1992

Seis anos

— Você vai gostar filho – Mamãe disse assim que passamos pelo portão da casa rústica com a promessa de uma festa de aniversário divertida.

Eu não estava muito animado em ir à festa de aniversário de uma desconhecida, e muito menos feliz por ter que sair de casa. Meu carrinho de bombeiros favorito tinha quebrado essa amanhã e eu estava muito chateado com isso. Eu sempre fui muito cauteloso responsável com as minhas coisas, mas em um único momento de deslize quando eu fui eu banheiro, acabei esquecendo o controle remoto dele em cima do sofá. Meu pai acabou sentando em cima dele e o carrinho começou andar desgovernado pela casa batendo na cadeira de madeira da sala de jantar e ficou destruído.

Nunca fiquei com tanta raiva de mim como estou agora. Aquele eram meu carrinho favorito e era o meu avô que tinha me dado de aniversário. Eu amava aquele carrinho tanto quanto amava o meu avô, que agora tinha ido morar no céu. E todas as vezes que eu sentia falta dele, eu brincava com o meu carrinho. Mais agora nem isso eu tinha mais.

— A aniversariante está logo ali, porque você não leva o presente pra ela? – Mamãe pergunta me entregando o pequeno embrulho lilás enquanto caminhávamos em direção à menina loira que estava conversando com sua mãe.

— Aqui o seu presente – Digo emburrando estendendo o pacote pra menina que ainda estava de costas pra mim e escuto um arranhar de garganta da minha mãe para mim – Feliz aniversário.

— Tem alguém que quer te entregar um presente, filha – A mãe da menina fala se levantando e ela finalmente se vira pra mim, me olhando assustada com os olhos muito vermelhos.

— Você estava chorando? – Pergunto ao perceber que o rosto ainda molhado e ela assentiu triste – Mas é o seu aniversário você! Tem que estar feliz e não triste – Digo e mais uma lágrima cai dos seus grandes olhos azuis.

— O quê aconteceu, Donna? – Mamãe pergunta para a mãe dela que começa a acariciar os cachinhos dourados da menina a minha frente.

— O filho dos Cooper’s falou que é a festa dela era chata e que todos estavam indo embora – Ela fala e a menina se encolhe ainda mais perto das pernas da mãe – Ele já pediu desculpas mas ela não aceitou. Disse que ele não estava sendo sincero.

— Ele que é menino chato, muito chato – Digo as três me olham espantadas.

— Oliver...

— Ele é sim! – Digo batendo o pé fazendo birra – E além de chato, ele tem um cabeção e pés de pato – Falo e a menina começa a rir e noto que falta um dente ali – E tem mais, aquele cabelo dele parece que rolou na areia da praia antes de vir. Ele tá fedorento e nem tomou um banho antes de vir – Digo sem mesmo ter visto o garoto e a risada da menina aumentar mais.

— E as mãos dele são duas patas de elefante – Ela diz gargalhando e eu a acompanho.

— Ok, vocês dois. Nada de ficar falando mal dele aqui, entenderam? – A mãe dela fala que nós assentimos ainda segurando a risada.

— Sim senhora – A menina diz colocando a mão na boca para tapar sua risada e eu faço o mesmo.

— Sei... Agora seja uma boa menina e aceite o presente que Oliver lhe trouxe – Diz e eu volto estender o presente pra ela que o pega sorrindo.

— Obrigada, Oliver – Diz e sai saltitante indo coloca-lo em uma caixa grande cheia de presentes.

— Querem comer alguma coisa? – A mãe dela pergunta a minha assente nos levando a uma mesa onde tem vários docinhos e salgadinhos.

— Está uma festa maravilhosa, Donna – Mamãe fala colocando alguns docinhos em um prato pra mim.

— Obrigada, como vai o Robert?

— Na Rússia. Muitas coisas na empresa – Mamãe responde parecendo cansada. O papai tinha viajado há alguns dias e ela tinha ficado muito tempo comigo. Eu gostava disso, mas em era estranho.

— Entendo, o Noah também – Diz em um suspiro e a menina volta – Felicity, porque você não leva o Oliver para brincar no seu parquinho? Aposto que ele vai adorar – Fala e Felicity sorri pra mim envergonhada.

— Quer ir lá com a Felicity, Oliver? – Mamãe pergunta e eu saio da mesa indo à Felicity.

— A gente tem um balanço, um escorregador e uma cama elástica – Felicity fala sorrindo animada e eu retribuo.

