Welcome To The Coven - Hiatus

Capítulo 5 - Lembranças e Emoções


As crianças corriam pelos corredores, os risos de alegria e animação ecoando pela casa. Os dois pequenos ser humanos sobrem as escadas a passos rápidos, chegando ao primeiro andar.

A garotinha vira o corpo para a esquerda, dando pulinhos enquanto caminhava até seu destino.

— Não Vy, vem pra cá. — Fala o menino, gesticulando para que ela voltasse até onde ele se encontrava.

— Mas você disse que iria me mostrar seus brinquedos novos. — Diz ela, apontando para a porta do quarto do amigo.

— Depois a gente faz isso. Vem logo Vy! — Ele novamente gesticula. A menina, um pouco aborrecida e com um biquinho em sua boca, anda mais um pouco até está mais próxima a ele.

— A gente vai pra onde então? — Questiona ela, segurando uma das duas tranças douradas que formavam seu penteado.

— Vamos para aquela sala cheia de trecos da mamãe. — O menino sorri para ela após a sugestão.

— Ah Reid, que chato! — Diz ela, o biquinho mais uma vez surgindo. — Seus brinquedos são bem mais legais. E a gente sabe que não podemos mexer nas coisas da tia Emily.

— Para de ser certinha Vy! Vai ser legal.

O pequeno Garwin pega na mão da amiga e começa a andar para o outro lado. O corredor era um pouco extenso e a sala para onde as crianças queriam ir se localizava á direita. Reid e Violet andam até alcançarem a porta.

— Você não vai poder abrir Reid. — Fala a menina ainda segurando a pequena mão dele. — Tia Emily sempre tranca essa porta. — Violet olhava para o amigo enquanto falava.

— Tia Olívia e mamãe estão lá dentro. — Diz ele em um sussurro, apontando para a luz que saia pela brecha da parte de baixo da porta.

Violet segue a mão de Reid e percebe para o quê ele apontava. A pequena também podia ouvir as vozes das duas adultas que conversavam lá dentro. Garwin então solta a mãozinha da amiga e inclina-se para ficar um pouco mais próximo da porta.

— O que você tá fazendo? — A Green pergunta em um sussurro.

— Eu quero ouvir o que a mamãe e tia Olívia estão falando.

Violet observa o menino por alguns segundos e depois decide fazer o mesmo. A menina se posiciona do lado oposto de onde ele estava imitando sua posição. Ambos atentos e em silêncio.

— Olívia, você tem certeza de que é isso que quer?

Os pequenos podiam escutar o tom de preocupação presente na voz de Emily.

— Eu e Richard já pensamos muito a respeito. Nós estamos decididos.

A firmeza no tom de voz de Olívia faz Violet focar ainda mais na conversa.

— E enquanto a Violet? Vai afastar a menina do Reid e da vó?

Os dois amigos se entreolham. Do que elas estavam falando?

— Emily, eu só peço que entenda. Eu quero que Violet fique fora disso tudo.

Um suspiro seguido de uma breve pausa é notado.

— Eu entendo Olívia. Entendo de verdade.

Dessa vez a voz de Emily transmitia calma e compreensão.

— Mas não acho que essa seria a melhor solução.

Mais uma vez os olhares das duas crianças se encontram. Que história era aquela de afastar Violet de Reid e da sua vó? O que Olívia estava querendo fazer?

Um pouco mais curiosa do que antes, a pequenina Green se aproxima ainda mais da porta, se posicionando mais para o centro. Reid faz o mesmo.

— Vai mais pra lá Vy! — O menino dá um leve empurrão na amiga.

— Não precisa empurrar Reid!

A Green e o Garwin acabam empurrando um ao outro para disputar o melhor lugar no centro da porta. Isso prossegue até Reid perder o equilíbrio e chocar o corpo contra a madeira da porta. Com o impacto a porta acaba se abrindo. O menino percebendo que iria cair segura na mão de Violet em um movimento rápido. Despreparada, Violet acaba caindo também.

Emily e Olívia direcionam os rostos até os dois caídos no chão.

— Crianças! — Exclama Emily.

Ela estava apoiada na mesa que se localizava um pouco afastada do centro da sala e na frente de uma estante cheia de livros. Olívia, por sua vez, estava sentada á mesa.

— Estavam bisbilhotando. Reid, sabe que não pode entrar nesta sala. – Repreende Emily, olhando diretamente para o filho.

— Eu sei, eu sei. — Fala Garwin já se levantando. Violet repetia o gesto dele. — Mas por que a senhora só fala isso pra mim? A Violet também estava fazendo a mesma coisa. — Diz o garoto apontando para a menina.

— Ei! — Violet olha para o amigo com uma cara feia em seu rosto. — Foi você que me chamou. Eu queria brincar com seus brinquedos novos. — Defende-se ela.

Olívia solta uma pequena risada com a atitude dos dois. A filha, notando aquilo, se dirige para a mãe.

— Mãe, por que a senhora quer me afastar do Reid e da vovó? — Questiona a menina, os olhos agora fixados no rosto da mãe.

A expressão de Olívia Green torna-se séria. Emily olha para a amiga que faz o mesmo depois, a encarando por um tempo.

A mãe de Violet volta a olhar para a menina e levanta-se da cadeira. Ela anda até as duas crianças, agachando-se para ficar na altura delas. Olívia estende a mão direita para o rosto de Reid e acaricia a bochecha do menino. Ele sorri para a tia. Depois, a mulher dá sua atenção a jovem Green, fazendo o mesmo que fez com Reid.

— Precisamos conversar filha. — Diz ela gentilmente.

— Está tudo bem, mãe? — Violet preocupa-se.

— Sim filha, está tudo bem. — Responde Olívia. — Está tudo bem. — A mais velha sorri para sua pequena, olhando diretamente para os olhos cor de avelã de Violet.

A jovem Green faz o mesmo, encarando os olhos verdes de sua mãe. A menina poderia ficar ali e fazer aquilo o dia todo. Violet sorri para a mãe mais um vez e estende sua mão para segurar uma das mechas cacheadas do cabelo loiro dourado dela.

Olívia acaricia mais uma vez a bochecha da filha e a pequena fecha os olhos, sentindo o toque. A garota permanece com os olhos fechados por um tempo, voltando a abri-los depois.

Violet franze o cenho.

Ela não se encontrava mais na sala da casa da tia Emily.

— Mãe? — A garota olha para os lados, procurando se situar. — Mãe? Tia? Reid? — Estava escuro e apenas uma luz brilhava ali. Violet olha para a mesma, semicerrando os olhos para identificar de onde vinha a iluminação.

Era uma lâmpada. A mesma se localizava na parte de cima da porta do que parecia ser os fundos de um bar. A Green dá pequenos passos na direção da luz. A jovem olha para os lados a cada passo que dava, notando que uma floresta circundava o local onde ela estava.

