What About Now?

Implicâncias


9 de agosto

Descobri que, apesar de não ter uma desculpa para ver Elizabeth hoje – alias, não poderia vê-la se quisesse já que ela já tinha compromisso –, Georgiana tinha combinado com as senhoras para fazer um piquenique amanhã nos jardins de Pemberley. Elizabeth é uma ótima influência para minha irmã e percebo que, com a ajuda dela como amiga, Georgiana está se encaminhando para se tornar uma adulta confiante. Ela passou o dia animada com os preparativos e eu fico feliz pela felicidade dela.

10 de agosto

O dia estava combinando com o meu excelente humor. Céu azul e a grama verde. O tempo estava agradável e alguns dos senhores pescavam no rio ou caminhavam, enquanto as damas se sentavam à sombra das árvores. Em dado momento, enquanto comíamos, um de meus homens pediu-me licença para tratar de alguns assuntos da propriedade. Pegando um papel, fiz uma listagem daquilo que precisava ser feito e entreguei ao homem.

“Sua caligrafia continua uniforme, sr. Darcy?” Elizabeth falou e percebi Caroline arregalar os olhos para ela. Será que ela percebeu que a implicância era mais voltada para ela do que para mim? “O sr. Darcy costuma escrever regulamente,” Caroline disse em seguida, aparentando tranquilidade. Porém, eu que a conhecia há mais tempo percebi um tom de raiva contida. “por isso sua caligrafia não sofre o risco de mudar com facilidade.”

“Oh sim,” disse Elizabeth com uma expressão cordial. “lembro que sr. Darcy é um homem de cartas longas.” E olhou para mim com olhos brilhantes e eu sorri. “É verdade!” ela exclamou e virou para Georgiana. “Falaram-me muito bem de seus desenhos. Acabo de lembrar que gostaria de vê-la desenhando.” Por um momento pensei que ela estivesse a zombar de minha irmã, mas logo descartei a possibilidade. Como uma vez ela disse, Elizabeth gosta de rir daquilo que é tolo e ridículo, assim como as tentativas vãs de Caroline me conquistar. Ela nunca dirigiria suas provocações para alguém tão inocente quando minha irmã. Provavelmente, o assunto do gosto dela pelo desenho veio à mente de Elizabeth por causa da conversa que ocorreu naquela época. Georgiana corou, mas sorriu. “Se quiser, pode escolher uma paisagem e eu faço um desenho para você.” Caroline fechou a cara e olhou para outro lado. Minha irmã nunca ofereceu um desenho a ela. Já Elizabeth agradeceu e disse que gostaria de receber o desenho dela e já tinha uma ideia do que escolher.

A expressão de Georgiana se animou e ela pôs-se em pé rapidamente. “O que acha de me mostrar agora?” Achei que ela iria corar pelo seu movimento repentino, mas Elizabeth a acompanhou e logo levantou. “Aceito a oferta! Estou cansada de ficar sentada. O que acha de um passeio, minha tia?” Sra. Gardiner aceitou a oferta e as três começaram a se afastar do grupo. Decidi acompanha-las e, levantando-me, andei rápido para alcança-las.

“Posso acompanhar as senhoras?” perguntei. “O caminho não é largo o suficiente para o nosso grupo.” Elizabeth respondeu, deixando minha irmã e sua tia confusas. Afinal, não havia um caminho especifico e sim um vasto campo. Mas, ao contrário delas, eu sabia a que ela se referia.

“As senhoras me tratam abominavelmente escapando às pressas, sem dar-me a chance de sair com vocês.” Elizabeth preparou-se para responder, mas decidi provocá-la de volta. “Mas decerto que as senhoras formam um grupo muito bonito e um quarto membro estragaria a vista de três belas senhoras.” Minha irmã olhou surpresa para mim. Acredito que ela nunca me ouviu conversar em termos provocativos. “Concordo com o senhor.” Elizabeth respondeu. “Afinal, só há dois motivos para mulheres resolverem passear juntas. E devo dizer-te que, neste caso, não temos confidências a fazer.” Completou sua fala com uma mesura exagerada e eu respondi a altura. “Então, cabe a minha pessoa observá-las à distância, para vê-las de forma mais favorecida.”

