Um Courfeyrac apareceu correndo, o zíper da calça aberta.

–Enjolras. Banheiro. Agora.- ele tomou fôlego . Todos olhavam com curiosidade para Courfeyrac.- Marius. Com. Problema.- disse finalmente.

Todos se entreolharam.

–O que aconteceu com meu marido?- Cosette quis saber com as mãos na cintura.- Vamos, me diga.

Courfeyrac levantou a mão para calá-la.

–Coisa de homem. E ao menos que você tenha um pinto no meio das pernas e que não tenhamos consciência, você não pode ajudar.

Cosette abriu a boca e cerrou os olhos,não acreditando no que estava ouvindo.

–Mas é meu marido e tenho o direito de saber!

–Mas você não tem pinto!- ele rebateu novamente ficando nervoso. Era tão difícil assim ela entender que não poderia entender a dor, por isso não podia explicar o que estava acontecendo? Ou ele deveria dizer que Marius implorou e o subornou para que não contasse a esposa o que estava acontecendo no banheiro?- Olha, Cosette. Você é uma mulher linda e delicada, o banheiro masculino não é lugar para você. Deixe que Enjolras, Jehan, Joly e eu resolvemos isso, sim?- pediu, rezando para que ela facilitasse as coisas.

–Tudo bem.- Cosette disse por fim.- Mas se eu não tiver noticias do que aconteceu em 30 minutos eu vou entrar lá.- ela ameaçou,apontando para o banheiro.

–Damos noticias assim que possível.- Courfeyrac segurou os ombros de Cosette e saiu em direção ao banheiro, chamando os amigo. Éponine olhou sugestivamente para Enjolras que deu de ombros e depositou um beijo rápido nos lábios da namorada,seguindo Courfeyrac até o banheiro,junto com os outros.

–Você já percebeu...- começou Cosette quando eles sumiram dentro do banheiro.- Que sempre dá alguma merda quando saímos todos juntos?

Éponine ponderou um pouco.

–Só quando tem bebida envolvida.- Éponine respondeu por fim.- Falando nisso... vamos beber alguma coisa? Já que Augustinne e Combeferre sumiram.

–Deixem eles. Vocês viram como ele olhou para ela?- perguntou Caitlyn com um ar de sonhadora.- Foi muito fofo! Eu sei que o momento não era meu,mas eu queria congelar só para ficar observando eles eternamente e em como estavam se olhando. Eles realmente se amam.

–Céus, Lyn! Você ta passando muito tempo com o Jehan. Já era assim, agora ta pior.- Éponine falou murmurando e revirando os olhos.

–Sinto falta de começo de namoro.- Cosette comentou.- Eu sei que os dois já namoravam,mas é como se eles estivessem começando tudo de novo, então vai ser a mesma coisa.

–O que quer dizer?- Lyn perguntou enquanto se sentava na mesa, esperando as bebidas que Éponine tinha ido pedir chegar.

– Quero dizer que... em inicio de namoro,tem aquele fogo intenso,sabe? Você quer ficar o tempo todo com a pessoa, em todos os lugares e fica pensando na pessoa e tudo é lindo,colorido e perfeito. Você acha que vocês são para sempre e o casal mais lindo do mundo... Porém,depois de um tempo, não tem mais isso e você começa a se cansar, até que termina.- ela termina de explicar,virando o copo de vodca que o garçom havia acabado de colocar na sua frente.

Caitlyn pareceu confusa.

–Mas... isso não aconteceu com você e com Marius. Olhe só! Vocês estão casados e felizes. Vocês estão felizes, não estão?

Cosette suspirou,os ombros caídos.

–Não sei mais de nada. Eu amo Marius, mas já não sei se foi uma boa ideia nos casarmos, acho que deveria ter esperado um pouco mais, sabem? Para ver ele é mesmo a pessoa certa para mim e...- Cosette foi interrompida por um tapa de Éponine em seu rosto.

–Para de falar merda.- pediu Éponine antes que Cosette se recuperasse do choque.- Você sabe que vocês são perfeitos juntos. O Marius pode agir igual uma mulher as vezes,mas isso não importa. Vocês são o casal mel com açúcar mais perfeito que existe. Então cala a boca.

Cosette fechou a cara,massageando o lugar onde Éponine a havia batido. Já deveria estar acostumada, mas nunca nos acostumamos apanhar, é uma das coisas mais humilhantes que existe. Porém, Éponine sempre fazia isso,quando Cosette começava a falar coisas que era considerada uma coisa nada a ver. Já havia conversado sobre isso,mas Éponine havia dito que era um jeito de “fazer ela ver como estava sendo ridicula”, então foi nesse dia que Cosette começou a chutar a canela de Éponine, mas fazia tanto tempo que não levava um tapa na cara que tinha se esquecido do seu jeito de se vingar.

–Me desculpe.- pediu Éponine por fim, puxando o rosto da amiga para dar um beijo.- Deixo você dar um chute bem dado depois.

[...]

–O que ta acontecendo?- perguntou Enjolras ao entrar no banheiro, logo escutou um choro baixinho.- Marius?- se aproximou da cabine que estava fechada.

–Está tudo bem?- Jehan se aproximou também tentando abrir a porta.- Abre a porta.

–Não.- Marius respondeu,com uma voz agoniada.

–Estamos aqui para ajudar,e não tem como ajudar se não abrir a porta.- Joly chegou perto também.

–É humilhante demais. Vão embora e me deixem morrer aqui!

–Marius para de drama. Por que está chorando?- Enjolras perguntou começando a perder a paciência.- Afinal não temos a noite inteira para ficar aqui.

–Otimo, vão embora.

Enjolras respirou fundo.

–Nos diga o que aconteceu. Somos seus amigos, nos importamos com você, caso contrario não estaríamos aqui.- Jehan disse.- Afinal não deve ser pior do que aconteceu na sua despedida de solteiro.

–Vamos Marius. Nos deixe ver seu pênis.- Courfeyrac gritou, enquanto batia na porta.- Mostre seu pipi para gente.