— Cama elástica! – Falo pulando no mesmo lugar e minha mãe me chama.

— Nada disso, Oliver. Se lembra da última vez? – Pergunta eu bufo irritado. Só porque eu coloquei todo o meu jantar pra fora da última vez, não quer dizer que isso vai acontecer de novo, não é?

— Mas mãe...

— Sem mas em meio mas. Balanço pros dois – Fala e Felicity assente estendendo a pra mim que aceito na mesma hora e ela começa a nos guiar pela casa até o balanço em seu jardim.

Eram três. Um do lado do outro, e um pouco mais afastado tinha a cama elástica como proteção o redor e mais perto da porta o escorregador. Eu queria entrar na cama elástica, mas não sabia se conseguiria subir sozinho sem fazer com que a minha mãe descobrisse depois. Felicity estava sentada em um dos balanços olhando pro céu.

— O quê está olhando? – Pergunto curioso por perceber que ela sequer piscava.

— As estrelas, elas me fazem pensar... – Fala como se fosse uma adulta eu caminho até ela me sentando ao seu lado.

— E está pensando no quê? – Pergunto vendo-a dedilhar seu vestido.

— E se o Cooper estiver certo e a minha festa não estiver tão legal? Todo mundo vai me ignorar amanhã na escola – Fala triste e eu fecho cara.

— Aquele cabeçudo não sabe de nada, sua festa está muito legal! – Digo e ela me olha surpresa.

— De verdade verdadeira?

— De verdade verdadeira – Digo sorrindo e ela me analisa por alguns instantes.

— Jura de dedinho? – Pergunta estendendo o seu dedo pro mim.

— Juro de dedinho – Digo juntando meu dedo ao dela apertando-o, selando o juramento.

— Agora eu vou te empurrar no balanço – Fala se levantando e eu faço o mesmo na mesma hora.

— Não, agora eu vou te empurrar no balanço – Digo e ela cruza os braços inflando as bochechas irritada.

— Mas eu disse primeiro!

— Mas é o seu aniversário, pode sujar o seu vestido bonito – Digo a primeira desculpa que me vem à cabeça e suas bochechas ganho um tom de vermelho.

— Você achou o meu vestido bonito? – Pergunta eu assinto.

— Ele é muito bonito – Digo e ela sorri – Imagina se sujar ele? Você não pode se sujar de lama, é o seu aniversário! Você não pode ficar suja.

— Tudo bem, mas só um pouco – Diz voltando a se sentar no balanço e eu vou para trás dela e começo a empurra-la levemente ouvindo sua risada enquanto o cabelo enrolado balança ao vento.

Passamos um bom tempo assim, eu a empurrando ela rindo enquanto olhava a estrelas pensando. De vez em quando, eu olhava pra elas tentando entender o que a tanto fascinava naquele lugar. Bem em um momento que ela estava olhando pra lá, ela só pediu pra eu parar de balança-la e ficou de olhos fechados alguns instantes e depois olhou pra mim.

— O que foi? – Pergunto curioso e ela sorri.

— Você é legal, Oliver – Fala se levantando até mim e beija minha bochecha.

— Eu não sou só legal, eu sou o seu amigo mais legal do mundo – Digo animado tentando esconder minhas bochechas vermelhas.

— O melhor amigo mais legal do mundo – Diz gargalhando.

— Jura de dedinho?

— Jura de dedinho.

***

TRÊS DIAS DEPOIS

— Mamãe, quando nós vamos ver a Felicity de novo? – Pergunto ansioso e minha sorri abertamente enquanto penteia o meu cabelo.

— Você tenho falado muito dela esses dias. Você gostou mesmo dela, não foi? – Diz passando o perfume em mim e eu sorri.

— Gostei sim. Ela é a minha melhor amiga mais legal do mundo – Digo lembrando do nosso juramento e mamãe me olha confusa.

— Eu achava que o Tommy quem fosse o seu melhor amigo? – Fala pegando sua bolsa – Vamos descer, você não quer perder a hora do jantar na casa do Tommy, não é?

— Não – Digo feliz por ir ver o meu melhor amigo que voltou de viagem ontem. Nós saímos do meu quarto e começamos a descer as escadas – Nós ainda vamos no parquinho?

— Vamos sim, querido – Diz e chama a Raisa. Por um momento estremeci pensando que a mamãe não fosse comigo e sim a Raisa, mas a mamãe só disse a ela o que queria no jantar.

