When I Saw You.

Aquele com todas as regras.


POV KAGOME

— Sra. Taisho, o que acha? – A cabeleireira tira a capa e eu vejo o quanto meu cabelo está curto. Um pouco abaixo do ombro como eu havia pedido.

— Adorei, mas é só Kagome, por favor. – Digo um pouco sem jeito, pra todo lado que eu vou me chamam de Senhora. Eu me sinto mal com isso, mais incomodada do que havia pensado.

— Vou fazer uma make para você ver o quanto esse corte te valorizou. – Ela diz animada e eu concordo com um aceno de cabeça.

As vezes mudanças são necessárias.

Quando ela termina eu vou direto para a empresa do Sesshoumaru. Já está quase na hora dele ir embora mesmo.

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— O que? – Sesshoumaru está a pelo menos 5 minutos me encarando – Eu fiz compras, você me mandou sair daquele quarto oras! – Seus olhos passeiam por mim desde o salto alto até a saia godê off White e a blusa branca de algodão. Ele se aproxima e passa a mão pelo meu cabelo agora curto.

— Você pensou no que eu te falei? – Ele pergunta segurando uma mexa do meu cabelo entre os dedos.

— Hmm ... Acho que ficou curto demais .. – Murmuro mais pra mim mesma e quando ele fixa seus olhos nos meus eu engulo seco me sentindo sufocada subitamente.

— Está perfeito. – Sua voz rouca é envolvente – Vai me fazer perguntar de novo? – Sesshoumaru está tão perto que eu consigo sentir sua respiração, eu tento dar um passo pra trás, mas ele me segura pela cintura me obrigando a ficar no mesmo lugar. Eu solto as sacolas de compras no chão.

— Desde quando você é tão desesperado assim?

— Desde quando você é tão indecisa assim? – Ele da um meio sorriso – Já faz quase uma semana.

Fecho os olhos respirando fundo.

— Vamos sair daqui. - Eu digo o mais alto que consigo.

— Vamos.

POV SESSHOUMARU

Essa garota sempre foi bonita assim? Eu estou tão embabacado que estou me irritando comigo mesmo.

Quando saímos do escritório sinto a brisa fria passar por nos, tiro meu paletó e coloco em seus ombros.

— O que quer fazer? Quer jantar fora?

— Não, vamos pra casa, podemos jantar fora outro dia certo? – Ela diz docemente.

— Certo. – Entramos no carro e voltamos ao hotel.

—-

— Vá tomar um banho. Vou pedir nossa janta. – Ela diz levando as compras pro quarto e por um minuto parecemos um casal de verdade, o que me faz segurar uma risada – O que foi?

— Você parece mais madura, só isso. – Ela volta me encarando séria.

— Ficar de boca fechada me faz parecer mais velha? – Ela sorri revirando os olhos – Você queria uma resposta.

— E ? – Encosto na porta esperando ela dizer o que quero ouvir.

— Pode ser, mas tudo tem que acontecer naturalmente. Quando tivermos vontade de verdade. – Ela desvia o olhar de mim e posso ver que está sem graça – E eu preciso te falar uma coisa ...

— Não me importa com quem você já esteve até hoje Kagome.

— O que?

— Você ia falar do Inuyasha não é? – Ela suspira pesadamente e eu sei que ela queria poder não tocar nesse assunto.

— Se você soubesse que eu já tive uns “momentos” com o seu irmão iria querer ficar comigo? – Ela me encara irritada – Eu já fiquei com Inuyasha e só não aconteceu porque ele não quis. Porque eu estou te dizendo isso? Eu não sei! – Ela se abraça como se estivesse com medo – Eu só não sei como você ... Poderia querer algo assim.

Eu a abraço gentilmente encostando meu queixo no topo de sua cabeça.

— Eu vou dizer de novo. Não me importa com quem você já esteve até hoje Kagome. – A morena não se mexe e eu continuo – Lembra das regras?

