When I Saw You.

Aquele em que o Iceberg derrete.


Olho preguiçosamente para o relógio na cabeceira da cama. Quase 09:00 da manhã. Dou um pulo da cama, preciso estar pronta as 10:00!

Corro pro banheiro e tomo uma ducha rápida, coloco um vestido de verão curto e soltinho de manguinhas branco. Como dormi de cabelo molhado está cheio de ondas, faço um rabo de cavalo alto, uma make bem básica e coloco um allstar vermelho pra finalizar.

Estou sentado na mesa tomando café sozinha quando meu pai chega.

— Bom dia! Acho que tem alguém esperando você lá fora – Ele me olha desconfiado.

— O que foi?

— Nada. Só, volte cedo – Ele pega o jornal e senta na mesa. Antes de sair dou um beijo em sua bochecha, pego minha mochilinha e vou encontrar com meu noivo.

— 10 minutos atrasada. – Ele diz me olhando pela janela sobe os óculos escuros.

— Bom dia pra você também – Entro no lugar do carona – Sem motorista hoje também? Não vai me sequestrar né? – Digo sarcasticamente.

— Vou te prender em uma cabana até o contrato acabar, assim não tenho que me preocupar. – Ele nem mesmo me olha e isso me assusta um pouco. Seguimos em silencio por um tempo. Vejo que ele está se afastando da cidade.

— Ta, agora to ficando com medo. Onde estamos indo? – Coloco a mão sobre o freio de mão e o Sesshoumaru dá uma risada.

— Você queria saber o motivo, estou te levando pra conhece-lo. Já esqueceu? – Ele diz sério.

Ele para o carro na frente de uma instituição. Desço do carro tentando identificar o local.

— Vamos. – Ele diz andando na frente, calça jeans, camisa branca, tênis azul. Seu cabelo longo está preso em um rabo de cavalo baixo frouxo e os óculos escuros lhe deixam mais novo ainda.

— Heey! – Ele olha pra trás – Quantos anos você tem? – Corro parando ao seu lado.

— 43! – Ele tira os óculos e me encara, seus olhos amarelos são tão diferentes.

— Senhor Sesshoumaru! – Um velho senhor vem correndo até nós – Dois dias seguidos! Que honra!

— Ah Totosai! – Ele cumprimenta o senhor – Essa é Kagome Higurashi. Ela queria conhece-los.

— Oh! Das empresas Higurashi’s?! – O senhor de cabelos brancos arregala os olhos me deixando desconcertada.

— Tudo bem? – Me curvo levemente.

— Bom, o Sr. Taisho vai lhe mostrar tudo. Fique a vontade! – Ele abre o portão pra nós e quando entro vejo que é um orfanato.

Várias crianças sentadas em um mesão tomando café da manhã. Sesshoumaru vai até o que parece ser uma das mulheres responsáveis e eu consigo escutar bem baixo a conversa.

— Porque estão tomando café tão tarde? E a programação? – Ele diz sério, a mulher não parece intimidada.

— Ontem foi noite de filme senhor, dormiram um pouco mais hoje. Estamos com pouco pessoal e essa semana chegaram mais 3 crianças. – Ele olha pras crianças que parecem animadas tomando seu café.

— Vou providenciar mais cuidadores. Fale com o Jaken e diga tudo que precisa. – Ela dá um aceno de cabeça e ele volta até mim.

— Você é o dono daqui? – Digo quando um garotinho vem até mim, não deve ter mais do que 4 anos, com um dentinho faltando ele me estende um biscoito – Hey – Abaixo e pego seu biscoito – Obrigada, como sabia que eu estava doida por um desses? – Coloco na boca e como de uma vez o menininho sai correndo de novo.

Eu estou besta.

— Sou proprietário do prédio, mas não dono deles. – Ele diz secamente.

— Você me entendeu, eu nunca esperaria isso de você – Sou sincera – Você não é muito – Ele volta seus olhos pra mim.

— O que eu não sou? – Ele dá um passo em minha direção e me encara com seus quase 2 metros.

— Afetuoso ... ? – Digo um tanto sem jeito.

— Sr. Higurashi, isso não tem nada com ser afetuoso. – Nada muda em sua postura – Vamos passar o dia aqui, deixe suas coisas com a Sr. Yamashi. – Suponho que seja a mulher que ele estava falando já que ele me dá as costas e sai da sala.

— Que cara difícil de entender – Murmuro pra mim mesma.

Deixo minha mochilinha com a senhora e ofereço minha ajuda, ela aceita prontamente e pede para ajudar a levar as crianças para o pátio para brincarem um pouco no sol da manhã.

Fazemos filas com os pequenos enquanto os mais velhos se agrupam sozinhos, tem crianças de todas as idades. As mais velhas parecem ter 14, 15 anos. Quase a minha idade.

