When Smiled You Knew

Capítulo 7- Everything begins with a sparks


Biblioteca de Sorbonne, 2013 (2 meses depois)

-Então eu disse para ela que ela tinha prioridades...quero dizer. Colocar você em segundo lugar? Sério? Isso é sério? Esse não é o século 18 mais – Éponine riu e tomou um gole de chá.

-Eu acho que você foi um pouco dura demais com ela, Ponine. Eu... eu acho que a felicidade só é verdadeira quando compartilhamos.- Cosette corou um pouco, sem tirar seus olhos do seu livro de psicologia.

Éponine revirou os olhos e zombou da amiga.

-E onde você aprendeu isso,Cosette? Em alguma dessas novelas baratas que você gosta de assistir de madrugada? Ou em uma revista com algum cara bonito na capa? Além do mais... Eu sou muito inteligente e exigente demais para alguém me amar. Eu só tenho a mim mesma.

Cosette balançou a cabeça.

-Você está se inspirando demais nessas heroínas de livros,Ponine. Eu tenho certeza disso.

-Quem se importa se eu estou me inspirando? Se eu digo essas palavras por mim? – Éponine levantou as sobrancelhas. Éponine se tornou muito séria, depois de tudo que ela passou, ela foi forçada a viver com a imagem que ela vê no espelho todos os dias. No entanto, as duas amigas se olharam e começaram a rir.- O que eu quero dizer é que... Eu apenas penso que as pessoas se apaixonarem e se machucarem é tão clássico que chega a ser hilariante.- elas continuaram rindo.

Alguém na mesa atrás das duas produziu um sonoro “shhh” para lembrá-las que estavam em uma biblioteca e não em um café em Saint Michael.

Cosette corou ainda mais, e sussurrou um pedido de desculpas. Éponine não cessou o riso tão fácil assim, talvez para provocar quem estava na mesa atrás delas. Ela virou a cabeça para olhar quem tinha se atrevido a mandá-las a se calar.

Ela não estava esperando ver Enjolras ali, geralmente o horário deles não batiam e geralmente eles não estavam se falando.

-Salut, Enjolras- Cosette o cumprimentou alegremente.- Nós desculpe.

-Salut, Cosette. Sem problemas- ele voltou a prestar atenção em sua leitura.

-Lendo Sartre novamente?- ela perguntou puxando conversa, ela sentia falta de conversar com Enjolras, mas não seria ela a pedir desculpas.- Tudo bem,tudo bem. Nós vamos nos calar,mas só porque é Sartre. Se fosse outra pessoa eu iria rir como se fosse meu ultimo dia neste planeta.

Enjolras a ignorou, como se não a tivesse ouvido. Ela ficou sem graça. Cosette percebeu e juntou seus livros.

-Vou deixar vocês conversarem.

Enjolras rapidamente se levantou e pegou seus livros.

-Fique,Cosette. Já estou indo mesmo. Tenho muita coisa a fazer por conta dos protestos e não tenho tempo para ficar com conversa fiada.- e Enjolras saiu apressado sem nem olhar para trás.

-O que você fez para ele,Ponine?- Cosette perguntou enquanto as duas olhavam ele sair da biblioteca.

Éponine suspirou.

-Eu gostaria de saber, Cosette.

-Seja lá o que foi, acho bom vocês fazerem as pazes. Minha madrinha e meu padrinho principal não podem estar brigados no meu casamento.... Logo,logo começam os ensaios e quero ver como eu vou fazer se vocês nem se olham um na cara do outro.

Éponine revirou os olhos. Cosette tinha que ficar lembrando a todo instante que iria se casar com o cara que Éponine ama?

-Não se preocupe. Não vou estragar seu casamento.

-Bom mesmo... Seja lá o que você fez para ele, peça desculpas!

-Não vou pedir desculpas se eu não fiz nada errado,Cosette!

-As vezes temos que fazer um certo sacrifício pelo que é certo... Mesmo que você não esteja errada. Sabe? Vocês dois são muito orgulhosos.

