When Smiled You Knew

Começo da 2° Fase- Should speak now


Cosette e Marius desembarcaram logo pela manhã no aeroporto internacional de Paris. Apenas para variar o lugar estava lotado como sempre. O casal procurava Éponine que tinha ficado de ir buscá-los lá.

Marius cutucou o braço de Cosette e apontou, mostrando algo para a esposa. Assim que encontrou o que Marius estava mostrando abriu um sorriso.

Éponine e Enjolras estavam os esperando, segurando cada um uma placa escrito “Sr. Pontmercy” e “Sra. Pontmercy”. Éponine olhava para o teto enquanto fingia não ter visto Cosette. Já Enjolras não acreditava que havia deixado Éponine lhe convencer a segurar uma placa para Marius os encontrarem.

Cosette saiu correndo para abraçar Éponine que retribuiu rindo. Marius cumprimentou Enjolras com um aperto de mão e um sorriso.

–AIMEUDEUS! Eu estava com tanta saudade de você Éponine.- Cosette falou finalmente a soltando.- E claro de você também, Enjolras.- ela tirou o cabelo que havia entrado em sua boca na hora do êxtase.

–Então o que tem de novidades para nos contarem?- Marius perguntou.

Éponine riu e abraçou Enjolras. Marius olhou surpreso para os dois, a boca formando um “O” perfeito. Simplesmente não podia acreditar, que seu amigo, estava namorando sua melhor amiga e ele não pode deixar de achar isso estranho.

–Vocês dois?- ele finalmente conseguiu perguntar.

–Sim, Marius, Nós dois. Namorando.- Enjolras respondeu com um sorriso contido.

Cosette começou a gritar e pular no meio do aeroporto atraindo os olhares das pessoas que estavam ao redor. De repente ela pulou no pescoço de Éponine e Enjolras, ainda gritando.

–AAAAAAAAAH MEU DEUS! Eu sabia que isso ia acontecer! Eu estou tão feliz que poderia...- ela os soltou parando para pensar- eu poderia explodir de tanta felicidade. Por que não me contou antes, Ponine?

–É por que não contou?- Marius perguntou meio emburrado. Não tinha gostado nada da noticia.

–Por que eu queria que fosse uma surpresa, gente. – Éponine explicou pegando a mala de Cosette.- Agora vamos que eu tenho que deixar o casal no lar.

Enjolras pegou uma das malas de Marius para ajudar o amigo que ainda estava todo vermelho por causa das queimaduras. Éponine e Enjolras entrelaçaram as mãos o que quase fez Cosette explodir, literalmente.

–Então faz quanto tempo que estão namorando?- Cosette perguntou sentada no banco de trás do carro junto com Marius. Éponine se virou para eles, já que Enjolras estava dirigindo o carro.

–Acho que uns dois meses mais ou menos, não Enjolras?

–Não tenho certeza. Estamos contando os dias que você ficou sem falar comigo?

–Fazem dois meses que estamos namorando.- Éponine ignorou a resposta de Enjolras.

Enjolras subiu um pouco junto com Éponine para o apartamento de Marius e Cosette, mas logo foi embora deixando os três arrumando as coisas em seu devido lugar. Antes de terem ido para o aeroporto, passaram no mercado a pedido de Éponine para fazer compras para abastecer a dispensa do casal.

Enjolras foi visitar sua mãe, já que queria ver um bom dia para que ele levasse Éponine para conhecê-la. Para sua sorte seu pai não estava em casa e sua mãe estava muito melhor.

–Oi filho.- ela o cumprimentou com um abraço forte.- Lembrou que ainda tem mãe?

–Me desculpe, mãe. Estive ocupado e não tive tempo para vir vê-la. Será que posso ser desculpado?

Ela o abraçou novamente.

–Claro que pode. Pelo menos você esta vindo me ver quando pode. Venha, vou preparar alguma coisa para comermos.

Enjolras já havia tomado café com Éponine,mas sabia que se falasse não para sua mãe ela iria fazer um drama dizendo que ele não gostava da comida dela o suficiente.

Ele se sentou na mesa enquanto a sua mãe andava feliz pela cozinha para preparar alguma coisa. Aguardou um pouco até que limpou a garganta e respirou fundo.

–Ahn... mãe.- Enjolras chamou e ela o respondeu com “hum”- Eu vim aqui para contar que....

–Que?- incentivou a mãe se virando para colocar na frente dele um copo de suco.

