9 - A culpa é minha

Capítulo nove

A culpa é minha

“Eu não queria te magoar, mas foi você quem começou. A lei da ação e reação funciona, por mais que eu não saiba nada de física.”

(Caio Augusto Leite)

Fiquei naquela sala por um certo tempo até a enfermeira chegar com uma pessoa para me levar em casa, e era a última que eu queria ver: Sasuke Uchiha. Ele apareceu na minha frente com um sorriso sem graça e as mãos passando pelo cabelo constantemente. Não sei como ele pode me irritar só com sua presença.

_Bom dia Hinatinha, este aluno bonito fez a gentileza de se oferecer para te ajudar. _declarou com uma expressão fofa ao olhar para o emo enquanto piscava os olhos.

A Tsunade é bem mais velha que ele, como pode ainda paquerar alguém? Mas admito que ela tem uns peitos de arrasar.

_Está bem, mas pode me dizer o que ocorreu? _questionei sem entender.

_Pelo que me disseram você foi tentou defender a bola com a mão e pegou no rosto porque não conseguiu segurá-la e ao cair torceu o tornozelo com força e machucou a bochecha também. _explicou.

_Obrigada. _sussurrei de forma corada enquanto tentava sair da maca.

_Deixa que eu te coloco no chão. _disse o moreno enquanto me pegava no colo e me apoiava no chão de forma delicada.

Eu não acredito que ainda me arrepio em sua presença, só pode ser pelo ódio que sinto. É isso.

_Espero que melhore até segunda, já que deixei uma pomada com ele para que passe ao chegar em casa. _berrou enquanto estávamos na porta.

_Arigato* _finalizei ao entrar no corredor e sorri para a loira.

Demos uns passos enquanto eu segurava em seu ombro e ele em minha cintura para que eu me equilibrasse. O silêncio estava agradável, mas logo ele fez questão de quebra-lo.

_Hyuuga, eu quero que saiba que não foi minha culpa, mas sim sua. _comentou quando me virou de frente para ele, apoiando-me ao segurar com as duas mãos o meu corpo.

_Ainda tem o cinismo de dizer algo como isso? Eu perdi minha amiga, a chance de uma boa nota no meu boletim e ainda vou ser humilhada semana que vem, tudo porque você foi egoísta o bastante para deixar a rivalidade falar mais alto que o nosso acordo. _desabafei tudo em seu rosto, cara a cara, algo que raramente faço pois não é de meu feitio falar mal de alguém.

_Primeiramente eu não pedi que pegasse a bola com a mão, mas sim que não a usasse, se prestasse atenção veria que eu fiz um gesto de negativo com uma sobre não rebater com ela na outra. Aliás, não a considero como minha rival e sinto pelo que ocorreu. _confessou.

Então um flashback veio e com ele o arrependimento por perceber que ele tinha dito a verdade e que fui eu que interpretei errado. Queria pedir desculpa, mas ele merecia o que tinha dito por roubar minha popularidade, se achar superior a mim e me irritar.

E, nossa, ele sentiu compaixão? Essa é nova.

_Dessa vez passa, mas se ocorrer novamente vai lamentar pelo que fez. E não, não é uma ameaça, e sim um aviso. _declarei.

Ao olhar para o relógio percebi que faltavam dez minutos para a aula acabar e constatei que eu tinha aula extra de inglês hoje, e isso era terrível, eu necessitava participar dela.

_Sasuke, tens como me levar para a nossa sala? _questionei tentando ser o mais meiga possível.

_Apenas se me dar uma aula virtual no sábado, ás 10h da manhã. _deu uma condição.

_Estragar a minha vida não é o bastante? _rebati enquanto batia os pés ao colocar as mãos na cintura.

_Não fiz de propósito. _sussurrou.

Se eu não chegar para o ensinamento em oito minutos levarei detenção, estou muito mais que ralada. Ainda mais com o meu pai, do qual não sabe da situação.

_Aceito, vamos logo. _finalizei enquanto segurava em seu ombro, fazendo com que ele me levasse.

Faltavam três para o sinal bater e estávamos um pouco longe ainda, até porque a nossa classe era uma das mais distantes do colégio, o que me deixava chateada.

_Por favor, mais rápido. _estava desesperada.

_Não dá. _revidou.

Não acredito que tenho que fazer isso!

_Pega-me no colo então. _ordenei enquanto corava.

Ainda estou chocada com a minha ousadia. Mas por sorte ele entendeu e obedeceu sem comentar algo maldoso e segurou minhas pernas enquanto eu enrolava meus braços em seu pescoço e apoiava a cabeça em seu peito. Ele corria e por sorte chegamos no momento em que algumas pessoas saiam do local.

Pensam em uma menina com o rosto vermelho e quase desmaiando por notar que está no colo do que é um dos mais populares da escola e, o pior, sendo encarada por três pares de olhos curiosos com a cena. O emo prontamente entrou na sala e fechou a porta ao pedir que esquecessem o que ocorrera e eu no mesmo instante me sentiu na carteira e esperei a professora, que logo chegou.

_O que está fazendo aqui meu jovem? Se não sumir em um segundo ou te achar zanzando pelos corredores comunicarei o diretor e ganhará uma suspensão. _gritou.

Meus ouvidos chegaram a doer. Demais.

_Hinata, eu vou indo então. _declarou rapidamente.

Só outro dia o verei? Então quer dizer que vou ter que ir sozinha para a casa?

_Mas... _respondi, porém ele já tinha saído.