Mais passos são dados até que ela se encontra mais próxima do lugar. Violet acaba passando por quatro carros estacionados ali, dois de cada lado. Enquanto prosseguia, a garota acaba olhando para o vidro da parte traseira de um dos veículos.

Podendo encarar a si mesma, ela nota que não era mais criança. Tinha voltado a sua idade atual, estava com dezessete anos de novo. A garota observa seu reflexo por um tempo antes de voltar a caminhar.

O lugar era silencioso e apenas o som dos grilos e outros insetos que habitavam a floresta preenchiam o ambiente.

A parte de trás do bar era grande, possuindo vários espaços disponíveis para os carros estacionarem.

Violet caminha mais um pouco e agora já estava próxima a porta. A Green estende a mão no intuito de tocar na maçaneta. Porém, antes de fizesse tal coisa, algo gravado na parede branca ao lado direito da porta chama a atenção dela.

O número oito pichado com tinta preta faz Violet esquecer a porta que quase foi aberta. A garota direciona a mão na direção da parede, passando a palma e os dedos pelo número ali marcado. Por que ela estava fazendo isso? Violet não sabia.

Uma rajada fria de vento trás algumas folhas secas na direção da garota. Por reflexo, ela vira o rosto quando uma das folhas vem até sua face. Folha continua voando até ficar presa nos fios de cabelo dela.

Violet leva a mão até o cabelo para tirar a folha, olhando para a mesma que agora se encontrava na palma de sua mão. A Green passa mais alguns segundos observando a tonalidade da cor da folha antes do vento levá-la na direção de uns dos carros estacionados. A jovem segue o movimento da folha, parando seu olhar na placa do veículo ali na sua frente.

FHT14.

A adolescente esquece a folha e deposita sua atenção para o número catorze presente na sequência da placa. Novamente sem saber o porquê, a garota se via interessada pelo tal número. Ela caminha mais um pouco, ficando bem próxima ao carro, observando a numeração.

Uma vaga de estacionamento estava livre e encontrava-se ao lado do veículo. Violet olha para a mesma. O espaço estava numerado com o número vinte e dois pintando com tinta branca no asfalto cinza.

De novo aquele interesse.

A jovem não estava mais sabendo explicar o porquê tanta atração por simples números. A Green vira o rosto para encarar o número oito mais uma vez, voltando o rosto para frente logo depois. Os números catorze e vinte e dois diante dos seus olhos.

Uma sensação estranha brota em seu peito. Um sentimento de angústia começava a sufocá-la. Violet se afasta, levando as mãos até a cabeça, confusa.

Novamente uma rajada de vento torna-se presente. Dessa vez mais forte. O vento frio choca-se com o rosto da jovem, bagunçando o cabelo da menina e trazendo um grande número de folhas secas até o local.

Violet cobre o rosto com as duas mãos, sentindo as folhas vindo de encontro a ela. Aquilo já começava a perturbar e assustar a garota. A angústia aumentava dentro de si.

— Para! — Pede ela, as mãos ainda sobre o rosto. — Por favor, para! — O vento se intensificava ainda mais, o número de folhas se multiplicando e bagunçando ainda mais seus cabelos.

— PARA! Um último pedido sai da boca da garota em forma de grito. Ela estava ofegante, assustada e confusa. Tão confusa que foi preciso quase um minuto para que a jovem percebesse que se encontrava sentada na sua cama.

Ela olha para os lados, o peito subindo e descendo em movimentos rápidos devido à respiração acelerada. Violet passa suas mãos pelos cabelos, a folhas não estavam mais lá. Ela respira fundo, tentando se acalmar. Nunca na sua vida ela havia tido um sonho com emoções tão vívidas e reais assim.

A garota solta mais um suspiro, dessa vez mais alto. Por que havia sonhado com aquilo? Por que havia sonhado com sua mãe? Ah, sua mãe. Olívia sempre ajudava Violet a dormir quando tinha aqueles sonhos esquisitos ou ruins quando a mesma era mais nova. Espera, mas o que ela estava fazendo? Pensar em sua mãe só traria mais saudade, não era isso que ela queria.

A Green balança a cabeça, afastando aqueles pensamentos.

Ela levanta-se, olha para sua janela e percebe que já era de manhã. A garota caminha até sua escrivaninha e pega seu celular. Seis e meia da manhã. Tinha acordado meia hora antes do seu horário. Violet deveria agradecer por isso já que se livrou do sonho ruim ou ficar com raiva, pois poderia ter dormido mais um pouco? Melhor ficar com a primeira opção. A menina coloca o celular de volta no lugar e decide tomar banho.

~◊~

— Acordou mais cedo senhorita Green? Pergunta Elizabeth ao ver Violet descendo as escadas. Teve problemas na hora de dormir?

— Não exatamente. Diz a Green já chegando ao final das escadas. A garota já estava uniformizada, segurando uma das alças de sua bolsa.

— Eu tenho um chá que poderia resolver isso rapidinho. Fala a governanta, uma de suas mãos apoiadas no final do corrimão e outra em sua cintura.

— Obrigada, mas acho que não vou precisar. Diz a mais nova, sorrindo.

— A senhorita é quem sabe. Elizabeth sorri e tira a mão de cima do corrimão. Pode ir até a cozinha, o café da manhã já está pronto e sua vó já já desce.

A governanta anda até o cômodo e a Green a segue.

As duas chegam à cozinha. Violet já se posiciona e senta á mesa. A garota olha para a mulher.

— O que foi Elizabeth? Pergunta a menina ao notar que a governanta procurava algo.

— Meu celular, não o encontro. Responde ela, abrindo uma das gavetas para verificar se o objeto estava lá.

— Por que não dá uma olhada ali? Pergunta Violet, apontando para a parte de cima do armário á esquerda, perto dos pequenos vasos

Elizabeth escuta a garota e anda até onde ela havia apontado. A mulher estica o braço e tateia o local com a mão.

— Veja só, achei. Diz ela já tirando o celular de lá. Eu devo ter esquecido aqui quando estava limpando o armário. A governanta guarda objeto no seu bolso de sua calça social preta. Ela olha para a mais nova. Como sabia onde ele estava?

— Ah, eu... “Boa pergunta Elizabeth.” Pensa ela. Eu não sei. Eu só sabia que estava lá. Responde a menina, um pouco confusa com tal coisa.

— Entendo. Diz a outra, olhando para a menina por alguns segundos. – Bom, isso acontece ás vezes. Fala a governanta sorrindo para a ela. Intuição. Diz ela lançando outro sorriso.

— Pois é, intuição. Repete Violet, procurando deixar aquilo para lá.