–Que existe uma garota... e nós estamos namorando.- ele soltou tudo de uma vez e ficou estudando a reação de sua mãe que arregalou os olhos.

–U-ma, garota?- ela perguntou ainda sem acreditar se sentando.

–É mãe. Uma garota. Qual o problema?- Enjolras perguntou preocupado, não era essa a reação que ele esperava de sua mãe. Ate que ela começou a gargalhar histericamente de alivio enquanto colocava a mão no peito.

Enjolras olhava confuso, sem entender a reação de sua mãe, ele esperava qualquer reação menos aquelas gargalhadas.

–Mãe?

–Você não sabe o alivio que me da saber disso.- ela contou ainda rindo, tentando se controlar.- Eu já estava achando que você era gay.- Enjolras olhou pasmado para sua mãe que voltou a rir e logo ele a acompanhou.

–Por que achou isso?- ele perguntou quando pararam de rir.

–Porque nunca vi você falando de garota nenhuma. E quando eu perguntava se havia uma garota e sempre negava, comecei a achar que fosse um garoto. Mas me conte: como ela é? Como se chama?

Enjolras se arrumou na cadeira.

–Ela se chama Éponine, e é a garota mais...- Enjolras parou tentando encontrar uma palavra para descrever Éponine.- misteriosa e agradável. Ela é verdadeira e é capaz de conseguir mudar todo um ambiente só de entrar nele.

Sua mãe sorriu, os olhos se enchendo de lagrimas.

–E ela conseguiu mudar você para melhor.

–Creio que ela conseguiu.- Enjolras murmurou brincando com o copo.- E eu quero que vocês duas se conheçam.- ele anunciou olhando para a mãe.

–É tudo que eu mais quero. Poder conhecê-la.

A mãe de Enjolras ficou de ligar para ele quando decidisse um bom dia para se encontrarem, já que ela queria que o pai dele também conhecesse Éponine, o que não deixou Enjolras muito contente, mas não quis discutir com sua mãe sobre isso.

Pela noite, assim que saiu do trabalho, Enjolras foi se encontrar com os amigos no apartamento de Cosette e Marius, já que eles queriam fazer uma reunião para todos se verem.

Ao entrar encontrou todos os Amis sentados na sala bebendo e conversando tranquilamente, enquanto uma musica ambiente tocava. Assim que entrou Éponine se levantou correndo para recebê-lo e nesse momento Cosette quase rasgou o rosto de tanto que sorria.

Grantaire ainda estava emburrado e não queria ficar fazendo piadinha sobre nada, nem sobre o estado de Marius. Courfeyrac parecia bem interessado nos detalhes que Cosette contava de cada lugar que visitaram.

Thaís estava ali com Combeferre, conversando normalmente com todos, como se o final de semana nunca tivesse acontecido. Ela cumprimentou Enjolras com um aceno de cabeça quando passou por ela.

Éponine se sentou no colo de Enjolras depois de lhe pegar uma cerveja, e ficou escutando pela milésima vez naquele dia, como havia sido a viagem antes de Marius estragar tudo.

–E agora aqui estamos de volta.- Cosette terminou de contar e mostrar as fotos.- Agora não sei o que será de mim sem a Éponine aqui. Eu não sei cuidar de uma casa.

–Éponine não vai ficar morando aqui?- Thaís perguntou.

–Não quero atrapalhar o casal.- Éponine respondeu em um tom seco sem olhar para a garota.

–Vai morar onde? Com Enjolras?

–Não.- Enjolras respondeu sentindo Éponine ficar tensa com tantas perguntas.- Ela ta morando no apartamento da Augustinne.

Thaís olhou para Combeferre.

–Essa não é sua ex namorada? Que te traiu e engravidou de outro?

–É, Thaís.- Combeferre respondeu de forma rude. Thais se virou para Éponine.

– Ainda bem que não estão mais juntos. Nunca achei que vocês combinassem ela muito vulgar para você mas..- Thaís se dirigiu para Éponine que a olhou com desdém.- Como pode? Morar com alguém que faz isso. Tome cuidado para não seguir o mesmo caminho que ela e acabar virando uma vadia. Talvez a convivência faça isso acontecer.- Thaís falou em um tom maldoso e Éponine se levantou rápido quase voando no pescoço dela. Enjolras a segurou pela cintura.

–Nunca mais. Me ouviu bem?- Éponine apontava o dedo para o rosto de Thaís.- Nunca mais abra essa sua boca filha da puta para falar uma coisas dessas de Augustinne.

