When I Saw You.

Aquele do Flashback.


Desde a festa não saio do meu quarto. Kouga não falou comigo e eu também não falei com ele. Sango ligou aqui pra casa, queria vir mas eu disse a ela que estava um pouco cansada, que precisava descansar um pouco mas sei que não vou conseguir fugir muito tempo dela, nos duas falamos besteira aquela noite.

Amanhã tem aula então não tenho mesmo como fugir. Ficar sem celular facilitou muito, é como se estivesse desligada mesmo do mundo lá fora. Me apoio na janela do meu quarto olhando a noite silenciosa. Eu não tenho saída a não ser fingir que nada aconteceu. Queria poder apagar essas memórias incomodas, pego um ipod que estava largado na minha gaveta e um fone de ouvido. Coloco minhas pantufas e meu roupão felpudo e vou pra varanda atrás da casa procurando me sentir melhor respirando um pouco de ar puro. Estou trancada naquele quarto a tempo demais.

Ao me aproximar da arvore sagrada respiro fundo várias vezes, sento no antigo balanço colocando meus fones de ouvido. Na real nem sei mais que músicas tem aqui mas o silencio ta me deixando completamente louca. Aperto play e deixo a música invadir meus pensamentos. Empurro o balanço pra frente e pra trás. O vento frio me faz eu me sentir mais a vontade por incrível que pareça.

— Kagome, não faça disso mais um problema. Só, deixe pra la. – Digo pra mim mesma me inclinando pra trás e olhando as folhas balançando pra lá e pra cá com o vento. Eu costumava fazer isso direto quando era mais nova. De repente uma musica que o Kouga compôs e gravou começa a ressoar nos fones – Meu Deus! Eu tinha me esquecido dessa musica ...

‘Uyeonhido geureohke uri shijakdwennabwa

No Início começou por acaso pra nós.

Cheoeumen sarangil kkeorago

No início, eu não acreditava que este amor

Kkumedo mollanneunde

Seria mesmo o amor em

Geuge sarangiljuriya

Meu sonho, mas é’

Lembro de zoar ele e dizer que ficou péssima quando na verdade a música me deixou tão viciada que até passei para o Ipod. Acabo rindo de mim mesma. Eu sempre o perturbei tanto ...

Coloco mais força no balanço e me endireito para não cair. Cantarolo junto com a música sentindo uma falta imensa do meu melhor amigo. Saudade do meu bombeiro que sempre sente quando não estou bem, quando meus pensamentos estão fervilhando e vem apagar.

‘Sarangeun neul gabjagi unmyeong cheoreom onabwa

O amor é como o destino que aparece assim de repente.

Eoneunal chajaon sonagi

Seu amor

Cheoreom nal jeoksyeo nohgo

Me encharcando

Geuge sarangil juriya

Como uma forte chuva

Nungamado jakkuman mundeukmundeuk tteoolla

Mesmo com os olhos, fechados, você ainda pensa em mim

Ppalgaejin eolgureul bolttaemyeon

Sempre que você ver seu rosto fica corado,

Nimamdo moreuge nal

Você se apaixonou por mim,

Saranghage dwengeoya

Sem perceber’

Eu não consegui ir falar com ele. Porque? A imagem dele beijando a Ayame fica se repetindo na minha cabeça e eu não sei o que dizer. Talvez eu deva levar o anel pra ele amanhã, eu devia estar feliz por ele estar com uma garota legal como ela.

Me inclino novamente no balanço.

— Arrrrrrgw – Fecho os olhos com força – Eu estou me tornando essa pessoa horrível?

‘Nado neol saranghae saranghae

Eu cai no amor com você também agora eu vou confessar que

Ije neol saranghanda gobaekhal geoya

Estou apaixonado por você

Nado neol saranghae saranghae

Eu cai no amor com você também,

Naemami saranghanda malhago isseo

Meu coração diz que sou apaixonado por você

See your eyes

Vejo seus olhos

Naman barabwajweo oh

Apenas olhando dentro dos meus olhos

See your eyes

Vejos seus olhos

Nan neoreul saranghae

Eu te amo’

*FLASH BACK ON*

Dois anos atras.