Neste momento ouviram a porta abrindo e se viraram encontrando um velho olhando assustado para eles.

–Ele é nosso amigo...- Enjolras tentou explicar,mas o velho saiu correndo.- Ótimo! Agora vamos ser conhecidos como os tarados do banheiro. Marius abre essa porra dessa porta e nos deixe ver seu pênis logo.- falou bravo, quando abriram a porta novamente.

–Posso ver o pênis também?- perguntou um cara que estava usando uma camisa rosa,quase fluorescente.- Adoogo um pênis.

–Sai daqui antes que eu quebre sua cara.- Courfeyrac fechou seu rosto em uma carranca e foi para cima do rapaz que saiu correndo.- Marius seu viado,abre isso senão vou arrombar.

–Cara toma cuidado com as palavras.- pediu Jehan.- daqui a pouco vão achar que somos... gays.

–Vou chamar a Cosette se você não abrir a porta.- chantageou Enjolras.

–Isso não.- Marius se desesperou.- Prometem não rir?

–Prometemos.- falaram todos juntos.

Marius abriu a porta devagar,o rosto vermelho manchado de lágrimas.

–O que aconteceu?- perguntou novamente Joly.

–Eu... eu...estava...distraido e...- Marius se segurou para nova onda de choro que ameaçou vir.- Prendi... no zíper.- falou tirando a mão da frente.

Enjolras arregalou os olhos e jurava que estava sentindo a dor que Marius estava. Naquele momento perdeu o ar,como se fosse no dele. Viu como o amigo era forte,porque aquilo deveria estar doendo muito.

–Co...como... você fez isso?- Joly questionou quando se recuperou do choque.

–Eu não sei. Eu estava lendo a pichação da parede e fui subir o zíper e...- voltou a chorar.

–Calma, vamos dar um jeito nisso. Não se preocupe.- Joly garantiu.- Vão chamar o Grantaire e peça que ele traga as bebidas mais forte que ele conheça.

Courfeyrac saiu correndo do banheiro. Tinha que buscar Grantaire e nesse meio tempo inventar uma desculpa para Cosette não ir até lá.

–Muito bem... como você conseguiu essa façanha? Como conseguiu prender seu... e a cueca?- perguntou Joly tentando entender. Sua primeira reação foi querer correr com Marius para o hospital mais próximo,porém sabia que o amigo não iria querer sair dali. Então teria que pensar como um médico sem ajuda de objetos limpos.

Marius ficou ainda mais vermelho.

–Eu... eu não estou usando cueca.- confessou em um murmuro.

–Como não está usando cueca?- Enjolras questionou perplexo. Não era o tipo que gostava de sentir liberdade nas partes baixas e não conseguia ficar sem cueca mais que o necessário.

–Não gosto. Aquilo me aperta, não deixa respirar o... você sabe o baby Pontmercy.

– E é por causa disso que ele ta preso no zíper da sua calça. Não teria acontecido se você estivesse com uma cueca.

Courfeyrac entrou acompanhado de Grantaire, cada um com duas garrafas de bebida nas mãos.

–Quando me contaram eu não acreditei... – Grantaire falou se aproximando e abaixando para olhar enquanto ria .- Isso deve ter doido demais. Ótima ideia de usar bebida para sedar ele, sempre funciona comigo. Depois de uns copos você não vai sentir nada quando formos abrir o zíper.

–Abrir o zíper?- perguntaram em coro de olhos arregalados.

Grantaire deu de ombros.

–Como vocês esperavam fazer isso? Vamos beber!- gritou abrindo uma garrafa e levando a boca.

–Vocês vão beber comigo?- Marius olhou para Enjolras, Joly e Jehan. Não era exatamente o que eles queriam,mas Jehan sorriu.

–Claro, Marius. Vamos beber com você.

–Cosette?- Marius se lembrou.

–Tudo bem. Eu disse para ela que estamos tentando invocar a loira do banheiro. Ela não vai vir aqui enquanto não sairmos.- respondeu se sentindo muito inteligente com sua desculpas.

–E ela acreditou?- Enjolras parecia cético. Tinha certeza que em poucos momentos Cosette apareceria ali descobrindo tudo. Porém Courfeyrac deu de ombros.

–Ela estava bebendo. Duvido muito que tenha prestado atenção no que eu falei ou que se lembre que estamos aqui.

Se sentaram no chão do banheiro e começaram a beber, trocando entre si as garrafas, fazendo algum comentário,rindo e voltando a entornar a garrafa na boca. Joly era o único que se recusou a fazer aquilo, dizendo que deveria estar sóbrio quando fosse tentar liberar o colega de Marius.

–Um brinde ao pênis do Marius!- Courfeyrac levantou a a garrafa, ouviram a porta abrir timidamente e olharam.

–Posso brindar ao pênis também?- o mesmo rapaz que havia estado mais cedo no banheiro apareceu. Ele olhou para Courfeyrac que tinha um olhar assassino.- Não? Tudo bem, volto mais tarde.- e saiu correndo fazendo os amigos rirem.

–A primeira vez que isso me aconteceu...- começou Grantaire fechando os olhos e colocando o indicador sobre os lábios.- eu tava assistindo desenho. Minha avó teve que me levar para o hospital.- ele riu ao se lembrar.- Implorei para que ela não contasse para ninguém... e adivinha o que ela fez assim que entramos no taxi?

–Ela contou?- sugeriu ,Marius que já tinha a fala toda enrolada. Grantaire assentiu com a cabeça ,chacoalhando-a com força.

–A velha contou. “Vê se eu mereço? Essa hora da manhã e o moleque prende o pipiuzinho no zíper”.- fez uma voz de velho,tentando imitar.- Chegamos ao hospital e ela gritou para toda recepção... todos olharam.- contava como se estivesse se sentindo infeliz,por mais que tivesse um ar de riso.- Me levaram para microcirurgia, me anestesiaram e mesmo assim não sabiam como tirar de lá. No final deram um puxão.- concluiu.- Por isso odeio médicos. Principalmente os urologistas. Eles dizem que querem o seu bem,mas quando estão enfiando o dedo no seu rabo estão rindo internamente.

