Aquele do pedido.

Assisto todas as aulas na parte da manhã e resolvo me inscrever para entrar no comitê do baile centenário do colégio.

— Eu acho que vai ser uma chatice total - Sango diz dando de ombros.

— Precisamos ganhar pontos se queremos entrar em uma boa faculdade.

— Eu sei, mas, ainda estamos no inicio do 2° ano! Podemos participar apenas no segundo semestre.

— Não! Sabe que eu não posso! Por mais que eu tento minhas notas nunca são muito boas. - Puxo a manga do seu uniforme para lhe chamar atenção.

— Olha só quem já esta no comitê... - Ela me vira e vejo que lá na sala a Kikyou está ajudando a selecionar os candidatos.

— Que merda. Já sabe que não vou conseguir entrar né? - Aperto o espaço entre os olhos tentando aliviar a dor de cabeça súbita.

— Como ela conseguiu entrar antes do comitê central ter sido escalado?! - Sango estreita os olhos pra ela. Antes que eu possa responder ela chama o próximo.

Ao me ver dá um largo sorriso.

— Oi Kagome, fico feliz que tenha se inscrito - Entrego minha folha de inscrição para ela - Amanhã estaremos divulgando a lista com as devidas funções - Apenas aceno com a cabeça e saio da sala, em seguida Sango entra, acabo me distraindo esperando ela sair da sala entrando na sala de música ao lado do grêmio.

Cada instrumento em seu devido lugar, passo por cada um calmamente. Eu adoro música e adoro cantar mas, minha família nunca se importou muito com isso. Pra eles talento pra finanças é muito melhor, como eu sempre fui um horror com matemática, sempre fui uma zero a esquerda. Enquanto a Kikyou, é a filha perfeita.

Ao chegar no piano, toco algumas notas aleatórias. Sento no banquinho e começo a tocar uma música que aprendi quando criança.

Começo tocando notas mais baixas, vou acelerando o ritmo gradativamente.

— Fur Elise. - Escuto alguém dizer baixinho quando termino.

— Inuyasha. - Levando em um pulo.

— Não sabia que tocava piano. - Ele encosta a cabeça na porta e cruza os braços.

— Piano, violino e ... um pouco de violão. - Murmuro baixinho me sentindo oprimida por aquele par de olhos dourados. Ele se aproxima de mim e me encara.

— Cante. - Ele diz com os olhos fixos nos meus. Ele se abaixa para que fiquemos na mesma altura. Posso sentir sua respiração - Cante.

— O que? - Meu coração acelera como um tambor.

— Kagome! - Nos viramos ao mesmo tempo, Kouga está de cara fechada e se aproximando como um olhar destruidor. Inuyasha dá um passo pra trás mas parece desafiar o moreno que agora já está na minha frente o encarando. - O que você quer?

— Isso não é assunto seu. Eu quero falar com ela, então saia da frente. - Inuyasha diz seco.

— A Kagome não quer falar com você. Então fale o que for que seja, pra mim. - Kouga cruza os braços e dá um sorriso cínico.

— Ei, vocês dois ... - Eles me interrompem ao mesmo tempo.

— Calada! - Os dois rapazes gritam, o que me deixa extremamente irritada.

— Ah foda-se! - Empurro o moreno e saio batendo pé. Sigo direto ate o banheiro, olho meu reflexo no espelho e vejo o quão vermelha estou. A cena repete na minha cabeça como um filme, a proximidade do Inuyasha me deixou completamente desnorteada. Porque ele pediu pra mim cantar? Não tem lógica. Balanço a cabeça com força querendo me livrar dos meus pensamentos, o som do bater da porta me desperta. Ayame me parece magoada.

— Ayame-chan! - Digo docemente.

— Kagome-san, eu queria mesmo conversar com você. - Ela diz quase em um sussurro.

— Sobre o casamento? Kouga me contou.

— Então você também sabe porque ele não quer casar comigo? - Vejo seus olhos verdes encherem de lágrimas.

— Acho que sim, mas não é por você Ayame-chan. Ele só quer o melhor pra você, um casamento forçado não deveria acontecer ... - Me aproximo da ruiva que agora está chorando.

— Eu sempre gostei dele, então ao meu ver, essa seria uma ótima oportunidade para nos conhecermos! Você poderia falar com ele, descobrir se tem outra garota e quem é ela, eu poderia conversar com ela, convence-la de que teria de terminar com o Kouga! - As lágrimas caem como se fossem pingo de chuva.

— Você quer mesmo estar ao lado de alguém que não gosta de você de verdade? Ayame, você merece alguém que te ame por quem você é. - Pego um pedaço de papel toalha e seco seu rosto agora já vermelho.

— Eu preciso pensar. - Ela respira fundo e se olha no espelho.

— Você não é só linda, é uma pessoa incrível! E eu posso te dizer porque te conheço a vida toda. - Eu a abraço como se fosse uma irmã caçula. Eu cresci com a Ayame, como ela é um ano mais nova, sempre tentei ser uma irmã mais velha pra ela.

— Obrigada Kagome-san, eu não sei o que faria se não tivesse você - Ela se acalma um pouco e volta pra sala. Eu pego minha mochila e vou embora sem procurar o Kouga. Um pouco depois de sair da escola um carro para próximo a mim, um carro preto com vidros escuros, não consigo ver quem está dentro então continuo andando. O carro começa a me acompanhar lentamente então eu acelero o passo. Quando o carro acelera um pouco mais pra me acompanhar eu paro bruscamente.

— Olha só, independente de quem estiver fazendo essa brincadeira sem graça vai apanhar! - Grito e bato na janela - Abre, Abre logo! - Escuto a Sango me chamar de longe, quando viro em sua direção o carro arranca e sai disparado.

— Quem era no carro ? - Ela diz ao se aproximar com a respiração entrecortada pela corrida.

— Eu não sei, estava me seguindo, achei que fosse alguém brincando comigo mas a pessoa não abriu o vidro - De repente um arrepio passa por mim me fazendo estremecer.

— Nossa, que estranho. Pensei que pegaria uma carona com o Kouga. - Ela diz docemente.

— Ele é um idiota. Ficou encarando o Inuyasha quando nos encontrou na sala de música. - Reviro os olhos e continuo andando.

— Então foi por isso que você sumiu. Espera, o que você estava fazendo com o Inuyasha? - Ela puxa a minha manga pra chamar atenção.

— Nada, ele me deixa um pouco desconfortável.

— Você tem uma queda por ele, Ah Meu Deus! - Ela me faz parar segurando o meu braço - Você está se apaixonando pelo seu cunhado!

— Apaixonada? Claro que não! De onde você tira essas ideias Sango? - Tento desviar o olhar.

— Você tá vermelha Kagome, dessa vez você me surpreendeu. Roubar o namorado da Kikyou deve ser bem divertido - Ela dá uma risada alta e eu lhe dou um cascudo.

— Que roubar o namorado da Kikyou o quê, não sou assim e francamente, você dizer isso me ofende. - Coloco a mão no coração fingindo dor.

— Ah Kagome-chan. você tem que admitir que seria bem ... Interessante. - Ela dá uma piscadela acompanhada de um sorriso travesso.

— Ai garota, você é demais - Reviro os olhos e a puxo pelo braço - Vamos antes que apareça outro carro.