-Céus,Cosette ! Já disse que não ou estragar seu casamento. Mas também não ou pedir desculpas por algo que eu nem sei o que aconteceu... Tem certeza que não está grávida? Digo é loucura se casar tão já Cosette.- Éponine perguntou mudando de assunto. Ela achaa muito estranho Marius e Cosette decidirem se casar tão rapidamente.

-Pela milésima vez,Ponine: não.- Cosette respondeu rindo- Ande vamos voltar a estudar. Pergunto para Marius depois se ele sabe por que Enjolras esta bravo com você.

Enjolras saiu da biblioteca e foi para o Café des 2 Moulins, onde ele havia começado a trabalhar como garçom desde que descobriu que seu pai havia parado de pagar sua faculdade. Éponine havia lhe ajudado a arrumar o emprego,há dois meses atrás...

Flashback

Os amigos estavam discutindo, as coisas estavam meio criticas ultimamente. O governo estava ameaçando a tirar emprego e moradia das pessoas por causa da crise. Uma nova lei foi enviada para o senado para aprovação que aumentaria a idade de aposentadoria.

Éponine estava em uma pilha de nervos, Emeri havia recebido uma notificação pedindo para ela desocupar o local,pois eles queriam derrubar para ser construído um prédio.

-Não vai ter jeito, vamos ter que ir para as ruas.- Enjolras falou autoritário.

-Não tem como,Enjolras, não temos tempo de fazer nada. Nem o nosso está pronto ainda.- Joly falou.

-Não importa, devemos ir. Vocês já pararam para pensar em como isso afeta a todos nós? Essas pessoas precisam de nós! E outras pessoas já estão organizando os protestos em outras cidades. É so olhar os jornais.

-O que devemos fazer então,Enjolras?- Combeferre perguntou.

-Eu não sei.

-Boca a boca.- Éponine falou pela primeira vez aquela noite- Nada melhor para se espalhar uma noticia do que o disse me disse. O próprio povo pode fazer isso. E temos a internet agora ao nosso favor. Criamos um evento no facebook e em menos de um dia teremos um bom numero de pessoas confirmadas.

-Éponine está certa- Courfeyrac falou – vamos passar a noticia sobre os protestos. Daremos o prazo de dois dias,usaremos esses dias para fazer cartazes.

-Posso pedir para um amigo fazer as faixas.- Bossuet falou.

-E eu posso criar o evento no face agora- Cosette se propôs .

-Eu vou ligar para Emeri,para ela pedir ajuda la em Clichy...eles com certeza vão nos ajudar.

-Vou avisar os jornais,nada melhor que publicidade.- Jehan falou.

-Façam isso. Eu cuido do que faltar- Enjolras falou se sentando e todos os amigos saíram do Café Musain para as suas tarefas, todos menos Éponine.

-Enjolras, você está bem?- ela perguntou preocupada, colocando as mãos sobre os ombros dele. Neste ultimo mês,Enjolras parecia ter envelhecido muito anos, ele quase não dormia, tinha provas, trabalhos e reuniões com professores que estavam pensando em apoiá-los na greve. Sem falar da carta que havia recebido dizendo que a mensalidade estava atrasada.

-Estou bem, Éponine. Não se preocupe.

Ela se sentou do lado de Enjolras segurando a sua mão.Geralmente Éponine não gostava de parecer se importar com outra pessoa.Ela gostava da aparência fria que tinha construído . Mas ela ja havia desmanchado aquela superfície tantas vezes para ele, que com ele. E Deus sabe por quê.... Ela não se importava em mostrar que se preocupava.

-Você sabe que pode me falar... Vamos quem sabe eu possa te ajudar.

Enjolras apoiou os cotovelos na mesa e passou a mão pelo rosto com frustração.

Como explicar para ela que agora ele não era nada?Que ele estava se cansando de tudo? Que muito provavelmente ele teria que trancar a faculdade?

-As coisa não estão fáceis, Éponine.- ela olhava atentamente para o rosto de Enjolras, preocupada.

Enjolras nada disse,apenas tirou a carta que havia recebido do bolso e entregou para Éponine que leu atentamente.

