POV. Natasha Romanoff

Acordei com uma batida insistente na porta. Ao abrir os olhos, vejo Clint ao meu lado, sem camisa, dormindo.

Levanto-me da cama, apenas de lingerie; abro uma fresta da porta para que só seja possível ver o meu rosto. Steve dá um sorriso culpado, como que pedindo desculpas, do outro lado da porta.

– Natasha, desculpa incomodar; mas já é de tarde e May vai começar o interrogatório com Ward. Achei que iria querer ver. Estamos todos no hall, acompanhando pelas câmeras de Stark. Você viu Barton?

Eu olho de esguelha para a cama ao meu lado e encaro Steve, erguendo as sobrancelhas, constrangida. Ele entende o que eu quis dizer e cora violentamente.

– Ai, meu Deus. Eu pensei que você estivesse só dormindo; desculpa, Nat, desculpa mesmo, eu vou... Bem... Eu tô lá no hall, me encontrem lá. – E ele sai, completamente envergonhado. Permito-me dar uma risadinha.

– Hey, espera, Steve! – Chamei. Ele olha para mim, ainda embaraçado – Pode... Pode não contar pra ninguém sobre o que viu? – Ele dá um sorrisinho tímido e assente. Eu suspiro – Obrigada. - Fecho a porta e olho para Clint, que estava num sono profundo. Lembrando-me de hoje de manhã, não pude segurar um sorriso.

– Hey, dorminhoco. – Eu balanço o ombro dele gentilmente; quando ele só faz se mexer um pouco, sem acordar, dou uma chacoalhada mais violenta – Clint!

– Hum? – Ele acorda, assustado. Quando me vê, dá um sorrisinho fraco – Bom dia, senhorita.

– Tarde, na verdade. Vamos, Clint, estão interrogando Ward. Quero ver o que ele tem a dizer e se a Cavalaria é mesmo durona como dizem.

– Melinda May está interrogando ele? – Ele se senta, erguendo as sobrancelhas; quando confirmo com um aceno de cabeça, ele se levanta – Bom, não temos tempo a perder.

Ele pega a roupa que estava usando mais cedo do chão, enquanto eu vou até a cômoda e pego outro conjunto para mim. Ainda bem que escolhemos o meu quarto, porque senão eu iria ficar com minha camisola preta. Dou uma ajeitada no cabelo com as mãos, espero Clint terminar de se vestir e o acompanho até a saída.

Quando estávamos prestes a chegar ao hall, Clint pega na minha mão, me detendo.

– Natasha...

– Sim, eu sei. Vamos fazer parecer que não aconteceu nada. Para todos os efeitos, eu fui chamar você no quarto. Só isso.

Ele assente e entramos no saguão. Todos os Vingadores e agentes da S.H.I.E.L.D. estavam sentados ao redor de uma tela flutuante, onde mostrava uma sala escura próxima de onde estava a cela dos prisioneiros; no cômodo havia apenas uma cadeira e uma mesa, com uma luminária de mesa apontada para o homem que estava sentado, Ward.

– May está pegando umas coisas para entrar. Ela gosta de ser teatral, sabe. – Explicou Coulson ao nos ver. Clint e eu nos sentamos em um sofá, atraindo o olhar de Stark. Ele estampou um sorriso malicioso, que não gostei nada de ver.

– Já que o show não começou, eu gostaria de dizer que eu consegui rastrear Ultron. – Todas as atenções se viram para Tony – Claro que antes de ativá-lo eu coloquei um rastreador nele. Eu peguei seu sinal até Portugal, até que ele, de alguma forma, desligou o sensor. Aquele desgraçado.

– Ele conseguiu nos despistar? – Perguntei, impressionada.

– Sim. E você deveria aprender com ele, Srtª Romanoff. Você pode ser uma espiã russa, mas não consegue esconder quando tá pegando dois, não mesmo.

Todos olham para mim, tomados por um silêncio constrangedor. Eu vou bater nele. Eu vou bater nele.

– O que... – Comecei a dizer, mas ele me interrompeu.

– Digamos que eu estou ciente de que você não sabe se gosta de um capitão ou de um gavião. Eu tenho câmeras pela Torre, sabia? Olha, May chegou. – Todos os holofotes se viraram para a tela flutuante, enquanto eu imaginava sete modos diferentes para matar Stark.

May estava com um cassetete atrás de si. Ela se sentou na mesa na frente de Ward. “Nós não precisamos nos apresentar e nem eu preciso dizer o que pode acontecer com você até que fale alguma coisa, não é, Ward?”, disse ela. Grant sorri. “Realmente. Então eu não preciso dizer que eu não vou falar nada”. May suspirou. “Ok”.

Ela bate com o cassetete no rosto de Ward com tanta força, mas tanta força, que ele chegou a cair junto à cadeira. Antes que ele pudesse se levantar, ela o pegou pelo pescoço e o pressionou contra a parede com brutalidade. “Fitz está no pior estado possível por sua causa. Simmons está sofrendo por sua causa. Acredite, Ward, ódio é uma coisa que não é nem próxima do que eu sinto por você. Portanto, não teste minha paciência”. Vi Simmons se comover com as palavras de May. Ela apertou mais o braço contra sua garganta, de forma que ele chegou a ficar roxo. Ela o solta com violência e levanta a cadeira. “Sente-se. Agora”. Ele obedece, alisando o pescoço.

Ela se debruça sobre a mesa e o fita fundo nos olhos. “Comece a falar, antes que eu tire sua voz de vez”, ela disse com fúria. Ele a encara. “Não”. Ela o estapeia no rosto com as costas da mão e ele cospe sangue. “Ward, você lembra quando Quinn atirou em Skye? Então eu fui até o lugar em que ele estava e o espanquei, descontando meu ódio?”, ela falou calmamente, sentada na mesa. Vi Skye enrijecer os músculos. Acho que ela não sabia desse carinho que May sentia por ela. “Quer relembrar?”. Ward respirou fundo. “May, você não vai tirar nada de mim. Desista”. A asiática dá um sorrisinho contido e o dá um murro no rosto do homem, fazendo-o sangrar. “Sua última chance. Eu não vou mais me conter”, ela avisou. Em resposta, Ward cuspiu sangue em seu rosto. May respira fundo, tentando se acalmar. “Ok. Se é assim que deseja”. Ela dá um chute na mesa e a mesma bate na parede. Tira Ward com brutalidade da cadeira e o joga no chão. Pega o cassetete e o espanca com muita, mas muita força. Dava pra ver no rosto da Cavalaria o ódio que ela estava descontando no traidor. Depois de algum tempo de surra, May se separou dele, ofegante; Ward arfava, sangrando.

“May, desista! Você não vai arrancar nada de mim, nem que tenha que me matar”. Por um instante, a mulher pareceu cogitar a ideia. Então ela solta o cassetete, ergue Grant e o pressiona contra a parede de novo. “Não perderia muito coisa, não é? Digo, sua vidinha miserável não vale nada”. Ela acerta um golpe em seu pescoço e ele perde o ar, mas não perde a oportunidade de fazer uma piada. “Pelo contrário”, ele disse, com a voz extremamente fraca; mais um golpe daquele e ele perde a voz. “eu perderia uma grande chance de conhecer o Coliseu”. May o solta, entendendo tudo, assim como nós que observávamos. A base da H.Y.D.R.A. era na Itália.

A Cavalaria o deixa caído no chão e cospe em seu rosto, se vingando. “Obrigada pela colaboração”, diz ela, deixando o lugar.