–Eu só disse a verdade.- ela se defendeu como se não tivesse falado nada para provocar.- porque afinal se ela fosse boa coisa, não teria traído e engravidado de outro.

Éponine respirou fundo fechando os olhos.

–Quer saber? Dane-se. Prometi que não iria contar,mas não é justo.- Éponine explodiu, ela estava vermelha de raiva, e realmente achava injusto esconder aquilo por mais tempo.- Augustinne esta grávida do Combeferre.- ela disse e Combeferre a olhou como se fosse mentira o que estava dizendo.

–O que? Como? Mas ela disse que...

–Eu sei o que ela disse e ela mentiu!

–Mas por que ela mentiria?- Thaís entrou no meio.- Não vejo um motivo para ela ter feito uma coisa dessas.

Éponine a ignorou.

–Ela mentiu, Combeferre, porque... porque ela achou sua carta de admissão da faculdade de Toronto para estudar teologia. Mentiu porque ficou com medo de você não aceitar por causa dela e da criança e ela não quer estragar seu futuro. Não quer te atrapalhar. Pronto. Falei.- Éponine saiu da sala indo para a cozinha e Enjolras a seguiu.

–Cara...Por que não contou para gente que tinha conseguido?- Courfeyrac perguntou.

–Porque quando recebi não tinha certeza se era isso que eu queria. E decidi que não iria, que não valia a pena sair daqui. Não contei para ninguém,porque não vou.- e dito isso ficou em silêncio.

A sala ficou em um profundo silencio. Combeferre ainda estava assimilando tudo aquilo, e os amigos pareceram entender que ele precisava daquele momento para si. Por mais que Grantaire estava se contorcendo em um canto para soltar alguma piada que havia acabado de pensar sobre a situação toda se esquecendo que estava pensando em uma forma de provar para todos que não era gay.

Enjolras abraçou Éponine,que estava segurando chorando na cozinha por ter contado sendo que havia feio a promessa que não iria contar.

–Sabe? Ela vai ficar puta comigo. Se voltar vai até me expulsar do apartamento e nunca mais olhar na minha cara.

–Ela não vai. Sabe por quê? Porque você fez isso para ajudá-la. Agora que Combeferre sabe a verdade, vai ser decisão dele se vai querer deixá-la. Não foi ela a errada e sim ele. E outra é o direito de Combeferre saber da criança, se fosse eu, gostaria de saber que vou ter um filho. Augustinne ainda vai te agradecer por isso. E me desculpe por tê-la julgado. Você poderia ter me contado, não era uma coisa que precisava carregar sozinha.- Éponine se virou para encará-lo, limpou algumas lagrimas que escaparam e ficou na ponta dos pés procurando conforto no beijo dele.

–Não era meu segredo, Enjolras.- ela murmurou encostando a cabeça no peito dele.

–Com licença.-os dois se separaram e olharam para a porta.- Mas você acha que eu poderia ir ver Augustinne agora? Eu... eu preciso me desculpar com ela,por todas as coisas que disse.- Combeferre estava desesperado olhando para Éponine, que trocou um olhar nervoso com Enjolras.

–Combeferre, sinto muito mas... Nem sei como te dizer isso...

–Dizer o que?

–Mas a Augustinne não está mais em Paris.

–O que quer dizer não esta mais em Paris, Éponine? Onde ela esta?

–Ela... bem. Achou que seria melhor se afastar de vez de você para que não descobrisse. Ela realmente quer que você vá fazer esse curso...

–Onde ela está Éponine?- Combeferre gritou e Éponine se encolheu

–Está morando com os pais na Dinamarca.

–DINAMARCA? COMO ELA VAI MORAR NA DINAMARCA.?- Combeferre berrou socando a porta.

–Combeferre se acalme.- Enjolras pediu.- Pare de gritar que Éponine não tem nada a ver com isso. Vamos sentar e conversar como pessoas civilizadas. Sem gritaria.

Combeferre deslizou pela parede até o chão desconsolado. Enjolras nunca imaginou que veria seu amigo em um estado como aquele, até que percebeu que ele estava assim porque amava Augustinne e a queria por perto para compartilharem juntos o momento que ela contasse que estava grávida. Soube que ele estava daquele jeito porque queria passar as dificuldades com ela, enfrentarem juntos um “problema” que era deles.

Mas não.