— Hmmm ta apaixonadinho é? Quem é a garota? Quem quem? – Puxo seu longo cabelo escuro que brilha mais que o meu e me deixa danada da vida.

— Você ta louca? Desde quando eu preciso estar apaixonado para compor? – O moreno me encara fazendo bico.

— You love me! I know! – Kouga cora na hora e eu começo a rir – Tudo bem, eu também amo você – Seus olhos azuis me fitam surpresos – Pra sempre.

— Pra sempre é muito tempo. – Ele diz suspirando.

— Talvez não seja tempo suficiente para nos dois ... – Digo dando de ombros, sentando no balanço. O garoto logo vem me empurrar. Tem um sorriso leve no rosto mais seus olhos estão nas folhas da arvore que balançam com o vento em direção ao céu azul.

— Kagome, não importa o que aconteça. Sempre vamos ser amigos não é? E estar lá quando o outro precisar. – Eu me inclino no balanço o suficiente para vê-lo olhar pra mim. Eu balanço a cabeça concordando – Você sempre vai está lá pra me irritar, prometa.

— Por toda uma vida. O que temos, não é uma coisa que se encontra sempre. Por isso posso garantir – Travo meus pés no chão e subo no balanço ficando em pé nele, de frente para o moreno – Pra sempre.

Ele sorrir pra mim antes de eu cair em cima dele e começarmos a gritar um com o outro.

*FLASH BACK OFF*

—-

Acordo cedo, pego apenas meus livros pra hoje já que minha mochila esta com a Sango e levo o Ipod também. Quando estou saindo parar ir na casa do Kouga vejo o carro do Sesshoumaru parado na frente da minha casa. Seu motorista está do lado de fora e abre a porta para eu entrar. Entro e me surpreendo ao ver meu noivo lá esperando por mim.

— Bom dia? – Eu meio que pergunto pra ele que levanta os olhos do livro por um segundo.

— Cadê o anel? – Ele diz seco.

— Guardado. – Falo toda convicção possível.

— O lugar dele é no seu dedo. A partir de hoje meu motorista vai te levar e te buscar todos os dias. – Ele diz sem rodeios.

— O que?! Claro que não!

— Porque não? – Ele finalmente me olha, mas é como se ele estivesse curioso para que eu o contasse alguma coisa que nem mesmo eu sei o que é.

— Olha Sesshoumaru, ainda não casamos e só pra lembrar, você disse que como esse casamento era por um contrato não teria nada disso. – Eu friso a parte de contrato – E também, eu não preciso de babá. Aproveite e tire o Inuyasha da minha cola, agora.

— Escolha, o Inuyasha ou seis seguranças especializados – Ele me desafia com seus olhos amarelos e um sorrisinho de lado – Eles irão te seguir para todo lado, inclusive na sala de aula.

Eu suspiro.

— Temos um acordo Srt. Higurashi?

— Não. Nada de seguranças. Se você acha que eu estou precisando de seguranças quer dizer que algo está acontecendo e você não me diz.

— É só, precaução. Eu sou um homem conhecido e isso trás alguma bagagem. Mas você, estará segura querendo ou não. – Ele me diz como se eu fosse um fardo a carregar quando o fardo é ele.

Vamos o caminho todo em silencio, antes que eu saia do carro o escuto dizer.

— Meu motorista está aqui as 14:00 para lhe buscar. Esteja usando seu anel ou seis seguranças estarão amanhã na sua porta.

Eu me volto pra ele que está tranqüilo lendo seu livro.

— Você alguma vez já se importou com alguém de verdade na vida? – Penso em como ele é atencioso com a Rin e me questiono quem é Sesshoumaru Taisho – Quando você realmente se importar com alguém vai ver o quanto age errado. Eu não sou um fardo pra você, você que é pra mim. Só pra deixar bem claro. – Ele fixa seus olhos amarelos em mim novamente e eu saio do carro batendo a porta com força.

Corro pelo portão com meus livro no braço como se dependesse disso pra viver. Vou direto para sala de música que está sempre vazia.

