When I Saw You.

Aquele com os vários corações machucados.


POV KOUGA

Deixo a janela aberta esperando ela entrar.

Escuto o de algo caindo no chão e escuto a garota praguejando baixinho.

— Puta merda. – Ela não se levanta. Eu vou até ela é sento ao seu lado no chão.

- Você e muito ruim em fugir das coisas.

- Você ainda é meu refúgio Hasegawa-kun? – Ela tenta soar debochada mas não consegue – Pergunta retórica.

Ela coloca a mão sobre a minha.

— Não precisa dizer o que aconteceu, mas se quiser, seu refugio está aqui pra isso. – Digo apertando sua mão – Tudo que construímos não é uma coisa que possa simplesmente ser jogada fora ...

— Eu bem que te falei isso. – Ela encosta na parede virada pra mim – Você estava certo. Eu me envolvi com o Seshoumaru.

Ai. Respiro fundo prestando atenção em cada movimento seu.

Kagome tenta manter seus olhos fixos nos meus, mas não consegue, ela desvia o olhar os fixando em suas pernas.

— E?

— Aconteceu. – Ela hesita me olhando bem constrangida – Tudo. Eu ... acho que ele se sentiu culpado, pressionado ou melhor e mais certo, arrependido.

— Porque está dizendo isso? – Ela me solta abraçando as próprias pernas.

— Porque ele chegou bêbado, todo sujo de batom e banhado em perfume feminino. – Ela sorri dando de ombros revirando os olhos. Isso é muito estranho, um homem tentaria não deixar vestígio nenhum! - Espera, ainda fica mais patético! Eu estava esperando no quarto dele.

— Foi com ele que ... - A garota me corta.

— O que tem de errado comigo?! – Ela diz alto demais e irritada, eu cubro sua boca com a mão.

— Calma! – Ela tenta dizer alguma coisa mas eu não consigo entender. Ao sentir suas lágrimas em minha mão desço minhas mãos para a base de seu pescoço.

— Ele deixou bem claro que era só sexo desde o inicio, não pense que estou chorando porque estou de coração partido ou coisa parecida! – A morena diz entre soluços.

— Está chorando porque queria que fosse com alguém que amasse e a ficha só caiu agora. – Kagome balança a cabeça concordando – Está se sentindo usada? – Ela balança a cabeça de novo afirmando.

— O que é errado, eu queria aquilo! Eu quero aquilo! – Ela coloca as mãos sobre a boca surpresa.

E eu me afasto.

— Espera. Aquilo ou ele? – Eu digo confuso.

Ela se endireita sentando de joelhos ficando de frente pra mim. Tão próxima que consigo sentir sua respiração.

— Desejo, paixão, adrenalina, tudo aquilo.

Seus olhos escuros estão fixos nos meus. Meu coração acelera. Eu engulo seco.

Eu ainda sinto isso por ela ou é atração?!

— Eu sempre me apaixonei pela pessoa errada, mas isso é, carnal. Não é difícil encontrar não é? – Sua voz tremula me dá ainda mais vontade de abraça-la.

— Não. Não é ... Se tem uma faísca, incendeia fácil. Uma vez, quando você estava dormindo aqui você me beijou e foi intenso. – A morena franze a testa me encarando confusa.

— Ah meu Deus! No dia em que meu avô veio me buscar! – Eu me encosto contra a parede encostando a cabeça no beiral da janela – Não foi um sonho ... ?

— Ah questão é, sexo é bom e fácil. Claro, se tiver química. Mas se tiver sentimento, fica inexplicável.

— Como eu vou saber disso? Todas as vezes que me apaixonei nunca foi correspondido. Eu estou cansada disso Kouga, vou virar freira! – Ela dá um tapa na minha perna me fazendo rir.

— Posso fazer uma coisa? – Pergunto fixando meus olhos na luz que entra pela janela.

— O que?

— Você vai descobrir uma coisa. – E eu preciso descobrir uma coisa.

— Okaay. – A morena diz um pouco confusa.

Eu me inclino em sua direção a segurando pela nuca lhe dando um beijo firme porem suave.

Aquele mesmo sentimento me invade.

Meu coração acelera, meu corpo esquenta e seu perfume parece me inebriar.

Droga, eu ainda estou apaixonado pela Kagome Higurashi.

POV KAGOME

Foi tão rápido que eu tive tempo de corresponder.

— O que você sentiu? – Mesmo no escuro seus olhos azuis brilham como sempre.