— Não é um relacionamento. – Ela faz uma pausa respirando fundo – Não podemos negar a vontade um do outro. Tem que ser bom, principalmente pra mim e também, ninguém precisa saber disso ...

— Você acha que eu te forçaria a fazer algo que não quer. – Murmuro mais pra mim mesmo.

A garota me empurra o suficiente para me olhar nos olhos.

— Claro que não! – Ela parece ofendida.

— Não foi uma pergunta.

— Não acredito que você me forçaria a nada Sesshoumaru. O tempo que passamos juntos é divertido e leve, tenho medo que as coisas mudem de uma forma irreversível! – Ela respira fundo se afastando – Não é um relacionamento, mas gosto de você e não quero que fiquemos desconfortáveis um com o outro. Pode ser estranho pra você que não se apega a ninguém, mas eu sinto que com você posso falar de coisas que nunca conversei com ninguém. Nem meus amigos sabem que eu quase transei com o Inuyasha e eu disse isso pra você que é meu marido e irmão dele! – A morena fecha os olhos com força cobrindo o rosto com as mãos – Meu Deus! Que coisa horrível de se falar. Cala a minha boca porque eu não tenho jeito!

Escutar isso realmente me incomoda. Como ela pode ter estado com o aquele imbecil? Como aquele imbecil pode ter deixado ela escapar? Eu não tenho sentimentos como o Inuyasha, ele se apaixona até por uma pedra.

— Eu não quero saber o que já aconteceu Kagome, se você não se sentir a vontade podemos parar ou até mesmo esquecer toda essa estória. – Eu seguro suas mãos a tirando de seu rosto, ela está tão vermelha que dou uma risada sem graça – Tudo bem?

Ela se inclina me dando um selinho e eu fico imóvel por um instante. Ela é tão contraditória que não consigo prever seus passos.

— Pode ser a decisão mais errada que eu já tomei na minha vida. Que fique bem claro isso. – Ela me encara emburrada – Não acredito que desconcertei você Oh! grande Sesshoumaru-sama! – Ela debocha e eu a seguro pela nuca a surpreendendo.

— Não comece o que não pode terminar. – Ela fica vermelha como um tomate e eu a beijo levemente mantendo nossos olhos fixos um no outro – Vá pedir o jantar. Vou tomar banho – Dou um peteleco em sua testa e entro voado no banheiro.

Talvez no final das contas, seja mais difícil pra mim do que pra ela.

POV INUYASHA

— O que aconteceu naquela noite? – Murmuro pra mim mesmo andando de um lado para o outro no meu quarto – Não aconteceu nada certo? Não pode ter acontecido nada.

A Kikyou está junto com aquele cara que está envolvido na morte da minha mãe, eu não seria tão idiota de ir pra cama com ela de novo!

Eu estou fingindo a quase dois meses que está tudo bem entre nós, que somos amigos e é só isso. Maldito Sesshoumaru que nunca mais me atualizou sobre nada!

— Argh! Vou ligar pra esse desgraçado! – Pego meu celular e encaro seu numero. E se a Kagome estiver com ele? – Há! Melhor ainda, vou acabar com a noite deles! – Ligo pra ele a primeira vez cai na caixa postal. Ligo de novo e dessa vez a ligação é atendida – Sesshoumaru.

Nenhuma resposta, mas consigo escutar uma respiração.

— Kagome? – Sussurro seu nome com medo do que vou escutar – É você?

— Oi, Inuyasha. – Ela hesita em responder e o simples fato de escutar a sua voz me faz me arrepender de ter ligado. Meu estomago revira e eu acho que vou vomitar.

Não dizemos mais nada. Eu não sei o que dizer pra ela na verdade a frase que o Kouga disse no dia do acidente fica se repetindo na minha cabeça: “Existe uma grande diferença entre gostar e amar.”

— Inuyasha. – A voz do Sesshoumaru me desperta no susto – O que você quer?

— Você não me mandou mais nenhuma informação, eu resolvi ligar. – Digo sério.

— Você não recebeu o ultimo relatório?