Marius estava chorando e jogou os braços no pescoço de Grantaire.

–Muito linda sua história de vida. Você...- falou apontando o dedo no peito de Grantaire e com a outra segurava o pescoço do amigo a centímetros do seu rosto.- Você é um herói. Um exemplo de vida. Nunca... nunca mesmo se esqueça disso, não importa o que digam. Você é o meu herói!

–É... acho que a bebida já fez efeito.- Grantaire comentou enquanto dava tapinha nas costas do amigo que continuava murmurando como que a vida seria chata se ele não estivesse ali.

–Muito bem. Segurem Marius de pé.- pediu Joly. Imediatamente Enjolras e Courfeyrac ajudaram a levantar o amigo.

Joly se agachou e pegou o zíper tentando puxar,mas Marius,mesmo estando bêbado gemeu de dor. Fez mais algumas tentativas mas não teve sucesso.

–Jehan.- chamou.- Veja no bar se eles tem uma tesoura. Podemos cortar aqui e assim vai abrir.- Jehan assentiu e saiu do banheiro.- Calma meu amigo, só mais um pouco.- Joly sussurrou.

Depois de um tempo Jehan voltou com uma tesoura. Quando foi pedir ao barman, este o olhou de maneira estranha e quis sabe para que ele queria a tesoura. Jehan teve que explicar toda a história. O homem riu e entregou dizendo “boa sorte”.

–Faz o favor de cortar isso logo.- Enjolras já estava impaciente. Começava a sentir a cabeça doendo e não tinha gostado da ideia de passar a noite bebendo no chão de um banheiro de bar.

–Estou. Tentando. Mas. Não. Consigo.- Joly falava com dificuldade enquanto tentava cortar o tecido do jeans.

Grantaire revirou os olhos e empurrou Joly.

–Dá licença que é assim que se faz.- pegou o zíper dando um puxão para baixo. Marius soltou um grito que teve certeza que a Dinamarca inteira teria escutado.

[...]

Cosette estava com a testa encostada na mesa e de súbito levantou cerrando os olhos e parecendo querer ouvir algo.

–Tudo bem, Cosette?- perguntou Éponine vendo a agitação da amiga.

–Juro que eu ouvi o Marius gritando.- falou. Éponine ficou quieta como se isso pudesse a fazer ouvir além da barulheira que estava o lugar.

–Não ouvi nada.

–Nem eu.- Caitlyn começou a correr os olhos pelo lugar a procura de Marius.- Deve ter sido sua imaginação.

–Ou não. Onde estão os rapazes?- Cosette questionou se levantando.

–A última vez que eu os vi, eles estavam indo para o banheiro.

–Quem estava indo para o banheiro?- Enjolras perguntou aparecendo atrás da Éponine.

–Vocês, e ficaram lá o maior tempão.

Enjolras riu.

–Não. Estávamos ali naquele canto conversando o tempo todo.- apontou para onde os amigos estava, junto com um Marius que tentava esconder a careta de dor.

–Não estavam ,não.- Caitlyn disse sem acreditar.

–Vocês que não nos viram. Mas viemos chamar vocês para irem embora.

As três se entreolharam e deram de ombros deixando dinheiro da bebida encima da mesa. Cosette e Caitlyn passaram mas Éponine continuou sentada olhando para Enjolras,os olhos semicerrados.

–Que foi?

–Não acredito em você.- falou.- Onde vocês estavam?- perguntou séria.

–Ali. O tempo todo.- Enjolras respondeu,sem segurar uma risada que escapou involuntária de sua boca. Ele a tampou,mas uma onda de risadas o atingiu. Éponine inclinou a cabeça olhando para o namorado, ficou de pé e o cheirou.

–Você está bêbado!- acusou.

–Não.- Enjolras falou tentando ficar sério.

–Está sim!

–Não.- respondeu novamente,começando a imitar a expressão que Éponine estava. Ela revirou os olhos e ele imitou o gesto novamente.

–Vamos embora.- Éponine o puxou pelo braço sem dizer mais nada enquanto Enjolras cantava alguma musica muito alto e sem sentido algum.

[...]

Enjolras abriu os olhos lentamente e logo a claridade lhe atingiu em cheio fazendo- o sentir dor. Sua cabeça parecia que tinha sido atingida por uma bola de chumbo.

Abriu novamente os olhos, ignorando a dor e olhou ao redor. Estava deitado no sofá em uma sala, procurou por Éponine que estava dormindo encolhida no chão em um colchão improvisado feito de cobertas. Marius e Cosette estavam dividindo um colchão de solteiro. Caitlyn dormia sentada em uma poltrona, enquanto Jehan estava deitado no chão a lado. Encontrou Grantaire dormindo atrás do sofá onde estava deitado e não sabia onde estava Joly e Courfeyrac.

Tentou se lembrar da noite anterior e não gostou quando foi atingido pelas imagens. Havia discutido com Éponine antes de entrarem na casa... olhou novamente ao redor e viu uma foto de Augustinne , logo deduziu que estavam de visitas na casa dos pais dela.

Se sentou e sentiu a garganta seca. Precisava de água. Ao se levantar escutou alguma coisa caindo e ao olhar,viu que eram dois comprimidos brancos,provavelmente para dor de cabeça. Éponine devia ter deixado por perto,sabendo que ele acordaria mal. Enjolras se sentiu péssimo por ter brigado com a garota,nem se lembrava qual era o motivo.

Foi até a cozinha,com o corpo dolorido e encheu um copo d’água. A sensação que teve ao sentir a água descendo pela sua garganta foi indescritível. Encheu outro copo e encostou na pia,aproveitando do silêncio que estava a casa. Mas não durou muito até que ouviu gritos e saiu correndo em direção a sala.

