Éponine terminou de se arrumar e pegou sua mochila com as poucas coisas que usava na faculdade. Se encarou no espelho antes de sair e murmurou para si mesma “Vadia, estúpida”. Ainda estava irritada com ela própria por ter agido de forma tão fria com Enjolras.

Pegou sua bicicleta vermelha, que estava aposentada desde que aprendeu a andar com os transportes que Paris oferecia e foi em direção a Sobornne.

Ao chegar viu Enjolras e sorriu para ele,ganhando uma expressão dura, como quando se conheceram e voltara a conversar com umas pessoas que ela nunca tinha visto. Percebeu que ela não seria bem vinda ali, então foi procurar Cosette. Ela saberia o que Éponine teria que fazer para se redimir com Enjolras.

Não demorou muito para encontrá-la,junto com os outros Amis.

–Salut mademoiselle.- Courfeyrac a cumprimentou.- Vejo que já sofreu com o mau humor do Enjolras.

Éponine deu de ombros.

–É...acho que sim. Principalmente se eu sou o motivo do mau humor... Mas então o que estão conversando?

–Estamos conversando sobre o aniversario do senhor Grantaire daqui duas semanas.- Cosette explicou enquanto pegava um macarons e oferecia para Combeferre, Jehan, Courfeyrac, Joly e Éponine.

–Estamos pensando em fazer uma festa para ele...sabe surpresa.- Courfeyrac falou com a boca cheia.- Ele sempre se queixa que nunca ninguém fez uma festa surpresa para ele.

Combeferre balançou a cabeça.

–Praticamente 24 anos nas costas e se queixa que nunca teve uma festa surpresa.

–Todo mundo merece uma festa surpresa na vida.- Jehan disse aborrecido com o tom que Combeferre usara.

–Ta.- Éponine interviu antes que começassem a discutir.- Qual o plano?

–Estava pensando em irmos para a casa dos nossos pais.- Cosette olhou para Éponine meio receosa enquanto falava.

–Para a casa dos nossos pais? Grantaire vai desconfiar, Cosette. Não. Sem falar que é difícil todo mundo ir para lá... Podemos fazer no apartamento do Jehan,sim?- sugeriu olhando para o amigo que estava com as sardas do rosto mais visível, agora que estava queimado de sol.

–É... claro, por mim tudo bem. Podemos dividir as tarefas para cada um e arrecadamos dinheiro de todos para ajudar.

–Vamos conversando sobre isso... preciso ir para aula.- Combeferre anunciou se levantando e limpando a calça.

–Verdade, também preciso ir.- Cosette guardou as coisas que estava no seu colo na bolsa e se levantou apressada.- Você vem Courf?- perguntou olhando para ele que assentiu dando um beijo na bochecha de Éponine antes de seguir a loira.

–Me acompanha?- Éponine se virou para olhar Jehan que assentiu com a cabeça e começou a acompanhá-la lentamente.- Então... algo que queira me contar? Porque me parece que tem algo errado ai.

Jehan permaneceu em silêncio sem nem direcionar o olhar para Éponine,que suspirou mas não disse nada. Não iria ficar infernizando para que ele contasse. Quando chegaram na sala de Éponine,ele parou com as mãos nos bolsos.

–Caitlyn terminou comigo.- anunciou apertando os lábios.

–O QUE? Por que?- Éponine perguntou surpresa, apostava que Jehan e Caitlyn seriam os novos Marius e Cosette do grupo.

–Besteira. Ela queria que eu fosse morar lá, porque segundo ela “não tinha como saber se me amava sendo que não tinha como saber como eu sou no dia a dia”.- fez aspas no ar enquanto falava- Falei que amor não importa como a pessoa seja, você simplesmente a ama... Não ia dar certo de qualquer jeito.- terminou de falar parecendo que iria chorar e aquilo quebrou o coração de Éponine. Se sentia culpada de alguma forma. Caitlyn iria ouvir umas poucas e boas mais tarde.