Desta forma Elizabeth e sua tia continuaram seu caminho, mas Georgiana continuou parada me olhando confusamente. “Não se espante, Elizabeth estava brincando comigo e eu devolvi a brincadeira.” eu disse a ela. “Oh” ela exclamou. Sorriu delicadamente e andou até suas companheiras, que tinham parado para esperá-la. Não quis voltar para a companhia de Caroline e decidi ir com os senhores pescar. A tarde passou tranquilamente. Contudo, meu animo afundou um pouco ao ouvir um tê-a-tê das senhoras. Eu e Charles estávamos voltando ao local onde as senhoras estavam sentadas, pois ele queria mostrar para as damas o peixe que havia pegado. Ouvimos Sra. Gardiner informar para Georgiana que no dia seguinte, de manhã cedo, iria partir de volta para casa. Parei minha caminhada ao ouvir o que ela dizia e olhei imediatamente para Elizabeth. Ela olhou para mim, o que fez a atenção de todo o grupo voltar-se para mim. Eu não soube o que dizer, mas por sorte, Charles estava ao meu lado e falou em o que eu queria dizer.

“Já chega o tempo de despedida, miss Eliza? Mal pudemos passar algum tempo juntos.”

“Infelizmente os negócios de meu marido não nos permite ficar muito tempo.” Disse sra. Gardiner.

Georgiana me olhou de forma interrogativa, como se me perguntasse algo.

“Entristece-me o coração ter que me despedir de tão boa companhia, tão logo os conheci.” Eu disse e Charles concordou comigo. Percebi Caroline fazendo uma expressão fechada. “Mas...” continuei e fui percebendo as mudanças de expressão de Caroline, uma incrédula e Georgiana, animada.

“Eu, minha irmã e creio que meus convidados, ficaríamos muito contentes se a senhora aceitasse ser minha convidada. Entendo que os negócios impedem sr. Gardiner e sua esposa de permanecer conosco, contudo essa necessidade não se estende a senhora.”

“Eu não gostaria de ser um incômodo” Elizabeth murmurou, um pouco corada.

“Sua presença não é nenhum incômodo!” exclamou Charles. “Na verdade, estava pensando em voltar para Netherfield daqui a poucos dias. Necessito passar alguns dias em Londres, mas podemos combinar a viagem e nos encontrar.”

Miss Bennet ainda estava indecisa. “Uma vez, miss Eliza,” eu comentei “me questionou acerca de uma situação onde o meu caro amigo Bingley deveria ou não aceitar o pedido de um amigo íntimo para permanecer próximo a este ao invés de partir. Lembro-me da senhora ir contra a minha concepção de partir imediatamente, mesmo com o pedido.” Enquanto eu falava, pude ver um sorriso divertido surgindo em seu rosto. “Não seria o caso da senhora provar sua superioridade sobre minhas ações e aceitar o pedido de amigos próximos?”

“Decerto eu não posso me contradizer.” Disse Elizabeth. “O sr. Darcy é muito esperto ao me encurralar com tal argumento. Por isso, por causa de tão boa companhia,” e nisso ela olhou para Georgiana, fazendo-a sorrir. “eu decido permanecer como hóspede em Pemberley.” Seu sorriso acompanhou o meu.

“Fico feliz com sua decisão.” Eu respondi.

Foi combinado que Elizabeth passaria a última noite com seus tios e na manhã seguinte, enquanto seus tios partiriam, uma carruagem iria buscá-la. Ao fim do piquenique, sr. E sra. Gardiner me renderam e me fizeram prometer que cuidaria de sua sobrinha.