— Não. Você me mandou alguma coisa? – Como assim?

— Jaken mandou. Eu vou ver isso e falo com você amanhã.

— Espera, quando você volta? – Pergunto para me preparar.

— Esse mês. Está precisando de alguma coisa? – Ele pergunta e não consigo pensar que é deboche – Pra que tanta curiosidade?

— PORQUE EU QUERO SABER PRA FAZER UM RITUAL DE PURIFICAÇÃO ANTES DESSA SUA ENERGIA MALIGNA ENTRAR AQUI! – Eu grito com ele e posso escutar sua risada – Pode me avisar quando estiver voltando?

— Você vai saber, se precisar de qualquer coisa pode falar com o Jaken. Ele já voltou a um tempo. – Ele desliga na minha cara e eu jogo o celular sobre a cama irritado.

— Desgraçado. Eu aprendi a ignorá-lo durante toda minha vida, porque estou tão incomodado agora? – Meu celular toca e no visor aparece o nome do Kouga, atendo já ranzinza – O que é?!

— Temos que terminar o trabalho lembra? – Ele diz calmamente. Desde o acidente ele passou a me tolerar incrivelmente mais.

— Que trabalho? – Digo procurando mentalmente alguma informação.

— Literatura e artes. Foi antes das férias de verão e você nunca deu as caras, cãozinho. – Ele está voltando ao normal.

— Quando?

— Amanhã. Depois do colégio, então manda a Kikyou lhe dar uma folga. – Ele desliga na minha cara me fazendo gritar.

— TODOS IRÃO DESLIGAR NA MINHA CARA HOJE?! – Grito sozinho em casa me jogando na cama.

— Eu não vou fazer isso Inu-inu! Acho que você que me deixou esperando hoje. – Kikyou diz na porta do quarto – Esqueceu de mim? – Ela levanta a cesta de piquenique na altura da cabeça fazendo bico. Esqueci completamente que tinha ficado de vê-la hoje.

— Me desculpe, estou com a cabeça cheia ... – Ela respira fundo colocando a cesta em cima da escrivaninha e vindo até mim, se jogando na cama ao meu lado.

— Bom, eu posso te ajudar a aliviar todo esse estresse. – Ela sorri suavemente. Tudo nela é tão familiar, seu perfume, seu batom vermelho, seu calor. É hipnotizante. “Existe uma grande diferença entre gostar e amar”. Maldito Kouga!

— Não, não temos mais esse tipo de relacionamento, você sabe disso. – Eu levanto em um pulo.

— Você não disse isso semana passada, com certeza, não pensava dessa forma. – Ela me olha de lado, se eu perguntar o que aconteceu ela vai me ter em sua mão.

— Não importa o que aconteceu. Eu já deixei isso bem claro, se é isso que você quer, melhor procurar em outro lugar. – Ela me encara com seus olhos indefinidos.

— Não quero nada com alguém que não seja você. Eu te amo, Inuyasha. – A filha da puta é boa demais. Respiro fundo tentando não expulsa-la da minha casa.

— O que você quer? Não cansou ainda de brincar comigo?

— Eu nunca brinquei com você. Pode me dizer, eu sei que você acha que sabe algo que eu não saiba. – Ela senta na cama cruzando as pernas perfeitamente delineadas em seu jeans apertado.

— O que eu sei? – Pergunto fingindo confusão.

— Naraku. – Ela sorri ao ver que eu cerro meus punhos – Posso te contar exatamente o que está acontecendo. Mas com uma condição.

POV KAGOME

Eu devo estar na banheira a pelo menos uma hora já que minha pele começa a enrugar. Estou chorando desde o minuto que fechei a porta do banheiro. Afundo todo meu corpo na banheira em uma tentativa falha de parar de chorar.

Escuto batidas na porta, em seguida o Sesshoumaru entra e eu tiro a cabeça de dentro da água cheia de espuma, ofegante pela falta de ar.

— Você quer ficar doente? Porque esse é um jeito muito lento de morrer. – Ele me diz zombeteiro.