— Eu não sei, foi rápido demais. – Kouga ri e eu acabo rindo também – Eu vou te beijar dessa vez, mas é só mais essa vez porque ... porque ... – Seus olhos estão me desconcentrando.

— Se você quer beijar alguém, apenas faça. – Ele diz dando um sorriso de lado.

Porque parece errado?

Um frio sobe pela minha espinha e eu sinto como se estivesse prestes a pular sobre um penhasco. #DramaQueenModeOn

Kouga levanta e estende a mão pra mim, uma coisa que já aconteceu tantas vezes mas agora parece um tanto diferente.

— Quando quiser me beijar, me beije. Sem pressão. Apenas para descobrir o que quer fazer daqui pra frente. – Suas palavras saem em um murmuro.

— Parece que eu estou te usando.

— Kagome, é só um beijo. É bom e eu quero. – Eu seguro sua mão e me levanto. A forma como ele me olha me lembra o Sesshoumaru na nossa lua de mel. Ele tem razão, é bom.

Nesse momento eu o beijo. Intensamente, levando minhas mãos até sua nuca e aprofundando nossa experiência. Só interrompemos o beijo pela falta de ar.

Kouga me olha surpreso.

— De repente voltamos a ter 13 anos? – Eu digo segurando uma risada.

— Vamos dormir, como nos velhos tempos. – Ele passa um braço pelo meu ombro enquanto caminhamos até a cama, eu cantarolo nossa musica de infância só pra irritar – Ah não! Para com isso ou vai dormir na varanda!

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— Dormiu na casa do Kouga. Sesshoumaru estava puto de manhã. – Inuyasha senta ao meu lado na sala do grêmio – Eu não ligo de não avisar a ele, mas pode falar comigo. Tem um psicopata por ai garota.

— Esqueci que minha cabeça está a premio. – Digo automaticamente. O garoto de cabelos prateados desvia seus olhos dourados e sei que peguei pesado – Desculpa.

— Vocês brigaram? Que fofo. – Ele diz emburrado – Eu vi quando ele chegou.

Eu viro de frente pra ele o encarando.

— EU já disse que você não o conhece Kagome! – Inuyasha cruza os braços atrás da cabeça se recostando na cadeira – Há! Apenas, siga em frente.

— Inuyasha, cala a boca! – Digo dando um tapa em sua cabeça.

Nesse momento a nossa rainha entra acompanhada de seu comitê.

— Ue, onde está o restante do pessoal? – Kikyou pergunta para o Inuyasha me ignorando completamente.

— Ensaio da peça do festival. Confundiu os próprios horários? – Seu tom de voz com ela é completamente outro.

Isso me irrita profundamente.

— Porque estamos aqui vossa majestade? – Pergunto.

— Vocês irão fazer uma barraca no festival juntos, já que foram os únicos que não compareceram as reuniões. – Yume diz logo atrás da Kikyou que está de cara feia.

Ela me entrega uma pasta com um roteiro.

— Isso não é uma barraca. – Digo vendo que é um projeto para um jogo.

— Certo. É um jogo novo. "Salve a princesa" – Yume diz empolgada – A um tempinho disponibilizamos umas ideais para os alunos e essa foi a mais votada. Como ninguém a escolheu ...

— Claro que não escolheram! Vai dar um trabalho danado fazer isso aqui! – Tento não gritar.

— Kagome, a parte cenográfica vai ser montada por uma equipe parceira, vocês só serão os monstros que protegerão a torre dos alunos que tentarem chegar a princesa. – A garota diz como se fosse a coisa mais fácil do mundo - A quadra aberta de esportes vai se tornar um labirinto.

— Kikyou, só tem isso pra fazer? – Inuyasha pergunta docemente.

— Só, Inu-Inu – Ela vem até ele e dá um selinho demorado em seus labios – Só confio em você pra me proteger. – O sorriso da vadia me enoja.

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Estou no auditório da escola esperando Inuyasha recitar o monologo de Romeu e Julieta.

— Cadê ele?- Sango diz já impaciente.

— Não sei, daqui a pouco o professor manda ele voltar. – Miroku diz já levantando – Vou procura-lo.

— Quer dizer que aquela vadia colocou você como monstro da torre do mais novo projeto do mal? – Ela ri – Ela nunca inova.

— Ela ainda fez um drama beijando o Inuyasha na minha frente, dizendo pra ele a proteger, argh! – Faço cara de nojo – O que você vai fazer?