Ao chegar encontrou Éponine acordando sobressaltada puxando uma faca debaixo do travesseiro e tentando achar a causa dos gritos. Os outros despertaram logo,sem entender nada. Éponine se levantou ainda segurando a faca junto ao peito.

–Está vindo lá de cima.- ela disse apontando e tomando a frente para ir ver o que estava acontecendo

–Tome cuidado.- Cosette pediu ficando de pé e agarrando um vaso que estava em uma mesinha.

Os outros seguiram Éponine cuidadosamente escada acima, até que duas pessoas saíram correndo de um quarto, fazendo os outros se assustarem e gritarem. Cosette tacou o vaso em alguém e saiu correndo,derrubando quem estava atrás de si. Éponine ficou brandindo a faca enquanto gritava. Augustinne e Combeferre abriram a porta e olharam a cena sem entender.

–ÉPONINE PORQUE VOCÊ TA COM ESSA FACA?- gritou Courfeyrac desesperado ao perceber que a amiga o estava prendendo contra a parede.

Ela parou de gritar e olhou para a faca e depois para Courfeyrac que estava nu. Logo suas feições ficaram duras.

–O que você pensa que ta fazendo?- perguntou irritada abaixando a faca.

–Eu é que tenho que perguntar o que você ta fazendo com essa faca.- rebateu apavorado.

–Mon Dieu! O que eu fiz?- Cosette perguntou ao olhar Joly caído no chão e um galo na cabeça.- Joguei o vaso nele sem querer.- se abaixou dando tapinhas de leve no rosto de Joly,com esperança de acordá-lo.

–Que tal contar o que ta acontecendo aqui?- Combeferre pediu saindo do quarto e se juntando ao grupo.

–Adorei o modelito Grécia antiga, Combeferre.- Grantaire comentou apontando para o lençol que o amigo usava amarrado na cintura.

–Ah, ele está acordando!- exclamou Cosette aliviada enquanto ajudava Joly a se sentar.

Ele olhou sem entender para todos até que seu olhar caiu sobre Courfeyrac e recomeçou a gritar.

–CALEM A BOCA!.- gritou Éponine perdendo a boa.- Diga, Joly o que aconteceu.

–Eu... eu não sei bem...

–Vocês transaram?- Grantaire perguntou com naturalidade.- Sem preconceitos aqui,só para que fiquem sabendo.

–NÃO.- Courfeyrac e Joly responderam juntos.

–Então como se explica vocês dois... bem...nús?

–Esse tarado do Courfeyrac invadiu o banheiro bem quando eu estava... vocês sabem. Tomando banho. Pedi para ele saiu, ele riu e começou a fazer as necessidades dele. Na minha frente!

–Ah você falando assim até parece que eu estava sujando a porcelana. Eu estava mijando.- Courfeyrac se defendeu.

–Em mim!

Courfeyrac deu de ombros e um sorriso surgiu nos seus lábios.

–Bem... nunca fui bom de mira.

–Tudo isso...- Éponine começou.- Por causa disso? Vocês quase mataram todo mundo de susto. Façam as pazes.

–Não.- respondeu Joly virando de costas.

–Peça desculpa Courfeyrac.

Courfeyrac hesitou um pouco.

–Tudo bem. Desculpe,Joly.

–Isso agora se abracem.- pediu Grantaire. Courfeyrac abriu os braços e Joly saiu correndo.

–Muito bem, show acabou. Vão se vestir... E isso é para você também Courfeyrac.- Éponine apontou ao se virar para descer.

–Depois dessa os pais de Augustinne vão nos expulsar de casa.- Caitlyn comentou enquanto se sentava na poltrona.

–Para nossa sorte eles não dormiram em casa.- Éponine respondeu enquanto se agachava dobrando as cobertas.

–Eu vou ir pegar os cacos do vidro que eu quebrei.- Cosette avisou subindo com a vassoura e a pá.

–Cuidado para não se cortar.- Éponine gritou, seu olhar caiu sobre Marius que estava sentando infeliz.- O que aconteceu Marius? Diga o que lhe aflige.

Marius trocou um olhar rápido e nervoso com os amigos que estavam na sala, porém rapidamente forçou um sorriso.

–Nada. Só estou com um pouco de ressaca.

Éponine olhou para ele desconfiada mas por fim deu de ombros.

–Vou preparar o café da manhã.- anunciou indo para cozinha.

–Muito obrigado por ontem.- Marius sussurrou rapidamente, sua voz carregada de gratidão.

–Você faria a mesma coisa por nós.- Jehan lhe falou enquanto ia ajeitando a sala.- Mas está melhor?- perguntou com a voz ainda baixa,não querendo que Caitlyn ou alguma das garotas escutassem.

–Ainda esta doendo muito e... não creio que serei capaz de ir ao banheiro tão cedo.

–Bobagem.- Grantaire usou seu tom de voz normal.- Seu pinto ainda é usável. Não se preocupe.

Marius arregalou os olhos ao ouvir Cosette descendo. Ela poderia muito bem ter ouvido o que Grantaire tinha acabado de falar.

–Éponine o que onde eu coloco os cacos?- Cosette passou por eles alheia a conversa.

–Ta ficando louco Grantaire? E se a Cosette escutasse?- Marius questionou irritado.

–Fácil. Você conta a verdade para ela.- respondeu dando de ombros.

–Bom dia!- Augustinne os cumprimentou animada enquanto descia a escada acompanhada de Combeferre.- Tudo bem?

–Tudo ótimo. E vocês casal?- perguntou Jehan com um sorriso no rosto. Combeferre puxou Augustinne pela cintura depositando um beijo no topo da cabeça dela e sorriu.

–Estamos muito bem. Onde está Éponine. Preciso agradecê-la eternamente por ter me ajudado.- Combeferre olhou para Enjolras que apontou para a cozinha.

