2008 – Las Vegas

– Eu fiquei bem curioso na verdade, porque era um texto com um tema bem pessoal, mas tinha ótimos argumentos. – Poncho contava como se fosse uma grande descoberta.

– Afinal de contas do que se tratava o texto? – Maite perguntou curiosa olhando para a entrada, estávamos atrasados nós seis e algumas pessoas da nossa produção esperando no hall do hotel e não tinha nenhum sinal de nosso carro.

– Bem, o autor mostra sua visão sobre algumas perguntas que a humanidade ainda não consegue responder, algumas emoções inexplicáveis, nisso eu achei sem noção só que depois ele começa a falar que não existe o tempo que isso é uma invenção nossa, como a religião. Que o passado, presente e futuro é uma ilusão, que estamos conectados com absolutamente tudo. – Poncho começou a falar empolgado com a atenção de todos. – E no meio do texto o autor questiona sobre uma possibilidade de ter uma atitude diferente e reviver algum momento, já que não existe tempo.

A ideia que Poncho transferiu do autor do blog que ele estava lendo ficou no ar, e ficaram em silêncio pensando.

– Isso me lembra na escola nas aulas de Filosofia, uma vez meu professor fez essa questão, na época a classe tinha entrado num consenso que não mudaria nada porque as escolhas que fizemos, faz de nós o que somos. – Christian comentou um pouco sério. – Eu me lembro que não tinha dado minha opinião, duas pessoas que tinham dito que mudariam, foram “massacradas” por serem contrárias a maioria. A realidade é que naquele momento eu mudaria sim, imagina em plena adolescência e gay. Escolheria por ter nascido hétero e não passaria por certos tipos de sofrimentos.

– Eu vejo tudo isso como tudo bem louco! – Dulce encarou Christian. – Por que hoje você sabe que não pode mudar quem você é. – E Christian assentiu assumido que seria um erro. – É que não temos esse poder de saber até que ponto um erro nosso vai nos elevar ou nos destruir. Eu tenho crenças bem doidas também, e ficou com aquela tentação e atração de saber como seria se isso acontecesse. Acho que eu queria rever minha avó que já não está mais viva ou visitaria o passado sempre quis viver nos anos 70. – Dulce fez uma careta e imitou um gesto hippie e arrancou risos de todos.

A mais quieta nisso tudo era Anahí por que ela estava se sentindo bem incomodada com aquele assunto, era muito estranho. Quase uma sensação de reconhecimento. Ela pediu licença e aproveitou para dar uma desculpa e ir ao banheiro. Ao chegar ficou se encarando no grande espelho, o que havia de errado com ela aquela manhã? Quer dizer, estava em plena Tour pelos Estados Unidos com a banda e ontem estava muito feliz e hoje acordou diferente.

Devia ser o cansaço, talvez. Pensou ao ver seu reflexo e jogar o cabelo para o lado direito. Antes que pudesse pensar mais nada ela reparou no sorriso ao fundo, estava tão concentrada em olhar dentro de si que nem notou-o entrando no banheiro.

– Esta bem? – Ele perguntou na cara de pau, como se fosse comum eles conversarem dentro de um banheiro, ainda por cima feminino.

– Não. – A resposta séria dela, fez o sorriso dele desaparecer. – Precisamos retomar aquela conversa, quer dizer, começar já que você fugiu de mim. – Ela se voltou para ficar de frente a ele e cruzou os braços, o motivo de estar tão aérea podia ser isso, a não-conversa com ele.

Christopher molhou os lábios antes de andar e falar algo. Não queria conversar e se possível fugiria ao máximo disso. Ele se aproximou tanto ao ponto de envolver os braços sobre a cintura dela e esconder seu rosto em seu pescoço.

– Não começa! – Ela disse tentando soar autoritária, mas tinha os olhos fechados. A barba dele estava começando a nascer e ele fazia questão de arranhá-la.

– Não começar com o quê? – Ele perguntou cínico e começou a soltar beijos no pescoço dela, subindo lentamente para provocar mesmo. – Hm? – Parou antes de beijar os lábios, ele conhecia bem os pontos fracos dela.

– Você não vai conseguir... – A frase dela ficou solta no ar porque ele aproximou mais ao ponto de quase beija-la, os narizes se encostavam e ele sorriu para depois morder o lábio.

– Que? – Ele abriu mais o sorriso. Ela esqueceu completamente a conversa e como se sentia, o único pensamento era a vontade de tirar o blazer claro dele. Antes de mais nada os dois escutaram o barulho da maçaneta da porta do banheiro tentando ser aberta, Christopher já tinha más intenções e após entrar trancou a porta agora eles se encaravam surpresos.