Pegamos o carro com o senhor Diggle e fomos para o parquinho. Por todo o caminho via minha mãe me olhando com um sorriso enorme. Não um sorriso contido que ela costumava me dar, era um sorriso amplo, igual o de quando eu dei a ela seu presente de dia das mães com o dinheiro que eu economize na minha mesada. Eu gostava desse sorriso.

— Mamãe..? – A chamo e ela pisca pra mim como se acordasse de um sonho.

— O que foi, filho? – Pergunta acariciando meus cabelos.

— Por que está sorrindo assim pra mim? – Pergunto e se possível, seu sorriso aumenta mais.

— Porque eu estou feliz, Oliver – Fala suspirando – Assim como você, que agora tem uma nova melhor amiga.

— Eu gosto dela, mamãe. Ela é muito legal – Digo e ela sorri ainda mais.

— E também é muito bonita. Mas como você vai contar pro Tommy que ele não é mais o seu melhor amigo? – Pergunta me confundindo.

— Mas o Tommy ainda é o meu melhor amigo – Falo não entendendo-a.

— Mas nós só podemos ter um melhor amigo, e ele será o melhor de todos.

— Mas o Tommy que é o meu melhor amigo – Falo e ela me olha em desafio.

— Mas e a Felicity?

— Ela é a minha melhor amiga mais legal do mundo e o Tommy é o meu melhor amigo. São coisas diferentes – Explico e ela da uma gargalhada.

— É claro que são.

Não demorou mas muito pra chegar no parquinho, e logo depois que saímos do carro, eu fui me divertir nos brinquedos enquanto minha mãe ficava me observando de longe. Eu me sentia extremamente atraído pra brincar nos balanços, mas por mais que eu quisesse ir brincar lá e que tivesse várias crianças aqui comigo, eu me sentia... Sozinho. Me aproximo lentamente de um dos balanços vazios e começo a empurra-lo ao vento sentindo falta da minha nova amiga.

Eu gostava e queria brincar com ela de novo, queria também que ela fosse amiga do Tommy, ele iria gostar muito dele. Nós iríamos nos divertir muito juntos, aprontaríamos bastante até deixar a mamãe e a tia Rebeca de cabelos brancos. Ia ser muito legal.

— Porquê você não está se balançando aí? – A voz da garota pergunta atrás de mim, e por um momento pensei que tinha sido a minha imaginação fértil a reproduzir ela, mas era ela mesmo – Oi Oliver – Felicity diz com um pequeno sorriso segurando o seu pequeno ursinho de pelúcia branco em um vestido azul e uma tiara branca.

— Oi Felicity – Digo sorrindo parando o balanço pra ela – Quer vir no balanço?

— Acho que a Ruby vai ficar enjoada. Melhor não... – Diz abraçando ela se aproximando.

— Você pode segura-la no seu colo. Talvez ela não fique brava ou enjoada e se divirta também – Digo a encorajando e ela pondera por alguns instantes antes de aceitar.

— Tudo bem... – Fala dando de ombros se sentando no balanço a minha frente – Não vá muito alto ou a Ruby pode passar mal.

— Claro – Digo a balançando devagar vendo-a apertar a Ruby em seu colo com carinho –Me avise se ela quiser ir mais alto.

— Ela quer, sim – Fala virando a cabeça pra mim sorrindo e eu faço o que ela falou.

— A sua mãe está aqui? – Pergunto preocupado se ela veio aqui sozinha.

— Mamãe viu você aqui brincando sozinho e falou pra eu vir aqui. Ela está tendo uma conversa de adulto com a sua mãe agora – Fala e eu desvio o meu olhar rapidamente pra onde minha mãe está pra eu confirmar.

— Vocês vieram ver o mágico que vai ter mais tarde? – Pergunto empurrando-a um pouco mais alto escutando seu grito de animação.

— Mamãe veio tomar café com uma amiga dela – Fala e começa a balançar as pernas no ar – E você?

— Mamãe me trouxe pra eu me divertir um pouco aqui antes de nós irmos jantar na casa do meu melhor amigo – Falo e ela me olha triste.

— Achei que eu quem fosse a sua melhor amiga – Diz em um fio de voz e eu paro o balanço.

— Mas você é a minha melhor amiga mais legal do mundo – Digo indo até a sua frente a olhando nos olhos – E ele é o meu melhor amigo, só melhor amigo. São coisas diferentes, entende? – Falo gesticulando e ela me olha com receio.