— Bom dia. Amelie fala enquanto entrava no cômodo.

— Bom dia senhora Green. Responde Elizabeth, sorrindo para a patroa, virando o corpo para os fundos da cozinha em seguida.

— Bom dia vó. Violet sorri depois que a mais velha se senta de frente para ela.

— Bom dia querida. Amelie sorri de volta para a neta. Tome seu café. Como eu disse antes, eu a levarei para escola.

~◊~

Violet tinha chegado mais cedo à escola. Não havia encontrado os garotos e nem as meninas, provavelmente eles chegariam depois. A estudante caminha pelo corredor principal, se direcionando até a porta da secretaria.

Ela bate duas vezes antes de entrar.

— Oi senhorita Green. Bom dia.

— Bom dia Darcy. Ela aproxima-se um pouco da mesa onde a secretária estava.

— Em que posso ajudar?

— Eu queria falar sobre as aulas de natação.

— Ah sim, sim. Pode se sentar, eu vou buscar alguns documentos.

Violet faz o que Darcy pede e aguarda a moça que já tinha se levantado.

A garota apóia o cotovelo do braço esquerdo sobre a mesa e o rosto sobre a mão. Ela percorre o lugar com os olhos. Aquela era uma típica sala de secretaria escolar. O olhar da jovem para sobre um calendário.

A menina pende um pouco a cabeça para o lado e pega o objeto próximo a ela. Violet encara o calendário, levando os dedos de sua mão esquerda até a os números do mês marcado ali. Ainda com o mesmo movimento, seus dedos passam sobre o número oito impresso no papel.

Aquela sensação novamente surgindo em seu peito.

Um pouco que instantaneamente, a menina leva seus dedos até os números catorze e vinte e dois, aquele sentimento de angústia brotando e se intensificando dentro dela.

— Cheguei. Desculpe a demora. Pronuncia-se Darcy se sentando novamente.

A Green solta o calendário, o colocando de volta ao seu lugar. Ela procura se recompor, disfarçando o que havia sentido antes da secretária aparecer ali.

— Bom, como eu disse ontem para você quando veio pegar seus horários e sua senha do armário, além da aula de educação física, que está presente obrigatoriamente na grade curricular, você pode escolher fazer alguma atividade extra.

Darcy abre uma pasta amarela e tira de dentro da mesma uma lista. Ela entrega para a estudante e Violet começa a ler. Era a lista de atividades extras curriculares.

— Então, só vai escolher a natação mesmo? Pergunta a secretária abrindo um sorriso, exibindo os dentes brancos que contrastavam com o vermelho de seu batom.

— Acho que sim, por enquanto. Violet retribui o sorriso e entrega a lista de volta para Darcy.

— Ok. A mulher pega outra pasta que também trouxe consigo e a abre, tirando uma ficha de lá para depositar sobre a mesa. Pode preencher. – Diz ela entregando uma caneta para a menina depois.

Violet recebe o objeto e inicia o preenchimento da ficha. Darcy coloca seu cabelo cacheado cor de chocolate para trás e espera.

Dois minutos depois, a garota entrega a ficha preenchida.

— Pois é, parece que temos outra nadadora na Spencer. A secretária sorri e Violet dá uma risadinha. Seu maiô, seus óculos e toca chegarão essa semana. As aulas ainda não começaram, mas quando iniciarem serão três vezes na semana. Explica Darcy. Mas isso você já sabia. Diz a mulher, rindo um pouco ao notar que a ficha já informava a quantidade de aulas que ocorreriam por semana.

— É. Eu já sabia. Violet dá uma risada leve e discreta. Bom Darcy, eu tenho que ir. Fala ela levantando-se. Obrigada.

— Por nada senhorita Green. Darcy dá um tchauzinho e Violet faz o mesmo, abrindo a porta e saindo da sala.

A adolescente anda pelo corredor. Um número considerado de alunos já caminhava pelo local. Violet abre sua bolsa e tira seu celular dali, verificando de ainda tinha dez minutos antes de a primeira aula começar ao olhar para o relógio do aparelho. Caminhando até seu armário, a garota retira do interior de sua bolsa seu headphone, conectando-o ao seu aparelho e o colocando logo depois.

Balançando a cabeça ao som da música, a menina abre o armário. Ela dá uma olhada em seu interior e percebe que precisava dá uma passada na biblioteca.

— Fones legais. Reid aparece no campo de visão da Green, encostando-se em um dos armários fechados ao lado direito. Você tá me ouvindo? Pergunta ele quando Violet apenas o olha e não diz nada.

— Sim, eu estou te ouvindo. Responde ela sorrindo com a pergunta dele, tirando os fones depois. É que eu não queria perder o final da música. Explica ela, fechando o armário.

— Ah sei. Diz ele ainda encostado no armário próximo. Você bem que poderia emprestar eles pra mim. Reid aponta para os fones pendurados no pescoço da menina.

— Ah não, sem chance. Diz ela já retirando o aparelho, o guardando dentro da bolsa. – Eles são especiais e duvido que você não tenha um desses.

— Eu tenho, mas o seu parece mais legal. Garwin sorri e afasta-se do armário, indo um pouco mais para perto dela.

— Sei. A menina pendura a bolsa nas costas. Cadê o Tyler?

— Acabou de chegar. Responde ele apontando para o amigo com um movimento de cabeça. Violet vira o rosto na direção que Reid indica e vê Tyler vindo até os dois.

— Oi. Diz o rapaz, abrindo um sorriso para eles. Tudo bem com você Violet?

— Estou bem sim Tyler. Responde a menina rindo um pouco com o ânimo do menino. Será que ele era sempre assim?

— Vamos andando. Fala Garwin já começando a caminhar.

Os dois adolescentes o seguem.

— Então, como foi a aula de física ontem? Pergunta Violet virando o rosto de um lado para o outro procurando olhar paras dois já que agora um estava á sua direita e outro á esquerda.

— Chata. Fala Reid enquanto olhava para frente.

— Reid tem razão, foi muito chata. Aquele professor não parava de falar um segundo. Diz Simms olhando para a menina.

— Sério? Pergunta ela, unindo um pouco as sobrancelhas.

— Sério. Por que está perguntando? Questiona Reid, agora com o rosto virado na direção dela.

— Vai ser minha primeira aula de hoje. Responde a menina fazendo uma careta. Ela não era boa na matéria.

— Nossa! Boa sorte Violet. Reid dá um sorriso de canto para a garota depois de sua frase.

— Pois é Violet, boa sorte. Fala Tyler.

— Valeu, acho que vou precisar.

O sinal toca provocando uma maior movimentação no corredor.

Violet olha para sua esquerda, a sala onde teria sua próxima aula não estava longe. O Garwin dá dois passos adiante a fim de ficar de frente para ela.

— Te vejo depois.