Minutos depois Caitlyn foi chamá-los para tomar café da manhã. A cozinha foi pequena para tantas pessoas mas ninguém se importou. Cada espaço era preenchido por uma risada,uma conversa,uma piada. Uma careta daqueles que estavam com dor de cabeça,logo acompanhado de um sorriso.

Enjolras ficava observando enquanto estava encostado na pia,com a xícara de café nas mãos,enquanto Éponine e Grantaire faziam uma imitação de alguém que encontraram na noite anterior. Observou como Combeferre olhava para Augustinne sentada em seu colo,como ele colocava as mãos na saliência que era a barriga dela para proteger tanto ela,como a criança que estava ali. Observava como Marius colocava a comida na boca de Cosette e como ela retribuía,cada sorriso ou tentativa de morder a mão do marido.

Começou a olhar para Joly,que checava as datas de validade de cada pacote que encontrava. Courfeyrac que colocava um pãozinho atrás do outro na boca. Jehan e Caitlyn sentados lado a lado,rindo do que Éponine e Grantaire fazia.

E enquanto observava tudo, Enjolras percebeu que estava exatamente onde deveria estar. Aproveitando cada momento. Gostava de estar com eles,mas ao mesmo tempo estar de fora,só para poder observar cada gesto e ter a certeza que aquele era seu lugar.

Ele não era o mais engraçado,ou o mais amável dos Amis. Mas naquele momento vendo todos juntos,soube que por mais que eles lhe dessem dor de cabeça,no final do dia seria eles que estariam ao seu lado. Como já estavam do seu lado,mesmo sendo um péssimo amigo.

Percebeu então que seus amigos eram o mais próximo de uma família que ele tinha no momento.

Enjolras é tirado dos seus devaneios com a voz de Grantaire.

–Aposto que ele ta pensando o quanto ele ama a gente.- Grantaire falou,respondendo alguma pergunta feita por alguém.

–O que?- Enjolras perguntou procurando os olhos de Éponine.

–Perguntei se você está se sentindo bem.- ela repetiu.- Fiquei assustada porque você ta com o olhar meio vago ao mesmo tempo que sorria.

–Eu... eu só estava longe.- respondeu dando de ombros.

–Então estávamos falando de ir passar o dia em Copenhague.- Cosette explicou olhando para Enjolras.- Claro vamos pegar um ônibus até lá. Nada de aluguel de carro.- falou dando um olhar torto para Marius que revirou os olhos.

–Claro. Por mim tudo bem.

–Ninguém está pedindo sua opinião, Enjolras. Só estamos lhe avisando que vamos. Se não estivesse tudo bem para você,nós iríamos do mesmo jeito.- Courfeyrac respondeu se levantando e saindo da cozinha.

–Ah.- Augustinne falou de repente.- Minha prima vai dar uma festa hoje a noite. Ela havia me chamado mas até então eu não tinha motivos para sair de casa. Que tal nós irmos?

–Mas ela não vai ficar brava?- pergunta Caitlyn,enquanto Jehan trança seu cabelo.

Augustinne faz que não com a cabeça.

–Quanto mais gente, mais feliz ela fica.

–Então temos uma festa para ir está noite.- comemora Grantaire.- E sabem o que isso significa? Que o papito aqui vai pegar muitas mulheres.- falou e saiu rebolando da cozinha enquanto os que ficaram seguravam a risada.

–Essa eu quero ver.- murmurou Éponine.

–Sabem o que isso me cheira?- perguntou Cosette olhando para os amigos. Joly fingiu cheirar o ar.

–Merda?

–Exatamente.- concordou Cosette e os outros assentiram com a cabeça rindo.

[...]

–Mon Dieu Grantaire! Sai logo desse banheiro!- Courfeyrac estava esmurrando a porta.- Tem mais gente que precisa usar.

–E o quico?- a voz abafada de Grantaire veio de dentro do banheiro.

–Que quico?

–Quico tenho a ver com isso? Eu preciso ficar um gatão para pegar várias gatinhas.

–Grantaire eu vou arrombar essa porta se você não sair agora!- Combeferre apareceu do lado de Courfeyrac esmurrando a porta.

–Nossa Ferre! Como você é uma pessoa delicada- Grantaire falou com uma voz debochada.- Pronto galera,podem usar o banheiro. Já estou cheiroso e irresistível.- parou no batente da porta fazendo uma pose.

–Ta,ta. Sai logo daí que tenho que me arrumar. As garotas já estão quase prontas.- Coufeyrac empurrou Grantaire para fora do banheiro.- Prometo ser breve Combeferre.- prometeu ao fechar a porta.

Éponine,Caitlyn, Cosette estavam no quarto de Augustinne, jogando roupas que encontravam na cama,ou dando sugestões do que cada uma deveria vestir.

–O que acham desse vestido?- perguntou Éponine pegando um vestido vermelho.

–Você usou um vestido vermelho ontem. Por que você não pega esse azul? Você fica tão bem de azul.- Cosette falou jogando um vestido que tirou do meio da bagunça.

–Eu acho que ela tem que usar um branco. Ela fica tão bonequinha quando usa branco.- Caitlyn pegou um branco rendado.- Daí você poderia colocar esse cinto vermelho. O que acha?

–Eu acho que... vou usar esse. Obrigada Lyn.- Éponine agradeceu pegando o vestido da mão da amiga e o separando. Cosette revirou os olhos e murmurou fazendo uma careta “Obrigada Lyn”

–AND IIIIIIIIIII WILL ALWAYS LOVE YOUUUU, OHH WILL ALWAYS LOVE YOUUUUUUUUUU.- as quarto olharam para a porta ao ouvir a gritaria. Augustinne foi a primeira a sair.

–Quem aqui está matando um animal?- gritou para os garotos que estavam no corredor.

–Courfeyrac que está tomando banho.- Combeferre explicou irritado.- Cala a boca seu animal!- bateu com toda força na porta.- E saia logo desse banheiro.

Courfeyrac continuou berrando dentro do banheiro,ignorando as batidas na porta. Os pais de Augustinne subiram,assustados com os barulhos vindo do andar de cima.