-Eu não sei o que fazer. Tenho que ajudar Marius com as contas do apartamento... Eu tinha a minha conta com um pouco de dinheiro guardado so que ontem eu fui retirar para poder pagar a faculdade e meu pai bloqueou a conta.Eu não posso mexer. Se eu não posso mexer eu não tenho dinheiro para pagar a mensalidade.... Vou ter que trancar o curso de direito.- Enjolras olhou para Éponine que o olhava pensativa.

-E se você arrumasse um emprego?

-Mesmo assim eu não teria dinheiro suficiente para pagar a faculdade e as contas do apartamento.

-Talvez você pudesse conversar com o reitor. Ele gosta de você,Enjolras. O reitor pode conseguir um desconto para você.

Enjolras balançou a cabeça negativamente. Ele era orgulhoso demais para pedir ajuda financeira. O reitor era amigo de seu pai e com certeza iria contar, o que deixaria seu pai muito contente em ver a situação que ele se encontrava.

-Sem chances. Eu não vou pedir ajuda e mesmo que eu consiga um emprego não vou ter dinheiro para pagar a mensalidade do mês passado e desse mês e do próximo .

-Você poderia pedir para seus amigos. Explicar a situação. Eles não vão te negar ajuda, Enjolras.

-Não vou pedir dinheiro para eles, Éponine. Esse é um problema meu!

Éponine bufou perdendo a paciência. Ela estava tentando ajudar mas parecia que Enjolras não queria ser ajudado. Era orgulhoso demais para admitir que precisava de ajuda.

-Otimo! Tranque a faculdade então.- ela falou se levantando irrita- Mas você precisa aceitar que você precisa de ajuda... Ou você pensa que só os outros precisam de você? Pare de ser orgulhoso, Enjolras!

-Eu não sou orgulhoso!- ele se levantou também , aumentando a voz para Éponine, que não se deixou abalar.

-Então peça ajuda. Afinal você tem amigos para que? So para você mandá-los fazer as coisas para os protestos?

-Não, Éponine... Você não entende.

-Não mesmo. Como alguém tão inteligente pode ser tão orgulhoso?

-Eu não sou.... Ah quer saber? Esqueça eu não deveria ter te contado.- Enjolras pegou sua mochila e a jogou no ombro. Não entendia como Éponine tinha esse poder de arrancar qualquer coisa dele.

-Olha eu tenho amigo que está contratando. Não é um emprego ótimo mas é alguma coisa. Eu posso pedir para ele te entrevistar se você quiser. ´E de garçom no Café des 2 Moulins. O salário é bom porque é um café bem famoso.

-Como você conhece o dono de la?

-Não é o dono. É o filho.

-Você poderia falar com ele?

Éponine sorriu. Ela sabia que ele faria a escolha certa e ele não podia recusar a ajuda dela que estava se esforçando tanto para achar soluções para o problema dele.

-Mas é claro que posso!

-Bom então já vou indo...- Enjolras falou se virando para ir embora ate que ele sentiu a mão de Éponine segurar seu braço.

-Eu sabia que você ia escolher a opção certa... Eu tenho muito orgulho de você.

-Obrigado, Éponine.

No dia seguinte Enjolras estava no horário de intervalo entre as aulas estudando na biblioteca quando duas mãos lhe tampara os olhos.

-Adivinha quem é?

Enjolras tirou as mãos de Éponine dos seus olhos e se virou para ela.

-Seu chato... A intenção era você descobrir quem era- ela falou se sentando na cadeira ao lado da Enjolras.

-O que você está fazendo aqui?Não deveria estar em aula?

-Deveria... Mas é aula de cenografia e Deus sabe como essa aula é chata. Então vim lhe ver! Conversei com meu amigo e ele pediu para você ir amanhã as três horas fazer a entrevista.

-Muito obrigado, Éponine... E não precisava não ir a aula para me dizer isso. Poderia me dizer a noite.

-Não vou na reunião de hoje- Éponine falou mexendo na mochila de Enjolras. Ela tinha essa mania tudo pegar para ver.