Depois de receber um sermão ela começou a aula, e notei que haviam umas duas pessoas perdidas junto comigo. O tempo se resumiu em: verbo to be, falsos cognatos e a tradução de um texto (de duas páginas) para trazer na próxima sexta – o que eu tinha que entregar na aula passada, mas fui mandada para a direção.

Quando acabou eu fui em passos lentos para a porta, tanto que os outros alunos já deveriam estar em casa, e ao notar ela fez uma cara que eu nunca vi em seu rosto, a de pena, e foi em minha direção.

_Tem carona para ir embora? _perguntou com a voz suave.

Quem é essa pessoa e o que ela fez com a educadora?

_Não, é que o Sasuke ia me levar, mas teve que ir. _dei uma indireta.

_Então vamos comigo.

Ajudou-me a chegar até o estacionamento e constatei que só havia o gol, dela, e um santana. Ela me posicionou no banco do caroneiro e colocou o cinto para depois partir com o carro. Tinha dito o meu endereço quando saímos do portão e logo começou a falar. A professora comentava sobre os seus problemas pessoais no meio do caminho e ligou o som, era louca e eu agradecia por ela ser tagarela e eu não precisar quebrar o silêncio.

Logo cheguei em casa e percebi que haviam outro carro na frente dela, despedi-me da mulher e entrei no local. Quando adentrei na cozinha Lee estava na mesa junto com Hanabi e Hiashi, estavam conversando e restava um pouco da comida.

Cumprimentei e comecei a comer após me curvar em agradecimento. Minha irmã ficava me encarando, pedindo-me para que distraísse nosso pai. E, sinceramente, não estou com vontade de aguentá-lo hoje.

_Hinata, o que aconteceu para estar machucada? E por que chegou tão tarde? _começou o mais velho.

Como pude me esquecer disso?

_Machuquei-me na aula de educação física e tive que fazer uma aula extra por perde-la ao chegar depois da professora. _expliquei-me com sinceridade.

_Esse final de semana não sairá, está de castigo! _exclamou, a voz parecia um trovão de tão grossa.

Minha sorte era que um convidado estava aqui, pois ele seria muito mais ríspido em outros momentos. E como pode ser tão esquecido de ainda pensar que gosto de sair? Isso era antes, quando eu ainda era popular e ficava me esbaldando em festas.

Depois disso meu pai continuou a pressionar o moreno com questionamentos, algo como: “Qual o horário pensas em trazer minha filha após um encontro?”, “Usaram preservativo?” e coisas assim.

Nunca tive um namorado para apresentar e por ser sua primeira vez foi mais cruel, tanto que minha irmã tem 14 anos e ele faz umas perguntas desse tipo? Claro que o Lee se deu bem e o almoço ocorreu normalmente, quando eram 14h ele saiu.

Fui pra o meu quarto e Tenten já havia me excluído do facebook, mas eu via suas publicação sobre Neji, o que sempre incluía frases de amor e imagens do mesmo gênero. Lee já havia postando que havia saído bem na casa do sogrão e que amava minha irmã. Sinceramente, ninguém merece tanta melação, principalmente para um solteira antissocial.

Ao entrar no e-mail notei um novo recado, que foi:

“De: Sasuke (sasuke.uchiha@hotmail.com)

Para: Hinatinha (hina100%linduxa@hotmail.com)

13h24

Chegou em casa? Espero que sim e que esteja no Skype as 10h da manhã. Aliás, me passa ele. A pomada que a enfermeira deu está comigo, segunda lhe darei.

Sasuke Uchiha.”

Nunca saberei como ele descobriu meu e-mail, mas resolvi respondê-lo.

“De: Hinatinha (hina100%linduxa@hotmail.com)

Para: Sasuke (sasuke.uchiha@hotmail.com)

14h17

Estou viva, não precisa se preocupar. Meu Skype é Hinatinha. Não necessita, passe o nome que meu pai compra.

Hinata.”

Não queria ver ele novamente. Enquanto a resposta não vinha olhei meu celular. Uma mensagem, e eu torcia para que fosse a sua ex amiga, mesmo que ainda esteja magoada com ela.

“Vamos continuar com aquele plano ainda? Soube que você e o Sasuke estão se dando bem” – Temari

Logo devolvi:

“Com toda a certeza, e eu e ele nos odiamos. Ah, espero que esteja preparada para dar um beijo surpresa” – Hinata

Ela afirmou depois que adoraria agarrá-lo, pois era um mau caminho. E eu realmente não entendia essas mulheres para achar um cara como ele interessante. Quando olhei para a tela havia um outro do qual foi mandado pelo emo.

“De: Sasuke (sasuke.uchiha@hotmail.com)

Para: Hinatinha (hina100%linduxa@hotmail.com)

14h48

Vejo-te as 10h, e é curatur** o nome. Apaga essas mensagens, e, sim, é uma ameaça.

Sasuke Uchiha”.

E nele eu percebi que ele não havia negado a preocupação ou falado deste assunto, fazendo com que talvez o moreno se importasse um pouco comigo. E isso estava me deixando curiosa e com uma dúvida em mente, fiquei a tarde inteira matutando sobre isso e nada conclui. Mas eu não ligava, tinha o final de semana inteiro para pensar no recado.

Hiashi chegou com o remédio que tinha passado e coloquei ás 18h e antes de dormir, já que tenho de fazer isso duas vezes por dia pelo menos. As pessoas dessa casa me ajudavam toda a vez que eu tinha de realizar alguma tarefa, o que me surpreendeu. Espero que, realmente, eu possa melhorar rapidamente, pois seria um sufoco andar por aquele colégio com uma dor no tornozelo que não me possibilita de andar normalmente.