When Love Comes Around | h.s.

New York, New York e Luna Pt. II


"Harry Styles? Como assim você está viajando com Harry Styles? Não era com o seu meio-irmão." Tom praticamente berrava do outro lado da linha.

"Harry é o meu meio-irmão, Thomas" suspirei. Eu não queria que o clima da nossa conversa fosse esse. "Eu sei que vocês não se falam há um bom tempo e pelo visto vocês brigaram, mas eu acho uma boa ideia esse reencontro agora que vocês já são praticamente adultos, por assim dizer." eu revirei os olhos e ele bufou.

"Ah que ótimo, aposto que ele falou várias merdas sobre mim." eu nunca tinha visto Tom daquele jeito, realmente a briga deles deve ter sido feia.

"Não, Tom, ele disse que eu já sabia de tudo que eu precisava saber." eu murmurei e ela ficou em silêncio.

"As, eu ainda não gosto da ideia de você viajando sozinha com o Styles" ele disse em um tom mais contido.

"Eu também já pensei em jogá-lo no meio da estrada, mas não posso" eu brinquei lembrando de quantas vezes eu realmente quis fazer isso.

"Eu sei como é, mas não é disso que eu estou falando. Harry pode ser bem conquistador quando quer." eu arregalei os olhos.

"Thomas Brams! Harry é o meu meio-irmão, ele nunca tentaria uma coisa doentia dessas. A mãe dele está casada com meu pai, entendeu? Nunca que ele iria tentar me conquistar. Isso é insano!" eu disse tudo num só fôlego ainda sem conseguir acreditar no que eu ouvi.

"Calma! E isso não é tão absurdo assim. Vocês nem têm o mesmo sangue, como você mesmo disse: meio-irmão." ele frisou bem a palavra e eu estava de boca aberta. "Você é inocente e bonita, não acho que ele veria obstáculo nisso."

"E quanto a mim? Meu desejo não é atendido? Mesmo eu não querendo ele vai me pegar a força? Pelo amor de Deus, Thomas, para com isso. Você nunca foi ciumento. Eu quero você e mais ninguém. Eu estou atravessando essa droga de país por você e apenas você. Tem como você confiar em mim? Eu nem faço o tipo do garoto." eu disse tentando acalmar os ânimos da conversa.

Ele ficou alguns minutos em silêncio e depois:

"E ele faz seu tipo?" eu dei uma risada irônica. O que deu nele hoje?

"Você está impossível hoje. Boa noite, Thomas."

"Você não respondeu a minha..." eu não esperei que ele terminasse, desliguei a ligação e joguei o celular em algum canto escuro da kombi.

Soltei um grito frustado.

Primeiro, Harry teve que a viajar comigo, depois Harry esqueceu o dinheiro da hospedagem e ainda por cima nos trouxe para o apartamento de uma oferecida que aparentemente não gosta de mim e de nenhuma mulher que esteja menos de um quilômetro dele. E então Thomas tem uma crise de ciúmes por eu estar viajando com o Harry.

Por que todas as coisas tinham que se ligar a ele? Se não fosse ele estaria tudo bem.

Minha intenção de achar o sono enquanto conversava com o Tom foi por água abaixo e ainda me deixou mais acordada do que antes.

Minha última opção era escrever. A poucos centímetros de mim estava minha máquina, porém quando eu estava prestes a escrever a primeira palavra ouvi uma respiração forte sendo solta.

"Você é meio louca não acha?" meu coração, que já batia acelerado pela possibilidade de ter alguém comigo ali dentro, triplicou a sua batida quando notei que esse alguém era o Harry. Há quanto tempo ele estava ali?

"Quero dizer, alguém que sai de pijama, descalça, entra numa kombi e não fecha a mesma às três da madrugada, no meio de Manhattan, apenas para falar com o namorado. Ou você é louca ou ele realmente vale a pena." eu podia sentir minhas bochechas esquentarem e agradeci a Deus por estar no escuro.

"Eu... eu perdi o sono." ele passou o corpo pelo espaço entre o carona e o motorista e veio para parte de trás da kombi onde eu estava sentada. "Estava na esperança de pegar no sono falando com o Tom, mas acho que não deu muito certo. E você? Por que está acordado uma hora dessas?" ele tinha sentado na minha frente e me olhava fixamente.

