When Love Comes Around | h.s.

Harry & Teri, até que a manhã os separe


"Você não está se saindo muito bem no quesito disfarçar " Sean apareceu atrás de mim pondo as mãos nos meus ombros.

Eu estava sentada na mesinha improvisada de café da manhã que Sean e Teri preparou para nós. Harry já tinha comido e estava conversando com Teri um pouco afastado da mesa onde eu estava e de tempos em tempos olhava em minha direção.

"Acho que desisti de tentar disfarçar" eu dei de ombros e dei uma mordida no cookie caseiro que estava na minha mão.

"Oh, isso é uma coisa boa de se ouvir." Sean tirou as mãos de mim e se sentou ao meu lado. "Pretende contar para ele ou prefere fazer com que ele descubra sozinho? Eu posso te ajudar se quiser."

Eu semicerrei os olhos:

"Por que este interesse em me ajudar?"

"Sei lá, eu acho legal bancar o cupido na vida das pessoas." ele deu de ombros "Agora e você? Por que tem medo dos seus sentimentos?"

Eu esperei alguns instantes antes de responder:

"Eu tenho um namorado." Sean arregalou os olhos.

"Uou, isso se tornou bastante complicado agora." ele disse e eu assenti com a cabeça.

"É sério?" Teri se dirigiu a mim. Ela e Harry se aproximaram da mesa onde estávamos. Eu fiz uma cara confusa e ela continuou "Quero dizer, você está mesmo há três meses longe do seu namorado?"

Eu me surpreendi com a pergunta mas assenti com a cabeça.

"Harry me contou. Saiba que eu super admiro vocês, eu não sei se conseguiria me guardar todo esse tempo." ela riu consigo mesma.

Todos olhamos para ela ao mesmo tempo, provavelmente não fui a única que achei seu comentário bem desnecessário, mas ela deu de ombros

Harry lançou um olhar para mim enquanto tinha as mãos nos bolso, e eu retribui.

"Quando você estiver pronta, podemos ir." ele parecia me analisar de forma curiosa, estudando cuidadosamente minhas reações a cada palavra sua proferida.

Desde a noite anterior nós não havíamos trocado uma palavra seque, muito menos olhares.

"Ah, vocês já estão indo? Nós poderíamos mostrar a cidade para vocês." Teri ofereceu um tanto decepcionada com a nossa partida enquanto eu limpava minha boca com um guardanapo.

"Fica para uma próxima oportunidade." Harry deu passos largos até mim quando eu me levantei da mesa. "Obrigada pela hospitalidade." Teri lançou um sorriso cheio de segundas intenções e Sean fez um sinal com as mãos significando que estava às ordens.

Então Harry apenas pegou a chave da kombi que estava presa em um dos passadores de cinto da minha calça, acenou para os dois anfitriões e tomou seu caminho em direção ao veículo.

Simples assim. Sem beijos, abraços, nem mesmo apertos de mãos. O olhar de Teri tinha o mesmo tanto de decepção quanto o meu tinha de surpresa. Senti um pouco por ela. Ficou claro que a noite passada significou muito mais para ela do que para ele.

Me recompus e me preparei para as despedidas:

"Sério, o que vocês dois fizeram pela gente foram de uma gentileza tremenda, não tenho palavras nem meios para agradecê-los. Se vocês soubessem como foi bom dormir tranquilamente depois dos apuros que passamos nas poucas noites anteriores..." eu ri e eles me acompanharam.

Dei primeiro um abraço no Sean e agradeci verdadeiramente pr tudo. Tudo mesmo. Em menos de vinte e quatro horas, adquirimos uma afinidade muito rara de acontecer.

Ele pegou meu celular sem cerimônias e disse enquanto digitava:

"Meu número. Quando precisar só ligar." eu dei um último abraço nele e fui em direção a Teri.

Dei dois beijos em suas bochechas e ela me entregou um pedaço de papel:

"Será que...? Sei lá, você poderia entregar para o Harry... hm bem...tem o meu número aí. Quero dizer...esse número também serve pra você, se precisar de algo." eu assenti com a cabeça meio impaciente apesar da minha raiva por ela estar diminuindo à medida que a minha raiva pelo Harry aumentava.

Acenei para eles uma última vez e entrei na Scarlet.

"Não vai mesmo se despedir deles?" eu perguntei ao Harry que me olhava como se eu estivesse dito a maior idiotice do século.

"Eu já me despedi deles." disse simplesmente dando de ombros. "Não é como se tivéssemos virado melhores amigos numa noite. Quer dizer, não posso dizer o mesmo de você e o Sean" eu revirei os olhos enquanto ele dava partida e seguimos para o nosso próximo destino.

"Bem, talvez Teri não pense assim de vocês." eu brinquei com o pedaço de papel na minha mão." Ela mandou eu te entregar, acho que tem o número dela aí ou algo do tipo."

Eu estendi o papel em sua direção sem de fato olhar para o ato, apenas senti o papel escorregando entre os meus dedos.

Harry não se deu o trabalho de abri-lo, apenas o enfiou de qualquer jeito no bolso e continuou a dirigir.

Cruzei os braços e bufei. Talvez o verdadeiro Harry fosse aquele Harry que quase me obrigou a sair do seu antigo quarto, alegando que a casa não era minha.

Engraçado era que essa cena parecia ser de anos atrás, ou melhor, parecia que nunca tinha realmente acontecido.

"O que foi dessa vez?" Harry me trouxe de volta ao presente.

"O que foi o quê?"

"Te conheço o suficiente para saber quando está com raiva." ele disse sem tirar os olhos da estrada.

"Talvez você não conheça tanto quanto acha. Não estou com raiva." menti. Eu não ia falar mais nada, mas mudei de ideia. " Eu só acho que você poderia ser mais um pouco sensível."

"Por quê? Porque ela me deu o número dela? Por favor, Aster se eu fosse um pouco mais "sensível" com cada garota que simplesmente me desse o número eu..."

Ouvimos um barulho ao mesmo tempo que a kombi começou a reduzir sua velocidade até para.

Olhei assustada para Harry.

"O que foi isso?" perguntei de olhos arregalados. "Gasolina?"

Ele olhou para o painel e balançou a cabeça negativamente.

"Não, o taque está praticamente cheio."

Naquele momento começou a sair fumaça do capô então ele pediu para que eu saísse do veículo e me seguiu segundos depois.

"Será que é algo grave?" eu perguntei já começando a roer as unhas. Além de não conseguirmos chegar ao nosso destino, perder Scarlet seria uma perda material e sentimental muito grande para mim.

Harry foi abrir o capô e mais fumaça saiu dali.

"Pelo visto não é nada que eu eu possa consertar." ele tossiu balançando a mão na frente do rosto. "Vamos ter que chamar um mecânico."

"E não temos dinheiro para um mecânico"

"Bem, teremos que economizar na comida." ele pôs as mãos na cintura.

Oh não. Já não tínhamos lugar para dormir, agora a comida? Comida é prioridade. Porém sem Scarlet nunca chegaríamos na Califórnia.

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