When I Saw You.

Aquele com o coração partido.


POV KAGOME

— O que você quer dizer? – O moreno me encara com seus olhos azuis expressivos e eu não sei o que quero dizer.

Sou salva pelo gongo quando meu celular toca. Eu olho e é o numero da Sango.

— Sai de casa agora! – Ela grita no telefone.

— O que aconteceu?! – Pergunto me levantando em um pulo puxando o Kouga.

— Acredite, vai querer ver isso! – Ela diz empolgada e desliga o telefone.

— Sango falou pra irmos pra fora do portão, vem! – Saio correndo e quando saímos vemos bem mais a frente o Inuyasha apanhando da Kikyou. Apanhando real – Meu Deus do céu! – Digo boquiaberta enquanto Sango e Miroku olham segurando o riso.

— Isso é que dá querer terminar com um demônio – Sango diz orgulhosa.

— Você tem algo a ver com isso? – Digo surpresa.

— Demos só o incentivo que ele precisava – Miroku diz cruzando os braços.

Kouga olha perplexo minha prima espancar o Inuyasha. Eu começo a ir lá quando Miroku me puxa de volta.

— O que você vai fazer ? Não pode se meter nisso - Kouga diz irritado.

— Ele tem razão Kagome, isso não é assunto seu. É só uma briga de casal. – Sango não diz nada. Apenas balança a cabeça confirmando.

— Você deveria ir lá, ele é seu amigo! – Grito com Miroku – A Kikyou sabe lutar e o Inuyasha não está nem se defendendo!

— Desculpa Kagome-chan. Mas eu não ... – Puxo meu braço com força me soltando.

— Deixa pra lá – Vou até eles e quando a Kikyou me vê chegando ela me encara.

— O que quer Kagome?! – Ela berra irritada. Inuyasha esta de joelhos e tem sangue escorrendo da sua boca, seu olho está começando a inchar, ele nem levanta o rosto.

— Você não ta vendo o show que está fazendo? Acordando a vizinhança toda?! Quase matando ele! - Aponto dramaticamente para o garoto de joelhos.

— Isso não é da sua conta, volte pra dentro! – Eu vou até o Inuyasha e o ajudo a levantar – Solta ele, ainda não acabamos.

— Acabaram sim ou quer lutar comigo? Porque ao contrario dele eu posso bater em você. Com vontade – Eu a desafio e ela me encara.

— Eu nunca te machucaria desse modo, Kagome. – Eu entendi exatamente o que ela quis dizer.

Um frio corre pela minha espinha mas eu me mantenho firme, levo Inuyasha comigo, Miroku o carrega até o jardim atrás da minha casa.

— Kouga foi embora? – Eu digo pra Sango que está estranhamente quieta.

— Sim, ele deve ter voltado para se despedir de alguns convidados. – Ela está mentindo.

— Eu quase fiz uma besteira essa noite – Digo pra ela ganhando sua atenção.

— Mais alguma além dessa? – Ela aponta para o garoto machucado sentado no pé da arvore sagrada enquanto Miroku tenta faze-lo beber água pra engolir o remedio.

— Eu quase disse pro Kouga que gostava dele, pra tentarmos ... algo – Dou um sorriso sem graça pra minha amiga que está pegando com a caixa de primeiros socorros na mão.

— Você gosta dele? – Ela pergunta suspirando.

— Claro que sim! – Ela me interroga com seus olhos escuros bem maquiados – Mas ...

— Mas não desse jeito. Não daquele jeito né? – Ela indica o Inuyasha com a cabeça fazendo eu ficar agitada.

— O que ta querendo dizer?

— Kagome, você não pode – Ela hesita – “Confundir” o Kouga se não tem certeza. Sabe disso. É maldade, tanto com ele quanto com você. Mais com ele, com certeza.

— Temos tanta coisa em comum, tantas lembranças e sentimentos – Ela me corta.

— Mas um minuto com Inuyasha acaba com tudo né? – Ela suspira – Eu só quero te ajudar, sério. E da mesma forma que eu te protegeria de um coração partido iminente, tenho que protege-lo também. – Eu concordo com um aceno de cabeça. Ela me entrega o kit de primeiros socorros.

— Pode ir vê-lo por mim? Se ele está bem ... Hoje foi um dia difícil. – Digo envergonhada por ter escolhido salvar o Inuyasha do que o meu melhor amigo – Diga a ele, eu vou passar lá mais tarde.

—EEi Miroku-kun, pode me levar a um lugar? O Inuyasha não vai falar nada agora mesmo – Ela dá de ombros.

O moreno dá um salto em direção a garota que sorri docemente pra ele. E o Inuyasha me chama de manipuladora.

— Qualquer coisa me liga. – Digo pra ela que me abraça e vai embora com o Miroku.

Me aproximo do Inuyasha que evita me olhar. Coloco água oxigenada no algodão e começo a limpar os machucados em seu rosto. Afrouxo sua gravata e tiro seu paletó.