"Eu estava indo beber água e acho que acordei a Luna ao levantar. Então ela resolveu desenterrar um assunto antigo que ela não entende." ele abaixou o olhar para os cordões de sua calça moletom e começou a brincar com eles.

"Sobre sua ex-namorada?" antes que eu pudesse pensar, minha boca já havia proferido as palavras e ele olhou imediatamente.

"Então você ouviu a conversa?" eu queria cavar um buraco e me enfiar lá.

"Me desculpe, eu não queria ouvir, mas sua amiga fala demasiadamente alto." ele sorriu ao notar a minha vergonha.

"Tudo bem, mas a garota de quem nós falávamos nunca foi minha namorada." eu abri e fechei a boca e ele continuou "Eu só a vi uma vez e nos beijamos e..."

"Você nunca mais a esqueceu" eu completei me comovendo com a história. Era quase o que aconteceu comigo e com Tom.

Harry olhou para mim e assentiu com a cabeça.

"Quando eu estava na Inglaterra eu estava pensando nela, se ela estaria tão bonita quanto antes, se ela também pensava em mim. Porém, lá no fundo sei que isso é coisa de filmes e que ela provavelmente, nem lembra quem eu sou, já deve ter alguém ou talvez nem foi tão especial para ela quanto foi para mim." pensei em perguntar para ele como foi que ele a conheceu mas eu já tinha entrado demais na vida dele por um dia.

Eu tinha a impressão que era a primeira vez que eu via o Harry de verdade, como uma pessoa que tem receios e inseguranças...

Eu adorava ouvir histórias de amor de todo mundo, mas quem sabe da próxima vez eu conseguiria ouvir a dele.

"Espero que você a encontre e que vocês fiquem juntos no final." eu disse e ele sorriu.

"Espero que sim. " o jeito como ele disse isso me fez sorrir de volta involuntariamente. Então ele disse de repente:

"Quer dizer que Thomas Brams está com ciúmes de mim." Ele mudou de assunto tão rápido que não deu nem tempo de me preparar.

"Você ouviu a minha conversa?" eu perguntei chocada e ele piscou:

"Estamos quites, não é mesmo?" ele se moveu para o meu lado e gargalhou.

"Acho que sim" eu ri também. "Agora, olha s coisas que eu tenho que aguentar : Tom com ciúmes de nós dois viajando juntos."

"Tom precisa se garantir mais" eu o empurrei levemente e ele riu.

Ouvimos um barulho de algo batendo na lataria da kombi e eu me encolhi ao lado de Harry.

"Shh." ele olhou para mim com o indicador na frente dos lábios.

"Olha o tampinha dando pt, vish " uma voz embolada disse e outras deram risadas.

Olhamos por uma das janelas e vimos um grupo de garotos da nossa idade aparentemente todos bêbados e um que parecia mais jovem se levantando do chão, provavelmente o que bateu na kombi.

Eles não demoraram muito ali e logo seguiram seu caminho.

"Vamos entrar." Harry disse de repente e eu apenas confirmei com a cabeça. Já tínhamos passado por "aventuras" demais naqueles dois dias de viagem.

"Hora de deitar no sofá e esperar amanhecer." eu suspirei fundo quando Harry abriu a porta do apartamento para mim.

Assim que entramos, ele fez menção que ia dizer algo mas desistiu.

"O quê?" eu perguntei e ele coçou a nuca com uma expressão confusa. "O que você ia dizer?"

"Ah, nada. Só uma coisa besta minha que eu acho que só funciona comigo mesmo."

"Ah, conta vai" eu insisti e ele respirou fundo fingindo impaciência.

"É que quando eu era pequeno e não conseguia dormir, eu chamava a minha mãe e nós brincávamos de guerra dos dedões. Bem idiota."

Eu ri e ele fez uma cara séria.

"Bem é melhor do que a minha técnica para dormir de chorar lembrando da minha mãe." eu murmurei sorrindo fraco.

"Desculpa, eu não queria..." ele se apressou em dizer mas eu o interrompi.

"Não, tudo bem. Mas então me diz isso funciona até hoje com você?" eu perguntei mordendo o lábio tentando não rir com a lembrança da cara séria que ele fez quando eu ri.

"Não sei, faz um bom tempo que eu não tento." ele disse dando de ombros ainda com a cara fechada.