— Me desculpe, você trabalha aqui a muito tempo? – Digo para Sr. Yamashi depois de deixarmos todos no pátio. As cuidadoras parecem prestar atenção aos menores mas mesmo assim realmente falta pessoal.

— Uns 8 ou 9 anos. Sabe, quando se entra aqui parece que o tempo corre e só vemos as crianças entrar e sair... – Ela diz com um sorriso fraco, parece cansada. Esse é o motivo dele se casar, mas porque?

— O Sesshoumaru vem sempre aqui? – Pergunto tentando parecer menos curiosa.

— Geralmente, quase toda semana. Ver como está tudo e também tem a – Uma menina puxa o cabelo da outra e elas começam a se bater, não devem ter mais que 7 anos – Meninas! PAREM JÁ, IRÃO FICAR DE CASTIGO PRA SEMPRE DESSA VEZ! – Tomo um susto com o grito da mulher. Não deve ser fácil cuidar de tantas pessoas.

De repente eu posso ajudar. Deve ter algo que eu possa fazer. Entro no meio das crianças e começo a brincar com elas, na hora do almoço ajudo a levar os pequenos para lavar as mãos, coloco um avental e ajudo a servir o almoço. Quando olho no relógio já são 13:30.

— Sabe onde o Sesshoumaru está? – Pergunto pra uma das moças quando acabamos de servir a todos.

— Ah, Kagome-chan, você ainda não almoçou – A Sr. Yamashi diz já informal.

— Sim, vou levar o almoço para o Sesshoumaru e aproveito e almoço junto – Ela me olha espantada mas não pergunta o que sou dele. De repente seus olhos encontram o anel em meu dedo. Ela não faz idéia que sou noiva dele.

— Certo, vou pedir mais dois pratos, mas geralmente o Sr. Taisho não almoça aqui – Ela diz com a voz firme.

— Ele vai almoçar, com certeza – Faço sinal positivo pra ela com um grande sorriso e ela ri.

Pego a bandeja com o almoço e dois copos de sucos e vou para o escritório. Quando entro sem bater o vejo sentado em uma grande mesa, parece ser um escritório antigo mas impecavelmente limpo.

— Uau, com esses óculos você parece até inteligente – Digo colocando a bandeja na mesa dando um susto nele.

— O que é isso? – O homem olha pra bandeja e pra mim.

— Nosso almoço –Tiro os papeis e o note de frente dele e coloco seu prato e seu suco – Agora come logo, vamos participar de tudo na parte da tarde.

— Você parece animada demais – Ele aponta para o avental.

— O que eu posso dizer? Sou participativa. – Dou de ombros pegando o meu prato e sentando pra comer. Ele encara a comida – Come logo! – Ele me olha feio mais começa a comer – Consegui tirar uma expressão de você, estamos evoluindo – Levanto meu copo em um brinde solitário e ele dá um sorrisinho. UM SORRISINHO.

POV SESSHOUMARU

Estamos apenas olhando o céu sentados na sacada do escritório tomando um chá gelado.

— Ahhhh! É tão refrescante!- Kagome sorri quase abraçando o copo. Achei que ele ficaria menos a vontade aqui, sendo criada da forma que foi, não achei que colocaria a mão na massa ou curtiria esse lugar.

— Você é estranha. – Digo encarando meu copo de chá.

— Eu né? Eu nunca imaginaria que você teria um lugar como esse sendo frio como um Iceberg.

— O que isso tem haver?

— Vocês empresários só visão dinheiro. Não é por isso que querem unir as empresas? Mais dinheiro. – Ela cruza as pernas e me fita com seus olhos escuros.

— Se eu não casa-se com você, tomariam esse lugar de mim. E esse lugar foi a única coisa que eu realmente “construí”. – Fixo meus olhos nela – Você queria saber o motivo e agora está aqui.

— Precisa de investimento? – Ela dispara dando um gole em seu chá.

— Não é isso. Esse orfanato é da família Taisho, mas são meus fundos que são investidos. Minha mãe achou que estava na hora de casar o filho antes que o bastardo da família o fizesse. – Sou totalmente franco e vejo que falar bastardo a deixou confusa – A única coisa com que ela poderia me ameaçar é esse lugar.

— Com bastardo você quer dizer Inuyasha? – Ela me encara – Ele ia casar com a Kikyou então. Por isso teve que ser eu ... – Na verdade vai muito alem disso. Kagome parece um pouco desanimada de repente.

— A historia dá família é um pouco complicada e não é sobre isso que estamos falando hoje. – Eu a corto. A morena desvia o olhar e termina de beber seu chá. Vemos as crianças saírem para o jardim e ela levanta.

— Vamos descer. – Ela diz e pega o copo da minha mão. Isso foi uma ordem?

A morena praticamente me arrasta até o jardim e começa a brincar com as crianças.

— Ótima assistente se me permite dizer Sr. Taisho – Sr. Yamashi me diz.

— Não pensei que ela gostaria tanto daqui – Murmuro – Ela é muito madura apesar da pouca idade.