– Nossa festa nem começou e já tem que acabar. – Ele lamentou se separando dela. E para seu quase desespero foi em direção a porta, como que explicariam a presença dele aí? Porque ele parecia nem se importar com isso?

Ao destravar a porta os dois deram de cara com uma Dulce mais surpresa que eles, ela olhou de novo para a porta agora aberta e viu o “feminino” em destaque e voltou dessa vez com um sorriso malicioso no rosto para Christopher.

– Certo. Dessa vez vocês me surpreenderam, espero que o amasso tenha válido a pena, Melissa está atrás de vocês feito louca, nosso carro chegou e tem um transito monstruoso a nossa espera. Vamos logo! – Ela desatou a falar.

– Nem aproveitei como queria... – Christopher foi até Anahí e beijou sua boca, num selinho demorado e depois saiu despreocupado.

Anahí e Dulce então se encararam soltaram sorrisos cúmplices e foram juntas ao encontro de todos. Foi tudo uma grande loucura, primeiro até chegar no local da firma de autógrafo que fariam e depois tudo não estava realmente pronto, então adiantaram as entrevistas para os veículos de comunicação.

Tudo foi bem descontraído entre todos, o clima estava leve e de bem humorado, na própria entrevista disseram que iam comemorar hoje a noite em algum cassino e havia surpresas para o show, já que era uma tour completamente nova e diferente das que eles apresentaram até então.

Depois apesar do atraso o contato com os fãs, como sempre, foi especial. As mais diversas reações e emoções, levaram um filhote pequenino de um cachorrinho que Dulce queria levar para ela. Presentes não faltavam, um em especial era uma placa de carro dizendo “Anahí♥U” ela agradeceu e depois escutou provocações e brincadeiras vindo de Christopher.

Ele disse para a fã que compraria um carro para que ela pudesse usar a placa por aí, brincou até que seria seu motorista. Depois escreveu um pequeno bilhete e entregou para ela e lhe abraçando de lado dando um beijo no topo de sua cabeça.

A placa é uma abreviação da frase: Anahí ama Uckermann :)” A letra única dele e ainda por cima tinha os dois pontos e parênteses para indicar sorriso dele, até Dulce que estava do outro lado de Anahí leu e riu sozinha. Anahí só ficou sem graça e ignorou a brincadeira. E esse clima continuou até o fim da sessão, era normal isso acontecer eles não tem tantas interações em cima do palco num show da banda, mas fora dele o fato muda. Sempre foi assim desde o começo.

Todos estavam rindo no carro por conta das histórias de Christian e as piadas de Poncho, estavam já na mesma avenida do hotel quando o celular de Anahí tocou e o único a realmente se importar com isso foi Christopher, que olhou para ela curioso ao notar quem estava do outro lado da linha mudou de pose e fechou a cara.

Sem perceber, Anahí atendeu a ligação e mesmo depois do carro estacionado demorou para sair, deixou que todos fossem na frente e ficou no hall do hotel falando no celular.

– Então o que me diz? – Ela ficou encarando o piso com a pergunta, sem saber o que responder, indecisa.

– Eu tenho que responder agora? Porque eu estou atrasada e o pessoal esta me esperando, vamos almoçar agora e se tiver livre depois eu te ligo com a minha decisão. – ela sugeriu por que precisava pensar.

– Esta tudo bem, para você eu sempre tenho tempo! Vou esperar sua ligação ansioso. – ele estava realmente animado e contente por falar com ela.

– Ótimo, mas cuidado com essa ansiedade, mais tarde nos falamos, te adoro. Bye! – Ela respondeu com o mesmo calor. Depois de terminar a ligação ficou encarando o celular, não sabia o que pensar e estava muito faminta, andou rápido até onde todos estavam reunidos numa mesa grande.

– Até que enfim Wera, já fizemos o seu pedido só estávamos esperando você chegar para comer. – Poncho falou rindo porque era uma grande mentira, já que todos já estavam comendo.

– Fico lisonjeada quanto vocês são atenciosos comigo. – ela riu se sentando e antes que pedisse o garçom já estava trazendo seu prato.

Sem se dar conta realmente Anahí voltou a ficar aérea dessa vez por um outro velho motivo, ainda assim participava da conversa da mesa, só que algo havia mudado. Ao menos o humor de Christopher havia, estava mais ácido.

– Porque não Poncho? Podíamos voltar lá sim, lembra da última vez que fomos... – Christopher falava malicioso.

– Porque é que estamos nesse assunto mesmo? – Maite perguntou sentindo que era melhor mudar o tema.