Em seguida vejo uma cabeleira ruiva conhecida entrando na sala logo atrás de mim.

— Kagome-san! – Ayame diz alegremente – Eu te mandei varias mensagens mas você não respondeu, fiquei preocupada!

— Na verdade, eu perdi meu celular naquela festa e acabou que nem procurei o meu nem nada – Dou um sorriso forçado – Vou resolver isso hoje.

Ela balança a cabeça e me abraça com força fazendo meus livros caírem no chão.

— Kouga-kun, disse que quer tentar de verdade. – Ela me olha e tem lágrimas em seus olhos verdes – TENTAR DE VERDADE KAGOME-SAN – Ayame não sabe se chora ou se ri.

— Que bom – Soa totalmente falso. PQP!

— Eu vou precisar muito da sua ajuda, posso contar com você? – Ela se abaixa pegando meus livros e me entregando.

— Claro! – Digo no automático e ela sai da sala tão rápido quanto entrou.

Espero alguns minutos e vou pra sala de aula. A carteira do Kouga está vazia então coloco meus livros na mesa e vou até Sango. Que me olha atentamente.

— O quão burra você é? – Ela me diz séria.

— Olha, você vai ter que especificar a situação porque eu estou fazendo tanta merda ultimamente que nem sei mais em qual nível estou. – Sento em cima de sua mesa e a encaro.

— Ayame disse que você vai ajuda-la com o Kouga. – Ela diz revirando os olhos.

— Ah ta. Ai eu só fui estúpida mesmo – Dou de ombros.

— Ela passou o final de semana inteiro postando foto dos dois. Isso é tão infantil. – Ela deve ter notado que eu não sabia de nada pela minha expressão que mudou sem eu perceber – Desculpa, pensei que soubesse.

— Eu o vi com ela no dia da festa mas era só isso que eu sabia – Prendo meu cabelo em um coque improvisado.

— Higurashi – Hojo está na minha frente estendendo meu celular pra mim – Você deixou cair no dia da festa e eu não sabia se devia ir na sua casa ou não. Decidi esperar pra te entregar hoje ... – O garoto dá um sorriso tímido.

— Tudo bem, você me fez um favor. – Pego o celular vendo que não tem nenhum sinal do Kouga. Só mensagens da Sango e da Ayame. Ligação do Sesshoumaru e do vovô no dia da festa também. Apenas.

— Ta tudo bem? – Ele diz com as mãos nos bolsos da calça e eu apenas balanço a cabeça confirmando.

O professor de literatura entra na sala e eu sento na carteira do lado da Sango já que está vazia. Abro as mensagens da Ayame e vejo que ela mandou varias fotos deles pra mim. Viro o celular pra minha amiga que pergunta um “Porque?!” sem som e eu dou de ombros. Talvez seja cedo demais pra falar com ele.

Kouga entra na sala seguido por Inuyasha, se desculpa com o professor e vai para o seu lugar. Antes que Inuyasha se aproxime da mesa eu volto pra minha carteira. A aula segue tranquila e meu melhor amigo não olha nem um minuto pra mim.

— Então galera é o seguinte, vocês farão um trabalho em dupla. Todas as instruções estão no grupo e seus respectivos parceiros também. Qualquer duvida é só falar comigo. – Ele se levanta e sai da sala.

Olho no grupo da classe e vejo que meu parceiro é o Hojo, olho pra ele que acena pra mim levemente com um sorriso doce.

— Que sorte, esse trabalho parece que vai ser um saco – Sango coloca minha mochila em cima da mesa e eu vou direto para o bolso pegar o bendito do anel de noivado. O coloco no dedo e parece que ganhei 20 kilos só em fazer isso – O baile de primavera é esse final de semana e eu já fiz sua fantasia.

— Okaay.

— Ainda ta chateada comigo? Kagome, aquele dia eu estava irritada e – Eu a corto.

— Não, tudo bem. Nos duas falamos besteira – Eu dou de ombros – Não perguntei qual é a fantasia porque sei que você arrasa em tudo que faz, confio em você.