–Ah Jehan... Sinto tanto.- o puxou para um abraço, apertando o amigo contra si,como se pudesse protegê-lo de ter um coração partido.- A Caitlyn não é nem tão legal assim.

–Éponine. Sala.- seu professor apareceu e ela teve que se separar rapidamente de Jehan que sorriu para ela.

[..]

Na hora do almoço Éponine apareceu correndo,trombando nas pessoas,desesperada procurando a mesa em que os Amis estavam.

–Já estava sentindo falta dela agir desse jeito.- comentou Cosette enquanto abria calmamente o sanduiche que tinha comprado.

–Ela tava meio chata mesmo esses últimos tempo. Isso que dá namorar o Enjolras.- Courfeyrac falou em tom de brincadeira enquanto revira os olhos. Éponine finalmente os encontrou e se apoiou na mesa agitada,enquanto tentava recuperar o fôlego.

–Onde é o incêndio,Ponine?- perguntou Marius rindo.

Éponine respirou fundo mais um pouco.

–Em... mim.- respondeu jogando a bolsa encima da mesa.

–Wow! Que pesado isso.- Courfeyrac falou horrorizado e se virou para o Enjolras.- Você não ta dando conta da sua mulher não?

Éponine riu,enquanto Enjolras corava.

–Então, qual a novidade?- Enjolras questionou.

–Lembram que ontem eu disse que iria fazer mais um teste?- perguntou retoricamente.- Então, estava eu conversando com um pessoal antes de vir aqui me encontrar com vocês e esse mágico aparelho chamado celular tocou.

–E?- Cosette instigou

–E eu passei!- gritou,sua voz ficando estridente enquanto pulava e atraia olhares das pessoas ao redor.

–AAAH!-Cosette se levantou abraçando a amiga enquanto ela também gritava,logo Courfeyrac se levantou e começou a imitá-las enquanto gritavam,pulavam e se abraçavam.

–Eu to tão feliz que... eu poderia até explodir. Não acredito que eu tenho um trabalho como atriz. Mal posso esperar para começar.

–Que peça que é?- Enjolras perguntou calmo,o rosto sem expressão,por mais que estivesse feliz por Éponine. Ela ao ver a expressão do namorado ficou sem graça e colocou os cabelos atrás da orelha.

–É uma produção independente do Pequeno Principe.- respondeu se sentando entre Joly e Jehan.

–Que personagem você vai ser?- Joly perguntou enquanto limpava uma maçã. Éponine hesitou um pouco antes de responder,roubando uma batata frita de Courfeyrac.

–Eu sou... a substituta da atriz que vai fazer a rosa.- respondeu sem graça, como se revelar aquele fato fosse a fazer se sentir inferior.- E de todos que tiverem um problema.Mas é uma ótima oportunidade,porque se der certo aqui em Paris, a companhia vai levar a peça para outras cidades.- explicou rapidamente.

–Hey.- Jehan a chamou passando o braço pelos ombros dela.- Estamos muito felizes por você.

–É... não dá para começar sempre do topo.- Cosette adicionou.- Tem que ser um degrau de cada vez. Como você sempre diz? “Todos os grandes atores começaram com pequenos papeis ou apenas passando atrás sem dizer nada.”

–Verdade.- Éponine voltou a sorrir enquanto concordava.- Os ensaios vão começar na semana que vem e então minha vida vai virar uma loucura! Mal posso esperar. Faculdade pela manhã, ensaio pela tarde e pela noite meu trabalho. Dá para acreditar que mal vou ter tempo para comer e irei ter que viver a base de café? Isso é um sonho se tornando realidade.- se jogou em Joly que fez cara de nojo a jogando com o ombro para Jehan,enquanto a garota continuava de olhos fechados.

–Que sonho mais estranho.- comentou Combeferre.- Triste saber que minha esposa...- “esposa” era a palavra preferida no vocabulário de Combeferre nos últimos tempos. Ele não conseguia mais dizer Augustinne, era “minha esposa” ou “minha mulher”- vai querer esse tipo de vida também. Não criticando- se apressou em dizer.- É só que... vamos ter um filho e...