-Por que não?

-Tenho um trabalho para fazer- ela respondeu dando de ombros.- Ah ja ia me esquecendo. Tenho uma presente para você.

Éponine começou a mexer dentro de sua bolsa e Enjolras a olhava com curiosidade. Finalmente Éponine tirou de dentro um envelope marrom e colocou a bolsa de lado.

Ela estendeu o envelope para Enjolras. Ela torcia para ele não recusar e entendesse que ela não estava com pena,estava apenas tentando ajudá-lo.

-O que é isso?- Enjolras pegou o envelope com receio. Éponine fez sinal para ele abrir o envelope. Ele ja tinha suspeita do que seria mas mesmo assim abriu. E quando abriu suas suspeitas se concretizaram.- O que é isso?Eu não posso aceita!- ele deslizou o envelope com dinheiro para o lado de Éponine.

-Pode sim! Esse dinheiro eu estava guardando para fazer um curso em Londres... Mas você precisa dele mais que eu.

-Eu não quero a sua pena, Éponine.- Enjolras falou voltando aos seus livros e dando o assunto por encerrado.Mas ela não estava afim de encerrar o assunto.

-Não é pena,Enjolras! Eu estou querendo te ajudar, será que você não percebe?

-Me dando dinheiro,Éponine?

-Você esta precisando dele. Que mal há nisso? Eu so sou uma amiga tentando te ajudar.

-Não gaste sua saliva. Eu não vou aceitar, Éponine.

Eles ficaram um tempo em silêncio. Enjolras ficou extremamente irritado pelo gesto de Éponine. Já Éponine pensava em um jeito de fazer Enjolras aceitar aquele dinheiro.

-Já sei!

-Eu não vou aceitar,Éponine- ele falou sem tirar os olhos do livro e ela fez uma careta.

-E se eu te fazer um empréstimo ? Eu não vou estar lhe dando dinheiro. Você pode me pagar aos poucos... Vamos Enjolras. Aceite.

-Vou pensar Éponine.

-Otimo- ela cantarolou se levantando da cadeira.- Me avise sobre sua decisão. Deixe eu voltar para a aula. A gente se vê.

E ela saiu correndo porta afora.

Pela noite quando chegou do café Musain ele foi para seu novo quarto. Foi tomar banho e quando saiu pegou sua mochila para estudar um pouco antes de dormir. Ao tirar os livros um envelope marrom caiu do meio de um dos livros. Ele o pegou e o abriu. Era o envelope de dinheiro. E dentro tinha um papel de bilhete vermelho escrito com a letra miúda de Éponine.


"Aceite o dinheiro como um presente ou se sentir me pague depois. So aceite,sem reclamações. Pague as mensalidades atrasadas ou eu farei isso!

Éponine"


No dia seguinte Enjolras pagou a mensalidade,mas não sem antes prometer a Éponine que pagaria tudo.

Éponine aquela noite novamente não apareceu no café Musain. Todos os amigos estavam correndo com os preparativos do protesto que aconteceria no dia seguinte em frente do Palais Du Luxembourg,onde fica o senado de Paris.


No dia dos protesto que eles chamaram de"contra a austeridade, as finanças e pela 6º República" todos se encontraram na praça da Bastilha.

Enjolras se assustou com a quantidade de pessoas que apareceram e que não paravam de chegar. Eles iriam fazer a passeata que iria acabar na frente do Palais Du Luxembourg.

Todos os amigos já estavam, ate mesmo Cosette que tinha um chapéu grande tampando o rosto.

-Não queria perder o protesto mas também não queria me queimar.- ela explicou quando percebeu o olhar de Enjolras.

Apenas Éponine não tinha chego ainda. Enjolras a procurava na multidão que havia aparecido. Inclusive pessoas de outras cidades tinham vindo.

-Foi muito inteligente da parte de Éponine a idéia de criar o evento no facebook. Deve ter mais de mil pessoas aqui!- Combeferre exclamou para Enjolras.