–Ta todo mundo bem aqui? Tem alguém com dor ou passando mal?- a mãe de Augustinne torceu as mãos olhando para o rosto de todos com um ar de preocupada.

Éponine se limitou a sorrir.

–Está tudo bem. Só nosso amigo que é um péssimo cantor,mas já vamos fazê-lo calar a boca.- garantiu voltando para o quarto e voltando uns minutos depois.

Pediu licença para Combeferre e se agachou, mexendo na fechadura da porta e após algumas tentativas conseguindo abri-la. Entrou sem cerimônia nenhuma. Os amigos ficaram observando em silêncio. Ate que Courfeyrac parou de cantar.

–AAAAAAAAAH ME SOLTA SUA LOUCA!- gritou enquanto era puxado para fora do banheiro sendo puxado pelos cabelos por Éponine.

–Quem é o próximo a tomar banho?- perguntou ainda puxando os cabelos de Courfeyrac que estava choramingando .- Fica quieto.- pediu olhando para o amigo.- e se enrole direito nessa toalha,ainda consigo ver suas coisas.

Combeferre se apressou a entrar no banheiro. Os pais de Augustinne assistiam a cena horrorizados.

–Enjolras,cara. Da um jeito nessa sua namorada.- Courfeyrac suplicou.

Enjolras deu de ombros, o rosto em uma carranca.

–Eu não mando nela.- respondeu por fim.

Éponine olhou para Enjolras e de volta para Courfeyrac.

–Se arrume rápido, ou vou te arrastar para a rua do jeito que você está. Entendido?- perguntou soltando Courfeyrac que saiu correndo para o quarto para se trocar.

Quando as garotas desceram,os garotos já as esperavam,impacientemente. Courfeyrac estava emburrando em um canto. Enjolras e Combeferre conversavam sobre alguma coisa, Jehan e Joly estavam fazendo palavra cruzadas. Grantaire estava conversando com seu reflexo de um espelho enquanto fazia caras.

–Vamos?- Agustinne falou para chamar atenção. Os garotos se levantaram.- Mãe estamos saindo já.- gritou para a cozinha.

–Boa festa e juízo vocês.- gritou de volta.

–Cadê o Marius?- Cosette perguntou ao correr os olhos pela sala.

–Estou aqui.- gritou descendo as escadas enquanto ajeitava a calça.- Estava colocando uma cueca.- explicou e Cosette revirou os olhos murmurando “certas coisas não se falam”.

Augustinne disse que a casa de sua prima não era muito longe, sendo assim poderiam ir andando ao invés de se preocuparem em arrumar um transporte. Sabia que não se importavam em andar,já que quando saiam em Paris, geralmente iam para todo lugar andando.

Jehan estava de mãos dadas com Caitlyn. Grantaire ia treinando suas cantadas para usar na festa. Marius e Cosette iam conversando baixinho entre si,muito mais preocupados em olhar um para o outro que conversar. Combeferre tinha um braço envolta da cintura de Augustinne que ria de alguma coisa que Courfeyrac havia dito para Joly,que estava andando perto deles.

Enjolras e Éponine estavam logo atrás do grupo em silêncio e com uma certa distância. Haviam passado o dia inteiro assim. Éponine provavelmente brava pela discussão que tiveram e Enjolras tentando se lembrar o motivo da briga.

Éponine sentindo o olhar de Enjolras em si, o olhou, encarando, esperando que ele dissesse alguma coisa.

–Você esta linda.- disse por fim. Éponine olhou para o vestido, o alisando e ajeitando o cinto. Esperava que ele dissesse outra coisa.

–Merci. Lyn que escolheu para mim- falou olhando para os amigos logo a frente, pensando seriamente em apertar o passo e juntar a eles,deixando Enjolras para trás. Odiava estar brigada com ele,mas estava esperando que ele pedisse desculpas,já que todas as vezes que brigaram e foi ela quem causou a discussão,havia engolido o orgulho e pedido desculpas.

–Ponine olhe...- começou chegando mais perto dela e segurando mais perto.- Eu não sei por que brigamos, eu não lembro realmente, mas eu sei que não quero mais ficar brigado. Desde que começamos esse namoro,passamos mais tempo brigados do que juntos, então não quero que isso aconteça mais. Me desculpe por ter causado a briga de ontem.- pediu e Éponine o olhou sorrindo, se esticando para dar um beijinho rápido nos lábios do loiro que sorriu aliviado.

–Tudo bem. Eu só queria um pedido de desculpas para voltar a falar com você.

–Por que brigamos afinal?- perguntou realmente curioso.

–Você brigou comigo porque eu mandei você calar a boca, já que você estava fazendo uns barulhos irreconhecíveis,que para você era considerado alguma canção.

–Eu cantei?- perguntou incrédulo. Enjolras nunca cantava, pelo menos não se lembrava de cantar.

Éponine assentiu com a cabeça entrelaçando seu braço no de Enjolras.

–E muito mal se você quer saber. Posso te dar umas aulas se você quiser.- falou rindo e Enjolras a acompanhou.

–Não,muito obrigado.

http://www.youtube.com/watch?v=bA5EOTx4gog

Logo chegaram em frente a uma casa que estava enfeitada e com luzes coloridas vindo de todos os lados. A musica estava muito alta e já se podia ver algumas pessoas bebendo e se pegando.

–Minha prima tem uns gostos meio exóticos. Então não se assustem e cuidado com ela. Tentem não ficar sozinhos no mesmo quarto.- alertou Augustinne quando eles estavam para entrar na casa.

Ao entrarem, todos soltaram uma exclamação ao ver a decoração da sala. Imagens de pessoas nuas em posições sexuais, estatuas em formatos suspeitos e outros enfeites estranhos. Enquanto observavam a sala,uma garota usando alguns panos como roupa apareceu saltitando.

–Augustinne! Fico feliz que tenha vindo.- falou indo a cumprimentar e dando um beijo em sua boca. Cosette se encolheu ao ver aquilo e fez uma cara de nojo. Augustinne empurrou a prima e sorriu sem graça.