– Qual o problema desse assunto? – Christopher insistiu dando os ombros. – Então Poncho que me diz? Vamos nós dois e será a noite dos rapazes.

– Não sei. – Poncho começou desconversando notando que ele que teria que colocar um ponto final naquilo. – Lá é bem divertido. Por outro lado nem todos vão sair hoje, né? – Ele estava indeciso. – Eu vou! Vamos comigo? – Poncho chamou Dulce que estava do seu lado visivelmente incomodada, até cara de paisagem ela fazia e foi pega de surpresa.

– Como? – Ela o encarou.

– É, tínhamos combinado de sair hoje, só não tínhamos decidido pra onde.

– Não sei Poncho. – Dulce escondia um sorriso, estava bem evidente que ela queria ir, só que não se autoconvocaria já Christopher chamou apenas Poncho. Ele a ter chamado a deixou feliz.

– Vamos! Eu tenho certeza que vai gostar, as bebidas de lá são incríveis e tocam o que você gosta de dançar. – Poncho deu a tacada final para convencê-la.

– Qual é? Eu te chamei para uma noite dos rapazes. – Christopher reclamou mal-humorado.

O restante da mesa se encarou, tirando Poncho que retribuía o olhar de Christopher. Christian que até então estava calado notou o olhar reprovador das meninas, especialmente de Dulce e Anahí, elas detestavam quando eles saiam para a Noite dos rapazes, era quando os dois saiam para curtir a noite, nas palavras de Anahí era para eles encontrarem mulheres apenas em nome do prazer e desejo, “galinharem” como dizia ela.

A realidade é que esse era um fantasma do passado de ambas, após o término dos namoros.

– Eu vou passar essa vez, afinal qual o problema da Dulce ir? – Poncho perguntou. – Essa noite eu vou ficar com ela, se ela decidir ir, eu vou. Se não. – ele deu os ombros deixando evidente que Christopher tinha perdido o parceiro de balada dele.

– Chris, esta com medo isso sim. – Christian voltou a conversa – Sabe que se Dulce for das duas uma, ou ele perde o posto de maior pegador da noite, porque convenhamos se ela quiser tem mais mulheres num estalar de dedos em uma noite do que vocês dois juntos numa semana.

O comentário de Christian fez perder a força do clima incomodo que tinha se formado pós o almoço. Até Christopher riu.

– Ou... se Dulce for, ela e Poncho ficam juntos aos beijos e amassos em qualquer quanto da balada e ele fica sozinho. – Maite jogou dos beijos no ar e balançou os ombros para zombar dos três, por que isso não seria a primeira vez que aconteceria, só seria a primeira vez que Christopher ficaria incomodado.

– Queria que vocês me respeitassem, só um pouco. – Dulce disse sem graça. – A verdade é que hoje você perdeu Senhor Uckermann, eu gosto de uma banda de rock que esta começando, eles vão tocar hoje e já comprei os ingressos para ir com Poncho, eu só não tinha chamado ainda.

– Parece que você, perdeu bebê. – Anahí comentou tentando continuar com o bom humor, e isso se refletiu em todos, menos o Christopher.

– Pode ser, mas isso não signifique que vou deixar de aproveitar, afinal a noite é uma criança. – Ele falou encarando ela, os outros podem não ter percebido, mas ela sim notou. Todo o motivo daquela irritação era por causa dela. E ligado todos os fatos, já sabia o porque dele estar agindo assim bem diferente do cara de horas atrás que estava com ela trancados no banheiro.

– Ui que perigoso. – Christian zombou sem notar o tom de desafio de Christopher, Anahí permaneceu em silêncio.

Não demorou muito para terminar o almoço, hoje eles não tinham mais compromissos então todos estavam livres o resto do dia. Christian resolveu ir dormir um pouco enquanto Poncho, Dulce e Maite decidiram sair para fazer compras, se fosse em outro momento tanto Anahí como Christopher também sairiam.

Ele foi um dos primeiros a sair da mesa para ir ao seu quarto, não demorou para que escutasse batidas firmes em sua porta. E não foi uma surpresa ver ela com cara de poucos amigos, esperando que ele abrisse.

– Queria entender qual é o seu problema comigo, sério. Está num caso crítico de bipolaridade, Christopher! – Entrou no quarto falando e mostrando a irritação que escondeu há minutos atrás na mesa.

– Não tenho nada. E não quero conversar agora, será que da para sair do meu quarto? – Ele foi rude ainda com a mão na maçaneta. Ela foi até ele pisando fundo, e empurrou a porta para que fechasse.

– Você não vai mais fugir disso!