— Maid Café. – Minha amiga revira os olhos – Era o menos pior.

— Os meninos?

— Back stage. Nada demais. – Suspiramos juntas.

— Quero ser maid, posso? – Pergunto animada – Acho aquela roupinha uma gracinha!

Sango dá uma risada que é cortada quando vemos Miroku arrastando Inuyasha até o palco.

— Ora ora, resolveu aparecer Sr. Taisho? – O professor Daniel diz ajeitando os óculos – Você tem 8 minutos.

A expressão de pânico do garoto surge de súbito.

— Puta que pariu. – Mordo meu lábio inferior – Temos que ajuda-lo.

— Como? – Sango ajeita o próprio óculos tentando pensar. Inuyasha parece travado olhando para o professor – Você não sabe as falas de trás pra frente? Sopra pra ele! – Ela sussurra pra mim.

Me levanto e vou pra primeira fileira captando a atenção do menino e agradecendo a Deus pelo professor estar duas fileiras atrás.

Começo a recitar baixinho as falas do Romeu e pra minha surpresa. Inuyasha começa a responder mas bem baixinho.

— Projeção Sr. Taisho! – Sr. Daniels grita.

Inuyasha respira fundo antes de começar a falar alto e límpido, mas quando percebo ele está recitando as falas da Julieta.

— Inuyasha! Inuyasha! – Tento chamar baixinho quando sinto alguém bater no meu ombro. Não preciso bem virar pra saber quem é – Tudo bem Sr. D?! – Digo cobrindo o rosto.

— Isso é o que acontece quando você sopra as falas do Romeu, ele responde com as de Julieta. – Quando me viro me surpreendo ao ver um sorriso em seu rosto.

INUYASHA SEU IDIOTA!

— Não está irritado? – Inuyasha pergunta se abaixando para ficar mais próximo de nós.

— Na verdade vocês me deram uma ideia. Eu queria fazer uma peça mas estava sem um projeto, e se invertêssemos os papeis? Um Cappuleto e uma Montecchio? – Ele diz empolgado.

Nos dois nos entreolhamos e o Sr. D continua imerso em pensamentos.

— Um Romeo delicado, sonhador, controlado e submisso pela familia. Uma Julieta selvagem e aventureira, festeira e lutadora, um espirito livre.

— Eu pensei que o Sr. iria querer vestir o Inuyasha de Julieta, eu iria querer ver isso de camarote! – Não consigo conter uma risada cortada pelo olhar feio do meu cunhado.

— Engraçadinha. HAHAHA – Ele revira os olhos dourados.

— Bom, temos nosso casal principal.

— O QUE?! – Dizemos ao mesmo tempo - SEM CHANCE!

POV SESSHOUMARU

Estou vendo Kagome sair de casa pelo vídeo gravado pela câmera as duas e pouca da manhã. Aperto o espaço entre os olhos.

Encaro o copo com água sobre a minha mesa do escritório.

— Sr. Sesshoumaru! Recebemos um documento sobre a adoção da menina! – Jaken entra correndo com sua voz estridente fazendo parecer que tem sinos em minha cabeça.

Eu não bebi tanto para ter essa ressaca.

— Deixe aqui e saia.

— Sua mãe ligou. Várias vezes. – Ele diz mais baixo percebendo minha dor de cabeça.

— Apenas ignore. Cancele qualquer compromisso, não estou com cabeça pra nada hoje. – Minha garganta está seca e arranhando por mais que eu beba água.

Eu não consigo lembra de nada. NADA.

— Eu entendo senhor. Já liguei para os tabloides tirar aquilo do ar, um ultraje! Quanto as revistas impressas vai demorar um pouco mais ... – Olho para o meu assistente curioso.

— Como assim?

— O senhor não viu? – Ele pergunta confuso. Logo tira o celular do bolso e me mostra uma matéria onde tem uma foto minha com Yura pendurada no meu pescoço me beijando na porta do quarto de hotel, praticamente nua. Essa foto é de quando eu estou saindo, estou todo sujo de batom ... Muito sujo.

— QUE MERDA É ESSA? – Grito o mais alto que consigo.

“ Manchete: CEO das empresas NTaisho e Higurashi’s é visto em quarto de hotel com mulher desconhecida! ”

Varias fotos. Tinha alguém me seguindo.

Nunca pensei que a Yura participaria de algo assim.