–A gente entendeu, Combeferre.- Marius o cortou antes que piorasse a situação.- Agora devemos discutir o assunto Grantaire.

–Podemos fingir que esquecemos.- Cosette sugeriu animada. Os rapazes trocaram olhares entre si e riram.- O que foi?

–Nós fazemos isso todo ano. Sempre esquecemos de verdade que é aniversario dele.- explicou Marius,que recebeu um olhar de reprovação de Éponine e Cosette.

–Se alguém esquece seu aniversario, você já sai chorando não é bebezão?- Éponine disse com os olhos cerrado, fazendo Marius se sentir desconfortável.

–Isso não é verdade.- rebateu indignado.

–Não.- concordou Éponine sarcástica, revirando os olhos e logo em seguida fazendo uma cara de choro.- “Cosette esqueceu meu aniversario... Por...Por que você acha que ela fez isso? Se...será que não sou importante para ela? Po..Po..nine eu a amo tanto”.

–Isso só foi uma vez!- respondeu bravo.- Tudo bem.- elevou a voz quando viu que Éponine estava prestes a começar novamente.

–O que mudou dessa vez?- Cosette perguntou ignorando o marido e amiga que começaram a se acertar com o salgadinho que Courfeyrac tinha comprado e deixado na mesa.

–A grande estrela colada nos calendários na nossas casas marcando o dia 12.- explicou Jehan bebericando o suco.

–Muito bem... A festa vai ser na casa do Jehan.- Éponine olhou para o amigo que confirmou com a cabeça.- Cosette e Jehan cuidam da decoração. Courfeyrac e Combeferre das bebidas. Joly e Marius ficam responsáveis pelo transporte do que for necessário e Enjolras e eu cuidamos da comida.- terminou de distribuir as tarefas olhando para os Amis,vendo se alguém iria protestar contra o que fora destinado a fazer.

–Éponine cuida da comida, porque é ruim que o Enjolras vai ver isso.- Courfeyrac murmurou alto o suficiente para que o amigo escutasse. Não se importou,afinal tinha coisas mais importantes que uma festa surpresa para preparar e sabia que Éponine o tinha colocado com ela exatamente por saber que ele não faria a tarefa.

–Bom... hora de voltarmos para nossas tarefas do dia. Até.- Éponine se levantou e saiu andando entre os estudantes que também se levantavam e voltavam aos seus afazeres.

[...]

Enjolras escutou três batidas rápida e impaciente na porta do seu apartamento. Sabia que era Éponine mas a deixou batendo, ela tinha a chave do apartamento.

Depois de uns minutos ele pode ouvir a porta sendo destrancada.

–Por que não atendeu a porta?- quis saber Éponine com as mãos na cintura.

–Porque você tem a chave.- respondeu Enjolras sem olhar para a garota.

–Mas sabe, seria legal se você atendesse a porta.- Éponine falou irritada,até que encarou o namorado de verdade.- Por que raios você não está arrumado?

–Não vou -respondeu ainda lendo o livro que tinha aberto na sua frente e depois passando os olhos para o notebook que estava ligado,logo em seguida fazendo uma anotação.

–Como assim não vai? É a festa do Grantaire. Seu amigo.

–Eu sei, Éponine.- respondeu bravo,elevando a voz e olhando-a de uma maneira furiosa por estar atrapalhando.- Mas eu tenho esse trabalho para fazer e estou tendo dificuldade, então por favor.- pediu tentando se acalmar.

Éponine bufou.

–Você pode fazer isso depois.- falou puxando-o pelo braço.

–Mas que inferno, Éponine!- gritou batendo na mesa,assustando a garota que engoliu em seco.- Não,eu não posso. Não tenho tempo e não sou como você que não faz merda nenhuma a porcaria do dia e ainda assim quer que acreditamos que você é muito ocupada.- ele parou respirando fundo e voltando sua atenção para seu trabalho. Éponine continuou parada onde estava,ainda sem reação,os olhos ardendo por ter sido tratada daquele jeito por Enjolras. Ela jurava que ele iria batê-la. Enjolras não se virou para pedir desculpas.