Mais uma vez Augustinne se provava ser melhor que ele e mentiu para protegê-lo para que tivesse um futuro que ele sempre quis, enquanto o dela tinha sido tirado de suas mãos no momento. Ela decidiu pegar tudo para si, mesmo sendo tão jovem e não estar preparada para ser mãe.

–Você não podia ter me escondido isso, Éponine- Combeferre murmurou com a cabeça entre os joelhos. Éponine se ajoelhou ao seu lado e o abraçou como um pedido de desculpas.

–Sinto muito,mas eu havia prometido que não contaria,mesmo não concordando com ela. Em momento algum eu aprovei isso. Sempre disse que era seu direito saber disso e que não a iria abandonar. Mas era exatamente esse o medo dela: que você abandonasse suas chances de um futuro para ser obrigado a ficar com ela por causa dessa criança.

–Preciso falar com ela.- Combeferre levantou a cabeça e encarou Éponine com os olhos vermelhos. Ela assentiu.

–Se quiser eu posso levá-lo até ela.- Éponine se dispôs.

–Na verdade...- Cosette se agachou do outro lado de Combeferre- todos nós podemos ir com você se quiser. Sabe para apoio moral.

–E ainda temos uma semana de férias antes da bagunça começar.- Courfeyrac entrou na cozinha.- Adoramos viajar para salvar um relacionamento.

–Vejo uma missão para o grupo de resgate P.U.T.O.S.- Grantaire se animou e os amigos riram.

–Não. Isso está fora de cogitação.- Éponine falou estragando todos os planos que estavam se formando na cabeça de Grantaire. Ela sabia que ele tinha alguma coisa a ver com a lasanha da Thaís e o cd pornográfico dela mas ainda não tinha tido a chance de conversar com eles.

–Eu acho que adoraria ter um apoio moral de vocês.- Combeferre confessou, não queria ir sozinho e encarar Augustinne depois de tudo que ele havia dito para ela.

–Então vamos todos para a Dinamarca... Espero que o passaporte de vocês estejam em dia.-Éponine se levantou e ajudou Combeferre a se levantar.

–Talvez nem todos... Mas estarei torcendo por você.- Enjolras falou com as mãos nos bolsos. Todos fuzilaram ele com o olhar.- Que foi? Eu não posso ir. Eu trabalho, esqueceram?

–Talvez...- Cosette começou colocando as mãos na cintura.- está na hora de você pedir demissão e arrumar um estagio, que você está indo para o quarto ano de direito já. Pode muito bem conseguir um que ganhe mais e trabalhe menos.- ela terminou como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

–Ela está certa.- Joly concordou.- Eu já tenho um estagio e me permite ter tempo para estudar.

–Não sei não.- Enjolras estava indeciso. Tudo o que ele mais queria, era poder largar o emprego de garçom, não era para ele. Mas pedir demissão sem ter certeza de que iria conseguir outro emprego era muito arriscado.

–O que você tem a perder? Esse mês não terá que pagar a faculdade porque estarão em greve assim que voltarmos. O apartamento está com o aluguel adiantado. Qual o medo?- Marius perguntou.

–Meu bem, seu pai não conseguiu um estagio para você em uma advocacia?- Cosette se virou para Marius.- Bem que poderia ver com ele se não tem mais uma vaga, não é verdade?

–Não sei como não pensei nisso antes. Vou falar com ele agora.- Marius saiu da cozinha e Cosette revirou os olhos.

–As vezes me pergunto como ele quer ser advogado sendo tão lerdo assim... Está tudo bem, Combeferre?- Cosette perguntou sorrindo, era simplesmente natural dela sorrir para as pessoas enquanto conversava.

–Um pouco nervoso mas bem.- respondeu torcendo as mãos.- Tenho certeza que a Augustinne vai me matar, mas eu já estou esperando isso então...

Courfeyrac acompanhou Combeferre até o apartamento para que pudessem arrumar as malas. Grantaire foi para o apartamento de Jehan, que era onde ele estava dormindo nos últimos dias. Joly foi para a casa da mãe avisar que estava indo viajar. Thaís avisou que iria voltar para Londres no dia seguinte então iria recusar a viagem.

Ela sabia que no momento não era mais bem vinda ali e precisava mudar aquela situação se decidisse algum dia voltar.

Cosette e Éponine ficaram responsáveis por conseguir o voo que iria sair mais cedo de Paris.