— Sesshoumaru-kun, falando assim até parece que você é mais velho que eu. – Ela bate em mim com o cotovelo me fazendo dar uma risada. Tomo um susto quando Uma criança se joga em cima de mim por trás – Rin!

— Sr. Sesshoumaru! Veio me ver? – Ela diz esperançosa.

— Vim ver como está se comportando, aprontou de novo não foi? – Pergunto para Sr. Yamashi que balança a cabeça confirmando.

— Eu to melhorando, juro – Kagome aparece nos encarando imediatamente me fazendo tomar mais um susto.

— E você é a Kagome. – Rin diz meio se escondendo atrás de mim. Eu a coloco no chão.

— Exato – Ela estende a mão pra menina – E quem é você?

— Rin. - Ela segura a mão a morena que a puxa para um abraço. A menina arregala os olhos, não está acostumada com esse tipo de comportamento – Sesshoumaru me falou de você. – Ela diz me deixando totalmente sem graça. E eu decido sair de perto delas.

Rin é pra mim como uma filha, talvez seja porque temos uma ligação direta já que eu a encontrei na rua. Até hoje não foi adotada e já passaram 4 anos. Já me passou diversas vezes o pensamento de adota-la.

Volto para o escritório e tento me concentrar em supervisionar o planejamentos mensal já que estou aqui.

POV KAGOME

Puxo a menina para um banco e converso com ela.

— O que ele disse? – Pergunto.

— Que vai casar com você. Você aceitou? – Ele tem olhos enormes como um cachorrinho e seu cabelo preto é ondulado como o meu. Tem uma pequena cicatriz na sobrancelha e seu nariz está arranhado.

Mostro meu anel pra ela que olha encantada.

— Rin, você está aqui a quantos anos?

— Quatro. O Sr. Sesshoumaru me salvou quando eu tinha 7, praticamente morta de fome na rua. Desde então eu não o deixei em paz. – Ela abre um sorriso largo e meus olhos enchem de lágrimas – Você vai cuidar bem dele né? – Parece que ele não contou tudo pra ela – Ele pode parecer um pouco distante, mas foi a única pessoa na vida que me tratou bem de verdade ...

Ele quer adota-la? É isso?

— Bom, ele é muito fechado e acho que não gosta muito de mim mas, vou fazer o meu melhor ... – Ela tira a presilha do meu cabelo o soltando.

— Você é bonita e pelo que eu vi hoje, também é bonita aqui – Ela coloca a mão sobre o meu coração.

— Você é linda sabia? – Digo emocionada a abraçando.

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O resto do dia passa voando, Rin fica colada em mim o resto do tempo. Quando Sesshoumaru aparece a tarde já está caindo e a visão desse lugar é linda. Se temos que nos casar, posso ajuda-lo com esse lugar pelo menos e se ele quiser adotar a Rin eu vou apóia-lo. Vamos adota-la.

— Sr. Sesshoumaru! O Sr. nem ficou conosco hoje – A menina faz bico e ele faz carinho no topo da cabeça dela como um cachorro. Ele se abaixa pra ficar o mais próximo ao tamanho dela.

— Desculpe, tinha que resolver umas coisas mas, a Kagome ficou com vocês – Até seu tom de voz com ela é outro. Estou chocada.

— Mas ela não é você! – A garota o abraça e sussurra alguma coisa no ouvido dele que olha diretamente surpreso.

Me despeço de todos e pisco pra pequena Rin que grita pra mim:

— Espero você Kagome-chan! – Ela acena mostrando minha presilha em sua mão e vamos embora.

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Entro no carro completamente cansada.

— Hoje foi um ótimo dia, obrigada – Sorrio para o homem que liga o carro e volta a ser o iceberg de sempre. Fico olhando a paisagem no completo silencio, parece que estou começando a me acostumar com o silencio desse homem.

POV SESSHOUMARU

Estaciono na frente da casa dela que está dormindo despreocupadamente no banco do carona. Solto seu cinto de segurança e ela nem se mexe. Tem uma mecha de cabelo no rosto e eu a afasto, colocando atrás da sua orelha.

— É, você me surpreendeu hoje. – Murmuro pra morena dorminhoca – Parece que você realmente dorme em qualquer lugar ... – Dou um sorriso leve ao lembrar do que a Rin falou “Ela é demais! Não faça nenhuma besteira para afasta-la!” – Aquela menina parece com você.

Kagome abre os olhos lentamente e vejo que ainda estou debruçado sobre ela que arregala os olhos com a proximidade.

— O que?! - Dou um pulo de volta para o meu banco.

— Eu só estava soltando seu cinto – Engulo seco e olho pra frente – Por favor, não fale nada sobre hoje com ninguém, se perguntarem, saímos pra curtir o dia.

Ela só me encara sonolenta e da de ombros.

— Claro grande Sesshoumaru-sama! – Voltamos as ironias.