— Ele é mais legal do que eu? – Pergunta apertando a Ruby com força.

— Não aperte a Ruby assim, ela não vai conseguir respirar – Digo apavorado e ela respira fundo antes de abrandar o aperto nela – Você é a mais legal do mundo. O Tommy é um chato, mas você vai gostar dele e ele de você – Falo vendo seu sorriso aparecer novamente.

— Ele pode ser meu amigo, também?

— Se ele não for o seu melhor amigo mais legal do mundo, ele pode – Falo fazendo bico e ela ri. Mas antes que ela fale novamente, o chato do Cooper aparece a nossa frente com a prima mais chata ainda da Carrie.

— Olha só, a menina feia tem um ursinho mais feio ainda – Cooper fala apontando pra Felicity rindo.

— Ele é tão feio que vai me dar pesadelos de noite – Carrie diz gargalhando com o prima me deixando com muita raiva.

— Olha os olhos feios que ainda são tortos – Cooper fala se engasgado de tanto rir e Felicity sai correndo chorando. Ele não podia fazer isso com ela.

Ele me sequer percebeu porque ainda estava rindo da Felicity, mas me aproximei o máximo dele aproveitando sua distração, e o empurrei na poça de lama tinha perto dos balanços. Ele começou a chorar e eu a rir. Bem rápido, a minha mãe apareceu do meu lado junto com a de Felicity, que estava com ela em seu colo, e a mãe de Cooper, que parecia aqueles desenhos onde a fumaça saem pelas orelhas.

— Oliver Jonas Queen, o que você pensa que está fazendo? – Mamãe pergunta com raiva e eu me encolho.

— Esse moleque inconsequente agrediu o meu filho! – A mãe de Cooper e a minha a olha feio.

— Ele disse que não gosta de mim por eu ser mais bonito do que ele e me jogou na lama de propósito!

— É mentira! – Praticamente grito partindo pra cima dele, mas mamãe me segura – É mentira dele, mamãe. Não acredita nele.

— É verdade, sim!

— Não é não!

— Se não é verdade, o que foi que aconteceu aqui? – Mamãe pergunta me encarando assustadoramente de perto.

— Aconteceu que o seu filho é um invejoso – A mãe dele fala e a minha olha pra ela.

— Tem um ditado que diz que existem três verdades. A minha, a sua e o que realmente aconteceu – Fala com calma a olhando feio – O seu filho já deu a versão dele, agora é a vez do meu – Diz e volta a me olhar – O que aconteceu, Oliver? A verdade.

— Ele falou que a Ruby e a Felicity são feias e a Carrie disse que a Ruby vai dar pesadelo nela de noite – Falo com raiva e vejo minha mãe segurar um sorriso pra mim antes de se levantar como um olhar assustador para os três e se vira pra Felicity que ainda estava no colo da mãe dela.

— Isso é verdade, querida? – Mamãe pergunta acariciando suas costas e ela se vira pra nós com o rosto vermelho.

— Eles disseram que a Ruby tem olhos feios e tortos e me chamaram de menina feia... – Fala com a voz chorosa e eu me aproximo dela.

— Não liga pra ele, eu gosto da Ruby – Falo e ela sorri minimamente.

— Não é a primeira vez que o seu filho mexe com minha. Na verdade eu já perdi as contas de contas vezes ele já maltratou ela. Só que dessa vez ela teve quem a defendesse, e é melhor você dá um jeito no seu filho de uma vez o então eu vou dar – A mãe de Felicity fala com raiva e Cooper a olha feio.

—Então agora só porque ele disse isso, o seu filho tem que jogar o meu na lama? Ele tem que saber a respeitar a opinião dos outros e ela que nem todos iram gostar dela.

— Basta! – Mamãe fala naquele tom assustador e eu me abraço as pernas da mãe de Felicity que me olha sorrindo – Resolva o problema do seu filho de uma vez. Não gostar de alguém é permitido, mas o que está fazendo com ela errado. Assim como também foi errado o Oliver joga-lo na lama, mas quem começou a implicar com eles foi o seu filho, não que isso seja importante – Diz e a mãe dele a olha atônita – Oliver – Me chama e eu me aproximo com cautela.

— Sim, mamãe...

— Peça desculpas por ter empurrado o Cooper na lama – Fala e eu a olho incrédulo.

— Mas mãe...

— Sem mas, Oliver – Me corta – O que você fez foi errado, entendeu?