Sango sorri pra mim mas seus olhos estão tristes.

— Me desculpe, eu acho que passei dos limites naquele dia e isso resultou em uma conseqüência terrível pra vocês. – Seus olhos enchem de água – Vou consertar isso.

Eu balanço a cabeça negando.

— Não, dê tempo a ele. Ele precisa de espaço, deve estar com a cabeça cheia, não deve ser nada pessoal. – Mentira. Estou mentindo e foda-se, eu também não quero falar com ele.

—-

— Bom dia pessoal – Kikyou diz animadamente – Fico grata que todos puderam vir.

Uma de suas amigas do grêmio distribui uma caixa para cada um. Todas nominais e algumas são maiores que outras. A minha é relativamente pequena enquanto a da Sango é enorme. Ela me olha curiosa.

— Como podem ver esse ano decidimos modificar um pouco o baile de primavera e resolvemos sortear fantasias pra vocês como uma forma de agradecimento pelo empenho tão incrível de vocês esses dias que conseguiram fazer os preparativos em tempo recorde!

Olho pra minha caixa já esperando uma fantasia de palhaço.

— Sango, eu preciso de férias, sério – Sussurro pra minha amiga que ri.

— Vamos dar um jeito – Ela pisca pra mim e eu suspiro.

— O que foi meninas? Não gostaram das fantasias? – Kikyou se aproxima e percebe que nem abrimos as caixas ainda.

— Na verdade nossas fantasias já estão prontas, obrigada mesmo. – Sango diz entregando a própria caixa.

— Vocês não fariam isso né? Tivemos um trabalhão pra fazer tudo em um final de semana – Yume amiga da Kikyou fala empurrando a caixa pra morena de volta.

— A fantasia da Kagome é especial. Também me deu um trabalhão pra fazer e eu gostaria que ela usasse. – Ela diz tentando manter um tom de voz gentil.

— Tudo bem, eu uso. – Kikyou diz – Vindo de você tenho certeza que deve ser muito bem feita. – Ela diz e eu tenho vontade de vomitar. Minha prima vira em minha direção – A fantasia que você ganhou vai ficar uma graça em você. – Seu sorriso perfeito me diz que realmente vai me transformar em uma palhaça.

Ela se despede e sai da sala do grêmio. Sango abre a caixa dela.

— É sério? Jessica Rabbit? – Ela encara a peruca ruiva.

Abro a minha caixa e vejo o que parece ser um Kigurumi acompanhado de pantufas combinando.

— Um pingüim. – Pelo menos não é um palhaço.

— Não mesmo, eu tenho um plano. – Sango sorri pra mim e eu a olho curiosa.

POV INUYASHA

— Conseguiu descobrir o que houve com o gerador? – Digo para o garoto que parece estar dormindo sobre a mesa.

— Não. As câmeras foram desligadas então ferrou de vez. – Ele diz sem abrir os olhos – Cara, porque ela não falou ainda comigo?! – Ele levanta em um pulo me assustando.

— Ela quem?

— Sango. SANGO. SAAAAAAANGO! – Ele passa a mão pelo cabelo o bagunçando – Ela primeiro me deixa louco e depois desaparece. Parece que todas as minhas estratégias não funcionam com ela – Ele suspira e eu rio.

— Então vai falar com ela, simples. – Dou um empurrão nele que faz bico.

— A que ponto eu cheguei. Vou ter que convidá-la para o baile já que ela não fez isso.

— Não é as garotas que convidam pra esse baile? – Digo confuso.

— Acho que eu sou a garota da relação – Ele dá de ombros e sai correndo, espero, atrás da Sango.

—-

Eu vim preparado pra falar com a Kagome, mas ela nem me olhou hoje. Maldito orgulho! Ela deve estar bem zangada comigo. O que eu faço?

Eu a vejo passando no final da ultima aula e entrando em um dos carros do Sesshoumaru. Tento correr até ela mas ela é mais rápida e o carro acelera em questão de segundos.

— O que ele ta tramando? – Pergunto pra mim mesmo.