Simms, ainda ao lado da garota, se vira para ela.

— A gente se vê no intervalo Violet. Diz ele dando um sorriso para a menina.

Os dois garotos se afastam e ela faz seu típico gesto com a mão, simbolizando um tchau.

Violet dá um suspiro e caminha até a sala de aula.

Ao entrar, o professor já se encontrava sentado á mesa.

— Bom dia professor.

— Bom dia senhorita. O professor olha rapidamente para ela, sorri e volta sua atenção para os papéis presentes em sua mesa.

Violet olha para sua frente, procurando um lugar para se sentar. Por fim, ela decide se acomodar na segunda fileira contando de cima para baixo.

A estudante retira seu caderno da bolsa, duas canetas, um lápis e uma borracha.

— Acho que hoje você assistirá aula em boa companhia. Violet leva seu olhar na direção da voz vendo Chase se sentar ao seu lado após retirar a mochila das costas. Ele dá um sorriso rápido para ela.

— Bom dia. Diz ela, dando um leve sorriso.

— Bom dia. Collins responde já abrindo sua mochila.

A Green volta a sua atenção para seus materiais quando percebe que o rapaz parecia não encontrar o que procurava.

— Perdeu algo?

— Minha carteira, não estou a achando. Responde ele, a mão ainda dentro da mochila.

— Já tentou procurar dentro do bolso interno da mochila?

Chase segue a sugestão da garota e abre o bolso, a carteira ali dentro. Collins olha para Violet.

— Como sabia?

— Ah... Novamente aquela confusão dentro de sua cabeça. Como explicar para ele algo que nem mesmo ela sabia explicar? Intuição? Pergunta ela seguindo as palavras ditas por Elizabeth um pouco mais cedo. Violet dá de ombros e procura disfarçar o fato dela mesma não saber como adivinhou tal coisa. Já tinha sido a segunda vez no dia que isso acontecia.

Chase permanece com o olhar sobre a menina por alguns segundos, como se estivesse pensando em algo.

— Talvez seja isso mesmo. Diz ele momentos depois. De qualquer forma, obrigado. Collins retira a carteira do bolso interno e guarda em um lugar onde ele saberia encontrar depois.

— Muito bem alunos. O professor levanta-se e caminha até o centro da sala. Para quem não me conhece, meu nome é Anthony e serei o responsável por ensinar física a vocês. Enquanto falava, o professor distribuía para a primeira fila, alguns papéis. Após pegarem o seu, quero que passem as outras folhas para trás. Pede ele. Nestes papéis está todo o conteúdo que compõe a grade curricular desta matéria para esse ano.

Os papéis chegam até Violet e Chase. A garota dá uma olhada. Tinha bastante coisa para estudar.

— Bom, vamos começar.

~◊~

A aula seguia e Chase procurava prestar atenção na mesma. O rapaz inclina-se um pouco para trás, suspirando um pouco. Aquela aula já deveria ter terminado. Ele vira o rosto, olhando para a garota ao seu lado.

— Isso não é física. Comenta ele em um tom mais baixo para somente a garota ouvir.

— O quê? Violet olha para ele, distraída.

— Pensei que você fosse estudiosa. Você sabe, diferente do seu amiguinho Garwin. Diz ele sendo sarcástico. O que está escrevendo?

Violet acompanha o olhar de Collins e passa a observar seu caderno.

— Eu...

A folha, antes branca, agora continha rabiscos com números espalhados por todo quanto. Aqueles números.

— Eu...

Seria loucura dizer para Chase que havia tido um sonho estranho com aqueles números e agora por mais que quisesse pensar em outra coisa, aqueles números sempre vinham a sua cabeça?

A Green volta seu olhar para Collins.

— Eu só estou distraída. Diz ela, novamente procurando disfarçar o que estava acontecendo com ela desde que tinha acordado.

— Distraída? Chase arqueia um pouco uma de suas sobrancelhas. Você está aérea. O rapaz passa seu caderno para a menina. Já perdeu muita coisa desde o começo da aula.

Violet pega o caderno dele e dá uma olhada. Ele estava certo. Como ela foi capaz de ter perdido a atenção na aula apenas por causa de três malditos números?

— Obrigada. A adolescente passa a folha rabiscada e começa a anotar o conteúdo em um folha em branco.

Enquanto fazia tal coisa, Violet sentia o olhar de Chase sobre ela. A Green olha de relance para ele, Collins sorri para ela sem mostrar os dentes e vira o rosto para frente.

A aula prossegue até seu término.

— Obrigada por me emprestar o caderno. Agradece a menina enquanto entregava o objeto a Chase.

— Sem problemas. Fala ele pegando o caderno de volta.

Os dois levantam-se e caminham até a porta. Violet percebe quando Madison e Aaron passam ao seu lado. Aaron olha para trás e lança um olhar nada amigável para Chase e Violet. Madison segue o olhar do rapaz e encara os outros dois estudantes com seu típico olhar de desprezo antes de seguir em frente.

Collins apenas solta um riso anasalado fazendo a Green olhar para ele.

— Isso é tão previsível. Diz ele já caminhando com a garota para fora da sala de aula. Chega a ser monótono. Ele olhava para frente enquanto falava. Os dois seguem andando.

— Faz muito tempo que eles estudam aqui? Pergunta ela, o olhar também para frente.

— Desde o primeiro ano. Collins olha para a garota e ela faz o mesmo – Presencio os mesmos comportamentos há praticamente dois anos. Como eu disse, tão previsível.

Os adolescentes caminham mais um pouco até dobrarem um corredor.

— Violet! A voz de Kate faz a menina virar o rosto para frente novamente.

Kate estava no final do corredor com Sarah ao seu lado. As duas seguem até os outros estudantes.

— Aí está você. Diz ela ao se aproximar. Eu tenho um trabalho para te dar. Anuncia ela. Oi Chase. Kate sorri rapidamente para o rapaz antes de voltar-se para Violet.

— Que trabalho seria esse? Questiona ela, olhando para Sarah logo depois. Oi Sarah.

— Oi. Responde a garota, lançando um sorriso para Violet.

Kate tira um cartaz do tamanho de uma folha de ofício de dentro do seu caderno e entrega para a Green.

— Lava carros? Indaga a menina ao ler o cartaz.

— Isso! Será um evento beneficente organizado pelos alunos daqui. Adivinha quem é uma das responsáveis pela organização? Kate aponta para si mesma, sorrindo abertamente.

Violet sorri com a atitude da outra.

— Então, como posso ajudar? Questiona ela.

— Precisamos de um número considerável de pessoas para lavar os carros ou cuidar do preenchimento das fichas dos donos dos veículos. Explica ela.