Éponine se recompôs, não seria ela a brigar dessa vez e bater a porta.

–Do que é o trabalho?... talvez eu possa te ajudar.- falou com a voz baixa,se aproximando do namorado devagar,ainda com medo. Enjolras soltou uma risada sem humor.

–Duvido que você possa me ajudar.

–Ei. Eu faço teatro, não sou burra.- respondeu começando a ficar irritada. Não queria ser a que iria sair batendo a porta,mas se o Enjolras continuasse com aquela graça,não via outra coisa acontecendo.

–Tudo bem,então. Tente.- Enjolras mostrou os papeis encima da mesa.

–Merci.- Éponine falou se aproximando e lendo.- Antígona... ela significa o direito natural,enquanto Creonte o direito do estado.- respondeu depois de uns minutos lendo rapidamente o texto.- Viu só? Não é tão difícil. Agora vá se arrumar.- se afastou, a voz amarga.

–Você conhece?- Enjolras perguntou surpreso.

Éponine revirou os olhos.

–Não,não. Inventei para você parar de putaria.- seu rosto era uma carranca de irritação.- Claro né,Enjolras. Antígona faz parte da tragédia grega, estudamos isso no teatro,porque sempre essas histórias tem algo para se tirar do comportamento humano. Nessa caso Antígona representa o direito natural,porque mesmo tendo sido proibido enterrar seu irmão,ela o enterrou porque era o certo e o que ele merecia. Ela seguiu seus instintos sobre o que é certo ou errado. Esse é o direito natural.

Enjolras a encarou com certa admiração. Depois se sentiu envergonhado por ter explodido com ela. Éponine estava falando de forma ríspida, quase fria e ele podia jurar que faltava pouco para ela sair batendo a porta.

–Você... você poderia me explicar melhor a história? Agora.- pediu sem jeito. Éponine respirou fundo e soltou em um suspiro pesado e cansado,enquanto fechava os olhos.

–Se eu contar você por favor, vai se arrumar para ir a festa do Grantaire?- perguntou já se cansando daquilo. Tinham que chegar cedo para que ela pudesse ajudar Cosette e Jehan de arrumarem tudo, antes que Courfeyrac chegasse com Grantaire.

–Depende do jeito que você contar.- Enjolras respondeu dando um leve sorriso para Éponine.

–Adoro um publico critico.- concordou deixando a bolsa no sofá.- Muito bem para entender temos que começar pela história de Édipo, que depois foi estudada por Freud,mas não vamos entrar nisso agora.- Éponine respirou fundo,se chacoalhou de olhos fechado e fingiu puxar um fio de dentro de si.- Um dia o rei Laio recebeu a visita de uma bruxa que teria um recado sobre seu futuro. “Você será assassinado pelo seu próprio filho,que logo após ira se casar com sua esposa, mãe dele.”- ela fez uma voz imitando uma velha.- O rei para evitar que isso realmente acontecesse, decidiu assim que a criança nasceu abandoná-lo, colocando prego nos pés para que morresse. Mas um pastor o encontrou e deu o nome a ele de Edipos,logo ele foi adotado pelo rei de Corinto. Querendo saber sobre o seu passado fora consultar a mesma bruxa que alertara seu pai, assim recebendo a mesma mensagem da bruxa,que sei pai,Laio recebera. Porém Édipo não sabe que é adotado e foge,acreditando que trata dos pais adotivos. Mas ao fugir se depara com uma guerra,ao qual ele participa e assim acaba por matar o líder, que é Laio seu pai. Ele vai até Tebas,decifra o enigma da Esfinge,livrando a cidade das ameaças,ganhando assim o trono e a mão da rainha. Nota: ele entrega a cabeça de Laio para a rainha e ela se encanta pela coragem do jovem Édipo. Anos e anos depois a cidade é castigada por uma peste e para saber como vão resolver essa situação vão até a bruxa que alertara Laio e Édipo em busca de conselhos. Nesse dia descobrem ser mãe e filho. Jocasta se suicida e Édipo fura os próprios olhos, se castigando por não ter reconhecido a própria mãe.-finaliza Éponine.