— Pode me olhar, eu não sou ela. – Digo tentando esconder minha irritação ao imagina-lo me confundindo com aquele ser – Heey! – Puxo uma mecha do seu cabelo solto e quando seus olhos encontram os meus vejo quanta tristeza tem ali.

— Você não é nada parecida com ela. – Suas palavras saem baixinho, quase sussurradas. Essa dor, ele está de coração partido.

— Chore, eu não vou contar pra ninguém. – Quando estou terminando de limpar seus machucados, vejo uma lágrima descer por seu rosto. Mas como sua cabeça está baixa, tudo que vejo é sua franja e sua lagrima brilhando sobre a luz baixa - Você está seguro agora. - Sussurro pra ele que se encolhe contra a arvore.

Respiro fundo. Sento ao seu lado e fico com ele até parar de chorar. Em algum momento ele deita a cabeça em meu ombro e eu fico imóvel. Cada lágrima que cai desse garoto parece me ferir internamente. Sango disse que estaria lá para proteger um coração partido. Ela quis me dizer para ficar aqui e proteger este coração partido?

Passa uns minutos e eu vejo que ele adormeceu. Droga, como vou leva-lo pra dentro? Se eu chamar o irmão dele, ele vai me matar! Não posso chamar o Kouga. Só me resta o Miroku. Não posso deixa-lo dormir aqui se eu não ficar também. Preciso ir a casa do Kouga.

Olho no relógio e já passa das 02:00 da manhã. Recebo uma mensagem da Sango dizendo: “Está tudo bem, melhor não vir hoje. Talvez ele precise de um momento sozinho.”

“Certeza?” Mando pra ela imediatamente que responde:

“Sim.”

Agora eu penso em tudo, em toda nossa relação. Naquele sonho louco em que tive com o Kouga, em como dormíamos sempre juntos, em nosso primeiro beijo, nosso encontro e hoje a noite.

— Ele gosta de mim, desse jeito? – Olho para o Inuyasha dormindo em meu ombro e meu coração dispara – Não pode ser, isso seria uma tortura. Quantas vezes eu já o machuquei?

Engulo em seco. Tento despertar o Inuyasha, quando consigo um estado “meio-desperto” eu o levo para o meu quarto. Não posso coloca-lo em um quarto de hospedes sem causar um grande reboliço amanhã de manhã. Tem um uniforme do Kouga aqui, vai ter que servir pra ele sair de manhã.

Deito o garoto em minha cama. Prendo seu cabelo para que não fique no rosto, tiro seus sapatos e o cubro. Ela realmente o machucou mas não pegou pesado, só bateu em pontos estratégicos que cortariam rápido.

— Talvez ela não quisesse te machucar de verdade ... Eu sei que ela poderia fazer um estrago muito maior – Me aproximo de seu rosto e assopro sua franja encontrando um corte em sua sobrancelha – Porque ela terminaria com você e te espancaria? - Digo acariciando o belo rosto do rapaz. Meu coração palpita – Coração idiota. Não sabe o que quer? – “Quem eu estou querendo enganar?!”

Ele abre os olhos dourados devagarzinho, tiro minha mão de seu rosto no susto mas parece que o garoto não se assusta. Seus olhos ainda estão cheio de tristeza mas ele não diz nada, apenas segura meu rosto e cola seus lábios nos meus em um beijo leve e delicado. Em seguida ele cai adormecido de novo me deixando congelada. Vou andando devagar até o banheiro e tranco a porta.

Olho no espelho para ver o razão que ele me beijou. Me cabelo está solto e liso graças ao penteado. O batom vermelho que não saiu de meus lábios nem após o beijo.

— Ele acha que sou ela. – Murmuro pra mim mesma tentando acalmar o meu coração que está a ponto de sair pela boca – Kagome idiota! Não chore! – Digo tentando me controlar mas as lágrimas já começaram a cair. Acho que já tenho minha resposta. Até eu estou vendo que estou apaixonada pelo Inuyasha.

POV INUYASHA

Acordo com os primeiros raios de sol da manhã. Minha cabeça dói e minha vista está embarcada. Olho pra baixo e vejo que estou com a roupa de ontem. Estou sozinho na cama enquanto tem uma garota deitada na poltrona do lado da cama. Esfrego meus olhos e vejo que é a Kagome. Esse é o quarto dela. Ela está de pijama enrolada em uma manta dormindo pesadamente. Ao meu lado tem um uniforme masculino do colégio.

Olho para o relógio na cabeceira que diz ser 05:30 da manhã. Vou sair de fininho mas antes, vou coloca-la na cama. Me levanto e coloco meu sapato. Minha cabeça parece ter o triplo de peso, de repente a noite passada vem toda na minha cabeça. Eu tentei terminar com a Kikyou e ela começou a me bater, Kagome resolveu intervir e me trouxe pra cá.

Respiro fundo olhando a garota dormir. Lembro de dizer que ela não é nem um pouco parecida com a Kikyou. E é verdade. Ela se mexe acordando e nos dois tomamos um susto se segurando para não gritar.

