comigo, andar comigo e fazer com que eu, a rainha das antissociais, interaja com esse bando de manés não só da nossa escola, como das outras que curtiam aparecer pra ter onde beber em paz sem adultos por perto.

E eu deixo, né? Fazer o que se eu amo essa garota.

Talvez seja um bom momento pra contar pra vocês que quando eu digo que a amo, eu quero dizer mais do que como amiga. E é claro que ela não sabia, eu preferia não contar porque dependendo da reação da Ali a nossa amizade podia ficar meio zoada.

E até ontem só uma pessoa além de mim sabia disso, uma outra grande amiga que aqui vou chamar de filha da puta, a Mona.

Então... Resumindo a história, a Alison não só me arrastou para essa tal festa como me puxou pro canto onde tinha uma galera sentada em uns sofás brincando de verdade ou desafio, entre eles a filha da puta da Mona que ficou me olhando com uma cara diabólica assim que teve a chance de fazer a fatídica pergunta pra mim.

— Verdade ou desafio, Marin?

Eu sabia que ela queria que eu me declarasse pra Ali de uma vez para desenrolar logo ou poder seguir em frente, mas eu não tava pronta, então respondi. — Desafio.

— Desafio... — a filha da puta repetiu, dando uma risadinha que fez eu me arrepender na hora da minha escolha. — Hmmmm... Deixa eu pensar. Eu desafio você a beijar a DiLaurentis de língua por sessenta segundos.

— Ah, qual é?! — resmunguei, sentindo minhas bochechas fervendo de tão vermelhas. — O desafio tem que ser pra mim, não pra ela.

— Hanna, relaxa. — a Ali disse rindo e colocando a mão no meu ombro. — Todo mundo faz isso nesses jogos, não precisa ficar com vergonha.

— É, Marin. Relaxa. — a filha da puta continuava olhando pra mim com aquele sorrisinho maldoso e irritante.

— Se você preferir beber que beijar na frente desse povo todo, eu entendo. Mas quero que saiba que por mim não tem problema. — a Ali murmurou baixinho, descendo a mão para a minha a apertando de leve enquanto dava um sorriso de canto que fez meu coração disparar.

Eu sentia como se pudesse explodir de vergonha e medo, mas se dependesse de eu criar coragem pra me declarar, demoraria séculos até que eu tivesse outra chance de beijar a minha crush suprema, então me obriguei a engolir a covardia a seco e disse.

— Tranquilo, eu só não queria te deixar constrangida. Mas se pra você tá tudo bem, pra mim tá tudo bem também.

— Já abri o cronometro, então vamos logo com isso. — a filha da puta falou, mostrando a tela do celular. — Um minuto a partir de... Agora.

O jogo não permitiria nem que eu quisesse, então não hesitei em colocar a mão na nuca da Alison e puxar ela pra junto de mim, beijando-a com vontade. Quando a língua dela encostou na minha todo aquele medinho e frescurite que eu tava sentindo antes sumiram completamente e eu só consegui pensar em como era gostosa a textura daquela boca macia e o jeito que nossas línguas acariciavam uma a outra. Nossa, que sensação incrível. Eu juro que nunca tinha sentido nada nem parecido, meu corpo todo parecia estar vibrando em puro frenesi.

Nem sei quantos segundos passaram até eu esquecer que estava no meio de um monte de gente e colocar minha mão livre na cintura da Ali, puxando ela pra sentar no meu colo. Minha mente não tava funcionando o bastante pra questionar que ela simplesmente deixou.

Senti os dedos dela se embrenhando entre meus cabelos e segurei a cintura esbelta com mais força enquanto minha pele ficava todinha arrepiada. Eu não via o tempo passando ou ouvia a música alta e as pessoas aplaudindo e assobiando ao redor, parecia que tudo que existia era a Ali, eu e aquele tesão incontrolável que deixou a minha buceta piscando só com um único beijo.

Mas aí um gemidinho escapou da minha boca quando senti um arranhar sutil na minha nuca. Aquele som me fez despertar e perceber o que tava fazendo e, principalmente, onde tava fazendo, então empurrei a Alison do meu colo sem muita delicadeza e perguntei entre ofegos.

— Ainda não passou um minuto? É sério?

— Ops. Falha minha. — a filha da puta da Mona teve a coragem de me dar um sorrisinho cínico enquanto mostrava a tela do celular. — Na verdade foram quase cinco. É que sem querer eu acabei me distraindo porque, sei lá... Do nada ficou muito calor aqui.

Olhei pro lado e a Alison estava me encarando de um jeito nervoso, roendo a unha do polegar (o que ela nunca faria pra não estragar seu esmalte, em público ainda era um sinal muito pior). Eu senti outro arrepio subir pela minha espinha, mas dessa vez era de um jeito ruim.

— Esse não era o desafio. Quer saber? — passei a mão no cabelo, tirando meu boné, e inspirei fundo antes de levantar e acabar de falar. — Eu não quero mais brincar. Vou pra casa.

Comecei a andar rápido, sem fazer o mínimo esforço pra não esbarrar nas pessoas, nem pedindo desculpas quando acontecia. Segui determinada até o armário onde tinha deixado meu casaco e entrei, só percebendo que tinha sido seguida quando a porta se fechou atrás de mim.

— Hanna... — a voz da Ali soou baixa e eu quis cavar um buraco pra me enfiar dentro.

