What About Now?

Eu sei que dói


As mãos quentes de Elizabeth deixaram as minhas subitamente. Ao mesmo tempo, senti um frio na espinha, descendo para meu estômago. A plena convicção de que a presença de minha tia na situação só faria piorar o estado de Mr. Bennet e Miss Lydia me abateu. Temi que a menina encontrasse uma pessoa tão moldada pela cruel sociedade e se abatesse mais ainda. Temi pelas palavras cruéis que minha tia proferisse para a família da linda mulher a minha frente.

Elizabeth parecia pensar igualmente em sua irmã, pois olhava aflitamente para a porta.

Levantei-me rapidamente e avancei para o saguão, com minha doce Lizzie atrás. Minha tia olhava imponente para o lugar, com a expressão azeda. Respirei fundo, me preparando para uma cena nada agradável.

“Tia? Ao que devo a honra de sua presença?”

Ela voltou seus olhos para mim e depois, para Elizabeth. A encarou alguns segundos e eu estava quase repetindo minhas palavras quando ela, subitamente respondeu docemente.

“Negócios urgentes necessitam de sua presença, meu sobrinho. Vim pedir sua colaboração. Explicarei melhor em sua residência, podemos ir?”

Surpreendido, confirmei e virei-me para Elizabeth.

“Como vai, Lady Catherine?” Lizzie perguntou.

“Muito bem, e sua família? Suas irmãs?”

“Todas vão muito bem, obrigada.” Lizzie virou-se para mim. “ Darcy, acompanhe sua tia e permita-me que expresse aos meus tios sua despedida.”

Eu não queria deixar a oportunidade de estar próxima a Elizabeth passar, mas a presença de minha tia poderia causar um mal estar grande e, aparentemente, ela ainda não sabia do escândalo. Portanto, era meu dever levá-la para longe o mais breve possível. Agradeci e, dando o braço para minha tia, saímos da casa. A carruagem dela estava parada na frente da casa e logo entramos.

“Diga-me tia, quais assuntos lhe aborrecem? Como poderia lhe ajudar?”

“Lady Anne, sua prima está para casar e necessita de um parente homem para prosseguir com os tramites.”

“Minhas congratulações, cara tia! Fico imensamente feliz por ela, sempre estimei muito minha doce prima”.

“Fico feliz com sua estima.”

Permanecemos em silêncio pelo resto da curta viagem. Refleti a minha falta de sorte, pois minha presença era requerida em outra localidade logo quando tinha a oportunidade de ver Elizabeth, falar com ela, tocar em suas mãos. Mais do que nunca, estava determinado a conquistar a moça e aparentemente, suas defesas contra a minha pessoa estavam baixas, nulas. Mas eu resolveria o casamento de minha prima e teria tempo o suficiente para pedi-la novamente em casamento. Na verdade, antes de viajar, eu precisava muito falar com Charles.

POV Lizzie

A semana de descanso de meu pai passou rápido e agitada. Ocupei-me cuidando de seus ferimentos e lendo para ele. Minha irmã não quis sair de casa nenhuma vez, permanecendo ao meu lado em todos os momentos, como uma sombra. Meu coração apertava ao ver que sua alegria e brilho, até mesmo sua leviandade e leveza de menina haviam sidos levados embora. Procurei não tentar pensar na partida de Darcy, mas falhei miseravelmente. Quando estava só, minha cabeça voltava para os momentos em que nossas mãos tocaram-se e meu rosto ficava quente. Não ficamos sabendo quais eram os assuntos importantes, mas eu aguardava o dia em que o veria novamente.

O dia da partida chegou e Charles ofereceu para nos acompanhar. Ele não havia nos visitado muito naquele período, mas na manhã do dia da partida, apareceu com suas malas e carruagem à nossa espera. Aproveitei para lhe perguntar se sabia o motivo da partida repentina de Darcy.

“Pelo que entendi, minha cara Eliza, lady Anne irá casar e a presença da família era necessária”.

“Parece que Lady Catherine arrumou um partido melhor que Sr. Darcy, não?” perguntei, com as sobrancelhas arqueadas.

“Parece inacreditável. Mas aparentemente, alguém conquistou o coração de Lady Anne.”

“Ou o ego da mãe.” murmurei para mim mesma.

A viagem foi relativamente animada. Meu pai implicava com Charles e gostava de vê-lo enrolado com suas perguntas. Reparei melhor em minha irmã e percebi que ela ficava apreensiva em cada parada, quando o cocheiro era trocado e oferecia sua mão para ela descer. Ela ficou estática olhando para a mão do rapaz, até que Charles o dispensou fez o mesmo gesto, sendo melhor recebido. Talvez, Lydia tivesse começado a ter um pavor de estar perto de homens desconhecidos. Meu coração estava aflito, pensando no que ela teria que superar. Não ousava pensar no caso disso não acontecer. Ao final do terceiro dia chegamos vislumbramos nossa propriedade.

Minha mãe e irmãs estavam na porta e correram para abraçar a todos assim que chegamos. Apenas Jane ficou ligeiramente estática ao ver nosso companheiro, mas tratou de disfarçar seu desgosto e colocou um sorriso no rosto.