Enjolras está com a testa franzida.

–Isso é doentio... Mas onde entra a Antígona nessa história?

–Por isso psicanalista estudam Édipo rei. Para entender porque as crianças desenvolvem sentimentos sexuais pelos pais em uma certa idade... mas chegando a Antígona que não temos tempo.

–Por favor.

–Do casamento de Jocasta e Édipo nasceram quatro crianças. Duas meninas: Ismena e Antígona e dois rapazes: Éteocles e Polinices. Quando Édipo de exilou seus dois filhos homens decidiram dividir o poder. Mas Creonte é o tio deles e está de olho no poder e coloca um irmão contra o outro. Éteocles é morto em batalha,assim como Polinices. Mas Éteocles é sepultado com honras militares,enquanto Creonte manda que Polinices não seja sepultado para assim os animais comessem seus restos e ele nunca alcançar a paz eterna. Mas Antígona não concorda com as ordens do tio e cava um buraco,assim enterrando seu irmão. Creonte ao descobrir pergunta a ela porque fez isso e ela responde que não aceitava o decreto e acreditava ter feito o que era certo. Creonte muito puto da vida por ter sido desobedecido, manda Antígona ser emparedada, castigo que ela aceita por reconhecer que desafiou as leias do estado, ela é presa a uma parede deixada para morrer de inanição. O filho de Creonte que é o novo rei,era noivo de Antígona e ao saber vai de encontro a amada,já a encontrando morta. Ele se mata,depois ao saber da noticia a mãe dele também se mata. Creonte assim fica sozinho pois perdeu todos em busca do poder. Fim.- terminou sua apresentação para Enjolras,agradecendo quando ele a aplaudiu.- E então? Fui boa?- perguntou esperançosa.

–Você sabe contar uma história.- elogiou.

–Você vai?- Éponine quis saber exasperada. Enjolras riu.

–Vou. Só me deixe anotar aqui ou vou acabar me esquecendo...

–Tudo bem. Anote.

–Então a história de Antígona mostra que no final uma vitória do direito natural sobre o direito do estado. A historia quer que pensemos em grandes polemicas em que diz respeito e entre Direito e Moral. A história é capaz de mostrar a tensão que diferentes forças normativas e vontades individuais podem produzir na sociedade.- Enjolras leu para Éponine a anotação que tinha feito.

–Isso! Não escolheria palavras melhores. Agora você pode por favor ir se arrumar?- implorou Éponine mudando o peso do corpo para o outro pé. Enjolras se levantou e a puxou para um beijo.- Hmm... uau. Vou te ajudar mais vezes se eu for receber beijos desse tipo.

–Me desculpe pelo que eu falei.- Éponine fez um gesto de “esquece”.- Não é sério. Eu estava nervoso, eu não quis ofender você.

–Quis sim.- Éponine respondeu se afastando dele e se sentando no sofá.- Mas decidi que não vou mais me importar com isso, porque você sempre vai tacar isso na minha cara em qualquer discussão que tivermos ou quando você estiver estressado. Entendo que você fique estressado com trabalhos da faculdade. Eu também fico. Mas você sempre vai continuar tacando na minha cara que acha que meu trabalho é inferior ao seu.

–Isso não é ver...

–Vá se trocar.- Éponine mandou mordendo o lábio inferior e se virando para ligar a TV enquanto Enjolras ficou ali mais uns momentos encarando a cabeça da namorada que acariciava o gato que tinha ido feliz se sentar no colo dela, finalmente se virou e foi para seu quarto tomar um banho e se arrumar para a festa do amigo.