— Relaxa, a gente não tem que falar sobre isso. — disse sem conseguir me virar e olhar pra ela, fingi estar procurando o casaco mesmo sabendo onde tinha deixado. — Foi só um jogo idiota, não encana com isso.

— Sim, foi só isso... — ela respondeu sem aumentar o tom. — Eu não devia ter insistido pra você fazer uma coisa que não queria. Me desculpa, tá bom? Não precisa ir embora agora. A festa ainda nem chegou na metade.

— É, eu sei. Mas eu nem gosto tanto assim de festa. — desisti de enrolar porque aquele armário parecia menor a cada segundo que passava com ela, então peguei o casaco e comecei a vestir. — Tem gente demais pro meu gosto e esses jogos são muito bestas. Você não tem nada pra pedir desculpa, eu só quero ir embora. Nada a ver contigo.

— Tá bom... Mas fui eu quem te trouxe. Deixa eu te dar uma carona pra casa. — era tão estranho ouvir a Alison DiLaurentis falando mansinho assim porque em geral ela é sempre toda confiante e firme.

— Você adora festas. Pode ficar, o ponto de ônibus não é longe. — disse, forçando o que provavelmente foi o sorriso mais falso da minha vida.

É claro que a ideia de andar até lá com esse tanto de moleque bêbado por perto não é lá muito agradável, mas eu não queria deixar a minha melhor amiga ainda mais desconfortável. Achava que seria melhor dormir e amanhã culpar o álcool pelo beijo ter saído de controle.

— Qual é, Hanna? — só que ela era a Alison e quando batia o pé com uma coisa era pra valer. — Eu não vou te deixar sozinha a essa hora pra pegar um ônibus quando estou de carro.

— Tá bom. — me rendi. — Só porque você tá insistindo.

E agora eu to aqui dentro de um carro com ela.

No começo foi bem desconfortável, mas agora que eu parei pra rever na minha mente o que rolou começo a perceber os detalhes. Como ela insistiu pra que eu aceitasse o desafio, o fato dela não ter hesitado em colocar a língua na minha boca... O jeito que ela enterrou as mãos no meu cabelo e arranhou a minha nuca...

— Ela queria também. — pensei mais alto do que pretendia.

— O que? — a Alison perguntou, franzindo as sobrancelhas como se tivesse acabado de sair de um devaneio também.

— Você gostou de me beijar? — me aproveitei disso pra parecer mais confiante ao falar.

— Ah... Bem... — percebi ela apertando o volante e pela primeira vez na vida eu vi Alison DiLaurentis ficar corada. — Gostei... Sim. Vo-você mandou bem, é o que eu quero dizer.

— Você queria? — insisti, ainda tentando não parecer nervosa.

— O que? — ela freou de uma vez e desligou o carro, arregalando os olhos.

— Você queria me beijar?

Observei minha melhor amiga ficar tensa e retrair os ombros. Ela estava nervosa como eu também estava. Acho que isso pode ser um bom sinal.

— Tá bom, eu confesso. — as palavras saíram da boca dela como um comando de voz que mandou milhares de borboletas pro meu estômago. — Na verdade, eu sempre quis te beijar. Achei que o desafio podia ser minha única chance e não quis te deixar desistir. Mas eu não queria deixar as coisas esquisitas como ficaram. Agora que sabe que eu gosto de você... Desse jeito. Eu sei que vai precisar de um tempo pra processar, mas quero te pedir pra não se afastar de mim.

— Você interpretou errado. Eu não estou agindo estranho por não ter gostado. — falei com um sorriso que por pouco não passou da minha cara. — É que eu gostei demais e me deixei levar mais do que achei que devia. Porque eu sempre quis fazer isso também. O meu corpo me guiou mais que minha cabeça e eu pensei que você ia estranhar e se afastar quando percebesse que eu sou... Que eu sempre fui louca por você.

No primeiro momento, a Ali só ficou com a boca aberta enquanto processava o que eu tinha acabado de dizer, depois começou a gargalhar de um jeito tão gostoso que mesmo eu não entendendo nada acabei rindo junto.

— Então... Então isso quer dizer que... — ela tava tentando falar e parar de rir ao mesmo tempo, por isso as pausas. — Quer dizer que eu estava a fim de você e você estava a fim de mim e... E nós duas ficamos feito duas idiotas com... Com medo de assumir os nossos sentimentos?

Eu sorri e dei um tapinha na minha testa. — Putz. Pior que foi isso mesmo.

Voltamos a gargalhar e o clima do carro ficou completamente mais leve já que agora nós sabíamos que nenhuma das duas tinha motivos de verdade pra ficarmos nervosas.

Aos poucos fomos parando de rir e nos olhamos nos olhos por alguns segundos. Então ela se inclinou e me beijou.

A sensação de êxtase foi ainda maior que a última vez. Era como se meu sangue tivesse fervido nas veias tamanho era o meu desejo pela Alison. Eu podia sentir na intensidade que ela me beijava que esse desejo era o mesmo, tanto que dessa vez não precisei puxá-la, ela mesma tomou a iniciativa de sentar no meu colo.

Não hesitei em deslizar minhas mãos pela cintura e as costas dela por dentro da blusa, sentindo os arrepios da pele macia por onde meus dedos passavam.

Ok, agora chega de descrever. Estamos prestes a transar no banco da frente de um carro e pra gente vai ser bem gostoso, mas pra quem tá lendo só vai ser meio cringe.

No fim, acho que eu a Mona não foi tão filha da puta assim. Não acredito que agora eu devo um “obrigada” pra aquela vadia.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.