–Val!- falou sem graça enquanto a prima sorria.- Trouxe alguns amigos.- Augustinne apontou para os Amis.

–Ah. Prazer em conhecê-los. Eu sou a Valerie.- se apresentou, agarrando Combeferre que ficou com um olhar assustado quando ela se separou, indo para Courfeyrac e depois Grantaire que ficou bem feliz com o beijo que recebeu.

–Ahn... não eu dispenso.- Cosette falou se esquivando e puxando Marius para trás de si.

–Você fique aqui do meu lado.- Éponine sussurrou para Enjolras o segurando de forma possessiva.

–Não vou sair daqui.- garantiu enquanto soltava uma risada.

A prima de Augustinne pareceu ficar meia desapontada por Cosette ter recusado seu cumprimento mas não disse nada, ao perceber como os outros estavam se encolhendo e tentando se afastar dela deu de ombros, desistindo que cumprimentá-los.

–Aproveitem a festa.- disse por fim e saiu andando.

–Hora do Grantarawr agir.- Grantaire falou imitando as garras de um gato.- Não me procurem.- avisou ao sair andando, se misturando com as pessoas.

–Quem disse que iríamos?- questionou Combeferre abraçando Augustinne.- Sua prima é realmente... exótica.

–Eu gosto dessa musica. Vamos dançar?- Éponine perguntou para Enjolras que fez uma careta.

–Não sei dançar, Éponine.

–Não faz mal. Eu também não sei.- falou o puxando pela mão em direção a pista de dança improvisada.

Ao chegarem na pista, Éponine soltou a mão de Enjolras e começou a se mexer no ritmo da música, enquanto isso Enjolras se balançava timidamente de um lado para o outro. Éponine pegou novamente na sua mão e o começou a fazer dançar. Ela fazia umas caretas e dançava de um jeito estranho. Logo os amigos se juntaram na pista com eles,fazendo barulho e inventando passos de danças ridículos.

Grantaire andava no meio das pessoas,meio dançando e chegando perto das mulheres com um sorriso safado no rosto, pegando nas cinturas das garotas que pareciam não se importar.

–Hey gata... você não é tomada mas me deixou ligadão.- sussurrou na orelha de uma garota que o olhou e riu se afastando dele.

Ele deu de ombros e continuou andando no meio das pessoas,dançando,jogando cantadas,bebendo e tentando agarrar alguma garota.

–Ei gata... sabe eu peidei aqui. Será que podemos ir para um canto?- chegou agarrando uma garota que estava sentada. Ela fez uma careta e se levantou do sofá.- O que será que tem de errado com as garotas dinamarquesas que não caem nas minhas cantadas?- perguntou para si mesmo enquanto continuava andando a procura de uma garota.

De repente parou em frente a um grupo de garotas que estavam conversando e se ajoelhou, soltando um pigarro.

–Pulei na água ate o umbigo. Quer ficar comigo?- falou com a melhor pose de príncipe que conseguiu para nenhuma das garotas em particular. Elas riram dele e voltaram a conversar o ignorando.

Se levantou limpando a calça e foi para fora perto da piscina. Encontrou uma garota sentada em uma espreguiçadeira.

–Gata, seu sorriso parece com o da Monalisa. Combina direitinho com o meu Picasso.- olhou para baixo,com o sorriso sacana. A garota devolveu o sorriso e Grantaire rapidamente se animou achando que tinha conseguido.

–Oi amor.- falou a garota sorrindo e olhando para cima. Grantaire acompanhou o olhar e deu de cara com um cara forte o encarando com uma carranca, os braços cruzados.

–Tava cuidando dela para você... ninguém tentou mexer com ela se você quer saber.- disse com um sorriso fraco nos lábios enquanto arrumava o cabelo da garota.- Passar bem vocês dois.- e saiu correndo.

Voltou a entrar dentro da casa indo direto para o bar. Se recusava a sair daquela casa sem ir para cama com alguém,com alguma mulher.

Grantaire percebeu um movimento ao seu lado e olhou dando de cara com Valerie,prima de Augustinne. Ela o olhou de cima a baixo e sorriu.

–Oi.- cumprimentou enquanto esperava a bebida.- Gostando da festa?

–É uma boa festa.- respondeu voltando a focar a atenção no copo que estava na mão. Valerie mordeu o lábio inferior ainda olhando para Grantaire.

–Então faz tempo que você conhece a minha prima?- chegou mais perto para que Grantaire a ouvisse.

–Não muito. Foi quando ela começou a namorar meu amigo.- falou ainda sem encará-la. Ate que se lembrou que por mais que fosse prima de Augustinne, ela ainda era uma garota,sendo assim ainda poderia cair nos encantos do Grantarawr.- Linda, você é como sucrilhos Kellogs. Desperta o tigre em mim.- soltou de supetão.

Valerie sorriu e saltou encima de Grantaire,o agarrando e o beijando,quase arrancando a roupa dele, ali mesmo.

–Calma tigresa.- Grantaire falou quando conseguiu separar suas bocas, assustado com a reação da garota. Se soubesse que aquela cantada iria funcionar tão bem, teria a usado logo no começo.

–Vamos para o meu quarto.- Valerie sussurrou no ouvido de Grantaire,mordendo a ponta da orelha dele.

http://www.youtube.com/watch?v=lnNuEqQ9E5E

Grantaire sorriu como se nenhuma mulher antes o houvesse convidado para ir para cama. Subiu a escada,seguindo Valerie,até que ela destrancou a porta e o empurrou para dentro do quarto.

Ele se virou,tentando enxergá-la na escuridão. Ouviu a porta se fechando e logo a luz foi acesa, Valerie ajustando para ficar meio escuro. Os dois começaram a se agarrar e em poucos minutos depois já estavam os dois sem roupa.