“Minha filha!” gritou a plenos pulmões minha cara mãe. “Minha doce filhinha!! Como puderam fazer isso com você e com meus nervos!”

“Mamãe, deixe Lydia respirar” exclamou Jane, enquanto ela agarrava a filha.

Após todos os cumprimentos, fomos recebidos com um belo almoço. De um lado, minha mãe agitada e animada falava sem parar sobre as grandes mudanças que houveram na região; de outro, Charles tentava lhe dar atenção e olhava constantemente para Jane, que mantinha seus olhos resolutos em seu prato. Katy tentava animar Lydia, mas esta pediu para se retirar assim que a refeição acabou. Katy levantou-se para ir atráves dela,mas a receptei.

“Katy, deixa-a sozinha um pouco. Irá demorar um tempo para ela se abrir novamente. Vamos com calma.”

“Mas Lizzie, eu quero animá-la...”

“O que ela passou foi muito difícil, mas acredito que com o tempo ela vai se recuperar. Você que é a mais próxima, dentre todas, logo conseguirá conversar com ela, mas tente respeitar o espaço e esperar ela se pronunciar, tudo bem?”

Katy concordou e decidiu andar um pouco. Minha mãe, ao escutar isto, decidiu que todas iriam andar, inclusive Mary que tinha por intenção estudar.

Logo, alcancei o braço de Jane antes que minha mãe a empurrasse na direção de Charles.

“Como está?” perguntei para ela, sendo entendida.

“Não sei o que esperam de mim, Lizzie. Nunca tivemos nenhum compromisso, nenhum laço além da amizade. Apenas me mortifico com os comentários de mamãe. Ela não desistirá nunca.”

“Só você sabe de seu coração, cara irmã. Mas creio que ele pensou em você o mesmo número de vezes que pensou nele.”

Jane corou e reinternou que não pensou nele uma vez sequer.

“Pois bem, eu gostaria muito de agradecer ao sr. Darcy a ajuda que deu a nossa família.” ela desviou o assunto. “ Não consigo entender como um senhor com seu temperamento orgulhoso pode deixar os preceitos da sociedade e nos ajudar, fiquei muito surpreendida e… Lizzie? Está vermelha? Está se sentindo bem?”

“Oh...sim, eu...” eu gaguejei, não encontrando palavras. A simples menção dele fez minhas bochechas corarem e meu coração bater rápido. “Oh Jane, Darcy realmente foi um cavaleiro, gentilmente nos ajudou tanto. Em verdade, ele mudou muito nos últimos meses, parece outra pessoa. Ou, o que acredito, ele revelou o homem bom que não podíamos ver.”

Jane olhou-me estupefata.

“Darcy… desde quando estão tão próximas para chamá-lo desta maneira? E o que aconteceu com a Lizzie que o odiava? Irmã, me conte o que aconteceu nesta viagem para utilizar termos tão elogiosos!”

Olhei para minha doce irmã, sem saber como por em palavras toda a sorte de eventos que aconteceu. Antes que eu pudesse falar, minha cara mãe alegou que precisava conversar comigo e pediu gentilmente, ou descaradamente, para Charles fazer companhia para Jane. Olhei em volta para procurar por minhas irmãs, contudo elas estavam andando longe, na frente. Charles apertava suas mães, ansioso. Jane, tinha os olhos arregalados.

“ Claro mamãe. Também estava querendo falar com a senhora em particular.” Jane olhou-me espantada e apertou o meu braço ainda mais. Sorri para ela e a larguei.

“ Ele não morde, Jane.”

Minha mãe logo pegou o meu braço e ficou olhando, em clara expectativa para Jane. Totalmente vermelha, ela olhou para o rapaz – acredito que pela primeira vez – e ele sorriu igualmente tímido. Ela pegou seu braço, visivelmente tensa, e começaram a andar.

“Vamos devagar Lizzie, para dar tempo deles se afastarem. Depois, voltamos para casa.”

“A senhora é muito astuta, mamãe.” Ela olhou-me surpresa pelo elogio.

“ Mas é claro que sou! Casar bem as filhas é o que toda mãe deseja! E Charles é um ótimo partido, não se compara em nada Àquele trate do sr. Wickman! Enganou nossa menina...”
E começou a falar sem parar. Eu apenas acenava e pensava como Charles pediria nossa doce Jane em casamento.

* * *

A casa estava em festa e mamãe não se continha. Charles havia falado com papai e este deu a permissão para que o casamento acontecesse e logo todas já estavam planejando a grande festa, um baile, a decoração da igreja, o vestido, o enxoval...eram tantas coisas a se falar ao mesmo tempo que fiquei feliz pelas correspondências chegarem e ter duas cartas para ler. Corri para meu quarto percebendo que uma era de Charlotte e a outra de Rosings. Meu coração se acelerou ao pensar que Darcy havia me escrito. Contudo, decidi primeiro ler a de minha cara amiga.

