Bem Vindo á Chesire, uma cidade no estado da Flórida. Quando você diz "Flórida" todos pensam em curtição, praias, Disney e os caralhos, né? Bem... Chesire é a cidade mais idiota, tola, ridícula e, diga-se de passagem, mais merda existente. Bem, pelo menos pra mim. É só um lugar cheio de praias, caras pegadores e meninas putas. Devido as circunstâncias, eu não tenho muitos amigos. Sou só uma garota que curte ficar no canto, desenhando ou escrevendo.

Antes eu conversava com Awien pelo celular, mas agora ele está estudando pras provas finais. Não me surpreendo. Awien é o tipo de gente que faz merda o ano todo pra estudar no final. Mas Awien é um cara legal.

Bem Vindo ao Parque Santa Érica, do lado da escola. Tinha acabado de sair da escola. Estava sentada no chão, em cima da minha velha mochila em preto e branco. O meu suéter cinza estava já meio sujo. Eu aguardava o ônibus enquanto rabiscava alguma coisa. Até que eu ouvi algo, algo que não era um gritinho de uma das putas gritando quando veem o namoradinho babaca. Não era alguém rindo de mim. Era um som.

— Piih! - Ouvi. Era uma voz fina e doce. Olhei pra trás e vi uma luz, em cima de uma pilha de folhas. A luz decrescia, e o grito que se repetia parecia ficar mais fraco.

Enfiei o caderno vermelho na mochila com pressa, junto da caneta. Me aproximei da pilha de folhas com medo. Aquilo existia de verdade? Eu acho que estava louca. Merda, será que Magda colocou maconha no meu café? Ou eu confundi crack com açúcar?

Quando me aproximei, vi que aquilo não era luz. Aquilo era algo melhor - Mesmo que na hora eu não soubesse que era - e muito, muito fofo. Uma bolinha de pelo branca, do tamanho da minha mão. Tinha pequenos olhinhos pretos, assim como seu focinho. Suas orelhinhas e sua cauda de gato balançavam com calma, decaindo. E seu par de asas de fada. A asa esquerda parecia quebrada, roída.

— Merda... - Sussurrei quando vi meu ônibus passar. Agarrei o ser com calma e fechei a mão, de um jeito que deixava-o respirar. Não sabia se aquilo ia sumir, se era ilusão, mas não podia deixá-la morrer. Puxei a mochila e corri pro ônibus, tropeçando um pouco. Meio que eu pulei no ônibus, que estava começando a andar. Sim, eu poderia ter morrido, mas né?

Bem Vindo ao meu quarto. Na minha casa. Na rua Heimer Jholtz, um pouco longe da escola. Estava tentando descobrir o que fazer com aquela coisa. Aquele... "Piih". Ele estava deitado, piscando os olhos com calma. Suas asas douradas tentavam voar, sem sucesso.

Asas Douradas... Era verão de 2014. Fui á Miami com minha mãe, após eu insistir pro meu pai, e minha mãe simplesmente chegar e dizer "Vou chamar o advogado". Sei lá, eu gosto de ficar com a minha mãe. Ela é assim como eu. Ela é escritora, e já vendeu um best seller, ela é bem famosa na Flórida. Nós duas fomos pra água, e eu fui pular algumas ondas. Minha mãe me chamou desesperada, com um pequeno frasco na mão. Ele parecia vazio, mas era lindo, e tinha um laço dourado. Ela me deu, para que eu tivesse de lembrança dela. O tom de dourado era o mesmo das asas de Piih. Bazinga.

Andei até o grande armário. Eu em lembro até hoje onde guardei. A terceira gaveta de cima pra baixo, da esquerda. O potinho continuava intacto. Eu guardava tudo de importante naquela gaveta. Corri de volta pra Piih, e tirei a rolha que tampava o frasco. Despejei o conteúdo invisível que provavelmente continha no frasco na asa de Piih.

E funcionou! Bazinga! Piih rapidamente abriu seus olhos. Suas asas douradas reluziam, e ele começou a voar, espalhando brilho dourado pelo quarto enquanto, claro, gritava "Piih!"

— Mas... QUE PORRAS VOCÊ É?! - Eu perguntei, enquanto ele continuava voando. Eu só não esperava o que ia acontecer.

O brilho que eu tinha visto antes. Ele voltou. E cresceu num brilho maior. Um brilho enorme. um brilho que virou... Uma silhueta?

— Hahah! Eu sou Piih! - O brilho virou um ser. Um ser. Cabelo um pouco longo, acima da altura dos ombros, com as pontas cacheadas. Tinha orelhas de gato brancas, assim como seu cabelo brilhante. Possuía olhos negros e um sorriso lindo (Sem falar do seu rosto ser lindo também). Sua blusa social vermelha cobria seu (possível) tanquinho, assim como o seu jeans cobria... Bem, ele estava descalço, que deixava em evidência seus pés de gato (super fofos, aliás). Ah, sem dizer que ele tinha uma cauda branca, fofa, e seu lindo par de asas douradas que, diga-se de passagem, A MAMÃE AQUI CUROU.

— P-piih? - Perguntei, enquanto ele olhava nos meus olhos com um sorriso gentil.

To Be Continued...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.