"Mais um motivo para você me mostrar como funciona e de quebra você ainda testa se ainda funciona com você." eu sentei no sofá e ajeitei as almofadas. Ele deu de ombros e sentou no chão.

"O que você está fazendo? Não espera que eu estique meu braço até aí, certo?" eu perguntei e ele olhou para mim.

"Nós jogamos e quando você pegar no sono eu já vou estar no chão e não vou te acordar quando eu for para o quarto." ele disse simplesmente.

"Não precisa, eu tenho sono pesado e quando você quiser ir para o quarto você não vai me acordar nem se quisesse." eu bati no espaço ao meu lado no sofá.

Ele veio em direção ao sofá e deitou-se.

"Disse a garota que acordou com gemidos do quarto ao lado." ele revirou os olhos e eu dei um tapa no seu braço. "Vamos começar isso logo."

Ele se virou para mim, apoiou a cabeça em uma das mãos e estendeu a outra. Eu fiz o mesmo.

Ele pegou a minha mão livre, posicionou com a sua e me deu as instruções.

"Esse jogo é meio injusto. Sua mão é muito maior que a minha, logo o seu dedão também e eu não consigo..." eu tentei prender seu dedão embaixo do meu pela milésima vez.

"Isso é desculpa porque você é muito ruim." ele gargalhou e prendeu o meu embaixo do dele. Mais uma vez.

E foi assim pelo resto da noite, bem até onde eu me lembro.

******

Os raios de Sol já penetrava as janelas quando eu acordei.

Levei alguns segundos para reconhecer o ambiente.

Olhei para o lado e encontrei Harry dormindo profundamente com um braço cobrindo os olhos. Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas por causa do jogo. Sua mão tinha uma tatuagem de uma cruz que eu só tinha reparado naquele momento.

"Bom dia para você também" ouvi sua voz mais rouca que o normal e pensei em fingir ainda estar dormindo, mas era tarde demais.

Eu puxei minha mão e ele lançou um sorriso afetado.

"Bom dia, casal...de irmãos." Luna apareceu com uma camisola quase transparente e eu me preparei para dar uma resposta bem dada, mas Harry segurou meu braço.

"Só ignorar que ela cansa." nós levantamos e ele dobrava os lençóis enquanto eu arrumava minhas coisas para tomar um banho.

Vesti um vestido florido e prendi meu cabelo num coque e pus uma sandália rasteira. Estava um calor infernal. Saí do banheiro e encontrei Harry atrás da porta com a sua toalha na mão e Luna na sala com um vestido colado, dourado e cintilante. Para onde essa garota vai a essa hora. Uma boate?

"Não se matem, eu só vou tomar banho." ele disse baixinho e eu empurrei ele de uma vez para dentro do banheiro.

Andei hesitante até a sala e me sentei no sofá sem saber onde pôr as mãos. Luna me observava com um olhar afiado.

"Então, Aster, não é?" ela cruzou os braços, sentou-se ao meu lado e eu assenti com a cabeça. "Tom já deixou de ser um mala?" eu pisquei algumas vezes absorvendo a pergunta.

"Tom nunca foi um mala. Nós namoramos desde os 13 anos." ela arregalou os olhos mas logo se recompôs.

"É, ele deve gostar muito de você e, provavelmente, ser um mala apenas com os amigos." ela passou a mão pelos seus cabelos castanhos-cobre que iam até sua cintura.

"O que ele fez pra vocês? Tom é um amor, não seria um mala nem com uma mosca." eu disse sinceramente, Luna ficou me olhando por alguns segundos e então caiu na gargalhada. Eu adotei uma expressão séria e ela disse:

"O que ele fez? Você não sabe o que ele fez? Ele apenas..."

"Hey, garotas, numa próxima oportunidade vocês terminam essa conversa" Harry saiu do banheiro vestindo uma camisa de botões estampada e uma calça jeans escura.

"Nossa, você está a cada dia mais brega." Luna disse ao Harry olhando-o de cima a baixo. Tive vontade de pedir para que ela terminasse o que iria dizer, mas parte de mim não acreditava em nenhuma de suas palavras.

"É por isso que você me ama." ele a respondeu, pegou nossas bolsas e foi em direção à porta. Eu acompanhei com Luna logo atrás de mim.

"O que ela está fazendo atrás de nós?" sussurrei baixinho para que apenas Harry ouvisse.

"Ela vai com a gente até Nova Jersey."

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