— Sr. são varias matérias e até as revistas publicaram, já entrei com a nossa equipe jurídica. Tem uns sites que tem fotos até de dentro do quarto. Logo tudo isso vai sumir. – Jaken tenta me tranquilizar.

— Mas é tarde demais. – Pego o documento da adoção já imaginando o que seja – Jaken, chame um médico para colher meu sangue, eu acho que fui drogado ontem a noite. Se o teste der positivo, todos que se envolveram nisso, irão pagar caro.

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Não consegui trabalhar o dia todo. Fui bloqueando cada matéria online. Uma por uma já que os malditos advogados são lentos demais.

Minha equipe medica veio ao escritório e tirou meu sangue constatando que realmente fui dopado. Duas doses de Whisk não causaram isso! Eu tinha certeza.

A porta abre em um solavanco. E os saltos batem no chão.

Uma revista e jogada na minha cara.

— Foi pra isso que te criei? – Arina diz irritada – Eu não me importo com o que você faz, mas isso?! Sesshoumaru, você perdeu completamente o juízo! – Ela anda de um lado para o outro e o barulho do salto está me enlouquecendo mesmo.

— Isso não é da sua conta. Saia por onde entrou.

— É sim. É o meu nome que está ai! Você é casado agora. Está fazendo isso de propósito pra se vingar?! – Seu tom de voz vai aumentando e eu não aguento me levantando rápido demais sentindo minha cabeça pulsar.

— Eu causei o problema, eu resolvo. Seu lindo nome não será manchado querida mãe. – Ela me encara séria – Não que seja importante, mas isso ai foi um golpe. Me drogaram e eu vou pegar cada desgraçado que está por traz disso. – Minha voz sai em um som gutural no final.

— Vamos esclarecer tudo no evento beneficente. Não vou deixar fazerem isso com meu filho. – Por um instante eu quero acreditar no que ela diz. Mas sei que é perda de tempo.

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Quando eu chego em casa, Kaede está arrumando a mesa de jantar para uma pessoa.

— Kaede, o que é isso?

— Sua janta, Sr. – Ela diz sem me olhar diretamente.

— Onde está Kagome?

— No sótão com o Sr. Inuyasha. Mas o seu assistente ligou e deixou recomendações explicitas de que precisa comer, está doente. – A velha senhora não acredita em nenhuma palavra que fala.

— Não quero. – Sigo em direção as escadas quando vejo Kagome no topo da mesma.

— Coma. Não seja infantil, ela preparou tudo com muito cuidado como solicitado. – Até sua postura mudou. Ela não está usando a aliança.

Começo a subir as escadas quando escuto a morena gritando.

— VAI COMER DE UMA VEZ SESSHOUMARU! OU PREFERE ROLAR ESCADA ABAIXO?! – Ela não se moveu mas sinto como se estivesse prestes a me empurrar mesmo.

Desço e vou jantar no mesmo instante.

Não tenho coragem de falar com ela. Não depois de tudo isso, eu não consigo me lembrar de nada e nem sei se vou lembrar uma hora. Yura sempre foi um lance de ocasião mas acho difícil ela fazer parte disso sem um bom motivo.

Termino de comer e subo para tomar um banho.

Mostro o exame pra ela? Eu nem li o documento sobre a adoção. Pego o envelope que está dentro do meu paletó.

— Capa de revista. Uau. – Kagome diz na porta do meu quarto.

— Kagome – Ela levanta a mão para que eu cale a boca.

— Nem precisa. Acho que essa situação toda esclareceu as coisas entre nos e tudo bem, sinceramente, eu me acho muito mais madura que você nesse sentido. Se você não queria ficar comigo era só dizer, eu não precisava saber pelos jornais Sesshoumaru. Mas enfim, tudo bem. Vamos só, seguir. – Ela abraça os próprios braços como se estivesse com frio e eu quero abraça-la.

Quero contar que foi armação, pelo menos a parte das fotos mas não consigo.

— Me desculpe. Você merece alguém muito melhor que eu.

— Sim, mereço. – Ela dá um sorriso forçado – Bom, eu só não quero que fique um clima estranho okaay? Combinamos que se não desse certo ...

— Seguiríamos como amigos. – Eu termino sua frase e ela concorda com um aceno longo de cabeça.

— Boa noite. – Ela diz entrando em seu quarto e o trancando.

Eu gosto dela, me apaixonei por ela.

A quanto tempo eu não tinha essa dor no coração?