=Delance=

Blindamos mais ainda a mesa antes de nos dividirmos nos carros e seguirmos o feixe de luz roxa riscando o céu. Fomos eu, as meninas, Nillarya, Tingsi, Gronk e Raum. Tingsi tinha conseguido convencer os namorados dela que estaria tudo bem e que não iria fazer nenhuma loucura para colocar em risco a saúde do bebê.

— Porra, vocês não têm TV não? – Como sempre, Mileena não tem filtro.

— Nem TV e nem camisinha. Da última vez que vim para cá, comprei todas as camisinhas da farmácia. Vou até levar mais antes de ir embora.

— Tem certeza que essas duas não são irmãs?! – Perguntou Ezarel.

— Sorte a sua que não somos, senão ela seria mais barraqueira que Aleit.

— Não me coloca nesse meio não! Até porque Ivyna e eu somos as mais normais da nossa família.

Pela janela dos carros, nós víamos o estrago que Cornélia estava causando na cidade. Até polícia foi envolvida. Eu espero que a gente não tenha que tomar tiro. O rastro nos levou até o cemitério da cidade.

— Por ali. – Disse Tingsi.

— Como você sabe? – Sharena perguntou.

— É que eu vejo gente morta.

— Ela está certa. – Disse Nillarya com a mão no solo. – Mas temos que ir rápido, pois os corpos estão começando a se agitar abaixo de nós.

Fomos todas juntas, afinal, precisaríamos de todos os cristais à mão para parar a bruxa. Sentimos a terra tremer e dela surgiram esqueletos e cadáveres putrefatos.

— Eu esperei a minha vida toda por esse momento!

— Delance, isso não é Resident Evil, caralho! – Reclamou MK.

— Não se esqueça que um dia eles já foram pessoas. – Comentou Signe.

— Sig, não crie simpatia por zumbis ou eles vão te morder.

Nós tivemos que lutar contra os mortos-vivos. Não foi difícil, já que todo mundo ali sabia lutar e invocamos armas para nos ajudar. Algum tempo depois, estávamos procurando Cornélia novamente. Nós a encontramos em cima de uma cripta.

— Quem são vocês?!

— Aquelas que vão te levar pra cova, ô Bellatrix paraguaia.

— Sério, Cornélia, vamos acabar com isso de uma vez por todas. – Disse Tingsi cansada daquilo tudo.

— Com o maior prazer.

De cima da cripta, ela fez mais mortos se levantarem. Novamente tivemos que lutar contra eles, só que aquela mulher não esperava que levássemos a melhor, até porque só precisamos usar a magia dos nossos cristais para lutar e o da Aleit, como é o da união, amplifica os poderes e o alcance deles quando estão trabalhando juntos, o da Signe, que é o da euforia, elevou nossa moral nas alturas enquanto o da Mileena, o da força de vontade, era devastador. Tingsi saltou para lutar contra a bruxa no corpo a corpo. A bruxa iria atingi-la se Nillarya não tivesse tirado a caveira das mãos dela e a trazido para nós. Ela saiu no braço com a bruxa no maior estilo O Tigre e O Dragão enquanto nós olhávamos para a caveira flutuante à nossa frente.

— Parece ser a fonte de poder dela. – Disse a alienígena. – Eu que não vou tocar para confirmar.

— Nem precisa. – Disse Aleit. – O que acham, garotas?

— Podemos exorcizar essa coisa? – Perguntou Sig.

— Ou destruí-la. – Pronunciou-se Ayshane.

— Seja o que esses cristais quiserem. – Falei.

Nós nove erguemos nossos cristais e lançamos uma rajada de energia de encontro à caveira. Eu só sei que o negócio explodiu e uma força nos empurrou para trás. A magia daquele troço começou a sair para todo em forma de umas sombras fantasmagóricas e depois se foi.

— O que vocês fizeram?! – Perguntou Cornélia com a cara toda quebrada se levantando de um arbusto.

— Nem olha pra mim porque não tenho a menor ideia. – Disse MK.

— Eu nunca vi algo parecido. – Disse Shay.

— Eu sou nova nisso. – Comentou Ayshane.

— Skarlet? – Ivyna chamou sua atenção.

— Infelizmente eu não sei.

— Pergunta mais importante. – Começou Nillarya. – O que faremos com ela? – Apontou com a cabeça na direção da bruxa.

— A gente pode só banir ela para algum lugar. – Sugeriu Calien.

Concordamos. A bruxa até tentou lutar contra nós, mas nossa magia foi mais forte. Nós a banimos para alguma dimensão com um monte de sombras horrendas que Tingsi disse ser Greifmares ou algo assim.

— A gente pode finalmente comer? – Perguntou Aleit. – Eu estou louca para experimentar o bolo da Aysha.

— E eu as bebidas que vocês fizeram. – Disse Nillarya.

Voltamos para casa e desencantamos a mesa. Finalmente a festa podia começar. Tivemos que explicar para os convidados tudo o que estava na mesa, cada receita e de que país ela vinha, tirando as maçãs do amor amaldiçoadas. E também tinha o pão do Nathaniel.

— Por que ele tem o pão só para ele? – Perguntou Nevra.

— Nath não gosta de doces. – Contei. – Então tem pão para ele aqui e maçã na cozinha.