– Ok! Esta bem. – Ele bufou contrariado. – Estou irritado, apenas por isso quero sair para me distrair e ficar melhor.

– Mentiroso! Christopher, o que aconteceu para que você me tratar de forma diferente durante nosso almoço?

– Eu vi! Sua ligação com ele. – Admitiu que tinha algo errado.

– E isso lá é motivo para você mudar comigo? Não vou aguentar suas mudanças de humor por bobagens.

– O que? – Ele ficou perplexo, e depois riu ironicamente. – Olhe para si mesma, Anahí, quantas vezes eu não aguento suas “mudanças de humor por bobagens” – ele fez aspas com a mão para completar seu sarcasmo. – E a questão não é essa, eu não gosto dele. Sempre deixei claro.

– Não me lembro de ter que pedir sua permissão, para sair com alguém. Engraçado isso! – Ela cruzou os braços, por que estava ficando cada vez mais irritada.

– Ótimo, não vou mais expor minha opinião sobre esse assunto, então porque não sai? – Ele andou até a sua cama e sentou e ficou a olhando sabendo que ela não arredaria o pé dali, até que colocar o ponto final da discussão.

– Não saio daqui até resolvermos isso. Uma pena que temos que discutir agora, já que pedi outras vezes para conversar e você me enrolava com beijos ou caricias.

– Não me lembro de você reclamar!

– Exato, não reclamo. Só não sabia que esse era o preço que eu teria que pagar! Vamos ser honestos um com o outro de uma vez por todas. Eu estou muito chateada com isso tudo. Porque apesar de tudo, toda a nossa relação foi construída a base de uma amizade sólida e não suporto sequer pensar que isso seja danificado. – Anahí movia os braços de acordo falava, era assim quando estava nervosa ou irritada, ou como no caso os dois. – Independente do nosso passado, prometemos que não estragaríamos nossa amizade por nada e ninguém. Eu queria igualdade quando o assunto são outras pessoas em nossas vidas, afinal você sabe o quanto sou ciumenta e quantas vezes eu demonstro isso quando você sai com mulheres diferentes a cada fim de semana de cada cidade diferente. Mas, eu não mudei com você, disso não pode me acusar.

– Não te acuso de nada, Anahí! – Ele não a olhava, encarava o tapete no chão como se pudesse esconder que estava acuado.

– Então eu não entendo porque age diferente, porque não prioriza nossa amizade como eu, como nós prometemos um ao outro antes. Tivemos altos e baixos, só que entramos num acordo de que somos livres para fazer o que quisermos e com quem quisermos, sem cobranças pesadas. Não quero ter que mudar com você também, ter que me afastar.

– Você me conhece bem e não notou que estou me corroendo de ciúmes dele? – Suspirou para poder olhar pra ela que estava do outro lado do quarto encostada numa cômoda. – Eu tenho total consciência de tudo que me disse, porém eu me afasto quando tenho ciúmes, não quero te atrapalhar sendo o cara chato ciumento sendo que nem namorado seu eu sou. Com ele não consigo agir de outra forma!

– Porque Rodrigo é diferente dos outros?

– Me diz você! – ele rebateu. – Já que estamos sendo honestos, me diz o que você sente por ele?

Agora era a vez de Anahí se sentir encurralada, quando veio até o seu quarto imaginou que eles discutiriam intensamente com direito a gritos. Neste instante ela até preferia por que conversar com essa falsa calmaria era pior. Se lembrou da ligação do pedido de Rodrigo e como ela precisava fazer uma escolha, e tomar uma decisão importante podia mudar muito sua vida.

– Eu estou completamente encantada por ele, gosto muito de tudo! Quando ele me liga, o tempo que conversamos sobre qualquer tema ou quando podemos nos ver e sairmos para nos divertir. Eu estou muito atraída por ele. – ela mordeu os lábios ao ver o quanto ele a encarava sério.

– Nem me olhando você consegue admitir? – ele negou bufando e voltando a ficar irritado. – Ele é diferente dos outros caras que você sai, Anahí, não esta evidente? Escuta o tom que você falou dele, carinhosa. Talvez não consiga admitir ainda, mas esta começando a gostar dele ao ponto de estar à beira do abismo... Da paixão!

– E então por isso me trata mal para me ajudar nessa questão? Para me influenciar a pular?

– Pode ser. – ele deu os ombros.

– Você reclama de mim. Mas, você é tão contraditório como eu, pior tem consciência disso. Nos últimos dias estamos grudados, saímos juntos, vemos filmes, comemos. Namoramos, não oficialmente como há muito tempo vem sendo, ainda assim não é possível negar que temos uma relação única. Que se você quer realmente me deixar em paz para que eu decida ou não sobre Rodrigo, se afastaria por inteiro. No fundo não quer isso.