— Sim – Fala e eu suspiro pesado – Me desculpe por ter jogado na lama – Digo a contragosto, mas ainda escondendo o meu sorriso vitorioso por vê-lo todo sujo de lama.

— Agora é a Su-

— Nós não queremos as desculpas dele, por quê elas não são sinceras – A mãe de Felicity interrompe a de Cooper – Quando ele estiver realmente arrependido, nos a aceitamos. Enquanto isso, mantenha ele distante da minha filha.

— Agora vamos, temos um jantar nos Merlyn’s agora – Fala estendendo a mão pra mim e se vira pro Cooper mais uma vez – Se o seu filho inventar de fazer uma dessa de novo com um dos dois, a próxima conversa não vai ser nem um pouco amigável, e ela será com os meus advogados – Mamãe diz e começamos a andar em direção ao banco que ela estava antes.

— Quero morrer sua amiga, Moira – A mãe de Felicity fala e elas riem.

— O que ele fez foi errado, mas a mãe dele vive o acobertando e colocando a culpa nos outros. Ele vai se tornar um péssimo adulto mimado de capas do TMZ. E além do mais, já estava na hora de alguém mostrar pra ela como é que a banda toca aqui em Starling – Fala se sentando no banco.

— E você... – A mãe de Felicity fala e eu a olho com medo da sua reação – Você foi o grande herói da minha pequena, sabia? – Diz cutucando a minha barriga me fazendo rir.

— Eu fui?

— Foi sim. Como um nobre cavaleiro no seu cavalo branco defendendo a minha filha, como o bom garoto que é.

— Obrigado mamãe da Felicity – Digo e ela da uma gargalhada.

— Me chame de Donna –Fala e eu sorrio educado.

— Oliver... – Mamãe me chama – É tia Donna.

— Obrigado, tia Donna.

— De nada, Oliver – Fala e eu olho pra Felicity que ainda está no seu colo com o rosto e terrado no pescoço da tia Donna – Você não quer se despedir do Oliver antes de irmos, querida?

— Mas vocês acabaram de chegar – Digo triste – Eu nem brinquei direito com a Felicity – Falo e ela e minha mãe trocam olhares.

— É mamãe... – Felicity fala pela primeira vez na conversa ainda sem me olhar.

— Mas você tem que ir pra casa e eu tenho que ir pra empresa – Tia Donna fala.

— E nós temos que ir pra casa do Tommy, lembra? –Mamãe lembra e eu tenho uma ideia.

— A Felicity poderia ir com a gente – Falo e as três me olham – Por favor – Peço e os olhos de Felicity brilham em minha direção.

— É mamãe, deixa por favor... – Pede se endireitando no seu colo juntando as mãos – Prometo me comportar.

— Vocês por um acaso perguntaram pra Moira se ela deixa? Ou melhor dizendo, se ela pode levar mais alguém? – Fala e eu me apresso a responder.

— Foi o Tommy quem me convidou, ele vai deixar a minha melhor amiga mais legal do mundo ir comigo – Falo e a tia Donna sorri amplamente.

— Quanto mais você fala, mais eu dou razão a sua mãe – Diz me deixando confuso – O que você acha disso, Moira? – Pergunta e mamãe da uma gargalhada.

— Sobre levar ela pra conhecer o Tommy ou da futura inevitável fusão Smoak-Queen? – Fala aos risos e eu e a Felicity a olhamos mais confusos ainda enquanto tia Donna revira os olhos – Eu levo ela pra sua casa mais tarde.

— Vou pegar a cadeirinha no carro, então – Fala e eu começo a quicar no mesmo lugar de alegria.

— Não precisa, tem uma reserva no carro. O Sr. Diggle pode monta-la pra nós enquanto tomamos um sorvete, o que acham? – Mamãe pergunta e nós dois soltamos gritos de animação.

— Tudo certo então, Moira. Qualquer coisa me ligue e não a deixe chegar perto de nozes ou o primeiro encontro deles vai por água abaixo – Tia Donna fala e Felicity desce do seu colo e vem pro meu lado – Se comporte, mocinha. Seja obediente com a tia Moira e se divirta, ok?

— Ok, mamãe...

— Tudo bem, agora cadê o meu beijo de despedida? – Pergunta e Felicity corre de volta pra ela a abraçando e beija o seu rosto no mesmo momento que Ruby cai no chão, mas eu a pego a deixando no meus braços.

— Até mais tarde, mamãe.