— Como alguém não gosta de doces?! – Perguntou Ezarel com alguns jaleebis na boca.

— Tingsi, se quiser, temos suco na cozinha. – Ofereceu Calien. – Agora eu lembrei que a gente tinha feito de framboesa também.

— Vou aceitar, já que não estou podendo beber mesmo. Pode trazer um para a Darja também?

— Sem problema.

— Essa infusão de chiclete com soda está divina! – Comentou Nillarya.

— Valeu, eu peguei da internet. – Disse Mileena.

— Mamãe, eu quero a bebida que brilha.

— Quando for mais velha. Ali tem álcool e você não pode beber.

— Quando tiver doze anos, pode deixar que sua tia Aly te deixa experimentar vodca.

— Aleit!

— O que foi? A família do meu pai deixava eu e a Ivy beber um gole nessa idade.

— A do meu também. – Contou Ayshane.

— Porra, mas o povo do Leste Europeu adora uma birita!

— Mileena!

— Não vou negar, a gente gosta mesmo.

— Nem pensem em dar álcool para a minha filha antes dos 16. Isso vale para vocês dois também.

— Mas a gente não falou nada! – Exclamou Valkyon, Leiftan só assoviou.

— Darja, você quer gliter? – Perguntei.

— Quero!

— Delance, o que eu acabei de falar?

— Calma, eu só ia falar para pegar e colocar na água de rosas.

— É uma ideia maravilhosa! – Armin me apoiou. – Assim ela consegue o que quer e de forma saudável.

— Ayshane, você vai ter que fazer mais dessa água. – Disse Ambre. – Porque eu também quero com gliter.

— Ainda bem que deixei mais algumas jarras na geladeira.

— Tudo bem ela comer isso? – Perguntou Leiftan.

— É gliter comestível. – Respondi. – É mais usado para decorar mesmo.

Foram buscar o gliter o suco, além de mais água de rosas. Experimentei todas as bebidas alcoólicas da mesa, comi todos os doces e sobremesas que tinha direito. O Sękacz parecia estranho à primeira vista, mas foi só experimentar que todo mundo quis. O bolo era muito bom, mas nada superou o bolo de leite de pássaro da Aysha. Vi o Ezarel fazer uma careta ao comer um lassi.

— Esse troço está salgado!

— Claro, esse é salgado. O tradicional e o doce estão ali. – Apontou Mileena.

— Se não quiser, eu quero. – Comentou Priya já pegando o doce das mãos do elfo.

— Ayshane, esse bolo está maravilhoso. – Comentou Rayan. E o pudim de tâmaras parece o que minha mãe fazia.

— Obrigada.

— Eu nunca tinha comido Kyungdan. – Comentou Nillarya. – Vou precisar da receita depois.

— Hyun quem fez. – Disse Aleit.

— Eu vou precisar das receitas dessa mesa inteira porque ficou tudo gostoso.

— Sig, eu estou amando suas receitas. – Disse Dake.

— E ele não é o único. – Comentou Castiel. – Eu adorei esse baba ao rum e o Strudel da Skarlet também está uma delícia.

— Danke.

— Ah, Darja, você ficou com a cara toda melada! – Disse Jia tentando limpá-la o máximo que dava.

— Deixa ela, Jia. – Falou Tingsi. – Criança é assim mesmo, depois ela toma banho.

— E você tem roupas para trocá-la?

— Eu não pensei nisso.

— A gente pode emprestar uma camiseta para ela usar de camisola até amanhã. – Sugeriu Ivy.

— Obrigada, Ivy.

A gente comeu muito. Armin, Ezarel e Hyun começaram a ver quem pegava mais doce, Castiel e Nevra pegavam doces escondido deles, Kentin não largava as balas de soja, Leiftan e Chani devoravam as maçãs caramelizadas, Jia e Calien se entupiam de torta de maçã ou a de banana, Darja comia de tudo e a gente dava ainda mais doce para ela. Quem também se enchia de doces era a Nillarya, ô alien para comer doce.

Sei lá que horas que aconteceu, o povo se encheu de álcool. Foi muito engraçado ver o Armin, o Hyun, o Dake, Kentin, Nathaniel, Castiel, Ezarel, Nevra e Valkyon abraçados e cantando uma música infantil. Cedi meu banheiro para a Tingsi dar banho na Darja e uma camisa minha de Zelda, já Skarlet deu uma escova de dentes novinha para a criança. As duas e Jia dormiriam no quarto da Ayshane e Aysha junto com o Lys e a Shay. Ambre dormiria com a Skar e a Chani com a Mileena, já que elas iriam deixar Nathaniel e Castiel pela sala mesmo.

No dia seguinte, muita gente acordou jogada de qualquer jeito na sala. Tivemos que ir à te a cidade para comprar uma roupa para a criança enquanto a dela lavava e secava. Nillarya tinha arrumado tudo com seus poderes apagado parte das lembranças da Ambre e da Chani. Armin tinha me dito que elas os colocaram contra a parede para saber mais sobre o que estava acontecendo e não puderam esconder, além de terem que explicar tudo.

Levamos o povo de volta para a cidade e enquanto eles se recuperavam da festa, nós e a alien nos unimos para apagar as memórias da cidade. Fico feliz que tudo tenha voltado ao normal. À noite, o povo de Eldarya foi embora. Foi realmente um feriado fora de série.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.