–O que aconteceu Jehan que está tão quieto? Não te ouvi falar uma só vez.- Cosette comentou enquanto Éponine pesquisava as passagens mais baratas.

–Ele está de coração partido.- explicou Éponine sem olhar para nenhum dos dois.

–Mas por que? Olha Jehan existem outras garotas legais, não é porque essa te deu um fora...

–Não Cosette. Ele não levou um fora. Ele teve que deixar a garota.- Éponine falou rapidamente para cortar Cosette logo, antes que ela começasse seus discursos de como existem pessoas certas para cada um.

–Ah...- ela ficou sem graça.- Mas por quê?

–Porque eu tive que voltar para Paris, mas foi como se meu coração tivesse ficado em Cassis. Ou seja ainda estou lá e o que veio foi apenas a carcaça do que já fui um dia.- Jehan terminou de falar olhando para as próprias mãos. Cosette e Éponine trocaram um olhar e Cosette suspirou.

–Como ela se chama?

–Lyn. Minha Caitlyn, que tem os cabelos que lembram fogo,mas não queimam e sim aquecem a cada toque. Os olhos azuis que deveriam ser gélidos como a água do mar meditarraneo mas uma vez mergulhados neles são tão ternos que você não quer mais sair...

–Por que não chama ela para ir conosco?- Éponine o cortou. Ele era outro que poderia continuar por horas descrevendo o que parecia mas o que na verdade era.

–Será que ela iria?- ele perguntou se animando.

–Não sei. Por que não liga perguntando? Ela pega o avião em Cannes e nos encontramos no aeroporto na Dinamarca. Ou ela pega um voo logo cedo para Paris e nos encontramos e já embarcamos para resgatar Augustinne.

–É uma boa ideia, Ponine. Irei ligar para ela agora.- Jehan se levantou e foi para a cozinha fazer a ligação. Enjolras e Marius apareceram na sala.

–Sabe, estávamos pensando...- Enjolras começou mantendo uma certa distância.

–Se não é muito encima da hora pra arrumar essas coisas. Quero dizer para sair logo cedo? Se fosse pelo menos a tarde.- Marius completou. Éponine colocou o notebook de lado e apoiou o queixo nas mãos olhando para os dois.

–Queremos que Combeferre encontre Augustinne e que os dois fiquem bem, e queremos ajudar,mas não podemos simplesmente jogar tudo para o ar e embarcar nessa. Estamos esquecendo que... isso não é um filme que podemos abandonar tudo e ir atrás de alguém. Temos que dar satisfações,sem falar que nem todos temos dinheiro para pagar as passagens.- Enjolras falou com segurança,por mais que estivesse um pouco receoso da reação das duas garotas que os encaravam de olhos cerrados.

As duas ficaram em silêncio por algum tempo.

–Isso não é problema. Eu pago as passagens.- Cosette respondeu pegando o notebook do lado de Éponine.

–Não, Cosette.- Éponine a deteve ainda olhando de olhos cerrados para Enjolras, e ele sentiu medo daquele olhar, não que ele fosse admitir.- Talvez um grupo devesse ir de manhã. Os que podem. Eu vou a noite com os outros. Melhor assim?

–O que é melhor assim?- Jehan entrou perguntando com um sorriso.

–Os que não tem nada para fazer da vida sair amanhã cedo e os que tem irem a noite.- Éponine explicou pegando a bolsa.

–Quem é o cuzão que não quer ir amanhã cedo?- Grantaire perguntou chegando com uma mochila nos ombros.

–Enjolras.- responderam todos, inclusive Marius que só tinha ido acompanhar no amigo para que não fosse considerado o chato do grupo como já era conhecido. Enjolras olhou para Marius como quem dizia “muito obrigado”, ao qual Marius deu de ombros como desculpas.

–Claro. Tinha que ser. Não sei nem por que perdi meu tempo perguntando. Eu vou de manhã com vocês.- Grantaire falou se sentando.

–Acontece que eu não posso simplesmente abandonar o trabalho. Tenho que dar uma justificativa e agradecer por terem me dado o emprego e...

–Bláblábláblá.- Grantaire mexeu as mãos fazendo Enjolras se calar.

–Sem problemas. Eu vou com Enjolras pela noite e vocês decidem como querem que Augustinne e Combeferre se encontrem.- Éponine falou pegando a bolsa e indo para o lado de Enjolras.- Espero que dê tudo certo.

–Se quiser você pode ir com eles.