— Você se acha tão engraçadinho – Finjo uma risada.

— Vamos. – Ele me estende uma toalha – Ficar aqui pra sempre não vai fazer você chorar menos.

Como ele sabia que eu estava chorando? Seus olhos amarelos estão em mim e eu não fico com vergonha de estar nua com ele no mesmo lugar.

— Você é vidente por acaso? – Pego a toalha perfeitamente branca e me levanto de costas pra ele me enrolando nela.

Quando eu me viro ele está no mesmo lugar me observando atentamente.

— Quando você está triste você tenta se esconder.

— Eu não estou triste, só estou cansada. – Murmuro mais pra mim que pra ele. Ele pega a toalha de rosto e se aproxima de mim, secando meu cabelo curto e escuro que está completamente encharcado.

— Vamos voltar em uma semana, está preparada pra isso?

— E porque eu não estaria?

— Só de escutar a voz dele você praticamente entrou em depressão. – Ele dá um puxão no meu cabelo me fazendo gritar.

— Ai! PORQUE FEZ ISSO?! – O encaro irritada e ele dá aquele meio sorriso encantador, sua marca registrada.

— Toda vez que você agir como uma idiota, eu vou fazer isso. De repente você acorda não é? – Ele joga a toalha molhada em cima de mim e sai do banheiro, eu vou correndo logo atrás dele e acabo escorregando no chão do corredor o derrubando junto comigo protagonizando uma cena de filme – Mas o que ...

Sesshoumaru se vira me olhando claramente irritado. Eu acabei praticamente o molhando inteiro.

— Isso com certeza foi culpa sua! – Tento argumentar, mas ele me olha fixamente. Subitamente meu sangue esquenta e eu tento pensar que foi água quente por uma hora direto – Eu já sei, não comece o que não pode terminar ...

— Eu juro que eu tento ser um cara legal, te respeitar e esperar o seu tempo, mas é praticamente impossível com você nua, toda molhada em cima de mim. – Ele fecha os olhos com força gemendo de frustração – Argh!

— Pode me beijar, se quiser. – Eu digo baixinho e é o suficiente para que ele me puxe pra cima me beijando intensamente e eu me surpreendo em como é fácil me desligar de tudo em um simples beijo com ele. Imediatamente eu me sinto melhor.

Eu correspondo a um beijo dele pela primeira vez completamente sóbria e isso é novo pra mim. A forma como Sesshoumaru me envolve é quente e desesperada, eu nunca me senti desejada assim, ele rola no chão de modo que eu fique em baixo dele. Ele morde meu queixo e meu pescoço lentamente enquanto sua mão acaricia minha coxa amostra sob a toalha. Seu cabelo comprido sedoso está entre minhas mãos enquanto eu o seguro firmemente o puxando para outro beijo intenso.

Quando interrompemos o beijo por falta de ar ele me encara com a respiração completamente irregular.

— Acho que eu acabei te molhando ... – Digo com a respiração entrecortada vendo que sua blusa está toda molhada.

— Não foi só isso que você fez. – Ele ri desviando o olhar um pouco sem graça e posso sentir o quanto ele está excitado em cima de mim.

— Melhor levantarmos daqui ... – Murmuro baixinho e ele respira fundo levantando me ajudando a levantar em seguida. Evito olhar pra ele o que é impossível já que o infeliz tira a camisa, mostrando seu corpo perfeitamente esculpido pra mim. Eu devo estar de boquiaberta já que ele me olha rindo – Agora eu sei porque aquela mulher me odiava. – Digo pensativa.

— O engraçadinho aqui sou eu, vai colocar uma roupa antes que eu arranque essa toalha! – Ele vai pra sala e eu fico parada olhando como as costas dele são largas – Vai logo Kagome!

— Ué, faz parte das regras, não negar as vontades um do outro. Será que eu preciso lembrá-lo disso? - Grito.

Corro pro quarto, indo colocar um pijama antes de fazer uma besteira.