-Ok. Eu preciso falar com você. Agora. Na biblioteca. -Ele concordou com a cabeça e fomos correndo para o lugar combinado. Ele se sentou na cadeira e eu fiquei de pé. - Beatriz pensa que você não gosta dela. E é.. eu sou direta mesmo. -Falei antes dele dizer.

-Bom, eu fico meio apreensivo.

-Apreensivo?

-E se ela não quiser nada comigo? -Falou virando de costas para mim.

-Ai Meu Deus!! Isso de novo? “Ele não gosta de mim” ,” E se ela não quiser nada comigo?”. Vocês se gostam eu sei. Se ela não quiser nada com você, pode me chamar de Jacinta Pinto Aquino Rego. -Ri estrondosamente.

-Jacinta Pinto Aquino Rego? -Repetiu lentamente.

-É.. Pode não ser nada demais aqui, mas fala isso lá no Brasil e você será zoado até a morte... - “O duplo sentido me persegue!!!”

-Tá bom, né? Se você diz.

-O negócio é o seguinte. Você tem que falar o que você sente por ela, senão ela vai achar mesmo que você não gosta dela. -Empurrei ele da cadeira e sentei nela.

-Mas como eu vou fazer isso? -Se levantou do chão.

-Você é criativo. Eu sei que bolará alguma coisa. -Me levantei da cadeira. - Vou dar boa noite para todos. Pense bem no que fará... Tchau.

-Tchau. - Fechei a porta da biblioteca. Ele vai precisar de um tempo pra pensar.

Todos os outros ainda estavam na sala quando cheguei lá.

-Gente. Vou pro meu quarto. Boa noite pra quem fica.

-Eu também já vou. -Drew se levantou do sofá. -Uma noite agradável para todos. -Veio até mim e pegou minha mão.

-Pera ai. -Sussurrei para ele. -Chelsea, você consegue se acomodar sozinha?

-Sim. Acho que meu quarto ainda está do jeito que deixei. - “Onde será esse tal quarto que eu nunca vi?” esse era o pensamento que ficou na minha cabeça.

-Tudo bem. - Sorri e subi com Drew. -Drew, preciso falar com você.

-Venha para o meu quarto. -Abriu a porta para que eu entrasse e entrou em seguida,fechando a porta. - Sobre o que é?

-É só uma curiosidade... Quantos anos você tem?

-Bom. Vou contar tudo. Ficará mais fácil e você saberá tudo sobre mim. - Sorriu do jeito que só o Drew poderia. -Eu e Chelsea nascemos em 1635 em Kirkcudbright no sudoeste da Escócia. Meu verdadeiro nome é Andrew MacLellan, mas com o passar dos séculos, resolvi mudar, porque, o mundo estava evoluindo. Meu pai se chamava Thomas MacLellan era o nobre Segundo Senhor de Kirkcubright. Morávamos em um castelo com nossos pais. Crescemos não ultrapassando os limites dos altos muros do castelo. Aos 18 anos, lembro de termos saído de casa, minha mãe, Chelsea e eu, para comprar um presente para o meu pai. Acabamos por descobrir que ninguém sabia que existíamos. Papai havia mantido nossa existência em segredo de todos.

-Que horror! - Deixei escapar.

-Eu sei. Era por isso que ninguém nos visitava. Então resolvemos ir para a Grécia. No navio, haviam muitos germânicos que acharam que a cor de nossos cabelo era assim, por causa de bruxaria. Então, nos deixaram na França. Naquela noite, ficamos vagando pelas ruas até que achamos uma mulher. A mulher mais bela que eu já tinha visto. Uma vampira. Ela se alimentou da nossa mãe e disse que iria nos deixa ir. Nós quase imploramos para ela nos matar assim como fez com nossa mãe e falamos de tudo o que havia acontecido conosco. Ela falou que iria fazer algo melhor do que nos matar. Daí, você já sabe...

-Ela transformou vocês.

-Sim. Ela ficou durante 3 anos nos ensinando tudo o que ela sabia. Como lutar, como se alimentar, como ficar entre os humanos... Mas depois foi morta por outro vampiro... Minha irmã e eu ficamos mais um tempo na França e de lá, voltamos para a Escócia. Conseguimos arrancar um dinheiro do nosso pai e começarmos a investir. Conseguimos um bom dinheiro. Em 1729, viemos para o “Novo Mundo”, para os EUA. Expandimos nossos negócios e levantamos muito mais dinheiro.

-E com o que trabalhavam? -Perguntei curiosa.

-Imóveis. É o negócio que mais dá dinheiro. Acho que herdamos o dom para arquitetura do nosso pai. O castelo que morávamos tinha sido feito por ele. Minha mãe gostava de costurar, então, nos ensinou o que sei hoje. -Sorriu. -Como eu ficava entediado, as vezes desenhava roupas para a corte Inglesa. Eles me amavam. -Fez uma careta. -Sei falar muitas línguas por conta das viagens que eu e Chelsea fazíamos. Italiano, francês, inglês britânico e americano, espanhol, alemão e algumas outras.

-Uau. Você vai me ter ensinar isso tudo. Pode se preparar. Ah... Drew, onde vocês vão morar quando chegarem em Washington? -Me joguei na cama com os olhos fechados. Eu realmente estava cansada.

-Deixa isso comigo. Eu resolvo. Boa parte das mansões de Washington são minhas, mas eu uso humanos que trabalham para mim para fingirem que são donos. -Se jogou na cama também. Isso é que é vida.. Ganhar dinheiro sem fazer nada.

-Nossa. Esse espartilho aperta. Como que alguém conseguiria ficar com isso todos os dias? -Respirei fundo.

-Fica de bruços. -Me virei e ele começou a tirar as cordas do espartilho. -A beleza dói. Literalmente. - Senti um alivio quando ele tirou aquilo de mim.

-Agora eu posso respirar. -Me virei novamente para ficar de frente para ele. Coloquei minha mão em seu rosto. -Obrigada. - E sorri.

-Ao seu dispor. Toda a vez que precisar de alguém para tirar a roupa... Pode vir aqui. -Ele se tirou sua camisa branca e voltou a deitar.

-Engraçadinho. -Peguei um travesseiro e coloquei debaixo da minha cabeça. -Acho que essa noite eu vou dormir aqui. -Fechei meus olhos e coloquei meu braço sobre o seu peito. Ele, em resposta, me envolveu em um abraço. Ali, dormi profundamente.