— Quanto mais pessoas melhor. Diz Sarah. A jovem estava com seus cabelos lisos e loiros claros presos em um rabo de cavalo enquanto Kate tinha seus longos cabelos castanhos soltos.

— Pois é, quanto mais gente melhor. Kate pronuncia a frase lançando seu olhar para Collins.

O rapaz ergue uma sobrancelha e dá uma risada rápida, focando seu olhar para o corredor.

— Sinto muito Kate. Não estou a fim de participar de um evento supostamente caridoso onde, na verdade, o real objetivo é chamar atenção para os próprios alunos. Ao final da frase, Chase volta seu olhar para a jovem. A expressão cínica em sua face.

— Não quero chamar atenção para mim. Eu realmente estou fazendo isso para ajudar as pessoas. Responde Kate, um pouco incomodada com aquilo.

— Mas eu não estava falando de você. Diz Collins ainda cínico e sarcástico.

Kate encara o rapaz por um momento. Sarah e Violet trocam olhares, caladas.

— Violet. Sarah se pronuncia, procurando quebrar aquele clima e mudar de assunto Para onde você vai agora?

— Eu queria ir até a biblioteca, mas não sei se tenho tempo. Responde a Green se referindo ao tempo do intervalo acabar.

— Claro que dá. Diz Kate já entrando no assunto, alternando o olhar entre as duas. Não vai demorar muito.

— Então vamos. Diz Sarah, sorrindo.

— Ok vamos. Violet olha para Chase.

— Encontro você depois. Fala ele já se afastando. Collins lança um olhar para Sarah e Kate.

— Se mudar de ideia sobre o evento, fala comigo. A adolescente de cabelos escuros fala ao rapaz lançando um sorriso para ele, uma forma de o irritar. Collins apenas a encara por alguns segundos antes de se virar e prosseguir andando.

— Ele é sempre assim? Pergunta Sarah enquanto observava Chase seguir seu caminho.

— É. Mas eu já estou acostumada. Responde a outra. Desde que eu comecei a namorar o Pogue, escuto os comentários do Chase. Fala ela, olhando para as outras duas. Mas vamos, vamos para a biblioteca. Diz ela, gesticulando para que as três começassem a andar.

~◊~

O dia passa normalmente. Violet caminhava pelo pátio da escola enquanto escutava as explicações de Kate sobre o tal evento beneficente. Sarah fazia o mesmo.

— Os donos dos veículos pagarão uma taxa para que seus carros sejam lavados. O dinheiro arrecadado será enviado para uma instituição de caridade.

A adolescente olhava paras as duas enquanto falava.

— Vou precisar de uma de vocês para lavar os carros e outra para preencher as fichas. A jovem gesticulava animadamente enquanto se pronunciava para as duas.

— A Kate já está enchendo vocês com esse evento? A voz provocadora de Tyler se faz presente quando o mesmo se aproxima das três, assim como os outros garotos.

— Não estou enchendo elas, estou as envolvendo em uma ação social. Fala ela, entrando na brincadeira. Tyler sorrir com a resposta.

Kate se aproxima de Pogue, dando um beijo no rapaz, o abraçando depois. Parry corresponde o abraço.

— Kate vai ocupar muito o tempo de vocês. Caleb diz, provocando mais um sorriso nela. Danvers sorri para ela e para as outras.

Reid olha para Violet, a garota carregava alguns livros nos braços.

— Vai ter tempo livre hoje Violet? Ou vai passar o resto do dia estudando?

— Deixa a garota Reid. Diz Pogue. Ela não perde tempo fazendo nada como você. Parry comenta, brincando com o amigo.

Violet ri. Reid olha para o Pogue.

— Eu só perguntei por que quero saber se ela quer ir para o Nick’s com a gente. Explica Garwin, olhando para Violet depois.

— Ah é! Eu sabia que tinha esquecido alguma coisa! Diz Tyler exclamando do jeito que uma pessoa faz quando se lembra de algo. Você vai com a gente, Violet? Indaga Simms olhando para ela. E você Sarah? Tyler olha para a outra estudante com o sorriso típico dele.

— Sim, eu quero ir. Responde Sarah, repetindo o sorriso do rapaz. A jovem olha para Caleb ainda sorrindo e Danvers faz o mesmo.

— O que é o Nick’s? – Indaga Green olhando para todos ali.

— É uma lanchonete. É bastante conhecida por aqui, o dono é bem legal. – Responde a namorada de Pogue.

— Pode dizer a sua vó que vamos te buscar e levar de volta para sua casa como fizemos ontem. Pronunciasse Caleb para Violet.

— Pois é, ninguém quer deixar a senhora Green irritada. Comenta Simms divertidamente.

— Isso é verdade. Caleb tinha que concordar, ele conhecia Amelie, sabia como ela era cuidadosa com seus entes queridos.

— Falando nisso, ela chegou. Reid olha para o carro e todos fazem o mesmo depois.

— Então, nós vemos á noite Violet. Diz Kate dando um aceno animado para a garota quando a mesma volta o olhar para eles.

— Falo com vocês mais tarde. Até mais. – A Green se despede de todos e segue até o carro.

A jovem faz a volta no veículo e abre a porta do lado do passageiro.

— Oi vó. Diz ela ao entrar.

— Olá querida. Amelie acena para os jovens presentes no pátio e segue rumo à saída da Spencer. Como passou o dia? Ela pergunta após alguns minutos dirigindo.

— Bem, passei bem. Responde a mais nova, acomodando-se no banco, colocando a bolsa sobre as pernas.

— Eu queria perguntar uma coisa para a senhora. Inicia ela.

— Antes que pergunte querida, eu também quero lhe perguntar algo. A mais velha olha para a jovem rapidamente para não perder a atenção ao volante.

— O que foi vó? Violet enruga um pouco a testa.

— Você está bem? Você parecia tão distante hoje de manhã quando estava indo para a escola.

Violet olha para a vó por alguns segundos, soltando um suspiro logo depois. Como ela explicaria para sua vó o que estava acontecendo com ela desde que acordou? A Green mais nova encosta a cabeça no banco, os números vindo a mente de novo.

— Eu sonhei com a mamãe. Diz ela por fim, lembrando-se do sonho. Por que tinha que sonhar com ela? Por que sonhar com o dia em que sua mãe lhe tinha dito que elas e seu pai se mudariam de Ipswich? Uma pontada de saudade e dor surge dentro do peito da garota. Sempre era assim quando lembrava-se dela, sempre.

— Oh meu amor, eu sinto tanto. Amelie lança um olhar de compaixão para a neta. Eu sei o que está sentindo agora. Quero que saiba que estou aqui e você pode me contar qualquer coisa.

Violet olha para a vó pensando nas suas palavras.

— Eu sei vó, eu sei.