Enjolras se sentia... Bem,de ver que as pessoas estavam preocupadas com a situação. Ninguem queria que a França voltasse a ser como era há dois séculos atrás.

Enjolras e os amigos lideravam a frente. Joly carregava um kit de primeiro socorros. Grantaire tinha uma garrafa de rum nas mãos. Jean tocava sua flauta acompanhado de seus outros amigos apaixonados pela idade media. Bossuet praguejava que alguma coisa daria errado.

-Vê se não arruma briga Bahorel- Combeferre falou para o amigo.

-Eu? Mas quem disse que eu arrumo briga?- Bahorel perguntou cínico .

-Vamos evitar arrumar qualquer tipo de briga. Queremos progresso não sangue em nossas mãos- Combeferre falou para os amigos.

-Está na horas de começarmos.- Enjolras avisou.

-Espere so mais uns instantes... Ponine me mandou uma mensagem dizendo que está chegando.- Cosette avisou.

Uns minutos depois um garoto e Augustinne vinham correndo em direção ao grupo.

-Augustinne! Não disse que era perigoso demais para você?- Combeferre perguntou para a garota que arfava.

-Não resisti quando Éponine me convidou.

- E onde está, Éponine?- Enjolras perguntou.

-Bem aqui, M'sieur.- Enjolras se virou e viu que o garoto que havia acabado de chegar era na verdade Éponine- O que achou?- ela perguntou dando uma volta. Ela tinha a roupa e o rosto sujo.- Desóle a demora... Perdi hora. Mas podemos começar.

-Passe para trás que iremos começar- Enjolras gritou.

-Ponine!- Joly veio para o lado dela com a mão esticada como para cumprimentá-la mas pegou no seu pulso e começou a procurar a pulsação enquanto olhava seu relógio .- Sua pulsação esta boa.

-Merci,Joly- Éponine respondeu rindo mas Joly não a ouviu estava contando a pulsação de Augustine.

Eles começaram a andar, eles gritavam. Éponine ia a frente com um rodinho e gritava "Vida honesta! Vida honesta!"

A passeata daquele grupo parou o trânsito eles entraram no meu dos carros e quando eles chegaram no Palais Du Luxembourg encontraram a policia fechando a rua.

Eles ficaram ali,na frente do palacio.

-Queremos a mudança que nos prometaram! Onde estão os empregos que o presidente que escolhemos prometeu?- Enjolras gritou quando um assistente do senado foi tentar conter os revoltados.- Traga o até aqui!

-O presidente está no periodo de experiencia- falou o homem de oculos em um microfone.

-Ate quando dura esse periodo de experiência?- perguntou Coufeyrac.

-Sim,um ano não é tempo suficiente para ter uma experiência?- Combeferre questionou

-Não é suficiente para ver que se ele não conseguiu fazer nada em um ano ele não vai fazer nada o resto do mandato!- Marius se pronunciou e Cosette segurou seu braço como se dissesse "Por favor não se meta em confusão"

-Nosso presidente é um cretino,inútil- Grantaire gritou- So porque fomos burros de o colocar nessa cadeira idiota,não quer dizer que seremos burros de deixá-lo ficar mais tempo sentado brincando de governar enquanto as pessoas estão passando necessidade!- Grantaire falou pela primeira vez com convicção. Pela primeira vez ele dizia algo em que ele acreditava. Todos os amigos do Abc e incluindo Enjolras olharam boquiabertos para Grantaire pasmados com o que ele disse. Eles ficaram em silêncio por uns instantes absorvendo aquele momento,talvez único . Grantaire levava a garrafa que tinha consigo a boca quando percebeu os olhares direcionado a ele. Ele olhou confuso para os amigos - Que foi? Não sou tão estúpido quanto pareço, posso estar bêbado mas presto atenção no que vocês falam quando não estou desmaiado.

O homem olhava sem entender a cena a sua frente. Éponine sacudiu a cabeça como se para voltar a si.

-Sinto muito não estamos acostumados a ele falar coisas inteligentes e...