– Estamos num mesmo barco, Anahí, eu não posso remar sozinho! – Ele se levantou e ela percebeu sua inquietude na forma como ele veio caminhando até ela, a conversa continuaria olho no olho.

– Você esta tão confuso como eu! – Ela acusou apontando para ele. – Posso estar dividida, só que escolher entre dar ou não uma chance a Rodrigo não faz com que eu e você fiquemos juntos completamente. – Christopher fez uma careta por que não gostou do que ouviu. – Estamos presos nessa bolha que criamos, não vê isso? Eu gosto de estar com você e do que vivemos, mas talvez eu queria algo a mais que isso! E que talvez você não possa me dar.

– É assim que você pensa? – Ele elevou um pouco o tom de voz.

– O que, Christopher, por favor! Você estar realmente disposto a largar a vida que tem agora? De diversão, de estar sem compromisso. Para começar um namoro? E ainda mais comigo? Esqueceu todo aquele velho peso que carregamos sobre como o nosso trabalho que está a frente de tudo.

– Justamente o seu trabalho não esta a frente de tudo?

– É diferente. Se eu começasse um namoro com Rodrigo, não interferiria na banda de como se nós dois voltássemos a namorar. Seria um namoro tóxico e isso foi comprovado amargamente por nós dois da pior maneira.

– O grande problema dessa questão toda é que eu sou tão apaixonado por você que engulo a seco muitas coisas! Não é como se eu não tivesse ciúmes de outros caras, eu tenho. Só não mudo com você porque não me sinto ameaçado como me sinto por Rodrigo, ele pode te dar um namoro saudável que eu não posso. Eu o invejo por isso. Tem toda razão no que me disse, só que não vou ser hipócrita contigo e dizer que estou contente por estar com outro que não sou eu! E sim, eu adoro como esta minha vida agora e não sei se trocaria, a menos que essa pessoa fosse você. Por que eu não te esqueço! E me machuca toda a vez que encara nossa relação como irmandade quando sabe que somos maiores que isso, só que eu posso suportar toda entrevista irônica tua sobre nosso namoro se nos momentos como este, você mostra o quanto é contraditória e se entrega aos meus beijos, carícias e especialmente o que sentimos um pelo outro!

Depois que Christopher começou a falar totalmente sem interrupções a não ser de sua respiração, Anahí ficou sem palavras por que não esperava.

– Os dois estão certos, infelizmente! – Ela deu um riso vazio.

– E o que fazemos agora?

– Eu não tenho a mínima ideia, esperava que conversar com você me faria tomar uma decisão, tudo o que tenho agora são dúvidas e mais dúvidas! – Ela deu os ombros. – Ele me propôs uma viagem, um encontro na verdade! Hoje a noite ele chega em Los Angeles e quer sair comigo, como vamos para lá depois queria que eu fosse antes para ficarmos juntos.

– Porque esta me contando isso?

– Por que quero saber se vai me tratar mal se eu escolher ele!

– Você acabou de decidir! – Ele negou como se não valesse a pena mais falar sobre esse assunto, estava cansado e se sentia derrotado. Antes que ela pudesse falar qualquer coisa ele se afastou. – Já que escolheu seu caminho, eu também acabo de escolher o meu! Não espere de aplausos e solidariedade de mim! Porque vou sim sentir a necessidade de me afastar de você, para lidar melhor com o meu ciúme, entende? Talvez eu seja rude ou estúpido. – Ele deu os ombros. – Só quero que não fique preocupada com a banda, porque não vai interferir, sei ser profissional. E ainda serei seu amigo quando precisar de mim. Só não vou negar o meu egoísmo.

– Você está sendo precipitado! – Anahí tentou argumentar, só que foi cortada por ele.

– Ani, quero que pense em toda nossa conversa, pense em todas as suas dúvidas e especialmente em tudo o que você sente neste momento. Já falamos tantas palavras cruéis, um para o outro. Não tem problema em ser agora também, em me dar um fora. Eu entendo. E no fundo você também entende e sabe que já fez tua escolha. Agora se me der licença, quero ficar sozinho!

Ele abriu a porta tão decidido e autoritário que nada do que Anahí falasse faria com que ele voltasse a esse assunto, não naquele instante. Talvez Christopher estivesse mais uma vez certo sobre ela, talvez ela já tenha feito sua escolha só não sabia como lidar com as consequências dela.

What if iyou should decide that you don’t want me there by your side, that you don’t want me there in your life

Coldplay