A menina dá um leve e singelo sorriso sem mostrar os dentes e volta a encostar a cabeça no banco, fechando os olhos e esperando chegar em casa.

~◊~

Avó e neta estavam na sala de estar. Amelie lia um livro enquanto Violet estudava, ou melhor, tentava estudar já que aqueles números não saiam da sua cabeça e era só nisso que a menina conseguia pensar na maioria das vezes.

A mais nova larga a caneta preta que usava e olha para o que tinha escrito ali em seu caderno. Mais rabiscos distribuídos por toda a folha. Os três números já começavam a irritar a menina. Violet olha para sua vó, estava concentrada em sua leitura. A neta não queria incomodar Amelie, mas ela precisava saber de uma coisa.

— Vó, eu posso sair com os meninos hoje á noite? Pergunta a garota, quebrando o silêncio que pairava na sala de estar.

Amelie tira os olhos das páginas do seu livro e os lança para o rosto de sua neta. A mais nova estava sentada em um sofá a sua frente. A senhora Green abaixa o livro e o deposita sobre seu colo.

— O Caleb vai também. Diz Violet, estranhando suas próprias palavras. Por que disse aquilo mesmo? Só por que Tyler comentou sobre fato das pessoas adorarem o Danvers? Ah qual é Violet! Eles virão me buscar e trazer de volta, como fizeram ontem. Fala ela, sendo mais específica.

A senhora Green parecia pensativa sobre o pedido da neta. Elizabeth lança um olhar para a patroa quando chega a sala segurando uma xícara de chá de ervas que tinha feito para a mais velha.

— A que horas eles virão buscá-la? Pergunta ela por fim.

— Eu estava esperando sua resposta para poder saber disso. Diz Violet. Então, isso é um sim?

— Sim querida, é.

A garota sorri e percebe Elizabeth fazendo um joinha com o polegar da mão esquerda para ela, provocando um riso na menina.

— Valeu vó. Vou falar com Reid.

A menina levanta-se e pega um dos livros que pegou na biblioteca, sua caneta e caderno. Violet dá mais uma olhada nos desenhos que tinha feito com os números. Com certeza ela precisava esquecê-los.

Violet anda até as escadas, no hall da casa e sobre rumo ao seu quarto. A garota abre a porta ao chegar ao cômodo, jogando o caderno e o livro na cama, procurando esquecer a droga daqueles números.

Agora que sua vó tinha autorizado, a adolescente precisava falar com Reid para contar tal coisa. Violet vai até sua escrivaninha em busca do seu celular. Ele não estava lá.

— Cadê você? A garota olha para os lados pensando onde seu aparelho poderia estar.

Foi uma questão de segundos para que ela lançasse seu olhar para seu guarda roupa.

— Ah não! Por favor, que eu esteja errada. Diz ela não querendo que aquilo acontecesse pela terceira vez.

Violet anda até o móvel, parando em frente a ele e olhando para a primeira gaveta. Dando um bufo e revirando os olhos, a garota decide acabar com aquilo de uma vez e abre a gaveta em um só movimento.

O celular estava lá, no interior da gaveta, bem na sua frente.

— Que droga. Resmunga ela, pegando o celular, o encarando por alguns segundos antes de procurar esquecer tal coisa e se adiantando para mandar uma mensagem para Reid.

Violet tinha pego o telefone do Garwin com a tia Emily, a mulher por sua vez não só deu o número do filho como também deu dos outros quatro garotos.

Reid?

A garota manda a mensagem, esperando uma resposta. Não demorou muito para que isso acontecesse.

Oi. E aí Violet, sua vó deixou você ir com a gente?

Sim, ela deixou.

O celular vibra depois de alguns segundos. Uma nova mensagem tinha chegado.

Beleza. A gente passa aí ás sete horas.

Ok.

Reid manda um emoji de uma carinha piscando um olho depois e Violet vai até sua estante, conectando o headphone em seu celular para escutar música. A música sempre a ajudava a passar o tempo, sempre.

~ ◊~

— Para de buzinar Reid, ela já ouviu! Exclama Tyler empurrando o amigo para que ele se endireitasse no banco.

Caleb sorri com os dois e depois vê Violet se aproximando do carro, dando a volta nele para abrir a porta e entrar no veículo.

— E aí Violet! Fala Garwin, virando o rosto para trás a fim de encará-la.

— Oi Violet. Diz Simms. Ele estava ao volante.

— Boa noite Violet. Danvers dá um sorriso a cumprimentando.

— Oi gente. Ela sorri, fecha a porta do carro e então franze um pouco a testa após perceber que só Caleb estava ali, no banco de trás . Cadê o Pogue?

— Ele está no mecânico consertando a moto dele. Responde Caleb. Vai nos encontrar lá no Nick’s.

— Ele adora aquela moto. Fala Tyler, virando o corpo para trás, sorrindo para Violet. A menina sorri de volta, era impossível não retribuir.

— A Violet já está aqui, será que dá pra começar a dirigir?

Simms olha para o amigo e depois volta a sua posição anterior.

— Sem estresse Reid, sem estresse. Diz ele, começando a dirigir.

~◊~

O Nick’s era uma lanchonete bem popular. Não era tão grande, mas também não chegava a ser pequena demais. Era isso que Violet percebia agora que já se encontrava dentro do estabelecimento junto com os três garotos. O lugar era animado e várias pessoas passavam de um lugar para o outro ali.

— Gente, aqui! Kate acenava para os três, Sarah faz o mesmo só que com um aceno mais discreto.

Os adolescentes seguem até as garotas.

— Oi. Diz Kate sorrindo para eles. Violet, que bom que você veio.

A morena e Sarah estavam sentadas á mesa.

— Sentem gente. Kate gesticulava, puxando uma das cadeiras para reforçar seu pedido.

Os três atendem.

Caleb acaba sentando ao lado de Sarah, depois foi a vez de Violet, Reid e Tyler.

— Vocês querem comer alguma coisa? Eu pedi batatas fritas. A namorada de Pogue aponta para o prato cheio de batatas. Ah sim, Violet? Ela rapidamente lança seu olhar sobre a Green.

— Sim?

— Você gosta de filmes de super-heróis? Eu vi um trailer de um filme que está em cartaz agora. Como é o nome mesmo? Kate fica pensativa, tentando lembrar sobre o filme.

A Green ri. Como Kate poderia ser tão animada, falante e simpática?

— Homem Aranha: De volta ao lar. Responde ela.

— Isso! Vamos assistir? A Sarah também vai.

— Estão falando muito bem do filme. Comenta a outra garota. Acho que pode ser legal.

— Claro que vou. Eu adoro o Homem Aranha!

— Nerd. Diz Reid de uma forma bem sonora, mais uma vez implicando com os gostos da adolescente.