-Isso não importa- Enjolras saiu do estado de transe em que estava- Não sairemos daqui enquanto não tivermos algum acordo.

-O melhor acordo que podem conseguir é saírem daqui sem uma ficha criminal.

Éponine riu sarcasticamente.

-Faça-me o favor. Você acha que essas pessoas aqui se importam com isso?- ela perguntou e Cosette murmurou “Eu me importo” que Éponine preferiu ignorar.

-Então se vocês causarem mais tumulto do que já estão causando, terão que enfrentar a policia.

-Então enfrentaremos a policia !- Marius tomou a frente de Enjolras, o homem virou as costas sem dizer mais nada. Éponine olhava admirada para Marius.

Depois de horas no sol, os manifestantes estavam sentados na grama. Éponine tentava ter a atenção de Marius,mas este estava concentrado demais em Cosette.

Enjolras e Combeferre discutiam sobre como poderiam chamar atenção sem usar a violência. Grantaire, Bahorel e Laigle dividiam, contra a vontade de Grantaire a bebida.

Éponine desistiu de chamar a atenção de Marius, era tempo perdido. Ele estava perdido, era melhor se afastar antes que seu coração começasse a descolar. E ela não suportava mais colar os pedaços todos dias. Ela foi se sentar com Courfeyrac, que gostava da companhia dela. Pelo menos era o que ela achava.

Pela noite as coisas ficaram meio agitadas. Nem todos os protestantes eram tão pacíficos quanto os amigos do ABC e quando alguns políticos estavam saindo em seus carros eles partiram para cima não dando passagem, tacaram pedras. A policia reagiu jogando bomba de efeito moral perto das pessoas. Éponine puxou Augustinne e Cosette e as colocou em um lugar que ela considerou seguro e foi ajudar Enjolras,Marius e os outros amigos a tentar controlar a multidão.

Enquanto tentavam passar por entre a multidão na esperança de chegar a frente, Joly, passou gritando desesperado por eles por causa de um corte que ele conseguiu na testa. Em seguida ele desmaiou. Éponine estava mais próxima dele, e correu para tentar pegar o amigo que estava mais branco que de costume e tirar da multidão antes que fosse pisoteado.

Com dificuldade ela o arrastou pela grama, ela esperava que ele nunca descobrisse isso, porque sabia que iria ouvir um monologo de como ele poderia ter morrido por conta dos germes e bactérias e ele iria se auto diagnosticar com uma doença e aguardar uma semana em casa esperando a morte.

-Cuide dele.- Éponine falou sem fôlego para as garotas, ela tinha conseguido arrastar ele ate ali.- Limpe esse corte antes que ele acorde.

-Ponine fique aqui- Cosette pediu como se na verdade estivesse implorando.- Você vai se machucar.

-E perder toda diversão- Éponine perguntou com um sorriso sarcástico- De jeito nenhum, mademoiselle.

No caminho para voltar aos protestantes Éponine viu um megafone da policia preso em um dos cavalos. Ela olhou para os lados e depois deu de ombros. Eles não dariam falta daquilo.

Teve dificuldade de passar por entre as pessoas mas conseguiu chegar a Enjolras, ela não disse nada,apenas entregou o aparelho para ele. Os outros amigos ajudaram Enjolras a subir no carro e ele começou a falar,com convicção e a acalmar as pessoas.

Depois da confusão, que havia sido resolvida por Enjolras, as pessoas voltaram a se espalhar e por ali passaram a noite.

Na manhã seguinte houve mais problemas. Chegou aos ouvidos dos protestantes que a lei da aposentadoria seria assinada pelo presidente. Pedras foram tacadas e o palácio foi invadido. Novamente confronto com os policiais. Éponine estava no meio da confusão e foi empurrada não conseguindo se levantar rapidamente algumas pessoas passaram por cima dela. Courfeyrac a ajudou.

-Você está bem, Ponine?

-Acho que sim- ela fez uma careta de dor ao se colocar de pé- Vamos!

-De jeito nenhum, vou pedir para Cosette vir buscá-la e levá-la ao hospital.