— Inuyasha! Ta me encarando porque seu tarado?! – Ela me olha com os olhos pequenos de sono.

— Como se tivesse algo ai pra olhar! – Eu digo a fazendo bufar – Porque não me expulsou ontem a noite?

— Você estava machucado, acho que eu tenho coração de pedra?! – Ela se espreguiça na poltrona. Pelo menos poderia ter me deixado na poltrona e dormido na cama – Ta cedo ainda, se quiser, tenho um uniforme ai pra você vestir. Se tomar um banho quente vai ajudar a desinchar isso ai – Ela aponta para o meu rosto que sinto está do tamanho de uma bola.

— Vou embora, não vou vestir nada disso ai – Ela revira os olhos - Já sei de quem veio.

— Você que sabe, está bem pra ir ? – Faço sinal de positivo com o dedo porque balançar a cabeça está fora de cogitação.

Fico a encarando por um minuto. Não consigo dizer obrigado, mas deveria.

— Espera – Ela diz quando me vê saindo – Eu vou com você. Me dá 15 minutos. – Ela desce e volta com um copo de suco de laranja e uns pãezinhos – Come enquanto tomo banho, mais 15 minutos e saímos.

O colégio só começa as 08:00 porque ela quer sair tão cedo?

—-

Ela sai do banheiro já pronta em seu uniforme. O cabelo molhado solto liso, sem maquiagem, como um fantasma. Quase me faz rir quando eu penso, tão natural. Como pude confundi-la se é que eu confundi. Prendo meu cabele em um rabo de cavalo tentando me distrair dela.

— O que é? – Ela diz sem entender.

— Vai sair assim? – Aponto pra garota que já está pegando a mochila amarela e colocando.

— Como “assim”? – Ela olha pra si mesmo.

— Deixa pra la – Estou abrindo a porta quando ela me segura pelo braço – O que foi?

— Vamos ter que sair pela janela. – Ela vai até a janela e abre pra mim. Olho lá pra baixo e vejo que estamos no segundo andar.

— Não!

— Sim! – Ela ponta para a armação das flores e eu entendo que funciona como uma escada. Desço e ela vem logo em seguida parando para fechar a janela quando eu olho pra cima sem querer e vejo sua calcinha por baixo da saia. PQP! Porque olhei pra cima?! Desço voado, quase pulando lá de cima. Quando ela me encontra me observa atentamente colocando a mão na minha testa. – Você ta com febre? Está vermelho. – Meu coração acelera. E eu corro pra minha casa, sem dizer absolutamente nada.

POV KOUGA

Acordo com o batidas na minha janela. "Não seja ela, não seja ela." É ela. Que levanta um café e um saquinho de donuts pra mim, como não me mexo ela balança o saquinho fazendo biquinho.

Meu quarto agora é no terrio, troquei porque ficar lá em cima dificultaria minhas saídas noturnas. Mas agora eu penso que saídas noturnas?

Abro a janela e ela entra com dificuldade me obrigando a ajuda-la. O cheiro de rosas do seu cabelo me desperta totalmente.

— Porque mudou de quarto? Aqui parece ser tão ... frio. – Ela diz analisando o espaço.

— Bom dia pra você também. – Pego o café e o saquinho com o donuts.

— Como você ta? – Ela diz sentando ao meu lado na cama.

— Bem, eu acho. Vivo pelo menos – Dou um gole no café preto respirando fundo.

— Você nem me deixou falar com você ontem, precisou ir embora porque? – Ela me encara com seus olhos escuros curiosos.

— Não queria me envolver e também eu devia estar aqui e não lá – A morena balança a cabeça concordando. Ela quer me dizer alguma coisa e não consegue.

— Me desculpa, eu devia estar aqui com você ontem, eu ia vir, eu juro mas – Coloco um pedaço do doce na boca dela.

— Eu disse pra não vir, eu precisava ter uma boa noite de sono e com você aqui roncando alto não ia dar! – Ela me olha feio comendo o doce – Sério, ta tudo bem.

Ela mexe na mochila e me entrega a caixinha branca com o anel.

— Você esqueceu isso comigo ontem – O anel cor de rosa em seu dedo parece contrastar com o branco da caixa, brigando. Eu balanço a cabeça negando.

— Eu disse que esse anel tem que estar com você. E falei sério. – Empurro sua mão a deixando confusa.

— Ta dizendo que sou seu padrinho ou me pedindo em casamento? – Ela me olha incrédula.

— Não, estou dizendo que não quero da-lo para uma mulher que nem conheço. Você é a desculpa perfeita. – Kagome abre a caixinha e encara o anel de noivado – Fique com ele, pelo menos por enquanto. Não vai perder né? – Bato nela com meu cotovelo que quase derruba o anel.

— Não, vou protegê-lo com a minha vida – Ela diz determinada, dando um sorriso lindo, iluminando meu dia.