–AI GRANTAIRE.- gritou Valerie. Grantaire a olhou sem entender, ele estava uns trinta centímetros longe dela. Ficou observando a garota que ficava se contorcendo,gemendo e gritando seu nome.- Vem aqui logo, tigrão.- chamou e Grantaire decidiu deixar de lado o fato que a garota estava agindo como louca. Quem se importava com a sanidade mental dela,quando ele iria transar e provar para todos que não era gay.

Se jogou na cama,ficando por baixo,ainda com um sorriso sacana. Valerie passava as mãos pelo corpo de Grantaire.

–Me bate.- pediu ela. Grantaire abriu os olhos assustado com aquele pedido.

–O que?

–Me bate. Me espanque. Mostre-me o tigre.- falou pegando a mão de Grantaire, esperando que ele a batasse.

–Eu não vou te bater sua louca!- exclamou tirando a de cima de si.

–Não?- perguntou com uma voz chorosa.

–Não!- Grantaire respondeu indo pegar suas roupas. Pensando melhor importava a sanidade mental sim.- Eu não sou desse tipo.

–Então eu bato.- respondeu e antes que pudesse se virar para encará-la sentiu o coro acertando suas nadegas, o lugar ardendo. Reprimiu o grito.

–Você é louca?

–Agora você vai transar comigo.- falou com uma voz quase raivosa.

–Ah mas não vou mesmo.- rebateu, indo em direção a porta. Iria sair pelado mesmo,nunca se importou em andar pelado. Só sabia que não queria ficar mais um segundo no quarto com aquela maluca.

–Vai sim!- gritou Valerie pulando nas costas de Grantaire e o mordendo no pescoço. Desceu rapidamente e o empurrou até a cama, enquanto estava apertando o lugar onde ela havia mordido.- Agora você é so meu. Meu brinquedinho particular.- falou enquanto prendia as mãos de Grantaire na cama.- E o melhor de tudo é que você não vai ver nada.- murmurou perto do ouvido dele, na tentativa de soar sexy.

–Por favor me solta.- implorou.

–Cala a boca seu viado!- Valerie bateu com força no rosto de Grantaire.- Você vai transar comigo. E se não for um bom menino vai ser castigado.

–50 tons de cinza não deveria ser liberado para todo mundo ler.- falou em um tom sarcástico e sentiu uma dor em sua coxa.

–Mandei ficar quieto.

Grantaire percebeu na encrenca que tinha se metido. Se lembro de algo que Augustinne falou sobre a prima,mas a ignorou. Na verdade não tinha intenção de ir para cama com a prima dela, apenas aconteceu. Estava tão desesperado para provar sua masculinidade que aceitou a primeira que se jogou nele. Fez uma nota mental de nunca mais fazer isso.

[...]

Os amigos estavam sentados na calçado do outro lado da rua. Já estavam cansados da barulheira e das pessoas bêbadas. Estavam afim de voltar para casa e dormir até o dia seguinte.

–Estou preocupada com o Grantaire.- Caitlyn foi a primeira a expressar em palavras. O motivos para todos estarem ainda ali, depois de tantas horas de festa,dançando e brincando, era que não tinham achado Grantaire. E nunca iriam embora deixando um deles para trás. Mesmo que esse um fosse o Grantaire.

– Eu acho que deveríamos ir procurar novamente.- Jehan sugeriu e os outros concordaram se levantando.

–Mas acho que devemos ficar juntos.- Cosette falou.- Para não perdemos mais ninguém.

–Boa ideia.

Entraram e começaram a procurar pelos mesmo lugares que haviam olhado mais cedo, até que Augustinne disse para que fossem procurar no andar de cima.

Saíram abrindo todas as portas, até que chegaram em uma que estava trancada.

–É o quarto da Valerie.- falou Augustinne.

–É o único lugar que falta.- respondeu Éponine dando de ombros e tirando um grampo do cabelo,se agachando para conseguir abrir.

–Essa Éponine é uma ladra. Eu nunca consegui abrir porta nenhum com um grampo.

–Tem um jeito certo.- falou concentrada,tendo um pouco de dificuldades com a fechadura.- Pronto.- escancarou a porta e encontrou o quarto escuro. Tateou a parede até achar o interruptor.

–Grantaire!- exclamaram assim que viram a figura amarrado na cama. Grantaire virou a cabeça na direção das vozes dos amigos e nunca se sentiu tão aliviado.

Combeferre foi até a cama e tirou a venda e o olhou com reprovação.

–O que aconteceu?- pediu Combeferre irritado.

–A ninfomaníaca da prima da Augustinne me estuprou!- choramingou.

–Eu falei para ter cuidado com ela.- Augustinne rebateu brava.

–Sabem o que eu vou fazer?- perguntou Courfeyrac.- Eu vou é tirar foto disso para nunca mais esquecer.

–Faça isso e eu te mato!

–To morrendo de medo de um homem que esta vestido com uma canga vermelha peluda.

Éponine respirou fundo e se aproximou da cama,começando a estapear Grantaire.

–Ai,ai. Você também não.- gritou Grantaire se contorcendo ainda preso,tentando escapar dos tapas de Éponine.

–Você já reparou que é sempre você que estraga os passeios? É sempre você com alguma merda. Custa deixar a gente ter um passeio normal,sem acabar alguém prejudicado nisso? Quer saber? Deixem- o ai.- falou virando as costas.

–O que? Não! Me soltem.

–Não soltem não! Ele precisa aprender que toda ação tem sua consequência e que nem sempre vamos estar aqui para livrá-lo.

–Éponine está certa.- Enjolras concordou.- Você é nosso amigo mas esta na hora de crescer.

Falando isso, Enjolras virou as costas para sair do quarto acompanhado de Éponine e logo os outros os seguiram. Courfeyrac foi o último a sair do quarto.

–Cara por favor.- implorou Grantaire.

Courfeyrac riu e deu de ombros.

–Mas nem fudendo. Isso é muito engraçado.- respondeu rindo enquanto apagava a luz e fechava a porta do quarto.