Cara Lizzie,

O quão triste estou com a situação de Lydia. Fico feliz por terem conseguido resgatá-la, mas venho por meio desta alertá-la: Mr. Collins está furioso por terem aceitado de volta em casa. Como clérico, ele tem convicção de que sua irmã trouxe desgraça para vocês e que nunca conseguiram se casar. Ouvi ele comentando com Lady Katherine de Bough que caso o pai de vocês falecesse, expulsaria-as de casa. Não posso ir contra as decisões de meu esposo, mas ouso contar com a sua descrição acerta destas palavras, pois não é do meu intuito ver pessoas tão caras para mim sem nenhum apoio. Estimo melhoras para Mr. Bennet e vida longa e próspera. Acredito que meu marido ainda não os visitou por conta do casamento de Lady Anne com Mr. Darcy, Rosings estão movimentada, os noivos passeiam todos os dias pela propriedade arrumar tudo para o grande baile e Mr. Collins está se preparando para uma ocasião tão importante, passando o tempo livre ensaiando para o grande dia.

Espero que esteve bem de saúde.

Sua cara amiga, Charlotte.

Precisei ler novamente o trecho em que relatava o casamento. Um soluço subiu em meu peito e as lágrimas começaram a cair em cima do papel. Não podia ser verdade, mas Charlotte nunca mentiria sobre tal assunto, principalmente por desconhecer seus sentimentos. Joguei a carta na cama e abri a outra, quase rasgando o papel.

Perdão por não poder estar ao seu lado.

D.

As lágrimas vieram copiosamente. Darcy pedia perdão pois iria se casar com sua prima e não com ela? Seria este o significado desta carta?

“Lizzie?” Lydia estava na porta do quarto e ao me ver chorando, assustou-se. “O que aconteceu?” Olhei para a minha irmã, sentindo minhas mãos tremerem e meu corpo fraco. Pensei em mentir, mas eu precisava externar o que sentia. “Mr. Darcy...Vai se casar...” soluçei e Lydia veio ao meu encontro, passando os braços pelas minhas costas e me abraçando. “Eu não entendo, depois de tudo...ele...” eu não conseguia completar a frase.

“Eu sei, Lizzie, eu sei que dói.”

***Extra ***

O silêncio pairava sobre os dois, mas seus corações batiam freneticamente. Ela, sem saber se apreciava o calor que emanava de seus braços; ele, sem saber como por em palavras a avalanche de sentimentos. Descobrira a armação que seu amigo e seus familiares mais caros fizeram, fazendo-o pensar que o doce anjo ao seu lado não correspondia a seus sentimentos. Fora tolo! Irremediavelmente idiota.

Doloridamente, Jane não o olhou nos olhos uma vez; não sorriu para ele. Será que ainda o amava? Estacou seus passos, olhando-a. Precisava se desculpar.

“Jane...me desculpe… não!” ele ajoelhou e agarrou sua mão. “Me perdoe por ser tão estúpido e ter ido embora sem falar com a senhora!” Seu olhar era urgente, e procurava ver nela algum indicio de sentimentos, mas ela estava com uma expressão de espanto. “Eu poderia dizer que não foi minha culpa e que minhas irmãs armaram para nos separar, mas eu sou culpado de ter me deixado levar pela opinião dos outros. Eu devia ter prestado atenção na senhora, somente na senhora. Desde o momento em que eu a vi no baile, senti meu mundo virar de cabeça para baixo. Não consegui parar de pensar no doce anjo de cabelos loiros que sorria tão gentilmente. Todos os momentos que passamos juntos foram tão mágicos que eu quis estender para a minha vida toda. Mas fui covarde, com medo de enfrentar os sentimentos e não ser correspondido.” Seus olhos começaram a marejar. “Quantas noites eu perdi pensando em como haveria de esquecer aquela que conquistou o meu coração, mas em vão eu tentava e não conseguia. Eu a vejo em tudo o que eu faço, imagino sua companhia e...” ele tomou fôlego. “Eu sou completamente apaixonado pela senhora e eu imploro o seu perdão. Tenho medo de que não tenha mais o mesmo sentimento por mim, mas eu preciso do seu perdão...na verdade eu preciso de você na minha vida...e eu não sei se vou conseguir viver sem você...”

As lágrimas caiam do rosto de ambos, e Charles não conseguiu terminar suas palavras. Jane, não aguentando suas pernas bambas, caiu na sua frente sentindo o gosto salgado das lágrimas.

“ Eu me convenci de que não o amava mais, contudo quando você chegou todos os sentimentos dentro de mim despertaram. Meu coração despedaçou ao pensar que conviveria com o senhor sem poder estar verdadeiramente ao seu lado...Eu o amo Charles, eu o amo desde que vi seu sorriso durante o baile, a sua gentileza e o seu bom coração me conquistaram… e…”

“ Casa comigo!” Ele segurou seu rosto, fazendo -a calar de vergonha. “Jane Bennet, a senhora aceita se casar com essa rapaz idiota que a ama tanto?”

Ela chorou e ela riu.

“Eu aceito, é claro que eu aceito...”

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.