–E deixar você para trás? Não, muito obrigada... Conversou com a Caitlyn?- Éponine perguntou se virando para Jehan que abriu um sorriso.

–Ela disse que já está a caminho. Vai vir com o carro dela até aqui e amanhã vamos juntos.

–Isso que é amor. Caitlyn odeia pegar estrada pela noite.

–O que você ta falando, Éponine?- Grantaire perguntou voltando da cozinha com uma garrafa de cerveja.- Você ficou três semanas sem falar com o Enjolras por a Thaís ter apoiado a mão na coxa dele, sem falar que está com tanto medo que vai até esperá-lo para ir viajar, sendo que a sua vontade é partir pela manhã.

–Acho que já está na hora de eu ir. Tchau e até mais.- Éponine respondeu rapidamente e se virando para ir embora.

–Estão vendo? E Grantaire acerta mais uma vez.

–Você vem ou não Enjolras?- Éponine gritou do corredor impaciente.

–Melhor você ir. Antes que ela decida sumir.- Jehan aconselhou.

–Tchau e boa viagem.- Enjolras se despediu balançando a cabeça.

Encontrou Éponine segurando o elevador com um sorriso.

–Irá me acompanhar até meu apartamento?

–Você vai voltar para seu apartamento?- Enjolras perguntou meio desapontado. Gostava de ter a companhia de Éponine com ele,mesmo que fosse para assistirem um filme a noite toda.

–Eu tenho um lugar para ficar, Enjolras... Por que está com medo de dormir sozinho? Posso passar lá e me assegurar que não tem nenhum monstro debaixo da sua cama.- Éponine falou em tom de brincadeira.

–Rá rá, engraçadinha.

Os dois saíram prédio e Éponine o abraçou.

–Eu acho que você deveria ir para o seu apartamento e eu vou para o meu.

–Mas... você vai sozinha? É um pouco perigoso.

–Enjolras, mon amour... Eu andava sozinha por essas ruas antes de começar a te namorar. Vou ficar bem. Nos vemos amanhã, sim?

Enjolras hesitou. Deixar Éponine ir embora sozinha não parecia uma boa ideia,mas ela já andara tantas vezes sozinha, que já sabia se cuidar e por onde passar ou não. Sabia que ela estava fazendo isso para cumprirem o acordo que fizeram logo que começaram a namorar, o de não passar tanto tempo juntos. O qual ele tinha concordado.

Éponine se despediu e virou indo para o apartamento de Augustinne e Enjolras fez o mesmo, até que parou e se virou encarando as costas de Éponine.

–Sabe...- ele gritou com as mãos no bolso.- Eu não acho que devamos cumprir esse acordo idiota que criamos.

Éponine se virou para ele, olhando confusa.

–Como é?- ela perguntou voltando lentamente e Enjolras encurtou a distância.

–O que quero dizer é que... Se queremos ficar juntos, qual o problema?- Enjolras questionou e Éponine abriu a boca para responder.- Eu sei, eu sei “se ficarmos muito tempo juntos vamos enjoar um do outro e não vamos querer mais ficar juntos”... Mas já parou para pensar que se chegar amanhã decidirmos não ficarmos juntos? Se chegar amanhã e estarmos enjoados um do outro sem mesmo termos ficados juntos? Já parou para pensar que talvez, devêssemos ficar juntos agora, que é essa a nossa vontade?- Enjolras parou de falar,olhando para Éponine que o encarava séria.- Quer saber? Esquece que eu falei isso, só achei que...- ele se virou indo embora, nem ele mesmo havia entendido o que tinha acabado de dizer, quanto mais Éponine.

Éponine abriu um leve sorriso ao entender onde Enjolras queria chegar. Ficou feliz por ele sentir o mesmo que ela. Gostou de saber o que ele pensava, mesmo que as vezes não concordasse,mas que mesmo assim ele ainda tivesse coragem de contar.

Ela percebeu que aquele era o momento de ficarem juntos. As férias tinham ido embora,na mesma rapidez que veio, e tudo que ela fez foi se manter afastada dele. Em uma semana as coisas iriam mudar e ela sentia isso. Na próxima semana coisas importantes iriam acontecer e algo dizia que não poderiam ficar tão juntos mesmo que quisessem. Então qual era o problema de querer Enjolras por perto.

–Ei Enjolras- ela gritou com força para que ele ouvisse já que estava quase na esquina. Ele se virou a olhando.- Que tal passar a noite no meu apartamento hoje?