E assim o protesto acabou para Éponine, ela resmungou, praguejou mas de nada adiantou. Os outros amigos decidiram que ela deveria ir.

Pela hora do almoço, o homem que havia conversado com eles ontem, na tentativa de evitar o que acontecera, chamou Enjolras e Combeferre dizendo que algumas pessoas queriam conversar com eles.

Assim que as pessoas os viram entrando a situação acalmou. Ninguem sabe o que eles conversaram lá dentro ou o por quê de ter demorado tanto. Mas quando saíram e isso já era noite eles tinham conseguido a lei da aposentadoria ser renegada . Não era tudo o que eles queriam mas era um começo .

Esse pequeno feito havia deixado as pessoas satisfeita e assim eles concordaram em encerrar por ali o protesto.

Todos foram para o Café Musain. Éponine, Cosette e Augustinne estavam lá. Éponine ainda usava as roupas de garoto mas tinha o rosto limpo.

-Você esta bem?- Enjolras perguntou desabando exausto ao seu lado.

-Claro sim! Foi completamente desnecessário a minha ida ao hospital!

Eles conversaram sobre o protesto, ressaltaram os pontos positivos, os negativos , o que precisava ser melhorado. Falaram como se sentiram, qual foi a sensação. Éponine fez piada sobre o que tinha lhe acontecido.

Depois de toda a conversa sobre o protesto eles começaram conversas mais leves, brincadeiras. Grantaire começou a dar o vexame de sempre. Quando Enjolras voltou para a mesa eles estavam brincando de descrever um ao outro.

-Cosette descreva a Éponine.- pediu Jean.

Cosette pareceu pensar um pouco. Éponine murmurou “olha lá o que você vai falar ein”

-Ela é impossível de descrever sabem? Ela é peculiar, forte e a pessoa mais adorável que já conheci... Como eu disse impossível de descrever.

-Agora você,Ponine- Jean a incentivou.

Éponine tomou um pouco de vinho e limpou a boca.

-Loira.- ela respondeu tirando risos de todos.

Eles continuaram a brincadeira ate que todos tinha sido descrito.

Cosette e Marius estavam conversando baixinho afastados de todos, quando eles estavam tentando descobrir qual musica Grantaire estava cantando.

Enjolras só observa, na verdade observava Éponine e ela bem... observava Marius.

-Amigos...- Marius chamou a atenção de todos se aproximando de Cosette que sorria- Queremos contar uma novidade para vocês. É uma decisão que já havíamos tomado mas so agora achamos o melhor o momento de contar.

-O que é? Vão começar a servir comida de graça na universidade- Grantaire perguntou sem levantar o rosto da mesa.

-Não... mas vai ter comida de graça.

-So de saber isso já adorei a noticia.- Grantaire murmurou levantando a garrafa.

-Parem de lenga, lenga e contem logo.

-Cosette e eu vamos nos casar!- Marius anunciou e Éponine cuspiu o que estava bebendo, surpresa com a noticia. No rosto dela dava para ver como aquela noticia não a deixara feliz,mas depois de um segundo um sorriso forçado brotou em seus lábios e ela se levantou para abraçar Cosette.

-Você não esta grávida, está?

-Não,Ponine. Não estou.

-Então parabéns,estou muito feliz por vocês... Agora se me dão licença preciso de um ar. Minhas costelas estão doendo.

E Éponine saiu segurando as lagrimas. Enjolras pensou em como devia ser difícil para ela receber uma noticia assim e ainda sorrir e fingir ficar feliz.

Ele ficou um tempo lá dentro mas depois de uns dez minutos saiu para procurar Éponine. Ele olhou ao redor e não a encontrou. Ele a procurou nas ruas perto do Café Musain e nada. Ate que Enjolras decidiu olhar nos fundos do café,ele correu até la e estava certo. Ali ele encontrou Éponine. Mas ela não estava sozinha.

Ela estava sentada na escadinha da porta do fundo aos beijos com Courfeyrac.

Enjolras não disse nada, apenas deu dois passos silenciosos para trás e foi embora.