— Até filha – Diz beijando sua testa – Até mais, Oliver – Fala e beija minha bochecha me deixando sem graça.

— Até, tia Donna.

— Nos vemos depois, querida.

— É claro – Mamãe beija seu rosto – Não esqueça de contar ao Noah da “fusão”, ele vai amar! – Fala e tia Donna da uma gargalhada e sai acenando um “Tchau” – E agora, quem quer sorvete? – Mamãe pergunta animada e nós fomos em direção a carrinho de sorvete que ficava estacionado ali perto.

— A Ruby não gostou de não ser incluída no abraço também – Digo estendendo ela pra Felicity que a pega a olha culpada.

— Me desculpe, Ruby. Foi sem querer... – Diz a abraçando forte.

— Tudo bem, eu cuidei dela pra você – Falo tímido e ela sorri minimamente.

— A Ruby gosta de você.

— Eu também gosta dela.

— Do que vocês querem o sorvete? – Mamãe pergunta assim que paramos na frente do carrinho.

— Eu quero de chiclete – Digo e Felicity faz careta pra mim.

— Eu quero de creme – Ela diz e é a minha vez de fazer careta pra ela.

— De creme é ruim!

— De chiclete que é! – Fala dando de ombros e minha mãe ri.

— Não quero nem ver isso daqui à alguns anos... – Sussurra divertida e faz os pedidos enquanto aguardamos pacientemente o senhor do carrinho nos entregar as casquinhas.

Tomamos os nossos sorvetes enquanto caminhávamos um pouco mais pela praça calmamente e depois que acabamos, fomos pro carro e esperamos o Sr. Diggle colocar a cadeirinha pra Felicity no banco, e assim que terminou, nós fomos pra casa de Tommy, enquanto Felicity contava pra todos que tinha acabado de terminar de montar o seu computador sozinha ontem. Eu descobri que além de computadores ela gostava de falar. Gostava muito.

Nós chegamos a casa de Tommy e Felicity se calou inesperadamente enquanto passávamos pelos portões me incomodando pelo seu silêncio repentino. Mamãe tinha achado o espaço pequeno entre os bancos então decidiu se sentar na frente com o Sr. Diggle. Olhei mais uma vez pra Felicity que olhava fixamente pra Ruby.

— Porquê você está olhando assim pra Ruby? – Pergunto curioso e ela suspira pesado.

— Será que ele vai gostar de mim? – Pergunta e eu a olho confuso – O Tommy?

— É claro que ele vai gostar de você. Você é muito legal!

— Os meninos da minha escola não acham isso.

— É por quê os meninos da sua escola são uns chatos. Meninos chatos não gostam de meninas legais – Falo e ela ri um pouco antes de me olhar confusa.

— Mas você disse mais cedo que o Tommy é um chato. Então ele não vai gostar de mim?

— Ele é só um chato de vez em quando, mas ele é bem legal – Digo e ela sorri enquanto o carro para e o Sr. Diggle sai e abre a porta nos ajudando a descer – Ele já deve estar vindo... – Falo e começamos a caminhar em direção a porta que se abre e um vulto branco e preto passa por ele parando a nossa frente.

— Finalmente Ollie! – Tommy fala emburrado e olha pra Felicity – Quem é ela? – Pergunta confuso e antes que eu possa falar ele se adianta – Olá, sou Thomas Merlyn, mas todos me chamam de Tommy.

— Sou Felicity, e essa é a Ruby.

— Prazer pras duas. Mas eu tenho que dizer que Felicity é um nome muito grande, melhor eu te chamar um apelido, vou te dar um – Fala e Felicity ri enquanto Tommy coloca um dedo na boca fazendo bico, fingindo estar pensativo – Já sei, vou te chamar de Lyssi, ou melhor, Liz.

— Eu gostei – Ela fala sorrindo.

— Mas eu não! Não quero te chamar de Liz – Falo emburrado e Tommy ri.

— E você não vai. Esse é o meu apelido pra ela! Se quiser, faça o seu – Tommy fala dando de ombros e eu reviro os olhos.

— E como você vai me chamar, Oliver?

— Hun... Que tal sorriso?

— Eu gostei – Fala quicando no lugar.

— Agora nós somos os três mosqueteiros – Tommy fala e nós rimos – Que tal irmos no meu mais novo pula-pula que a minha mãe mandou montar hoje aqui atrás? Ele é muito legal!

— Claro.

— Vamos lá...