Violet olha para o rapaz. Ele a encarava com aquela face cínica dele. O Garwin estava usando uma touca preta que cobria grande parte dos fios loiros dele, uma camisa cinza com mangas compridas, calça jeans preta e as luvas sem dedos que ele havia usado na noite anterior.

— Eu não sou nerd, Reid.

— Claro que não. A ironia estava bem presente na voz dele.

A garota apenas revira os olhos. Ela não se achava nerd, tinha tanta coisa de que ainda não sabia. Violet não se achava merecedora daquele título.

— Gente, vocês ainda não me responderam. Pronuncia-se Kate mais uma vez.

— Sobre o quê Kate? Pergunta Caleb.

— Vocês querem comer alguma coisa?

~◊~

Sarah e Kate conversavam animadamente enquanto Violet mordiscava um pedaço do seu hambúrguer que havia pedido uns vinte minutos atrás.

Caleb jogava pebolim com Pogue que já havia chegado á lanchonete minutos antes. Reid e Tyler estavam mais ao fundo do estabelecimento, os dois jogavam sinuca.

— Eu vou andar um pouco e já volto. Diz a Green, levantando-se.

— Tá bom. Mas vê se não se afasta muito de novo. Brinca Kate.

— Não vou. Responde a menina com o mesmo humor da outra e vira-se para frente, indo até a mesa de sinuca.

A menina passa por algumas pessoas até chegar ao seu destino. Reid é o primeiro a vê-la.

— Violet, veio jogar com a gente? O Garwin se aproxima da garota e passa o braço em volta dela.

— Eu não sei jogar. Responde ela olhando para Reid e depois para Tyler.

— A gente te ensina. Fala Tyler do outro lado da mesa.

— Ela vai ter que esperar. Eu vou jogar primeiro. Diz Aaron aproximando-se com Bobby ao seu lado.

Reid encara os outros dois adolescentes recém chegados.

— Vy, você se importa de passar a vez para eles? Pergunta Garwin com o olhar fixado nos outros.

— Não, não. Podem jogar. Diz ela, gesticulando. Não queria causar confusão ali.

— Violet, prepare-se para aprender como se ganha na sinuca. Reid tira o braço em volta da menina e prepara-se para jogar.

Tyler lança um sorriso para o amigo após seu comentário. Aaron encara aquilo como um desafio e também se posiciona para o jogo.

A partida se inicia.

Violet tenta acompanhar e entender tudo. Não era tão complicado. Simms anda até a garota e fica ao seu lado para assistir o jogo dos dois. A Green acaba se distraindo um pouco quando vê Chase na lanchonete. O rapaz caminhava até Caleb e Pogue e parecia um pouco sério ao iniciar uma conversa com Danvers. A expressão de Pogue se fechava também.

A menina concentra-se na conversa dos três garotos. O assunto parecia sério. Nesse tempo outro adolescente entra no campo de visão dela. A garota arregala um pouco seus olhos e vira-se um pouco, escondendo o rosto. Era o garoto da festa. Violet não queria o encarar de novo, não depois do que disse a ele.

Automaticamente ela lembra-se da sensação que percorreu seu corpo naquela noite. O que diabos era aquilo que havia sentido?

O rapaz dá a volta e direciona-se para a última porta da lanchonete, localizada um pouco mais afastada de onde ela estava.

— Pare de trapacear Garwin! Fala Aaron com uma expressão séria em seu rosto.

— Não estou trapaceando. Você é ruim Aaron, esse é o problema! Provoca Reid.

Violet volta a observar o jogo depois de ouvir Aaron e Reid começarem as provocações um contra o outro. Tyler solta um riso ouvindo aquilo e coloca as mãos nos bolsos de seu casaco.

Minutos depois, um grito feminino vindo da porta dos fundos da lanchonete faz todos no Nick’s pararem o que estava fazendo. Um homem gordo e careca sai do balcão e anda até a porta, a abrindo logo depois.

— O meu Deus! Isso foi o suficiente para que praticamente todas as pessoas presentes ali se dirigissem até a porta.

A Green permanece parada durante alguns instantes antes de seguir as pessoas, deixando Reid e Tyler ali onde estavam. Não era da natureza de Violet ser tão curiosa em acontecimentos que envolvessem um número grande de pessoas presentes, mas dessa vez era diferente. Uma necessidade inexplicável pulsando dentro da menina a fazia seguir em frente.

A princípio, ela não conseguiu passar pelo pessoal que cercava a passagem. A garota não sabia por que, mas precisava saber o que tinha ocorrido ali. Passando o corpo e se estreitando um pouco por entre as pessoas, ela finalmente consegue visualizar a cena.

Violet paralisa.

Um corpo jazia no chão. O corpo do garoto da festa.

A Green dá alguns passos para trás, chocada e incrédula com aquilo. A garota não era de se impressionar fácil, mas aquela situação era diferente devido ao que aconteceu e o que ela disse para o rapaz na noite passada. A jovem anda mais um pouco até se chocar contra uma parede, ficando ali estática.

Violet olha na direção da mulher ao lado do homem gordo e careca. Ela tinha a mesma expressão de choque em seu rosto. O homem conversava com ela.

— Nick, o que houve? Indaga um rapaz.

— Chamem a polícia. Diz o careca. Essa moça o encontrou assim. Explica o homem.

Violet, ainda da mesma maneira, olha para frente. Ela observa o local, ele era familiar. A menina passa seus olhos para mais adiante, um pouco para esquerda, uma floresta se localizando logo ali. A garota franze o cenho, a lembrança do sonho vindo à mente. Ela levanta a cabeça para cima, olhando um pouco mais para o lado, constatando a lâmpada sobre a porta. Uma expressão de espanto faz-se presente na face da jovem.

Aquele local era muito semelhante ao que tinha sonhado. Não era possível. A Green então se dá conta da parede atrás de si. Lentamente a menina vira-se para encará-la.

— Não. A palavra sai em um sussurro. Violet estava assustada ao ver o número oito pichado de preto na parede branca.

Encarando a parede, a garota vê quando uma folha seca passa por ela e é levada pelo vento. Violet vira-se para frente, seguindo a folha com o olhar. A folha seca para em um carro próximo a garota. A jovem instintivamente leva seus olhos até a placa do carro.

— Não, não. Violet não estava acreditando naquilo.

A placa FHT14 estava ali, diante dos seus olhos. Olhos esses que já estavam marejados. Uma lágrima desliza pela bochecha da jovem quando a mesma leva o olhar um pouco para o lado e vê o número vinte e dois escrito com tinta branca manchado com o sangue do pobre garoto que tinha seu corpo caído sobre a vaga de estacionamento.

Violet coloca as mãos sobre a boca e sente mais uma lágrima deslizar pelo seu rosto. O que estava acontecendo? Como é possível ela ter sonhado com o local de um assassinato? Mais uma gota cai de seus olhos.

— Violet? A voz de Caleb surge e penetra nos ouvidos da garota, porém ela não tirava os olhos do corpo. Violet? Violet?! Danvers se aproxima e coloca as duas mãos sobre os ombros da menina. Violet! Ele balança um pouco o corpo da jovem e ela finalmente olha para seu rosto. O que aconteceu? Caleb tinha uma expressão de preocupação presente em seus olhos castanhos. Você está bem?

— Eu... Eu... Violet enxuga o rosto e engole o choro. Eu tenho que ir.

Afastando as mãos do rapaz e deixando Caleb confuso e preocupado, ela passa por entre o grupo de pessoas ali e entra novamente na lanchonete.

A Green estava tão confusa e com medo que ignora quando Reid, Tyler e Pogue a chamam.

— Ei Violet, o que aconteceu no estacionamento? Questiona Kate quando a menina passa por ela e Sarah.

— Nós não estamos conseguindo ver. Tem bastante gente lá. Fala a outra.

Violet vira para elas e as meninas percebem o estado da Green.

— Você está bem? Questiona Sarah.

— Falo com vocês depois. Diz ela, virando-se novamente e seguindo andando até a saída, provocando um estranhamento nas duas garotas.

Violet já estava próxima a porta de entrada do Nick’s quando Chase se aproxima.

— Violet...

— Agora não Chase. Ela passa por ele, mas é impedida de continuar seu caminho. Violet olha para trás, Collins segurava seu braço e a encarava seriamente.

— Eu sei o que você está passando agora.

— O quê? A confusão da menina só aumentava dentro dela.

— Eu sei o que você está sentindo, eu também já senti a mesma coisa. Chase permanecia sério, sem sorrisos ou comentários sarcásticos. Ele apenas a encarava, olhando diretamente em seus olhos.

É então que pela primeira vez desde que conheceu Chase, Violet pôde perceber o quanto os olhos de Collins eram azuis e bonitos.

— Do que você está falando? Pergunta ela após sair da sua observação.

Chase apenas solta um riso um pouco sem humor, irônico.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Você sabe do que eu estou falando.

A menina fica em silêncio, ainda encarando os olhos do rapaz.

— Violet!

A garota escuta a voz de Reid e desvia o olhar na direção do chamado. Chase solta o braço dela.

— Tá tudo bem com você? Pergunta o rapaz quando chega mais perto dela. Caleb e os outros vindo logo em seguida.

— Estou. Responde ela, disfarçando e procurando esconder todos aqueles sentimentos presentes dentro de si. Eu só... Ela pigarreia. Preciso ir para casa.

— A gente te leva. Diz Tyler. Ele parecia preocupado. Na verdade, todos pareciam.

Reid dá uma olhada para Chase que o encara também e depois se dirige a menina.

— Tyler tem razão, a gente te leva.

O Garwin aproxima-se mais da menina e passa mão sobre as costas dela, a levando para fora da lanchonete. Violet dá uma olhada para Kate e Sarah, as duas pareciam não está entendendo nada. A Green não as culpava, afinal nem ela mesma entendia o que estava se passando com ela. A adolescente leva os olhos para Chase rapidamente antes de seguir em frente.

Tyler é o segundo a se retirar, se despedindo das meninas com um olhar.

— Acho melhor a gente ir também. Fala Kate, se aproximando de Pogue e dando um rápido beijo nele.

— Nos falamos amanhã. Diz Parry.

Kate assenti. Ela e Sarah se afastam dos três.

Caleb olha para Collins e o encara. Danvers dá alguns passos para frente a fim de sair dali e Chese segura seu antebraço. O outro rapaz vira o rosto na direção de Collins.

— Quando é que vai contar para ela? Questiona ele. E não venha com essa de esperar o momento certo.

Danvers puxa o antebraço, o livrando da mão de Chase. Caleb encara Collins por alguns segundos, suspirando e passando a mão pelo rosto depois.

— Não é tão simples Chase, como acha que ela reagiria seu eu contasse tudo para ela amanhã, por exemplo?

Collins solta um riso cínico olhando para um ponto fixo por um momento antes de encarar o outro rapaz novamente.

— Chega de desculpas Caleb, quando mais prolongar será pior para ela.

Pogue olha para Caleb.

— Odeio admitir, mas ele tem razão.

— Claro que tenho razão. Aliás, eu sou o único com razão aqui. Comenta Collins, o olhar cínico aparecendo novamente.

Danvers olha para Parry e depois para Chase.

— Precisa contar para ela. Não diga que o aconteceu com Violet hoje não tem nada haver com o aparecimento dos poderes dela, por que você sabe que é mentira. Diz Collins, o olhar fixo em Caleb.

Ele aproxima-se mais Danvers.

— Se quer ser um futuro líder, sugiro que faça a coisa certa.

Collins se afasta, indo até a saída.

— O que vai fazer Caleb? Ingada Parry, encarando o amigo.

— Vou falar conversar com a senhora Green o mais rápido possível. Responde ele, suspirando, preocupado.

Os dois jovens começam a andar até a porta de entrada.

~◊ ~

A senhora Green ouvia atentamente as palavras de Caleb. O rapaz explicava o que tinha ocorrido no Nick’s. Violet observava os quatro garotos ali, de frente à porta de sua casa. A garota se sentia envergonhada por ter provocado aquilo. Ela sentia os olhares deles sobre ela.

— Obrigada meninos. Obrigada por cuidarem da minha neta.

Caleb assente assim como os outros.

— Nós temos que ir agora. Boa noite senhora Green. Diz Danvers.

— Boa noite queridos.

— Boa noite Violet, fique bem. Fala Caleb, olhando para ela.

— Fique bem Violet. Diz Tyler.

— Fique melhor, Vy.

Violet escuta mais um desejo de melhoras vindo de Pogue. Ela esforça-se para dá um sorriso para eles. A garota estava tão sem graça com tudo aquilo.

Os rapazes se afastam da porta , se dirigindo até o portão.

Amelie fecha a porta e olha para a neta.

— Eu preciso dormir.

— Claro querida, claro. A mais velha tinha um olhar preocupado em sua face, mas não esboçou nenhuma reação sobre tal sentimento. Ela esperaria o momento certo para conversar com a neta.

— Boa noite vó.

Violet dá um rápido beijo na bochecha da avó e sobre apressadamente as escadas. A garota entra em seu quarto e fecha a porta, andando até sua cama, jogando-se nela. A adolescente confusa e assustada pega um dos seus travesseiros e abraça com força. Agora que estava sozinha, podia deixar as lágrimas se libertarem. As gotas molhavam o tecido do travesseiro. A confusão, tristeza, angústia e medo sendo derramados na forma de choro.